terça-feira, 13 de setembro de 2011

.Monarco na avenida Fonte: CorreioB 13/09

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Monarco volta a Brasília para única apresentação hoje, às 21h, no Bar do Calaf (SBS, Ed. Empire Center, térreo; 3325-7408). O líder da Velha Guarda da Portela cedeu uma música inédita para o primeiro CD do grupo Adora Roda e participará da tradicional roda de samba que acontece todas às terças-feiras no Setor Bancário Sul. “Vou cantar sucessos da carreira e os meninos vão me acompanhar. Eles são espertos! Vão tocar comigo desde sambas de terreiros, até composições mais recentes, mas sempre na tradição do samba carioca. Além daquelas que não podem faltar, como Foi um rio que passou em minha vida, Coração em desalinho, Vai vadiar, o público ouvirá músicas dos meus mestres Cartola, Paulo da Portela e Silas de Oliveira”, avisa o artista. Os ingressos custam R$ 10 (até as 22h) e R$ 20, após. Não recomendado para menores de 18 anos. (Maíra de Deus Brito)

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A Evolução do ensino em colégio do Riacho Fundo. Exame expõe contrastes Monarco na avenida Fonte: CorreioB 13/09

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Alunos do CEF Urbano Ipê Riacho Fundo festejam. Mas, no geral, colégios do DF tiveram desempenho sofrível no Exame Nacional do Ensino Médio.

De 77 escolas públicas do DF, 75 são reprovadas

Ranking do Enem publicado hoje confirma o abismo entre ensino público e particular. A escola do governo mais bem colocada é o Setor Oeste (54ª).

Desempenho dos alunos das escolas públicas e particulares revela a manutenção do abismo entre os dois sistemas de ensino

A divulgação das notas do Exame Nacional do Ensino Médio confirma o abismo que existe entre as escolas públicas e as particulares do Distrito Federal. Dos 77 colégios mantidos pelo governo local que participaram da prova, apenas dois obtiveram nota acima da média geral do Distrito Federal, que foi de 612,10 pontos. Sem considerar o Colégio Militar e o Dom Pedro II — mantidos respectivamente pelo Ministério da Defesa e pelo Corpo de Bombeiros — a escola pública mais bem colocada no ranking geral de instituições é o Setor Oeste, com nota 591,55, que aparece na 54ª posição.

O Centro Educacional Várzeas, localizado no Núcleo Rural Tabatinga, zona rural de Planaltina, está entre as cinco piores do Enem 2010. Lá, 51% dos estudantes matriculados participaram do exame e conseguiram, no total, média de 521,5 pontos. Um dos motivos do péssimo resultado é a falta de pessoal especializado para cuidar, por exemplo, do setor de informática e da biblioteca. Hoje, é impossível atender a demanda de livros para o preparo do PAS e do Enem. A estrutura também deixa muito a desejar. O colégio não tem, por exemplo, telefone fixo. “Me sinto envergonhado do resultado”, afirma o diretor Adelmo Altoé. “ Tudo que conseguimos na escola é por nossa iniciativa ou da comunidade”, completa. Mas o Centro Educacional Várzeas nem sempre foi assim. No Enem realizado em 2007, a escola conquistou o quinto lugar entre as melhores do DF. Em 2008, o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica do colégio foi o melhor de Planaltina. “Testemunhei o céu e, agora, o inferno”, lamenta Adelmo.

O Colégio Militar de Brasília, a mais bem classificada escola pública do DF, ocupa a 1.278 posição no ranking nacional. Entre as escolas mantidas pelo GDF, o Setor Oeste é a que conseguiu maior nota no Enem. Mas, ainda assim, está muito longe dos primeiros colocados do ensino brasileiro: ocupa a 3.676 posição no ranking das melhores do país.

Para o diretor de Ensino Médio da Secretaria de Educação do DF, Gilmar Ribeiro, a nota do Enem não pode ser usada como parâmetro para avaliar as escolas da rede pública. Ele lembra que a participação no exame é voluntária. “É uma decisão do aluno, não da escola. Nos colégios particulares, quem faz a proposta curricular é o dono da escola e eles focam no vestibular e no Enem, fazem turmas específicas para essas provas e simulados quinzenais”, justifica Gilmar Ribeiro.

Ele explica que a rede pública precisa seguir as diretrizes curriculares nacionais. “Em geral, as escolas públicas têm vocação para o ensino integral e muitos estudantes precisam fazer estágio para complementar a renda familiar, por exemplo. Além disso, as instituições públicas não têm como projeto maior a preparação para o vestibular e Enem. A nota desse exame, portanto, não avalia qualidade, embora possa ser usada pelos gestores para eventuais ações”, completa Gilmar Ribeiro.

Das 15 melhores escolas públicas do DF, pelo menos oito tiveram notas piores no Enem de 2010 em relação aos resultados do ano anterior. Na comparação entre as notas de um mesmo colégio, Gilmar Ribeiro concorda que há um indicativo de queda na qualidade. “Isso deve ser consequência dos desvios de verba que ocorreram na saúde e na educação nos últimos governos, o que fez com que os investimentos não fossem realizados nas escolas”, justifica o diretor da Secretaria de Educação. Para resolver essas falhas, os técnicos defendem a reestruturação dos currículos, a reabertura de laboratórios e a capacitação dos servidores.

O professor do Departamento de Métodos e Técnicas da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília e consultor da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) Célio da Cunha critica a elaboração de rankings e até mesmo a comparação realizada entre as médias das instituições públicas e das particulares. “O ideal seria pegar a nota de uma escola e comparar com o desempenho que ela mesma teve no ano anterior. Não dá para comparar a realidade dessas instituições, até porque o número de escolas particulares é muito menor.”

Para o especialista em ensino médio e professor da Universidade de Brasília Carlos Augusto de Medeiros, a melhoria do ensino exige atenção especial de três aspectos. “A qualidade envolve um tripé, que é a formação inicial e continuada de professores, os processos de avaliação com sistemas padronizados e o financiamento”, comenta. Para ele, a grande diferença das notas de escolas públicas e particulares dificilmente será reduzida a curto prazo por conta das dificuldades em superar os problemas que existem nessas três áreas. “O que se espera com esse debate é uma nova análise da identidade do ensino médio”, finaliza o especialista.

