UnB busca parcerias com Europa para concorrer a financiamento
Edital Brasil/União Europeia vai investir R$ 11 milhões em pesquisas de tecnologias da informação e comunicação - Fonte: UnB.br 08/10
O Brasil e a União Europeia vão investir R$ 11 milhões em pesquisas de tecnologias da informação e comunicação (TICs). Na UnB, professores que desenvolvem projetos em segurança na internet do futuro e confiabilidade de sistemas de monitoramento vão concorrer a parte dessa verba. São cinco eixos: Microeletrônica e Microssistemas; Controle e Monitoramento em Rede; Internet do futuro – instalações experimentais; Internet do futuro – segurança; e Infraestruturas eletrônicas.
O edital, lançado na Bélgica, prevê que pelo menos R$ 3,3 milhões seja destinado às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. ”Isso faz com que a UnB tenha grandes chances de emplacar ao menos um projeto”, afirma a professora Priscila Barreto, chefe do departamento de Ciências da Computação (CIC/UnB) e uma das pesquisadoras convidadas a integrar a comitiva brasileira que esteve em Bruxelas. De acordo com Priscila, o CIC tem condições de submeter trabalhos a todas as linhas temáticas propostas no edital.
Cada projeto precisa ser formado por um consórcio entre pelo menos três parceiros – incluindo obrigatoriamente um do Brasil e um da União Europeia. “Nosso grupo está em negociação avançada com institutos europeus para a formação de consórcios de pesquisa, a fim de podermos participar do edital”, diz a diretora do CIC.
PROJETOS – Priscila comanda um grupo de estudos sobre segurança na internet do futuro. “Temos um grupo de expertise nessa área”, diz. As pesquisas têm como objetivo gerar ambientes confiáveis na rede, garantindo a privacidade de informações pessoais de usuários contidas em provedores. “As urnas eletrônicas são um exemplo bem atual. O eleitor precisa saber que, ao votar, ninguém terá acesso ao conteúdo de seu voto”, explica Priscila.
A segurança da informação também é importante como apoio à inclusão digital. O Plano Nacional de Banda Larga, por exemplo, visa expandir serviços governamentais de maneira confiável. As pesquisas em segurança e confiança na internet envolvem a criação de protocolos de comunicação, técnicas de criptografia, verificação de processos, privacidade e portabilidade.
Outro projeto que deve ser submetido está relacionado com a chamada “vida ambiente assistida”, com o uso de smart home systems – sistemas de monitoramento inteligentes que devem dirigir as casas do futuro. “Numa casa em que vive uma pessoa idosa sozinha, esses sensores podem captar atividades anormais, como uma queda, e enviar um alerta para uma central remota”, exemplifica a professora Genaína Nunes Rodrigues, do grupo de engenharia de softwares. “Essa pesquisa busca soluções reais para problemas reais. A média de idade da população está aumentando, e precisamos dar um suporte mais personalizado às pessoas”, completa. Os sensores “leem” as informações do ambiente, os dados são enviados a um dispositivo de controle, que interpreta a informação e a envia para o atuador, que age no ambiente – por exemplo, disparando um alarme.
PARCERIAS - O trabalho foi publicado na conferência CBSOFT, a primeira na área de softwares no Brasil, realizada em Salvador. Durante o evento, o professor Flavio Oquendo, da Universidade de Bretagne, na França, se interessou pela pesquisa e a UnB já está firmando um acordo de cooperação internacional com a instituição francesa. O consórcio de pesquisa deve submeter o trabalho em conjunto ao edital Brasil-União Européia.
Flavio Oquendo esteve na UnB durante o 4º Seminário de Pesquisa e Inovação da UnB, que tratou da gerência de projetos sobre TICs na Europa e fez um balanço das cooperações Brasil/União Europeia. “Temos muito a aprender com a gerência de grandes projetos de pesquisa na Europa. Deixar tudo a cargo do pesquisador, como costuma acontecer, é muito difícil”, diz a professora Genaína.
“O que se espera de um projeto europeu é a integração entre pesquisadores de diferentes áreas, a integração com a indústria e o impacto social. Essas são as lições que o Brasil precisa aprender”, disse Flavio. O professor Tadao Takahashi, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), ressaltou que a cooperação entre Brasil e Europa precisa sair do mero intercâmbio de pesquisadores. “Esse edital conjunto pode mudar esse quadro”, diz.
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Filme foca mercado de entretenimento para a família
"Eu e Meu Guarda-Chuva" sinaliza movimento dos produtores nacionais em direção ao público historicamente abandonado Fonte: folha.uol.com.br 08/10
O histórico é de abandono. Mas o momento é de aproximação. Deixadas no colo de Hollywood durante décadas, as crianças passaram, agora, a despertar o interesse dos realizadores nacionais.
Conscientes de que, hoje, nada dá tanto retorno financeiro no cinema quanto os produtos que cabem no escaninho da Pixar, etiquetado como "entretenimento para a família", produtores antes refratários aos títulos infantis e infantojuvenis, resolveram pisar nesse terreno.
"Eu e Meu Guarda-Chuva", produzido e lançado pela Fox, é uma das tentativas de ocupar um espaço considerado, a um só tempo, estratégico e arriscado.
"A gente aprende a gostar de cinema quando criança. E as crianças não têm filmes brasileiros para ver", diz Toni Vanzolini, diretor de "Eu e meu Guarda-Chuva".
De acordo com o próprio Vanzolini, apenas 2% da produção nacional da última década voltou-se para as crianças. "São números preocupantes. Mas o que vai mudar essa situação é a existência de mais e melhores filmes."
