Prêmio - Já estão aberta as inscrições para o 2º Prêmio MP-GO de Jornalismo, que traz duas novas categorias: Fotojornalismo e Estudantes. A iniciativa prestigia os melhores trabalhos jornalísticos produzidos e veiculados pela imprensa que mostrem a atuação do MP na defesa dos interesses da sociedade. Também concorrem as categorias Jornalismo Impresso, Radiojornalismo e Telejornalismo. Fonte: o popular 12/09
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CARLOS HEITOR CONY. A terceira guerra Fonte: folhaSP 11/09
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RIO DE JANEIRO - Amanheci no dia 11 de setembro de 2001 em Maringá (PR). Na véspera, fizera palestra numa faculdade local.
Na escala em Porto Alegre, onde iria me encontrar com o escritor Moacyr Scliar, vi na televisão uma cena de guerra, mas não dei importância. Estranhei apenas o horário -certos tipos de filme não passam de manhã.
Na capital gaúcha, Scliar me deu notícias e o celular logo tocou, era o editor da página A2. Eu já mandara a crônica para o dia seguinte e ele me perguntou se queria mudá-la. Disse que sim e o Scliar me perguntou sobre o que eu poderia escrever com tantas versões sobre o atentado ao WTC, em Nova York.
Sem pensar muito, respondi: "A terceira guerra mundial", que foi o título da crônica que escrevi no hotel. Pareceria exagero, mas argumentei que a nova guerra mundial seria diferente das outras duas -a de 1914 foi uma guerra de trincheiras, com motivações territoriais e econômicas; a de 1939, já com um pouco da tecnologia existente na época, foi para instalar no mundo uma raça dominante.
A terceira guerra seria desdobrada em diversas batalhas, a começar pelo terrorismo promovido a uma questão de vida e morte. Entre uma e outra batalha poderia haver lapsos de tempo, como convêm às guerrilhas. E não havia uma motivação clara de ordem econômica e territorial, mas uma luta de duas civilizações antagônicas.
Não seria exatamente uma guerra religiosa, mas de visões do mundo que se combatem radicalmente e continuarão a luta por tempo indeterminado.
Uma guerra com as massas querendo sangue e vitória. Foi a primeira vez em que George W. Bush se invocou no papel de chefe supremo das Forças Armadas e invadiu o... Iraque! Apelou para a mentira, mostrando como estava informado, mas lucrando com a possibilidade de uma guerra mundial.
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Roda de jazz invade reduto do samba no Rio. Quinteto se apresenta na Lapa nas noites de quarta; cidade teve 3 festivais em 2011 Fonte: folhaSP 11/09
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Quem passa pela rua do Teatro, centro do Rio, nas noites de quarta-feira estranha encontrar diante do Centro Cultural Carioca, tradicional reduto do samba, centenas de pessoas ouvindo ao vivo clássicos de Miles Davis e John Coltrane.
Os garotos do Nova Lapa, centro dessa reunião, integram um movimento que vem tomando ruas e bares da cidade nos últimos meses, reivindicando espaço para um ritmo que remete mais a Nova Orleans que ao Rio: o jazz.
Só nesse ano já foram três festivais na cidade, além da nona edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival, em junho, na Região dos Lagos. "O jazz já é tocado no Rio há muito tempo. A sacada para tocar a juventude foi a rua", diz Eduardo Santana, 26. Trompetista do Nova Lapa Jazz, quinteto que começou em março como uma tímida jam session em frente a um boteco, ele diz se surpreender com a grande aceitação.
Além dos clássicos, eles investem em composições próprias e improvisações, aprovadas pelo público que aumenta a cada semana, e terminam o show passando o chapéu para pagar o equipamento. "As pessoas chegam a roubar nosso set list."
Para o músico e pesquisador australiano Mike Ryan, dono da Triboz, casa de jazz aberta em 2008 na Lapa, apesar de o ritmo "estar na moda", faltam espaços para os músicos tocarem. Por isso, os poucos existentes lotam.
"O jazz é um estilo difícil de popularizar no Brasil. Não toca no rádio", afirma Uira Fortuna, diretor da Fundição Progresso, casa de shows na Lapa. Ele vê as redes sociais e o boca a boca como indutores do crescimento. "As pessoas vão a esses shows e são apresentadas ao estilo numa festa. Tem um lado de Carnaval, como tudo no Rio", diz.