Valorização

O Centro de Ensino Fundamental Ipê Riacho Fundo, que fica no Combinado Agrourbano 1 de Brasília, ficou entre os mais bem colocados no resultado do Enem de 2010 na categoria das escolas que tiveram participação de mais de 75% dos estudantes. Conquistou a 13ª posição, com média de 536,69, nota superior ao índice nacional do teste objetivo, que foi de 511,21.

Um dos segredos para o sucesso, de acordo com a diretora Sheila Pereira da Silva Mello, é valorizar o aluno e procurar incentivá-lo. “Sempre conversamos e ouvimos os estudantes para trazê-los para perto de nós”, observa. Do 970 alunos, 90 estão no ensino médio, que funciona apenas no turno matutino e conta com três turmas, uma por série. “Conhecemos eles pelo nome e não pelo número da matrícula”, afirma. Os que cursam o 3º ano já se preparam para o próximo Enem, com textos e questões voltados especificamente para a prova. Alguns ex-estudantes do centro de ensino viraram exemplo. Juler Abrantes Melo Júnior, 19 anos, e Viviane da Silva Afonso Arevaldo, 20, conseguiram bolsas de estudo em faculdades privadas. “Os alunos precisam valorizar essa prova porque ajuda demais”, conta Juler.

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Memórias de um furacão. Livro registra a trajetória do diretor Hugo Rodas, personagem fundamental na maturação do teatro no DF. Mestre que formou gerações de intérpretes Monarco na avenida Fonte: CorreioB 13/09

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Quando se viu pela primeira vez na tela de cinema, o diretor e ator Hugo Rodas teve a sensação de morte. Olhava para a imagem projetada e parecia não ser ele quem estava ali. Hoje, ao folhear o livro que registra a trajetória pessoal e artística, pressente que experimentará sentimento similar.

— É estranho. É como se roubassem a minha alma.

O “nó” que trava a garganta de Hugo Rodas é típico daquelas pessoas que não podem ser cristalizadas, em sua totalidade, em centenas de milhares de palavras, por mais gentis e históricos que esses vocábulos venham a ser. Quem já ficou diante do criador uruguaio-brasiliense sabe que o homem se converte em energia, em força, quando está diante do palco, seja no processo de criação, seja na exibição do espetáculo. E essa característica efêmera e etérea, como é a natureza do teatro, não pode ser aprendida. Não é palpável.

— Não sei o que as pessoas escreveram sobre mim. Só vi algumas fotos.

Hugo Rodas, o livro, será lançado hoje, às 19h, na Livraria Dom Quixote (CCBB), com bate-papo entre o diretor e o dramaturgo Marcus Mota, que assina, na obra, o capítulo Todos os teatros de Hugo Rodas, no qual resgata o contexto anterior à vinda do homenageado a Brasília. Ele fala de um Uruguai que respirava uma utopia libertadora.

— A história pessoal e artística de Hugo Rodas se sobrepõe sob o horizonte daquilo que depois ficou identificado como contracultura, popularizada sob o emblema do sexo, drogas e rock and roll. Mas a versão uruguaia disso, além de pouco discutida, possui diferentes facetas da brasileira (…). A busca de liberdade por jovens de classe média, essa pulsão por novas experiências, impulsionada por livros e representada pelo cinema, encontrou no Uruguai um espaço estratégico, observa Marcus Mota.

O Hugo Rodas que chega a Brasília em março de 1975 para dar um curso de dança numa escola de balé clássico é, portanto, uma pessoa que tem uma intimidade extrema com a liberdade. Mesmo numa Brasília cerceada pelo governo militar, ele conseguiu ver a amplidão e a preponderância dos espaços.

— Parecia uma grande fábrica, onde todo mundo estava ativo, criando tudo o que ela (a cidade) precisava para ser. Fiquei admirado, me senti novo, pisando no novo. No fim do curso, me perguntaram do que eu precisava para ficar e respondi: “Alunos e um lugar para trabalhar”.

Laboratório no corpo

Foi assim, enlaçado pelo desejo, que Hugo Rodas se fixou em Brasília. No artigo Candango forever, escrito para o livro, ele relata as primeiras impressões sobre Brasília, percebidas da janela do avião. O vermelho intenso da terra, o azul infinito do céu. A paixão daqueles aprendizes por um homem que nunca tinha pensado em ser mestre.

— A minha vontade de ficar era inexplicavelmente forte, as pessoas, em apenas 15 dias, tinham se apaixonado pelo trabalho que eu havia feito e isso me passou uma segurança que eu não tinha vivenciado. Como resposta, recebi uma lista com 50 nomes e um espaço para dar aulas, que era a sede social do Clube do Congresso, lembra.

A sala de aula ou laboratório de corpo, onde Hugo aplicava técnicas de teatro-dança ainda não vistas em uma Brasília menina, foi demolida. Recentemente, o diretor levou parentes uruguaios para conhecer o seu marco zero e não havia nada lá. A sensação do vazio material, no entanto, contrapõe-se ao bem imaterial que o homem de teatro ergueu na cidade. Como diretor do Grupo Pitu, que alinhou Brasília ao moderno modo de fazer teatro em coletivo, ou como o professor inquieto da Universidade de Brasília, Hugo Rodas amplificou, como um furacão, as rajadas de ventos do DF ao mundo, anunciando que se fazia teatro na capital do poder.

— A história de Brasília e da arte de Brasília é atravessada pela inovadora e clara instigação chamada Hugo Rodas. Com o Grupo Pitu (1977-1981), a Companhia dos Sonhos (1999-2005) e o Tucan (1992-2008), em trabalhos de formação de artistas e plateia. Hugo tem ininterruptamente projetado para si e para a cultura brasileira um compromisso de qualidade e radiante brilhantismo que atravessará gerações, observa Marcus Mota.

