sexta-feira, 19 de novembro de 2010

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22/11 Exposição mostra fotos inéditas de Darcy Ribeiro – no Rio

Fonte: folha.uol.com.br 19/11

Escritor fez 3.000 imagens quando viveu entre índios


Exposição que será inaugurada na próxima segunda-feira – 22/11 no Rio chama a atenção para o lado menos conhecido do antropólogo, escritor e político Darcy Ribeiro (1922-1997): o de fotógrafo.
Entre as décadas de 40 e 50, ele viveu entre os índios Urubu-Kaapor, na Amazônia, e Kadiwéu, no Pantanal, e produziu cerca de 3 mil imagens.
As fotos estão arquivadas no Museu do Índio e na Fundação Darcy Ribeiro, no Rio, e são intrigantes em dois aspectos. Primeiro por revelar o apurado senso estético e domínio da fotografia.
Depois, por estarem há décadas disponíveis em acervos públicos, e ainda assim permanecerem intocadas.
Na mostra, promovida pelo Ministério da Cultura e com curadoria do antropólogo Milton Guran, serão exibidas 50 delas, quase todas inéditas.
Ribeiro usava a fotografia como instrumento de pesquisa, prática comum a etnólogos desde o princípio do século passado.
O francês Claude Lévi-Strauss, por exemplo, fotografou índios brasileiros e aspectos da cidade de São Paulo na década de 1930.
A produção fotográfica de Ribeiro acabou em segundo plano depois que ele ingressou na carreira política como ministro, governador e senador, e tornou-se um dos grandes pensadores da educação.
A exposição ocorre na Caixa Cultural Rio de Janeiro, de 22 de novembro a 30 de dezembro, com entrada franca.

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Israel não respeita direitos do povo palestino

Fonte: folha.uol.com.br 19/11

ARLENE CLEMESHA e BERNADETTE SIQUEIRA ABRÃO

Israel tem em seus presídios mais de 6.000 civis palestinos (incluindo crianças), a maioria deles sem acusação formal ou mesmo processo judicial

Em artigo nesta Folha ("Direitos humanos em mãos erradas", "Tendências/Debates", 10/10), o embaixador israelense queixou-se do Conselho de Direitos Humanos (CDH) da ONU, em que relatórios têm sido aprovados, denunciando graves violações de direitos humanos por parte do governo israelense nos territórios palestinos ocupados da Cisjordânia e da faixa de Gaza.
De fato, apenas nos primeiros seis meses de 2010, foram registradas na Cisjordânia a demolição de 223 edifícios e a expulsão de 338 palestinos de suas casas.
Quinhentas e cinco barreiras violam o direito de ir e vir, impedindo o acesso da população a escolas, a locais de trabalho e a hospitais, para procedimentos vitais como diálise, cirurgias do coração e cuidado neonatal intensivo.
Seguindo a lógica de anexar o máximo de terras com o mínimo de palestinos, o trajeto tortuoso do muro enclausurou Belém e Qalqilia, expulsou 50 mil palestinos de Jerusalém Oriental e anexou 10% das terras mais férteis da Cisjordânia. As colônias israelenses, também ilegais, expandem-se a todo vapor sobre territórios palestinos.
A justificativa de Israel para a violação de direitos humanos -zelar pela "segurança" de seus cidadãos- não se sustenta, sendo tais atos a própria origem da revolta palestina.
Os "mísseis" citados pelo artigo do embaixador são armas de fabricação caseira, usadas em desespero por um povo sem Estado, que sofre a mais longa ocupação militar da história moderna, submetido a bombardeios, a incursões militares, a assassinatos dirigidos e a toques de recolher.
O artigo também cita um prisioneiro militar israelense, omitindo o fato de que Israel tem em seus presídios mais de 6.000 civis palestinos (incluindo crianças), a maioria deles sem acusação formal, processo judicial ou direito de defesa.
Alega-se que Israel estaria sendo alvo de injustiças por parte do CDH em consequência do relatório do juiz Richard Goldstone sobre os crimes de guerra cometidos durante o bombardeio que massacrou 1.397 pessoas em Gaza (incluindo 320 crianças e 109 mulheres).
Assim, deturpa-se o caráter heroico da flotilha de ativistas humanitários do mundo todo, incluindo israelenses e uma mulher sobrevivente do Holocausto, que arriscaram suas vidas para quebrar o bloqueio ilegal a Gaza.
O objetivo da flotilha era chamar a atenção do mundo para o problema? Sim. Era e continuará sendo uma provocação? Apenas se considerarmos o termo um desafio aberto, para que a humanidade impeça a continuidade do cerco a Gaza, onde 80% da população sofre de má nutrição crônica, as crianças apresentam estresse e distúrbios psicológicos causados pelos ataques, pelo sofrimento e pelas constantes bombas sonoras lançadas por Israel sobre a pequena faixa costeira.
O mesmo governo israelense que se queixa do CDH emitiu, no dia 10/ 10, um projeto de lei que, se aprovado, exigirá de todo não judeu de Israel um juramento de "lealdade ao caráter judeu do Estado".
Cerca de 20% da população, de origem palestina cristã, muçulmana ou outra, terá de aceitar o caráter judeu do Estado de Israel ou emigrar, aumentando o número de refugiados, que ultrapassa 9 milhões. As consequências disso, para a Palestina e para o mundo, não valem um debate no Conselho de Direitos Humanos da ONU?