Autor do blog RioCult (www.riocult.info), Pedro Monnerat vê o jazz não necessariamente ressurgindo, mas conquistando novos espaços. O que não impede que o samba do CCC conviva tranquilamente com saxofones e trompetes. "O que o público jovem descobriu é que o jazz não precisa ficar restrito a lugares onde você tem que falar baixo e ficar sentadinho", diz.
"Não é exatamente o Rio que está entrando na onda do jazz, mas o jazz que está entrando na onda do Rio."
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GILBERTO DIMENSTEIN. O princípio do progresso
Há uma ilusão entre executivos de que jogar duro e pagar muito seria a receita de sucesso Fonte: folhaSP 11/09
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Todos os dias, 238 profissionais de sete empresas confidenciavam num diário como se sentiam no trabalho. No anonimato, tinham liberdade total de escrever o que bem entendessem, relatando raivas, frustrações e alegrias. Nem eles nem os pesquisadores, todos psicólogos, sabiam que, daquelas confissões, surgia involuntariamente um indicador tanto para saber até que ponto uma empresa estava condenada a não criar um ambiente propício para a inovação, correndo o risco de ir mal nos negócios, como para, ao contrário, saber se a empresa estava sendo capaz de implementar descobertas importantes, que atraíssem lucros.
Os diários, recheados com os 64 mil comentários, transformaram-se num estudo intitulado "O Princípio do Progresso", recém-lançado pela editora da escola de negócios de Harvard e indicado como leitura obrigatória por publicações especializadas em recursos humanos.
Da leitura dos diários, constatou-se que o ânimo do empregado para se engajar em inovações depende, em primeiro lugar, de uma sensação de progresso individual obtida cotidianamente. "O progresso está nas pequenas conquistas, quando as pessoas se sentem aprendendo, descobrindo soluções e superando obstáculos", diz Teresa Amabile, uma das autoras do estudo, psicóloga pós-graduada em Stanford e professora da escola de negócios de Harvard, onde desenvolve pesquisas sobre criatividade empresarial. Isso significa, em poucas palavras, que a empresa deve ter um ambiente aberto à experimentação e à aprendizagem. "O valor da aprendizagem aparece na frente de reconhecimento ou dinheiro para manter o entusiasmo", acrescenta.
O foco da investigação foram equipes que trabalhavam em projetos inovadores, gente de quem se exige que encontre soluções, e não apenas que repita o que já se faz, fugindo do que especialistas em recursos humanos batizaram de "aposentadoria mental". Apenas uma empresa, na qual os empregados revelaram, em seus diários, ter encontrado constante prazer na experimentação, conseguiu desenvolver um produto inovador.
Naquela que teve as piores considerações dos funcionários, o resultado foi um desastre. "Não apenas não gerou nada de novo como também, logo depois de nossa pesquisa, foi vendida para uma firma menor", afirma a professora. Romper barreiras da inovação exige muito engajamento e ânimo. Um dos exemplos, segundo Teresa, é o Google. "Eles determinaram que seus funcionários teriam 20% de seu tempo para pesquisar o quisessem. Assim nasceu, entre outras coisas, o gmail."
Com os questionários já tabulados, Teresa Amabile resolveu ampliar sua investigação. Mandou então um questionário a 699 executivos para saber quais eram os fatores que mais influenciavam o ânimo dos empregados. "O fator 'progresso' não apareceu em primeiro lugar", constata. Significa quase só 5%. Há uma ilusão entre executivos de que jogar duro e pagar muito seria a receita de sucesso. "O que motiva, pelo menos na geração de inovação, é o prazer da conquista, não a cobrança."
Está aí, certamente, um dos motivos por que os jovens preferem abrir suas empresas - as chamadas start-ups - e por que está cada vez mais difícil para grandes grupos atrair e reter jovens talentos.
O que esse estudo descobriu é o fato de que as empresas inovadoras têm de assegurar um espaço institucional de desordem para gerar progresso. Apesar de a investigação ter sido focada em equipes que tinham projetos específicos, Teresa acha que o "princípio do progresso" vai muito além: não se sobrevive, num ambiente competitivo, sem renovação constante.
Uma pesquisa realizada pelo Gallup revelou recentemente um recorde de desânimo entre os trabalhadores americanos, o que foi traduzido por economistas em números: a falta de engajamento tiraria cerca de R$ 500 bilhões da economia, em decorrência da perda de produtividade.