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LANÇAMENTO » Poesia entre insetos e concreto Monarco na avenida Fonte: CorreioB 13/09

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Nos versos de Luiz Reis, a secura de Brasília vai além do relato meteorológico. Serve para sintetizar características do convívio entre os habitantes da capital. Outro traço da cidade para o autor, o ruído de insetos, adiciona contrastes em Poemas da seca e das cigarras, segunda publicação do poeta. Fruto dos 38 anos de vivência na cidade onde nasceu, o livro será lançado hoje, a partir das 19h, no restaurante Salada Cultural (716 Norte, Bloco A).

“A seca é uma imagem para além do clima. Está, por exemplo, na ausência de pessoas nas ruas, enclausuradas em repartições públicas. A cigarra, com seu barulho, rompe com essa inércia. Apresenta o novo”, analisa ele, bacharel em filosofia, doutor em letras, ambos pela Universidade de Brasília (UnB). “Essa desordem é fundamental nesse concreto planejado, como a árvore, que cresce sem seguir ordem nenhuma, nem a de desenhos de Niemeyer”, ilustra.

Galhos surgem à altura do próprio apartamento do docente e pesquisador, na 103 Sul. Para ele, apesar da intenção de convívio facilitado quando a capital foi criada, o resultado foi inverso. “É preciso enxergar a cidade além do suposto sucesso ou fracasso. Gosto de Brasília, mas não a ponto de deixar de ver suas contradições. A ideia de Lucio Costa, com amplas avenidas, era favorecer a circulação das pessoas, mas isso facilitou o uso de carros, que também enclausuram as pessoas.”

Sem romantismo

Outras reflexões se espalham nas 80 páginas de poemas, com influência concretista. “A poesia é visual, desde a forma dos versos, dos sonetos, e essa não deixa de ser uma característica do contemporâneo”, observa. Tratar do próprio tempo, diz ele, deve ser compromisso do poeta. “Faço uma poesia contemporânea, sem romantismo. Hoje em dia, a poesia deve ser feita radicalmente, precisa ser inconformista. Vivemos um tempo de reprodução de ideias. Se a poesia só for reproduzir o consagrado, não terá o que dizer”, desafia.

Com pesquisas aprofundadas nos pensamentos de Nietzsche e Sérgio Sant’Anna, o poeta sonda a cidade em detalhes, como os olhares das pessoas, a poeira, as pichações. “É um trabalho mais maduro”, compara com a antiga publicação Reverter olhar!, de 2006, pela mesma editora. “Não é um retrato fotográfico, passa pelos sentidos. É o modo como um sujeito interpreta a realidade.” Devido a fatores como sua condição histórica, acredita, a capital da República possui traços singulares no convívio entre seus moradores. “Várias pessoas que chegam a Brasília relatam essa distância dos brasilienses.” Ao seu ver, a cidade ainda delineia sua cultura, seja ela entendida como modo de agir ou produção de obras. “Brasília ainda é uma aposta.”

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FESTIVAL » O evangelho segundo Gismonti

Aos 63 anos, o multi-instrumentista celebra a música para devotos da Mostra Internacional de Olinda. Monarco na avenida Fonte: CorreioB 13/09

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Recife — Se a música é sagrada, que seja reverenciada no altar. E tenha como responsável por tal celebração o multi-instrumentista Egberto Gismonti. É noite de sábado na igreja do Seminário de Olinda, localizado nas ladeiras do Alto da Sé. Chegar aqui, a pé, é por si só uma redenção. Mas é preciso um pouco de calma. São 19h15 e o espetáculo está para começar.

No centro do palco, ou melhor, do altar, Gismonti, um dos mais inventivos artistas atuais, parece doutrinar. É solene, sem afetação. “Reverencio diariamente algo que não existe. Nada me faltará porque a música vai me conduzir”, diz o homem, 63 anos, de turbante encarnado como se entoasse um salmo. Na plateia, leigos, padres, freiras e músicos consagrados, como o percussionista Naná Vasconcelos.

Para Gismonti, a música só passa a existir quando chega ao público. Mesmo no processo final da composição, ela ainda não existe. “Isso só acontece quando o público para e ouve”, disse ele ao continuar o show, que teve a participação da violinista Ana de Oliveira, do pianista André Mehmari, do bandolinista Hamilton de Holanda e do violonista Alexandre, filho de Gismonti.

Alguns dos devotos chegam a chorar durante a performance. O repertório é variado, incluindo músicas antigas e mais recentes, compostas para o álbum Saudações, lançado pela gravadora alemã ECM, inédito no Brasil. O concerto é um dos 24 da Mostra Internacional de Música de Olinda, a Mimo, que ocorreu entre os últimos dias 5 e 11. Ao todo, mais de 100 artistas transformaram altares em palcos.

A Mimo está na oitava edição e já é o segundo evento mais importante de Olinda, depois, evidentemente, do carnaval. Os shows são gratuitos. A população assiste às performances dentro das igrejas e nos pátios, em telões. Ao todo, mais de 80 mil pessoas viram pelo menos um dos espetáculos.

Gismonti é um entusiasta da mostra, não apenas pelos shows em si, mas pelas oficinas ministradas ao longo do evento, como a do próprio artista ou uma de regência com o maestro Isaac Karabtchevsky. “A chance de compartilhar conhecimento e estimular jovens músicos é o melhor desta mostra”, disse.

Repertório

São quase 21h. A 200 metros da apresentação de Gismonti, na Igreja da Sé, o pianista Philip Glass começa a tocar. Autor consagrado de trilhas para cinema, teatro e dança, Glass levou para Olinda o concerto “Uma noite de música de câmara”. O convidado é o violinista Tim Fain, um dos representantes da nova geração de músicos eruditos norte-americanos. Fain prepara-se para o show nos aposentos do fundo da igreja.

O show de Gismonti já deveria ter acabado, mas o homem queria mais. Glass assim começa a tocar, afinal, os palcos eram distintos. Mas a proximidade dos dois concertos faz com que, nos fundos da Igreja da Sé, o piano de Gismonti seja ouvido nos intervalos das músicas de Glass.

