"Vips" sai vencedor do Festival do Rio 2010
Filme com Wagner Moura leva quatro premiações em edição sem grandes favoritos
Fonte: folha.uol.com.br 07/10
Entre todos os concorrentes ao troféu Redentor, no Festival do Rio, havia só um filme com verdadeiro estofo industrial: "Vips", de Toniko Melo, produzido pela O2, de Fernando Meirelles, em associação com a Paramount. Pois, mesmo na edição que se anunciava como a dos filmes "pequenos e médios", foi o maior deles que, ao fim de dez dias de Première Brasil, recebeu os holofotes. "Vips", sobre o falsário que se fez passar por herdeiro da Gol, saiu do Cine Odeon, na noite de anteontem, com quatro prêmios: melhor longa-metragem de ficção, ator (Wagner Moura), atriz coadjuvante (Gisele Fróes) e ator coadjuvante (o argentino Jorge D'Elía). O resto dos prêmios foi loteado entre vários filmes, indicando que, na verdade, o júri formado pelo cineasta Gustavo Dahl, pela atriz Bruna Lombardi e pelos produtores Jorge Sanchez e Leonardo Monteiro de Barros não fora arrebatado por nenhum dos concorrentes. Os três diretores que trouxeram para a Cinelândia seus longas-metragens de estreia foram reconhecidos com um troféu cada um. Charly Braun, que fez "Além da Estrada" com dinheiro do próprio bolso, filmando entre Brasil e Uruguai, foi eleito o melhor diretor do festival. Marcelo Laffitte, que passou dez anos com a comédia "Elvis e Madona" na cabeça antes de conseguir financiá-la, levou o prêmio de roteiro. Também modesto na produção e pessoal na feitura é "Riscado", de Gustavo Pizzi, recompensado pela atuação de Karine Teles, mulher do diretor na vida real e coautora da personagem, uma atriz que, para sobreviver, entrega telegramas animados.
MAIS LEVES
Os principais vencedores do festival refletem não só uma edição sem grandes favoritos, que acabou sendo puxada pelo filme mais bem estruturado, mas também uma edição de filmes unidos por um tom comum, que é a busca por uma certa leveza. "Sinto que vem algo diferente por aí, que os filmes que estão chegando falam um pouco mais do dia a dia de hoje", disse Melo à Folha, antes da premiação. "Acho que o cinema brasileiro vive um movimento invisível de tentar divertir o público, mesmo tocando em questões importantes. Está surgindo uma geração menos desiludida", diz Laffitte.
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CRÍTICA AÇÃO
"Tropa de Elite 2" se prende em discurso sem espessura
Fonte: folha.uol.com.br 07/10
É possível que uma parte dos fãs do primeiro "Tropa de Elite" se espante um pouco com esta sequência.
Ali tudo parecia muito simples: havia os mocinhos, de um lado, e bandidos e podia-se desenvolver a crença de que a simples existência de uma polícia honesta e enérgica (encarnada pelo Bope) resolveria nossos problemas de segurança.
"Tropa de Elite 2" começa pondo em questão o próprio conceito de disciplina militar do Bope. Durante uma ação em Bangu 2, um subalterno provoca uma matança catastrófica, desobedecendo às ordens do comandante (o agora coronel Nascimento), mas não o manual da corporação.
Resultado: Nascimento perde o comando, mas é promovido a subsecretário de Segurança Pública. Começa aí sua jornada de conhecimento, onde descobrirá que o mundo é bem mais complexo do que imaginava até então. Não existem só tiras e traficantes. Há também muita coisa entre os dois.
Eles são, para começar, os tiras corruptos, que eliminam os traficantes e "pacificam" as favelas do Rio, as milícias. Existe, depois, a mídia. Há também o secretário de Segurança, o governador etc.
Tudo isso, aos poucos, Nascimento vai descobrindo. Quando estiver bem enfronhado, dará ao conjunto da obra o nome de "o sistema": algo impessoal, que se move sem o auxílio de pessoas.
Algo que um herói nunca poderá combater. Poderá, no máximo, denunciar.
Num filme que lembra, pela natureza da expansão de mundo de Nascimento, os antigos filmes políticos italianos, algo, no entanto, se mostra inquietante.
"O SISTEMA"
Na medida em que penetra em "o sistema", "Tropa de Elite 2" acaba ele próprio preso a um discurso sem espessura, uma espécie de niilismo a rigor tão ingênuo quanto as ideias de Nascimento no primeiro filme.
Ainda assim, "Tropa de Elite 2" tem o mérito de nos apresentar, com eficácia e um ótimo elenco (e apesar do falatório), a um mundo do qual o cinema brasileiro raramente se aproxima.
TROPA DE ELITE 2
DIREÇÃO José Padilha
PRODUÇÃO Brasil, 2010
COM Wagner Moura, Tainá Müller
ONDE estreia amanhã, dia 8, nos cines Shopping D, SP Market e circuito
CLASSIFICAÇÃO 16 anos
AVALIAÇÃO bom
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