PS- Coloquei um trecho do livro "O Princípio do Progresso" na internet (www.catracalivre.com.br) para quem quiser obter mais dados. O que aprecio nesse estudo é a ideia de que a melhor empresa é uma escola de aprendizagem permanente, que obriga a reciclar os papéis. Quem manda terá de ser quem ajuda a aprender.
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ENEM REPROVA ENSINO DAS ESCOLAS PÚBLICAS. ENSINO PÚBLICO À DERIVA. Oito em cada 10 escolas ficam abaixo da média no Enem; das 20 melhores, 18 são privadas Fonte: o globo 12/09
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Oito em cada dez escolas públicas ficaram abaixo da média no último Exame Nacional do Ensino Médio (2010). É o que revelam os resultados do Enem por estabelecimento de ensino, que o Ministério da Educação divulga hoje. O cálculo considera escolas em que, pelo menos, 25% dos alunos participaram do exame. Entre os colégios particulares, 8% não conseguiram superar a média nacional - um décimo do índice verificado na rede pública.
A média geral dos estudantes do último ano do ensino médio foi de 553,73 pontos, numa escala até 1.000. A nota considera o desempenho tanto nas provas objetivas quanto na redação. E é ela que serve de referência para determinar quantas escolas ficaram abaixo da média nacional: nada menos do que 8.926 estabelecimentos públicos e 397 privados. Considerando apenas a nota geral nas provas objetivas - 511,21 pontos -, 80% das escolas públicas ficam abaixo da média.
A diferença entre a rede pública e a particular é um desafio para o sistema de educação brasileiro. E o Enem 2010 apresenta novos dados sobre o problema. Das 20 escolas com maiores médias, 18 são privadas e as duas públicas são vinculadas a universidades federais. Na outra ponta, todas as 20 piores são públicas, assim como as 100 unidades com notas mais baixas. Entre as mil escolas com piores médias, 995 são públicas e apenas cinco, privadas.
O ministro da Educação, Fernando Haddad, lembra que outras avaliações já mostraram o abismo entre a rede pública e a particular. Para ele, é natural que existam escolas com melhor e pior desempenho, independentemente da rede à qual pertençam. O problema, observa o ministro, é mundial. No caso brasileiro, porém, o absurdo está no grau de desigualdade:
- É assim no mundo inteiro. O que chama a atenção no Brasil é que as distâncias são intoleráveis. Mais de dois terços da explicação de qualquer desempenho está fora da escola. É diferente uma escola em um bairro nobre, com um investimento anual dez vezes superior ao de uma escola pública, em área rural, que atende filhos de lavradores que não tiveram acesso à educação.
Situação diferente é a de estabelecimentos com perfis semelhantes em termos de localização, financiamento e alunado, mas rendimento escolar discrepante. Nesses casos, segundo Haddad, o gestor precisa tomar providências para melhorar a escola com fraco desempenho e replicar experiências de sucesso:
- Quando tem a mesma clientela e desempenho desigual, aí cabe ao gestor público agir.
Inep: resistência aos rankings a partir do Enem
Ao divulgar os resultados por unidade de ensino, o Ministério da Educação separou as escolas em quatro grupos, conforme o índice de participação dos alunos no Enem. O objetivo foi evitar que "amostras viciadas" beneficiassem determinadas escolas. Em tese, isso pode ocorrer nos estabelecimentos onde apenas uma minoria, formada pelos melhores alunos, faça o teste.
O grupo 1 reúne estabelecimentos em que 75% ou mais dos estudantes fizeram as provas; no 2 estão os que ficaram na faixa de 50% a 75%; no 3, os de 25% a 50%; e no 4, de 2% a 25%. Escolas com índice de participação inferior a 2% ficaram sem nota, assim como aquelas em que menos de dez estudantes se submeteram ao exame. O ranking publicado pelo GLOBO a partir dos dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) só não incluiu escolas do grupo 4 por conta do baixo percentual de participação de alunos. Também foram excluídas escolas que não tiveram nota divulgada porque menos de dez alunos fizeram o Enem.
Haddad recomenda aos estudantes que vejam o percentual de participantes de cada escola ao compararem as notas. O MEC não estabeleceu critérios para definir o que deve ter mais peso, a nota ou o grau de participação. Na teoria, quanto maior o número de alunos que fizerem o exame, mais representativo o resultado.
O ministro ressalvou que o Inep tem resistências à criação de rankings. Um dos motivos é que a qualidade das escolas, segundo ele, envolve outras dimensões além do exame. Ainda mais que o Enem é um teste voluntário, de modo que a amostra de alunos nem sempre tem validade estatística para representar o universo da escola. Entre as 20 primeiras, a parcela de concluintes que fez as provas supera os 84% em 19 delas.