Desavisado, Tim Fain aguarda para entrar no palco. Ao escutar Gismonti, o músico abandona os aposentos em direção ao palco. “Ele (Glass) mudou o repertório de última hora? Ele mudou o repertório de última hora?” Não, Fain. O repertório é de um outro evangelista, de nome Gismonti.

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CINEMA » Com licença, vou à luta

Na quinta edição, mostra Assim Vivemos exibe 28 filmes sobre deficiência, a partir de hoje, no CCBB. Monarco na avenida Fonte: CorreioB 13/09

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Provocar reflexão sobre temas e formas é um objetivo comum entre os festivais de cinema. Mas há aqueles que vão além dessa meta e instigam a ação: inspiram o espectador a tomar partido e narrar as suas próprias histórias. Esse efeito de sedução se nota em mostras brasileiras como o É Tudo Verdade (de documentários) e o Anima Mundi (de animação). E é o que também acontece com o Assim Vivemos — Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência, que chega à quinta edição a partir de hoje no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), com entrada franca.

Desde a estreia do evento, que é realizado a cada dois anos, aumenta o número de filmes brasileiros que retratam as experiências de pessoas com deficiências. Não por coincidência, na opinião da diretora da mostra, Lara Pozzobon. “O festival estimula a aproximação do tema. Os cineastas passam a ter um olhar mais possível, mais próximo. Nos primeiros anos da mostra, essa tentativa se dava com mais distanciamento, como se os próprios diretores não estivessem à vontade para mostrar os personagens. Hoje, os filmes estão mais à vontade e melhores”, compara. A participação do Brasil no festival, por consequência, nunca foi tão expressiva: são oito curtas.

Um deles, Aloha (de Paula Maia dos Santos), retrata o cotidiano de um grupo de surfistas que rasgam as ondas sob pranchas adaptadas. No delicado Dois mundos (de Thereza Jessouroun), a narrativa revela o contato dos surdos com o universo sonoro, graças aos implantes cocleares. Exibido fora da competição, o documentário História do movimento político das pessoas com deficiência no Brasil, de Aluizio Salles Júnior, promete um diálogo raro na sala de cinema: personagens do filme são convidados para conversar com a plateia, ao fim da projeção. No Rio de Janeiro, onde a mostra foi exibida entre 16 e 28 de agosto, a novidade foi bem recebida pelo público, com sessões lotadas.

Protagonismo

No total, serão exibidos em Brasília 28 filmes de 12 países. O critério da curadoria da mostra é destacar títulos que garantem papel de protagonista à pessoa com deficiência. “São filmes em que elas estão em primeiro plano mesmo. E valorizamos não apenas a qualidade técnica, mas a criativa e narrativa. Analisamos os filmes num sentido mais amplo”, afirma Lara. O próprio festival foi criado quando se observou que, no exterior, havia uma safra já madura de longas e curtas sobre deficiência. Nas sessões, eles são exibidos com audiodescrição (para pessoas com deficiência visual) e com legendas “closed caption” (para pessoas com deficiência auditiva). Há versões em braille dos catálogos.

Na seleção internacional, as abordagens do tema são as mais abrangentes. O britânico Tempo de suas vidas, de Jocelyn Cammack, mostra o modo bem-humorado como mulheres octagenárias e nonagenárias lidam com os incômodos naturais da velhice. No moçambicano De corpo e alma, o diretor Matthieu Bron flagra o dia a dia de três jovens com deficiência. Como complemento à exibição dos filmes, serão realizados quatro debates. “Nós temos um ônibus para escolas e instituições que queiram comparecer às sessões, sempre com lotação esgotada”, informa Lara. Prova de que o Assim Vivemos, como acontece com os melhores festivais temáticos, já encontrou um lugar no mundo.

ASSIM VIVEMOS

Festival Internacional de Filmes sobre Deficiência. De hoje até 25 de setembro, na sala de cinema do CCBB. Sessões às 14h30, 16h30 e 18h30. Entrada franca. Classificação indicativa livre.

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JUSTIÇA ELEITORAL » Você vai pagar esta conta Monarco na avenida Fonte: CorreioB 13/09

Plebiscito que decidirá sobre a divisão do Pará será, proporcionalmente, a eleição mais cara da história. A votação está marcada para 11 de dezembro e a campanha começa hojeDaqui a três meses, os eleitores do Pará vão às urnas para decidir se o estado será dividido em três partes. Por trás de toda a discussão que envolve a criação de duas unidades da Federação, existe o custo financeiro: o plebiscito custará R$ 24 milhões e, proporcionalmente, será a votação mais cara da história.

Levantamento do Correio com base em dados das últimas eleições mostra que os gastos da consulta, na qual os paraenses responderão se querem dividir o estado em três partes, serão de R$ 4,98 por eleitor — 37% a mais do que o registrado nas eleições gerais de 2010, quando as despesas da Justiça Eleitoral brasileira totalizaram R$ 490 milhões, o equivalente a R$ 3,63 por pessoa apta a votar. Com valores corrigidos pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), as eleições custariam hoje, em média, R$ 3,90 — ainda assim, o plebiscito sairia 27,6% mais caro.

Marcada para 11 de dezembro, a consulta pública sobre a criação dos estados de Carajás e Tapajós vai custar mais que o dobro do valor despendido pelos cofres públicos para a realização do referendo do desarmamento, em outubro de 2005. Segundo dados do TSE, aquela consulta pública custou R$ 2,07 por eleitor. Na época, 64% dos brasileiros disseram não à proibição da venda de armas no país. Levada em conta a inflação do período, ainda assim, o referendo custou menos que o plebiscito paraense, com média de R$ 2,77 per capita.

O Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE/PA) informou ao Correio que a previsão de gastos com o plebiscito, cuja campanha começa hoje, é de R$ 11,3 milhões. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE), por sua vez, detalhou que o orçamento destinado à consulta gira em torno de R$ 24 milhões, sendo que a Corte deverá arcar com até R$ 12,7 milhões. Segundo a assessoria de imprensa do TSE, ambos os tribunais estão buscando reduzir gastos, inclusive com a procura de materiais excedentes que possam ser cedidos por outros TREs.