ARLENE CLEMESHA, professora de história árabe na USP e diretora do Centro de Estudos Árabes da mesma universidade, é representante da sociedade civil do Brasil no Comitê da ONU pelos Direitos do Povo Palestino.
BERNADETTE SIQUEIRA ABRÃO, jornalista, formada em filosofia pela USP, é pesquisadora da questão palestina, ativista de direitos humanos e autora, entre outros livros, de "História da Filosofia" editora Moderna).

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Escritor tem que ter humor, diz Lygia Fagundes Telles na Balada

Fonte: folha.uol.com.br 19/11

Autora defendeu Monteiro Lobato na abertura do evento, ontem

Sob intensos aplausos, a escritora Lygia Fagundes Telles, 87, abriu ontem pela manhã a 5ª edição da Balada Literária, que ocorre nos arredores da Vila Madalena, na Zona Oeste de São Paulo.
Bem-humorada, ela conversou com o público na Livraria da Vila, ao lado da jornalista Mona Dorf e do escritor Nelson de Oliveira.
"Os escritores têm mania de reclamar, vivem se lamentando. Machado de Assis era preto, pobre, gago, epiléptico e nunca perdeu o humor. Tem que ter humor", disse.
A autora, que recentemente fraturou a perna, ironizou sua saúde e elogiou Marcelino Freire, organizador da festa. "Soube que a Balada não tem patrocínio oficial. Se eu tivesse um banco, eu te ajudava, Marcelino", brincou.
Em tom sério, protestou contra a recente recomendação do CNE (Conselho Nacional de Educação) para que não se distribuam em escolas públicas "Caçadas de Pedrinho", de Monteiro Lobato, sob alegação de que o livro é racista. "É censura. Lobato é um escritor fundamental."

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Álbum "Tropicália" ganha revisão em imagem e texto

Fonte: folha.uol.com.br 19/11

Livro traz releituras de cada uma das doze canções do disco-manifesto lançado em 1968, criadas por ensaístas e artistas plásticos


Com 43 anos completos, a revolução formal conduzida por Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Tom Zé, Rogério Duprat e Mutantes continua alimentando nossos artistas -dentro e fora do ambiente da música popular.
Organizado pela pesquisadora Ana de Oliveira, o livro "Tropicália ou Panis et Circencis", com lançamento hoje, às 20h, na Cinemateca (lgo. Senador Raul Cardoso, 207; tel. 0/xx/11/3512-6111), vem somar aos inúmeros estudos, análises e ensaios já existentes sobre esse tema.
Ana convidou ensaístas e artistas visuais para recriarem, em textos e imagens, cada uma das 12 faixas do álbum homônimo. O volume, de 130 págs., acompanha 12 cartazes de 93 x 62 cm. Os textos ficaram a cargo de Jorge Mautner, Hermano Vianna, Viviane Mosé, Antônio Risério, Aguilar, Bené Fonteles, Bráulio Tavares, Christopher Dunn, Frederico Coelho, Manuel da Costa Pinto, Newton Cannito, Noemi Jaffe e Arnaldo Antunes.
"A ideia era não fazer um livro de ensaios críticos, mas fugir do tom acadêmico", ela diz. "Queria que os textos incluíssem a questão emocional, em que estivesse presente o afeto dos ensaístas sobre a obra em questão."
A lista de artistas plásticos inclui Guto Lacaz, Aguilar, Lenora de Barros, Gringo Cardia, André Vallias, Ailton Krenak, Ernane Cortat, Ray Vianna, Leandro Feigenblatt, Nelson Provazi, Adriana Ferla, Rico Lins e o coletivo assume vivid astro focus.
Segundo Lenora, entrar em contato íntimo com o álbum só torna ainda mais clara a importância dele no contexto artístico nacional. "Assim que fui trabalhar em cima da "Lindonéia" (canção de Caetano que, por sua vez, foi inspirada em quadro de Rubens Gerchman), tive certeza que, via Caetano, a Lindonéia do Gerchman sempre esteve em mim, presente no meu trabalho", diz.

"AMÁLGAMA"
Lançado em 1968, o LP "Tropicália ou Panis et Circencis" regulamentava, em manifesto sonoro, os explosivos conceitos já expostos por Caetano, Gil, Mutantes e o maestro Rogério Duprat no festival da Record de 1967.
Terminava de dinamitar, sem caminho de volta, muitos dos padrões estabelecidos da MPB de então, rompendo fronteiras entre bom e mau gosto, direita e esquerda, nacional e estrangeiro.
"Mais do que mistura ou miscigenação, o tropicalismo promoveu a amálgama", diz Mautner. "O disco realiza a profecia do Walt Whitman, poeta americano, que diz que o vértice da humanidade será o Brasil. Ou o mundo se brasilifica, ou virará nazista."

TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENCIS

AUTOR Ana de Oliveira (org.)
EDITORA Iyá Omin
QUANTO R$ 153 (127 págs.)

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