Em 2010, o Enem atraiu concluintes de 23.900 escolas de ensino médio regular. Excluídas as unidades com participação inferior a 25% ou menos de 10 inscritos, esse número cai para 16.226 escolas. A maioria delas - 9.323 ou 57,5% - ficou abaixo da média geral. Na ponta de cima, 6.903 escolas superaram a média. Nesse grupo, 4.713 eram particulares e 2.190, públicas. Das mil escolas com maiores médias no Enem, 912 eram privadas e 88 públicas.
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CINEMA
Festival de Cinema do Rio divulga filmes selecionados
O evento carioca, que ocorre de 6 a 18 de outubro, divulgou na última sexta os filmes selecionados para a mostra deste ano. Entre os longas de ficção que estão na competição, destacam-se "Amanhã Nunca Mais", de Tadeu Jungle, "O Abismo Prateado", de Karim Aïnouz, e "Sudoeste", do diretor Eduardo Nunes. Fonte: folhaSP 12/09
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ANÁLISE. Considerando perfil de aluno, as estatais são melhores Fonte: folhaSP 12/09
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Um dos mantras mais repetidos por especialistas em avaliação é que o desempenho de um aluno é influenciado, sobretudo, pelo nível socioeconômico da família.
Colégios que atraem filhos de pais ricos e de alta escolaridade têm, com isso, uma vantagem artificial. A simples comparação de médias, portanto, não responde qual escola faz mais pelos alunos.
Considerando isto, o pesquisador Francisco Soares (UFMG) recalculou num estudo como seriam as médias de escolas no Enem de 2009 levando em conta o perfil do aluno. Neste ranking ajustado, o São Bento, por exemplo, cai de 1º para a 29º, o que segue sendo excepcional num universo de 20 mil.
Em vez de um predomínio das particulares, a lista das 20 melhores por este critério revela que 18 são públicas. Convém, no entanto, não se animar muito. Todas as escolas estatais bem colocadas fazem seleção de alunos em vestibulinhos. São públicas, mas para poucos.
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Na era do e-book, Bienal do Rio é analógica. Evento brasileiro menospreza livros digitais; visitantes utilizam tablets para acessar redes sociais e tirar fotos
Para diretora da feira, mercado ainda não começou no Brasil; Ziraldo autografou tablets com HQ digital Fonte: folhaSP 12/09
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A era do livro digital já começou: e-books são lançados diariamente e os aparelhos para leitura proliferam.
Quem passeou pela Bienal do Livro do Rio, encerrada ontem, viu poucos sinais desse novo mercado.
Em sua 15ª edição, a feira foi um típico evento do século 20, feito para, grosso modo, vender papel. Nas raras editoras em cujos estandes havia algum sinal de e-books, o que se via era um ou dois tablets ou e-readers encostados num canto.
"O mercado do livro digital ainda não começou no Brasil", disse à Folha Sonia Jardim, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (que organiza a Bienal). "Ele vai ter uma virada quando os aparelhos digitais de leitura se popularizarem."
Nesse sentido, a feira poderia ter começado a conscientização com seu estande Bienal Digital, onde havia 16 tablets de fabricantes distintos, todos atraindo muitos visitantes -estes, no entanto, nada liam: jogavam, navegavam na web e tiravam fotos.
Os e-books foram mais discutidos do que vistos e lidos -houve palestras sobre eles e um colóquio para debater as bibliotecas da era digital.
Uma das apresentações contrariou a noção de que o mercado do livro digital ainda não começou no país. Carlos Eduardo Ernanny, criador da Xeriph (distribuidora de e-books que reúne mais de 150 editoras), disse já ter um catálogo de mais de 6.000 títulos digitais, a maior parte de editoras pequenas.
Quando se olha para as grandes editoras nacionais, o cenário é diferente: a DLD, distribuidora de e-books que reúne Objetiva, Record, Sextante, Rocco, Planeta e L&PM, tem hoje 650 títulos nesse formato, nem 1% do acervo total dessas editoras.
"Nos bastidores, não há editora no Brasil que não esteja se mexendo", disse Pascoal Soto, da LeYa. "Estamos atrasados em relação a Europa e EUA, mas temos de nos mexer para sobreviver."
FEIRA DE E-BOOKS?
Se os efeitos da tecnologia no mercado editorial foram debatidos, a discussão sobre como será uma bienal de e-books ainda é incipiente.