“O valor citado é uma previsão orçamentária e pode não corresponder ao montante gasto ao final do plebiscito, uma vez que a Justiça Eleitoral vem adotando uma série de atos para reduzir os custos. O remanejamento de materiais excedentes de outros estados e a licitação dos serviços de logística são exemplos de medidas que devem contribuir para a redução do custo do voto”, destaca o TSE. A expectativa do tribunal é de que possa haver economia de até 20%.

Os gastos se justificam, segundo o TRE, pela montagem das instalações em todas as partes do Pará, o que inclui locais de difícil acesso, como comunidades ribeirinhas e aldeias indígenas, e também com os pagamentos das Forças Armadas e das pessoas que irão trabalhar no dia do plebiscito. A Justiça Eleitoral não soube informar a quantia gasta somente no Pará nas eleições de 2010.

Além do custo financeiro, existe a discussão sobre a necessidade de se realizar o plebiscito. No Congresso, existe o questionamento sobre quais interesses estão em jogo. “A divisão é cara, não melhora a vida do povo e só é boa para poucos”, afirma o deputado Zenaldo Coutinho (PSDB-PA) (leia ponto crítico acima).

Calendário

O prazo para a transferência de títulos eleitorais para participar do plebiscito terminou no último domingo. Balanço parcial do TRE, com dados atualizados na sexta-feira, mostra que 13.705 eleitores de outras unidades da Federação pediram a troca de domicílio desde o começo de junho. Só os municípios que compreendem a região onde poderá ser criado o estado de Carajás receberam 8.931 novos eleitores, quantidade que corresponde a 65% das transferências. Tapajós recebeu 2.038 novos títulos, enquanto o chamado Pará remanescente contabilizou 2.736.

O período de campanha para o plebiscito começa oficialmente hoje, inclusive na internet. A propaganda no rádio e na TV, porém, só será exibida a partir de 27 de outubro, 45 dias antes de os eleitores irem às urnas.

Na última quinta-feira, a frente que luta pela criação de Carajás sofreu um duro golpe, quando o deputado federal Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele permanecerá no mandato até que a Câmara delibere sobre a sua permanência ou não na Casa. No entanto, teme-se que a imagem de Asdrúbal, que é uma das principais lideranças da região sudeste do Pará, seja atingida pela condenação a três anos e um mês de prisão, em regime aberto. Ele é acusado de ter comprado votos em troca de cirurgias de laqueadura de trompas oferecidas a eleitoras, em 2004, quando disputou a Prefeitura de Marabá. Ele foi condenado por violar a lei que trata da esterilização.

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LITERATURA . Ruy Castro e Heloisa Seixas lançam livro hoje Fonte: folhaSP 13/09

DE SÃO PAULO - O colunista da Folha Ruy Castro e sua mulher, a escritora Heloisa Seixas, participam hoje às 20h no Sesc Vila Mariana (rua Pelotas, 141; tel. 0/xx/11/5080-3000; grátis; classificação: 12 anos) do programa Sempre um Papo. O casal lança o livro "Terramarear" (Companhia das Letras; R$ 42; 232 págs.), que narra as viagens culturais (guiadas e inspiradas por livros, filmes e discos famosos) realizadas por eles. Fonte: folhaSP 13/09

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LIVROS. Amazon estuda criar serviço de assinatura Fonte: folhaSP 13/09

A ideia é criar um modelo semelhante ao da locadora virtual Netflix, baseado em uma assinatura para acesso a uma biblioteca de livros digitais.

A informação é do "Wall Street Journal". O produto seria disponibilizado a assinantes que hoje pagam US$ 79 por serviços como entrega rápida. Fonte: folhaSP 13/09

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Ministro quer fim do vestibular na próxima década Fonte: folhaSP 13/09

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Mesmo sem dar números, o ministro Fernando Haddad (Educação) disse que o Enem de 2010 aponta melhora do ensino público.

A presidente Dilma telefonou para ele ontem a fim de que explicasse publicamente os resultados.

A Folha revelou ontem que, entre as tops do país, houve queda de 6% da participação das públicas.

Haddad também disse acreditar que o vestibular tradicional será abandonado na próxima década. Hoje, o Enem permite acesso a mais de 100 mil vagas em instituições federais. Fonte: folhaSP 13/09

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Limites do Enem (EDITORIAL). Exame é boa promessa de vestibular nacional, mas se presta mal à avaliação de escolas e, pior ainda, do sistema educacional do país Fonte: folhaSP 13/09

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O Exame Nacional do Ensino Médio, cujos resultados do ano de 2010 foram divulgados ontem, desperta muita atenção de pais, alunos, professores e autoridades. Até por isso, é importante assinalar os limites da avaliação promovida pelo Ministério da Educação.

A principal característica do Enem, nos moldes que assumiu a partir de 2009, é classificar alunos para vagas em faculdades. As 59 universidades federais usam a nota do exame nacional para substituir integral ou parcialmente o seu vestibular. O Enem, portanto, tornou-se um processo seletivo nacional, com a promessa de avanços interessantes, como a realização de vários exames por ano e a possibilidade de o aluno descartar as piores notas quando for pleitear vaga em instituição superior.

Qualquer outro uso do Enem, contudo, se torna problemático. Para começar do que parece mais simples, as classificações de escolas com base na sua média do Enem estão sujeitas a distorções relevantes. A participação no exame é facultativa, e os incentivos para o comparecimento variam de escola para escola e, mais ainda, de região para região do país.

Há colégios que incentivam só seus melhores alunos a prestarem a prova. Outros criam escolas separadas com estudantes convidados. Colégios pequenos e seletivos inscrevem 20 alunos; outros, menos restritos, 200. São ações permitidas e compreensíveis, até porque parte do sistema é privado e busca atrair clientela exibindo desempenho. Mas elas inviabilizam um juízo objetivo sobre qual escola é melhor que a outra.

A distorção mais importante, entretanto, vem dos incentivos muito variados regionalmente para que a elite dos estudantes vá prestar o Enem. Em Estados como Rio e Minas, esse incentivo é o maior possível, pois as vagas mais buscadas nas universidades são federais. Em São Paulo, com a USP e a Unicamp adotando vestibulares inteiramente próprios em 2009 e 2010, a atratividade foi menor.