ESTÉTICA POTTER
Baseado no livro homônimo escrito a quatro mãos pelo "titã" Branco Mello e por Hugo Possolo, o filme foi pensado de maneira a agradar aos olhos habituados à estética do "Harry Potter". Quis, no entanto, trazer comportamentos e diálogos que soassem a Brasil.
"Procurei fazer algo que tivesse ação e aventura e jogasse com a imaginação das crianças", diz o diretor, que deixou o roteiro aos cuidados de Adriana Falcão, Marcelo Gonçalves e Bernardo Guilherme. Estreante na direção, Vanzolini havia trabalhado, até aqui, como diretor de arte de longas-metragens como "Eu Tu Eles" (2000) e "O Homem do Ano" (2003).
Exibido pela primeira vez durante o Festival de Paulínia, em julho deste ano, "Eu e Meu Guarda-Chuva" divertiu as crianças presentes à sessão. As dificuldades na escola, o primeiro e secreto amor e a mania detetivesca comum a tantos meninos são tratados a partir de um registro fantástico.
Vanzolini usou e abusou dos efeitos especiais. Não quis, porém, reproduzir padrões televisivos, afastando-se, assim, da linhagem "Xuxa" e "Trapalhões" que dominou a produção infantil nacional durante muito tempo.
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Nobel premia estilo mordaz de Vargas Llosa
Fonte: folha.uol.com.br 08/10
Escritor peruano, autor de "Conversa na Catedral", foi escolhido pela Academia Sueca na manhã de ontem
Premiação foi justa e tardia, dizem autores brasileiros; Vargas Llosa virá a Porto Alegre para palestra no dia 14
A Academia Sueca surpreendeu ao conceder o Prêmio Nobel de Literatura ao peruano Mario Vargas Llosa, 74, na manhã de ontem.
Um dos principais escritores e intelectuais da atualidade, de talento reconhecido em diversos países, Vargas Llosa integrava até ontem a lista dos eternos favoritos ao prêmio sempre preteridos na última hora.
Isso porque as últimas escolhas do comitê sueco privilegiaram autores pouco conhecidos fora de seus países, mais identificados pelo caráter político do que propriamente pelas suas qualidades literárias. Foi o caso da romena Herta Müller, vencedora do prêmio em 2009.
Segundo a Academia Sueca, que o premiará com cerca de R$ 2,7 milhões, o peruano foi escolhido "pela sua cartografia das estruturas de poder e pelas suas imagens mordazes da resistência, revolta e derrota dos indivíduos".
Vargas Llosa estava em Nova York quando soube do resultado. "Achava que tinha sido completamente esquecido pela Academia", afirmou o escritor à agência sueca TT.
Em declarações ao jornal espanhol "El País", disse estar "comovido e entusiasmado" e definiu o prêmio como "um reconhecimento à língua espanhola".
Amiga de Vargas Llosa, a brasileira Nélida Piñon contou que a notícia foi dada em primeira mão à agente do peruano, Carmen Balcells.
Escritores brasileiros definiram como justa e tardia a premiação do peruano, destacando seu domínio das técnicas narrativas.
Entre outros prêmios, o escritor já foi condecorado com o Cervantes, em 1994, e o Prêmio Príncipe das Astúrias de Letras Espanha, em 1986.
O Nobel virá ao Brasil em 14 de outubro, quando participa, em Porto Alegre, do Fronteiras do Pensamento. Os ingressos para o evento, que acontece às 19h30 na UFRGS, já estão esgotados.
VEIA CÔMICA
Vargas Llosa nasceu em 1936, na cidade de Arequipa.
Estudou letras e direito em Lima. Em 1959 mudou-se para a Espanha. Intercalaria, a partir daí, períodos entre o Peru e a Espanha.
No mesmo ano publicou seu primeiro livro, a coletânea de contos "Os Chefes".
A ele seguiu-se "A Cidade e os Cachorros" (1963). A consagração definitiva viria com "Conversa na Catedral" (1969), em que aborda 30 anos da história peruana.
Outras obras de sucesso são "Pantaleão e as Visitadoras" (1973) e "Tia Julia e o Escrevinhador" (1977), ambos críticas de forte veia cômica sobre a sociedade peruana.
Inspirado em "Os Sertões", de Euclydes da Cunha, Vargas Llosa elegeu Canudos como tema de "A Guerra do Fim Mundo" (1981).
O autor chegou a empreender pesquisas em arquivos históricos e viagens ao sertão da Bahia para resgatar a história de um dos conflitos mais sangrentos da história brasileira.
Além da atividade como ficcionista, o autor destaca-se também como crítico literário. Publicou ensaios sobre Gabriel García Márquez e o francês Gustave Flaubert (1821-1880).
Se mais recente livro publicado no Brasil chegou nesta semana às livrarias. Trata-se de "Sabres & Utopias" (ed. Objetiva; R$ 49,90; 432 págs.) e reúne ensaios sobre arte, política e literatura.
O novo romance do autor deverá ser lançado aqui, pela Objetiva, em julho de 2011.
"O Sonho de Celta", baseado na vida do diplomata Roger Casement (1864-1916), aborda a exploração colonial no Congo e o ciclo da borracha na Amazônia.
POLÍTICA
A escolha deste ano também chama a atenção por contrariar a tendência de premiar escritores de pensamento de esquerda.
A partir da década de 80, Vargas Llosa passou a ser um dos defensores do pensamento neoliberal.
Em 1987, participou de um movimento contra a a estatização da economia peruana, em voga no governo do presidente Alan García Pérez.
Em 1990 foi candidato à presidência do Peru pela Frente Democrática, partido de centro-direita, mas perdeu para Alberto Fujimori.
Vargas Llosa narrou sua experiência política no livro "O Peixe na Água" (1993).
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