"A gente tem até brincado sobre isso, se perguntando se, quando o mercado migrar para o digital, a feira vai continuar", disse Sonia Jardim.
Um exemplo de como a feira pode continuar existindo em versão digital foi dado por Ziraldo, que lançou uma HQ para o iPad e esteve no estande da editora Melhoramentos para autografar tablets.
O esquema é análogo ao dos livros tradicionais: o leitor leva a obra (no caso, 15 fãs levaram iPads com a HQ) e o autor a autografa (em uma parte criada especialmente para isso) no aparelho.
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Livro digital estimula negócios no exterior. A Feira do Livro de Frankfurt, a maior do mundo, vai começar no próximo mês um dia antes do habitual. Fonte: folhaSP 12/09
O mesmo ocorreu em fevereiro com a de Bolonha, a maior de livros infantojuvenis, e, em abril, com a de Londres, hoje quase tão importante quanto a alemã.
O motivo para a programação extra? Uma série de encontros e debates só sobre o futuro digital do livro.
Na de Londres, entre estandes de editoras tradicionais, havia muitos já ocupados por empresas novas: de conteúdo digital, de autopublicação e de impressão sob demanda.
Os contratos de venda direitos negociados nessas feiras já incluem cláusulas para as versões em e-book.
É imprecisa a comparação com as bienais do Rio e de São Paulo, pois as feiras daqui atendem ao grande público, enquanto as de Londres, Frankfurt e Bolonha dirigem-se a executivos da indústria do livro.
Mas a comparação evidencia o quanto é maior o ritmo de crescimento do mercado de livros digitais lá fora.
Voltadas também para o público, a Expo Book America, que ocorreu em Nova York, em maio, e a Feira de Tóquio, em julho, cresceram até 25%, impulsionadas pelos e-books. O diretor da feira alemã, Juergen Boos, garante: "2011 é o ano da virada para o e-book".
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Toronto vê estreia de longa de Meirelles
Diretor de "Cidade de Deus" exibiu "360" sábado no festival canadense
Com roteiro de Peter Morgan, de "A Rainha", filme conta com Jude Law, Anthony Hopkins e Maria Flor no elenco Fonte: folhaSP 12/09
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Com a exibição de seu mais recente projeto anteontem, no Festival de Toronto, Fernando Meirelles encerrou verdadeira corrida maluca.
Para fazer "360", ele carimbou o passaporte em seis países -em alguns, mais de uma vez- e enrolou a língua para dirigir atores de nove nacionalidades diferentes. Tudo ao longo de oito meses, da pré-produção à finalização, concluída às pressas na semana passada para a cópia chegar a tempo no Canadá.
A correria acarretou pequenos erros técnicos, e a primeira projeção também enfrentou problemas.
"São detalhes. Claro que preferiria ter o filme 100% acabado, mas não é raro os festivais mostrarem uma versão quase pronta. Não queria perder a chance de vender o filme para o mercado norte-americano aqui", afirmou o cineasta, por e-mail, à Folha.
Desta vez, o homem por trás de "Cidade de Deus" (2002) e "O Jardineiro Fiel" (2005) abandonou as questões políticas para dar à luz seu filme mais intimista.
Após engavetar o projeto de uma biografia da roqueira Janis Joplin por conta de divergências com o roteirista, Meirelles se deparou com uma trama criada por Peter Morgan (de "A Rainha"). Interessado pela forma circular como ele desenvolveu a história de relações amorosas, resolveu tocar o projeto.
ELENCO MULTINACIONAL
Na escalação, um elenco estelar em que Jude Law, Rachel Weisz e Anthony Hopkins contracenam com os brasileiros Juliano Cazarré e Maria Flor.
Sem dinheiro oriundo da Lei do Audiovisual, o filme foi rodado de forma independente e custou US$ 15 milhões (coprodução de Reino Unido, França e Áustria). "Deu um trabalhão para os produtores, mas pudemos fazer da maneira que quisemos", disse o diretor, que se esquiva da ideia de ter corrido para o filme ser elegível ao Oscar já em 2012. "360" segue de Toronto para a Inglaterra, onde abre o Festival de Londres em 12/10. No Brasil, a estreia está prevista para março.