Esse fator serve para explicar em parte a alta frequência de escolas secundárias fluminenses e mineiras na lista das maiores médias do Enem. Quando se trata de tomar o exame para avaliar o sistema educacional do Brasil, a cautela deveria ser ainda maior.

USP e Unicamp, vale lembrar, desistiram de aceitar o Enem depois que a prova vazou em 2009, provocando incertezas e o seu adiamento. Com uma ação legislativa, pode-se argumentar, daria para resolver tudo. Torna-se o Enem obrigatório para todo concluinte do ensino médio e para o vestibular de todas as instituições superiores nacionais. Seria uma saída equivocada, arbitrária e, provavelmente, inconstitucional.

Ela feriria o princípio da autonomia das universidades e dos Estados, a quem compete o ensino secundário. Quem garante que o Ministério da Educação fará sempre os melhores e os mais seguros exames, capazes de selecionar com justiça estudantes em todo o território de um país continental?

A adesão ao Enem deve continuar a ser voluntária. À medida que a aplicação da prova ganhe credibilidade, decerto aumentarão o peso e o volume das universidades que dela se valem.

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Festival terá videoarte política de Israel . Videobrasil, que começa no dia 30, apresentará obras de cinco artistas que lidam com questões de identidade

Em paralelo, Centro da Cultura Judaica de São Paulo faz mostra que terá obra apresentada na 54ã Bienal de Veneza Fonte: folhaSP 13/09

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Poucos lugares do mundo são palco de um conflito tão marcante como Israel.

De cunho religioso, político e social, esse conflito acabou fornecendo um amplo material de inspiração para a arte contemporânea.

"Aqui, o artista que trabalha em fotografia e vídeo tem que fazer um esforço muito grande para não olhar a realidade", conta Sergio Edelsztein, criador e diretor do Centro de Arte Contemporânea (CCA), em Tel Aviv.

Parte dessa contundência toda será vista na 17ª edição do festival Videobrasil, que terá início no próximo dia 30 e apresentará trabalhos de cinco artistas de Israel, na seção Panoramas do Sul.

"Esse é o maior grupo de artistas de Israel em toda a história do festival e reflete bem como a questão política é abordada pela arte naquele país", conta Solange Farkas, diretora do festival.

"Vivemos uma urgência, há sempre algo acontecendo. E, se os trabalhos aqui são políticos, o vídeo é mais, por sua própria característica de gravar o real", avalia Edelsztein.

Além do Videobrasil, o Centro da Cultura Judaica organizou um programa paralelo ao festival, com 14 filmes, organizado por Edelsztein.

Entre eles está a polêmica trilogia "E a Europa se Abismará", da israelense Yael Bartana, atualmente em cartaz no pavilhão da Polônia na 54ª Bienal de Veneza.

TERRITÓRIOS OCUPADOS

Entre os trabalhos mais políticos dos artistas de Israel está "H2", de Nurit Sharett, que retrata o cotidiano de um grupo de jovens mulheres que fizeram um workshop de vídeo com a artista.

Elas vivem em Hebron, cidade próxima a Tel Aviv, dividida em duas seções: H1, que pertence à Palestina, e H2, um dos territórios ocupados por Israel.

Nessa última seção, onde vive o grupo de alunas de Sharett, os palestinos sofrem uma série de limitações, até mesmo para andar de carro.

A câmera da artista, então, registra as ruas dessa área e as famílias das alunas. "É um trabalho de arte pela paz militante", explica Sharett.

Ela chegou a participar de um casamento, mas não pôde registrá-lo.

"Fiquei muito surpresa ao ver como, por baixo de toda aquela roupa, elas estão com vestidos brilhantes e alegres. Resolvi fazer o oposto, gravando a minha transformação ao usar um hijab [tipo de véu islâmico].

Foi uma forma de respeito", conta a artista.

Sharett, apesar de ser uma artista respeitada em seu país, nem sequer comercializa seus trabalhos em galerias de arte, financiando-os com prêmios e bolsas.

"Uma das razões para obras aqui terem esse caráter político é que o mercado de arte é pequeno e insignificante", afirma Edelsztein.

Outro exemplo dessa abordagem política é "Melancias sob a Cama", de Dor Guez.

De ascendência árabe-cristã, o artista usa memórias de infância, como a relação de seu avô com as melancias, um símbolo de Israel.

"A maioria nunca sabe nada da minoria. Não sou anti-Israel, mas me sinto na responsabilidade de tratar desses assuntos", diz Guez.

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Site explica Diretas-Já para nova geração

Depoimentos selecionados pelo jornalista Paulo Markun estarão disponíveis na internet a partir do dia 19. Espaço permitirá que internautas registrem suas declarações sobre o movimento pelas eleições diretas Fonte: folhaSP 13/09

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Do petista José Dirceu, em relação ao governador paulista Franco Montoro (1916-1999), que mais tarde seria um dos fundadores do PSDB: "Sem ele, não teria havido campanha [das Diretas-Já] da maneira como foi".

Do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao comentar o papel que Luiz Inácio Lula da Silva e as greves do ABC tiveram na reconquista da democracia: "Foi importantíssimo para perceber que havia possibilidade de oposição mais consistente, que não era apenas parlamentar".

Para boa parte dos brasileiros nascidos após 1984 -ano em que multidões se mobilizaram em todo país em comícios pedindo eleições diretas para presidente-, soa estranha a troca de gentilezas entre líderes de partidos que hoje se enfrentam de maneira, às vezes, tão raivosa.

Foi para tentar explicar para novas gerações como foi possível unir personagens tão divergentes numa mesma campanha que o jornalista Paulo Markun disponibilizará 70 depoimentos inéditos de personalidades num site que será lançado no dia 19.

Markun identifica nos depoimentos o quanto o engajamento de quase todos levou o país a crer que seria possível impor uma derrota a uma ditadura que, mesmo desgastada, não queria perder o controle da sucessão.

