sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Tributo a Saramago reúne Chico e atrizes

Fonte: folha.uol.com.br 24/09

Prêmio Nobel de Literatura, morto em junho, foi tema de homenagem realizada pela Cia. das Letras e pelo Sesc

Trechos da obra do escritor, incluindo um inédito, foram lidos; plateia lotada viu também parte de filme

A prosa requintada de José Saramago e a presença de Chico Buarque deram o tom da homenagem ao autor português na noite de anteontem, no Sesc Vila Mariana.
O evento foi promovido pela Cia. das Letras, editora de Saramago no Brasil, em parceria com o Sesc. O Nobel da língua portuguesa morreu em 18 de junho, aos 87 anos.
Chico, amigo pessoal do autor desde 1997, quando ambos colaboraram no livro "Terra", do fotógrafo Sebastião Salgado, permaneceu poucos minutos no palco.
Leu um trecho de "O Ano da Morte de Ricardo Reis" (1988) e depois posou para fotos nos agradecimentos finais, ao lado de Pilar del Río, viúva do autor, e das atrizes Bete Coelho, Denise Weinberg e Lígia Cortez.
No final, muitos fãs, em vão, ainda esperaram por Chico, que saiu sem ser visto.
Os ingressos para os 700 lugares disponíveis começaram a ser distribuídos, gratuitamente, na última sexta e se esgotaram no mesmo dia.
A fila de espera era grande minutos antes do evento. Dirigidas por Daniela Thomas, as atrizes leram trechos de Saramago selecionados por Pilar para um espetáculo já apresentado na Espanha.
Denise Weinberg leu um texto sobre Maria Madalena nunca publicado em livro, feito especialmente para a montagem de Pilar.
Durante as atuações, trechos de "Ensaio sobre a Cegueira" (1995) e "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" (1991) foram projetados.
"Fiquei muito emocionada, foi uma honra participar. Nós nos debruçamos sobre o texto do Saramago, ficamos a serviço das palavras desse homem que escreveu maravilhosamente bem", disse Lígia Cortez.
No início da homenagem, Pilar leu uma das partes do romance "As Intermitências da Morte" (2005).
Intercalando as apresentações, foram exibidas cenas do documentário "José e Pilar", do cineasta português Miguel Gonçalves Mendes, que é um retrato da intimidade de Saramago e Pilar.
O filme será exibido amanhã no Festival do Rio e estreia no dia 4 de novembro.
O cineasta Fernando Meirelles, que ficou próximo de Saramago ao adaptar "Ensaio sobre a Cegueira" para o cinema em 2008, também compareceu ao evento. Sua empresa, a O2, é a produtora de "José e Pilar".
"O documentário mostra essa história de amor muito tocante entre eles. Sem a Pilar, Saramago não seria o homem que foi", disse ele.

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Sesc lança caderno que discute embates da cultura

Fonte: folha.uol.com.br 24/09

"Videobrasil 6" reúne artigos de Alcino Leite Neto e Apichatpong Weerasethakul, além de outros críticos

Ocorre hoje o lançamento da sexta edição da revista Caderno Sesc-Videobrasil, publicação anual de arte e cultura. Editado pelo curador Fernando Oliva, o volume intitulado Turista/Motorista aborda a relação entre quem conduz e quem é conduzido no mundo contemporâneo.
O editor da Publifolha, Alcino Leite Neto, participa do caderno como colaborador. Ele e o cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul -vencedor da Palma de Ouro no festival de Cannes, este ano, com "Uma Carta para Tio Boonme"- constroem um roteiro de maneira colaborativa.
"O processo funcionou da seguinte maneira: eu mandava uma imagem para o Apichatpong e ele me mandava um texto. Ele jamais sabia qual fotografia eu iria mandar", diz Leite Neto.
"O processo se repetiu seis vezes. Eu utilizei sobretudo imagens jornalísticas que retratavam a floresta amazônica. Decidi por este recorte porque ele apresenta, em seus filmes, um diálogo muito forte com a floresta tropical tailandesa", diz.
Leite Neto também participa do debate de lançamento da edição, que acontece às 20h no Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195; tel. 0/xx/11/3095-9400; grátis).
Além dele, estarão presentes os artistas Pedro Barateiro, português, e Jonathas de Andrade, alagoano.
Outros artigos da publicação incluem uma análise do peso simbólico da arte brasileira no panorama global, feita pelos críticos Marcelo Rezende e Kiki Mazzucchelli, além de uma entrevista com o teórico Boris Groys e um texto do crítico Zoran Terzic sobre a tensão entre "ser político" e "ser artista" na obra de Joseph Beuys.
As intervenções artísticas presentes na revista incluem Roberto Winter, além dos já citados Jonathas e Pedro.

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29ª BIENAL DE ARTES

Carioca documenta o horror invisível em Chernobyl

Fonte: folha.uol.com.br 24/09

Estreante na Bienal, Alice Miceli captou imagens da radioatividade mais de 20 anos após o acidente

Artista juntou-se a cientistas alemães para chegar à zona de exclusão de Chernobyl, na atual Belarus


Alice Miceli tinha seis anos à época do maior acidente nuclear da história.
Era abril de 1986 quando o reator de Chernobyl explodiu, na antiga União Soviética, deixando para trás um mar de contaminação invisível aos olhos.
Mais de duas décadas depois, a artista carioca, hoje com 30 anos, se impôs o desafio de fazer ver a energia liberada então.
Em um trabalho extremamente conceitual, documentou os fantasmas radioativos da chamada zona de exclusão -situada em um raio de 30 km ao redor do reator, evacuado logo após o acidente- na fronteira entre a Ucrânia e Belarus (antiga Bielorrúsia).
Mas não sem impedimentos. Para conseguir driblar as autoridades e adentrar a zona, que ainda hoje oferece riscos de doenças, se embrenhou entre cientistas alemães que trabalham no local e se fez de pesquisadora.
"Belarus é uma ditadura, ninguém quer que isso tenha publicidade. Como é invisível, é fácil dizer que não está lá", conta a artista, que se mudou para Berlim em 2007 para realizar o projeto.

ESTREIA
Mas bem pouco é inteligível nas imagens que fazem reviver esse passado.
Os filmes eram sensíveis não à luz, mas aos raios gama, que, após meses de exposição, saíam marcados pela radioatividade impregnada em troncos de árvore, janelas e espaços vazios.
"Pedras e vidros não estão bem contaminados. Os campos, sim", concluiu.
As 30 imagens que resultaram dessas experiências ela expõe pela primeira vez na 29ª Bienal de São Paulo, que abre amanhã ao público.
E também esses negativos originais, que mais sugerem do que escancaram os vestígios deixados pela explosão, marcam sua estreia na mostra do Ibirapuera.
Um marco para a jovem artista com formação em cinema que começou a experimentar para "pensar a criação de sentido nas imagens".

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