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Os vizinhos do Museu de Arte Contemporânea . Se a USP não opinasse sobre o gigantismo e a inclinação comercial do projeto ao lado do prédio que deve acolher o MAC, faltaria à transparência Fonte: folhaSP 12/09
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A transferência do Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP para um prédio no Ibirapuera seria boa tanto para o MAC, que teria lugar amplo para expor seu acervo, quanto para o parque, que ficaria mais valorizado. O público seria o maior beneficiário. A universidade, que tem entre seus objetivos a prestação de serviços à comunidade, faria apenas sua obrigação. Contudo, há importantes aspectos a serem sopesados por sua administração, sob pena de responsabilização por ação ou por omissão. É intenção do governo abrigar o acervo do MAC em local mais visível, tendo iniciado, há anos, reforma do prédio projetado por Niemeyer. Começaram, então, conversações entre a Secretaria de Estado da Cultura e a USP, sem que, até o momento, tenha sido assinado convênio para a transferência, em razão da demora na reforma (ainda não concluída).
A mudança do MAC acarretará custo de manutenção predial 15 vezes maior do ora despendido pela USP, beirando os R$ 18 milhões por ano. Por se tratar de "joint venture" entre Secretaria da Cultura e USP, nada mais equânime do que a partilha das despesas.
Frise-se que 80 a 85% do orçamento da USP é gasto com pessoal, pouco restando para investimentos em prédios, laboratórios e bibliotecas, pesquisa, bolsas de apoio à permanência estudantil etc. O MAC, para transformar-se em um dos maiores museus de arte contemporânea do globo, necessita de apoio do Estado.
O lançamento do Clube das Arcadas foi feito pelo Centro Acadêmico XI de Agosto, pessoa jurídica privada, em 10 de agosto, nas dependências da USP (salão nobre da Faculdade de Direito). Divulgou-se que o clube teria ginásio de esportes, quadras de tênis, piscina semiolímpica, teatro com 380 lugares, bar, shopping center e estacionamento com 900 vagas.
O art. 2º da Lei Estadual Paulista nº 3.093, de 11 de agosto de 1955, condicionou a doação do terreno ao centro "à construção de praça de esportes, destinada à cultura física dos alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo".
Cabe na letra e no espírito da lei, que não pode ser interpretada extensivamente, a construção de shopping center, teatro e 900 vagas de garagem? É legal e ético que o centro se associe a terceiro, constituindo outra pessoa jurídica privada, com o intuito de explorar comercialmente o espaço doado? É cabível solicitar doações de particulares sem apresentar aprovações da prefeitura a projeto que, por conta da área que abrigará a edificação e da miscelânea de finalidades, é controverso? Tratando-se de área envoltória de bem tombado, não deveria apresentar licença de órgãos como Condephaat e Conpresp?
Diante disso, a USP estava em pleno direito quando oficiou à Secretaria de Estado da Cultura, fazendo perquirições que levassem ambas a meditar antes de assumir a parceria.
Face a empreendimento complexo, que pode parecer ao público como vinculado à universidade, não é estranho nem inamistoso a USP declarar publicamente não ser partícipe nem apoiadora e não ter responsabilidade por ele; tampouco quando pede que o centro e as firmas associadas, ao divulgar o projeto, não o façam nas dependências da instituição e, caso utilizem o complemento "da Faculdade de Direito da USP", destaquem que a USP nada tem a ver com o clube.
Se a USP aderisse à transferência do MAC sem fazer observações sobre o gigantismo e o viés comercial que o projeto vizinho tomou, a partir do lançamento em território da USP, feito por mentores que utilizam seu nome para completar sua identificação, faltaria à transparência e aos princípios republicanos.
JOÃO GRANDINO RODAS é reitor da USP e desembargador federal aposentado
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Brasileiro deve integrar órgão da ONU sobre Síria. Paulo Sérgio Pinheiro deve investigar abusos Fonte: folhaSP 12/09
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O brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro deve ser um dos integrantes da comissão de inquérito que a ONU pretende enviar à Síria para investigar as alegações de abusos cometidos pelo regime do ditador Bashar Assad.
Apesar de confirmada, a indicação do brasileiro não foi anunciada oficialmente porque ainda faltam ser definidos os outros dois componentes da comissão.
Esse é o segundo time de investigadores nomeado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em resposta à repressão do regime contra manifestantes da oposição.
A primeira comissão não teve permissão do governo sírio para visitar o país. Mesmo assim, com base em relatos de dissidentes, elaborou um dossiê em que detalha o uso sistemático de violência contra civis e pede que os responsáveis sejam indiciados pelo Tribunal Penal Internacional.