FHC, por exemplo, relata que líderes da oposição chegaram a se reunir com o chefe do Gabinete Civil do presidente João Figueiredo, Leitão de Abreu, em busca de garantias. "Nossa preocupação era com o que aconteceria se ganhássemos, porque achávamos que ganharíamos."

Ricardo Kotscho, repórter da Folha à época, diz que era impossível manter distanciamento crítico da cobertura.

"Eu queria que aquilo desse certo. Chorava, ficava emocionado com as coisas que ouvia. Naquele dia do [comício de 16 de abril] no Anhangabaú, deu a impressão de que iria dar. Comemoramos antes da hora", conta.

A emenda foi derrotada em 25 de abril daquele ano. Faltaram 22 votos.

O cantor Roger, do Ultraje a Rigor, diz que a adesão de artistas à campanha era espontânea. "Ninguém podia ficar em cima do muro", afirmou. Uma música do grupo virou hino do movimento -"A Gente Somos Inútil".

Mesmo sob a ditadura, atos como a liberação de catracas do metrô em dias de comício eram tolerados.

"Aquilo era totalmente ilegal. Hoje, daria Ministério Público, o governador ia ser acusado, iam questionar quanto custou aos cofres públicos", lembra, rindo, José Dirceu.

O site bradoretumbante.org.br será mantido com o apoio da Uninove e do Instituto de Cultura Democrática. O espaço permitirá que internautas registrem seus depoimentos sobre o período.

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ONG AfroReggae vai receber 510 mil bolsas para capacitação. Fonte: folhaSP 13/09

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O Santander fechou parceria com a ONG AfroReggae e mais nove universidades para a criação de 510 mil bolsas de capacitação no Estado do Rio de Janeiro.

O objetivo é preparar mão de obra para eventos internacionais como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.

Bolsas para o estudo de idiomas, como inglês, espanhol e mandarim, também serão oferecidas.

O foco das bolsas será nas áreas de hotelaria, informática, call centers, enfermagem e administração.

Segundo o presidente do Santander, Marcial Portela, o momento do Rio de Janeiro é extremamente positivo: "O PIB do Estado equivale ao do Chile e é maior do que outros países importantes da América Latina".

O banco pretende também abrir mais cem agências de atendimento no Estado do Rio nos próximos cinco anos.

Atualmente, o Santander tem 6.000 empregados no Estado, e mais 2.000 vagas serão criadas.

As cem novas agências se somarão aos 447 pontos de atendimento existentes atualmente em território fluminense, além de 340 caixas eletrônicos.

Para estimular o empreendedorismo, o Santander pretende intensificar as operações de microcrédito, segundo Portela.

O objetivo do banco é apoiar 50 mil microempreendedores até 2015.

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Brasil avança menos que os países ricos no ensino superior. Proporção de adultos com nível universitário subiu três pontos percentuais entre gerações, segundo a OCDE

Na Coreia do Sul, diferença foi de 50 pontos; no nível médio, brasileiros avançaram mais do que a média Fonte: folhaSP 13/09

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A distância que separa o Brasil dos mais ricos, que já era grande, aumentou ainda mais quando se compara a proporção de adultos com nível superior entre gerações.

A informação consta de um relatório da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) que será divulgado hoje.

O estudo, com indicadores educacionais de 42 países, alerta que, caso a proporção de brasileiros com nível superior não aumente em relação ao que é verificado hoje na população de 25 a 34 anos, o país ficará cada vez mais longe da média da OCDE, que congrega principalmente nações desenvolvidas.

Comparando apenas a população de 25 a 34 anos, o Brasil tem apenas 12% com nível superior, o menor percentual da lista. Entre 55 e 64 anos tem proporção um pouco menor: 9%. Isto indica que, entre gerações, o avanço é de apenas três pontos percentuais.

Na Coreia do Sul, país que mais avançou, esta diferença é de 50 pontos. Na média da OCDE, o avanço foi de 15.

Quando a mesma comparação é feita levando em conta a proporção de pessoas com nível médio completo, a análise fica mais favorável, com o Brasil tendo avançado mais do que a média.

O estudo permite também comparar quanto cada nação investe por aluno. No caso brasileiro, apesar de termos mais que dobrado o investimento per capita na educação básica na década passada, o valor segue bem abaixo da média das demais nações, o que revela o tamanho do atraso acumulado do país.

Nas escolas públicas de nível fundamental e médio, um estudante brasileiro custa US$ 2.098 (R$ 3.586) ao ano. Na média da OCDE, este valor, também apenas considerando a rede pública, é de US$ 8.111 (R$ 13.865).

O único nível em que gastamos mais por aluno do que a média dos países desenvolvidos é o superior, onde o custo é de US$ 11.610. A média da OCDE é US$ 10.543.

Isto faz do sistema brasileiro o de maior desigualdade quando se compara o investimento do poder público por aluno na educação básica com o que é gasto com um universitário.

Como o indicador é por aluno, o gasto maior per capita no ensino superior público não se traduz em uma quantidade expressiva de jovens atendidos nas instituições públicas. Pelo contrário, no Brasil, quatro em cada cinco matrículas de nível superior estão no setor privado.

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Lei Florestal cria custos para elétricas. Setor elétrico teme herdar passivo de R$ 30 bi. Valor Econômico - 13/09/2011

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O novo Código Florestal, em tramitação no Senado após aprovação na Câmara dos Deputados, pode criar um passivo de R$ 30 bilhões para as empresas do setor elétrico, segundo cálculo do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico. A lei prevê que o "empreendedor" deve bancar os custos de "aquisição, desapropriação ou remuneração por restrição de uso" de toda a Área de Preservação Permanente em torno dos reservatórios de hidrelétricas construídas antes de 2001. A Casa Civil e o Ministério das Minas e Energia já fizeram reuniões com executivos do setor para debater a proposta em discussão na Câmara

Às voltas com a indefinição que ronda o fim das concessões de usinas com 18 mil megawatts (MW) de capacidade, as principais empresas de geração de energia elétrica acenderam mais um sinal de alerta: o novo Código Florestal, em tramitação no Senado, pode criar um passivo de R$ 30 bilhões.O cálculo foi feito pelo Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (Fmase), com base nas exigências da nova legislação, já aprovada na Câmara dos Deputados. Esse valor supera todo o investimento previsto na construção da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, a obra em andamento mais cara do país.

O passivo tem origem na obrigatoriedade de "aquisição, desapropriação ou remuneração por restrição de uso" de toda a Área de Preservação Permanente, conhecida como APP, em torno dos reservatórios de hidrelétricas construídas antes de 2001. O texto remete ao "empreendedor" as despesas criadas com a nova lei.

Naquele ano, medida provisória assinada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso passou a exigir a compra ou a desapropriação, pelas geradoras, de toda a APP nos entornos dos reservatórios. Antes disso, poucas empresas tomaram a precaução de manter livres as terras em volta dos lagos responsáveis pela geração de energia.

As concessionárias de energia dizem que o trecho do Código Florestal com essas exigências entrou no relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) a menos de 24 horas da votação na Câmara, em maio, o que impediu a discussão do assunto. "Fomos surpreendidos na véspera. Nunca se havia falado nisso", afirma Luiz Fernando Vianna, coordenador do Fmase.

A Casa Civil e o Ministério de Minas e Energia já fizeram reuniões com executivos do setor elétrico para debater a nova legislação. No entanto, o relatório apresentado pelo senador Luiz Henrique (PMDB-SC) na Comissão de Constituição e Justiça do Senado manteve inalterada essa parte do texto aprovado na Câmara. O relatório voltará à agenda amanhã e poderá ser votado na CCJ.

Só a Cemig, que opera 45 reservatórios para a geração de energia elétrica, prevê passivo de R$ 1,5 bilhão. Os maiores gastos podem surgir nas usinas de Nova Ponte e de Volta Grande, na região do Triângulo Mineiro, segundo Ênio Marcus Brandão Fonseca, superintendente de gestão ambiental de geração e transmissão da Cemig.

"O novo código cria uma figura jurídica nova, que pode ter grande impacto negativo sobre uma situação consolidada. Alguns dos nossos reservatórios têm mais de 50 anos de existência", diz Fonseca. Ele lembra que já cabe ao poder público fiscalizar o estado das APPs, não importa quem seja o dono. Boa parte das áreas é usada hoje por clubes esportivos ou chácaras particulares. A mudança na legislação, acredita o superintendente da Cemig, "tem efeito antissocial e prejudica economicamente as empresas", sem gerar um único megawatt novo de eletricidade.

O Valor apurou que duas subsidiárias da Eletrobras - Furnas e Chesf - devem arcar com a maior parte do passivo, estimado em R$ 30 bilhões. Tractebel, Cesp, AES Tietê, Duke Energy e Copel também teriam que pagar uma conta bastante salgada. O restante do passivo cairia sobre operadoras de pequenas centrais hidrelétricas, principalmente no Sudeste.

A projeção do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico leva em conta um gasto de R$ 7 bilhões com a aquisição de terras no entorno de 130 grandes usinas e o isolamento das áreas. Também prevê o desembolso de R$ 15 bilhões com a indenização de 60 mil edificações, a um custo médio de R$ 250 mil cada. Por fim, calcula em R$ 8 bilhões o custo com outras nove pendências, como reassentamentos, demolição das edificações, elaboração de cadastros socioeconômicos e compra de terras residuais que se tornarem inviáveis economicamente. "Vai virar uma tremenda especulação imobiliária", afirma Vianna, do Fmase.

O texto do novo Código Florestal define como APPs as faixas de 15 metros nas áreas urbanas e de 30 metros nas áreas rurais em torno dos reservatórios, a partir da "cota máxima cheia", conceito que engloba inclusive a porção de terra coberta por alagamentos em períodos de chuva. Geralmente, o setor elétrico trabalha com o conceito de "cota máxima de operação", ou seja, quando 100% da capacidade regular do reservatório foi atingida e as comportas precisam ser abertas.

Argumentando que se trata de uma exigência inconstitucional, pois não havia barreiras legais à ocupação de entornos das hidrelétricas antes de 2001, o ex-ministro da Defesa e do Supremo Tribunal Federal (STF) Nelson Jobim foi contratado pelas empresas geradoras para emitir um parecer jurídico. Será o primeiro trabalho relevante de Jobim após sua saída do governo, há 40 dias.

Se a nova legislação for aprovada com o texto atualmente em discussão, criará algumas situações insólitas. Talvez a maior delas seja a necessidade de desapropriar mansões cujos terrenos dão para o Lago Paranoá, em Brasília, incluindo trechos da Península dos Ministros - endereço oficial de vários ministros de Estado - e algumas áreas de lazer do Palácio da Alvorada.

Concebido para suprir água e energia aos moradores da nova capital, o Paranoá foi criado em 1959 e pode gerar 30 MW, parcela ínfima do consumo do Distrito Federal. Mas a beira do lago foi ocupada por luxuosos clubes esportivos e mansões residenciais, com um dos metros quadrados mais caros do Brasil, principalmente no Lago Sul.

O levantamento do Fmase prevê gasto médio de R$ 5 milhões com cada indenização no Paranoá. É uma despesa com potencial para inviabilizar definitivamente a Companhia Energética de Brasília (CEB), estatal com dívida acumulada de R$ 877 milhões.

Represas como a Billings e a Guarapiranga, na zona de sul de São Paulo, passariam pela mesma situação. Elas têm boa parte de suas margens ocupadas por residências de baixa renda. O texto se refere a "reservatórios artificiais de água destinados a geração de energia ou abastecimento público", estendendo o possível rombo para companhias de saneamento, como a Sabesp.

Para o presidente do Instituto Acende Brasil, Cláudio Sales, a lei em tramitação tem dois efeitos negativos. "O primeiro é para a sociedade, já que estamos falando de áreas consolidadas e ocupadas legalmente, de pessoas que muitas vezes já foram impactadas na construção dos reservatórios", diz Sales.

O segundo é a possibilidade de onerar as contas de luz, pois tudo indica que as empresas geradoras vão buscar o ressarcimento do passivo. "É um custo novo e totalmente imprevisto para as concessionárias, que precisaria ser ressarcido pelos consumidores no futuro."

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