Diante da contínua repressão promovida pelo regime, que já teria deixado mais de 2.000 mortos desde o início dos protestos, em março, o CDH realizou uma segunda sessão especial sobre a Síria, na qual estabeleceu a nova comissão de inquérito.
Secretário Especial de Direitos Humanos no governo de Fernando Henrique Cardoso, Paulo Sérgio Pinheiro tem vasta experiência em investigações da ONU, pela qual foi relator especial para o Burundi (1995-1999) e Mianmar (2009).
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Na medida certa. A pedido de sua editora, Chico Alvim reúne poemas dos últimos 10 anos num livro refinado e exato Fonte: correioweb 12/09
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Francisco Alvim é um cara apaixonado pelo século 19. Ou melhor, viciado, nas palavras do próprio. É que naqueles tempos valorizava-se a narrativa, a grande prosa. Quando entra em um elevador ou escuta conversas alheias em uma sala de espera, Alvim sempre imagina como Balzac, Tolstoi ou Machado se apropriariam das falas de outros e as transformariam em algo grandioso munidos apenas, digamos, de uma tesoura forjada no século 20. A imagem é boa para mergulhar em O metro nenhum. O novo livro de poemas de Alvim foi um pedido da Companhia das Letras. O poeta aceitou reunir os versos dos últimos 10 anos, todos produzidos após a publicação de Elefante, em 2000. Uma espécie de continuação. “Cobre uma polegada da pegada do paquiderme; para diante”, garante o autor.
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O metro nenhum
De Chico Alvim. Companhia das Letras, 96 páginas. R$ 33.
O poeta fala na perfeição do metro em poema que rendeu o título e aí reside o compromisso de Alvim com a poesia e o flerte com a narrativa, eventualmente marcante em alguns versos. A perfeição é assim: “Aquele ponto fabuloso que a Revolução Francesa nos legou, resultante do encontro do nem o mais com o nem o menos. Na poesia, esse ponto miraculoso soa, ecoa e reboa.” Coisas ouvidas aqui e ali, “algumas toneladas” de cotidiano servem de matéria para o poeta. Quando viram versos, acabam “amarradas com barbante, sem nó cego, fácil de desamarrar”. Assim, muitas vidas valem um poema. Especialmente aquela de Amor, uns versinhos ousados sobre a moça que bolina o namorado no restaurante do aeroporto.
A crítica social também está lá. E o poeta prefere que ela seja abrangente. Fala em crítica à vida, mais do que à sociedade. “Faço as maiores restrições à vida que se leva neste nosso mundo. A despeito das boas coisas: avião, museus atraentes, cidades babilônicas, hospitais e medicamentos miraculosos... próprias da minha classe”, avisa. É uma sensação, ele explica, de que a própria mão não alcança o que tem à frente. E a poesia nisso tudo? Teria ela o poder de reformar o mundo? “Deixamos pra trás a idade das revoluções, ao que parece. Quem sabe agora vai sobrar mão de obra desocupada e teremos condições para dar uma resposta definitiva a essa questão excruciante?”, constata o poeta.
Uma boa resposta ele oferece em Histórias de neto. Essas, no geral, são bem chatas. O aviso vem no primeiro verso. Então Alvim expõe uma escala de valores cruel e aproveita para exercitar a ironia. A babá roubou um quilo de arroz, mas não levou o Cartier. E o bebê, já bem adestrado, ficou preocupado: podiam ter roubado a chupeta. Pois é, os versos de Alvim sempre teimam em contar alguma coisa. Por isso o poeta admite não ser homem de experimentações. Não, pelo menos, de experimentação formalista. “(Aquela) que parte basicamente do reconhecimento do fim do ciclo do verso, mas não apenas: também de um curto-circuito total na capacidade de representação e de expressão do poema”, explica. “Com esse tipo de experimentação, não tenho realmente afinidade. Contudo, sou muito atraído por outro tipo de experimentação: aquela que ocorre com as funções do ritmo em poesia, com o papel da oralidade na construção da linguagem do poema, com o valor semântico das palavras na feitura da frase, com a sintaxe das frases, com os modos pelos quais a tradição pode e deve ser incorporada.”
Palavras
Há vários pequeninos nichos em O metro nenhum, mas uma temática ligada ao tempo perpassa boa parte deles. É “tema gasto”, nas palavras do poeta, e vem associado a ideias de casa, aposentadoria, morte, guerra e aniversário.
É o poema Através, o último do livro, o responsável por evidenciar as interseções temáticas de O metro nenhum. “Um pouco mais de tempo para conhecer-nos”, pede um verso. “Tenha um bom (have a nice) weekend”, diz outro. “Viu, lá fora?/A gaivota!”, encerra o poeta. “(Ele) dá uma ideia. Tudo atravessa tudo. Nas asas da gaivota”, diz Alvim. Mas o futuro, com esse ele tem dificuldade. Como o futuro não existe, trata-se apenas de uma possibilidade. “Sou cego e surdo aos sinais que ele pretende emitir desse lugar, melhor dito, desse não-lugar. Na poesia, então... Quanto à desimportância de tudo, é difícil não acreditar nela, ou pelo menos não tentar utilizá-la como barricada, quando se tem em mente a condição danificada do presente.”
Histórias de neto
São muito chatas
Mas esta vale a pena
a babá
mocinha treze catorze anos
resistiu o quanto pôde
mas acabou que
confessou tudo
Só que tudo era outra coisa
muito pouco
quase nada
cinco reais um lençol um quilo de arroz
o Cartier, negou
Ele três aninhos só ouvindo
e
de repente:
(nunca vi criança tão inteligente)
Mas que perigo
podiam ter roubado
a minha chupeta
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ARTES VISUAIS » A beleza que nasce nas mãos
O artista plástico André Cerino inaugura, no Templo da Boa Vontade, exposição sobre a flora do Cerrado Fonte: correioweb 12/09
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André Cerino dispensa pincéis. Prefere as mãos, as pontas dos dedos e, eventualmente, uma lâmina de estilete. Funcionam melhor para a proposta quando o tema é o Cerrado. Como se trata de pintar a natureza, o artista acredita que as mãos sejam instrumentos mais legítimos, capazes da mesma espontaneidade presente no mundo vegetal. Assim, Cerino confeccionou todas as 50 telas de Cores do Cerrado, exposição em cartaz no Templo da Boa Vontade.
Além das telas já finalizadas, o artista vai pintar 10 trabalhos ao vivo para que o público possa acompanhar o processo criativo. Cerino leva, em média, 10 minutos para confeccionar um quadro. Durante o período em que a exposição estiver em cartaz, vai fazer isso uma vez por dia. “As pessoas têm muita curiosidade. Em 2012, quero fazer uma exposição só de telas em branco para pintar ao longo da mostra. É o DNA da arte”, explica.
Cores do Cerrado é uma homenagem. “Meu projeto é replantar, reconstruir o Cerrado por meio da arte. E, por isso, em vez de usar pincéis, trabalho com as mãos”, avisa. “Também recorro à lâmina. As telas são uma maneira de devolver à natureza o que tiramos dela.” O artista acredita que as pinturas podem ajudar a divulgar e ensinar as peculiaridades de um dos maiores biomas do Brasil.
Cerino recorre às metáforas para associar arte e natureza. As duas seriam cúmplices, segundo o artista, e teriam em comum a liberdade na maneira como existem. As pinturas não chegam a ser realistas nem carregam a intenção de representar fielmente a paisagem. O gestual da mão enquanto pinta é largo, amplo e nada direcionado. Até chegar à metade do quadro, Cerino não sabe exatamente qual será o resultado. Por isso, ele filma o processo e disponibiliza os vídeos no YouTube. É também uma tentativa de desmitificar a criação.
O Cerrado de Cerino é bastante colorido e especialmente verde, cor predominante nas pinturas. A cartela de cores vem da própria natureza. O artista costuma realizar longos passeios a pé ou de bicicleta em busca de sementes. Coleta o que encontra para depois estudar as tonalidades e tentar reproduzi-las nas pinturas. Vermelho e ocre é combinação constante, assim como o azul, geralmente usado para induzir a ideia de horizonte e céu.
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Cotidiano cantado
Depois de ganhar os palcos e o público em São Paulo e Rio de Janeiro, o brasiliense Danilo Timm volta a se apresentar em Brasília hoje, às 21h, no Rostchi (Pier 21). Fonte: correioweb 12/09
Com inspiração trazida do jazz, soul, bossa nova e MPB, Timm traz no repertório músicas autorais, que falam de temas cotidianos, compostas em conjunto com as atrizes Letícia Colin e Julia Gorman. As participações que o cantor fez como ator em musicais da Broadway, apresentados na capital fluminense, também renderam algumas canções ao show. De Hair, será interpretada Let the sunshine. Da peça Despertar da primavera (Spring awakening), Timm canta a música Totally fucked. "Voltar aqui sempre me renova. Quando venho a Brasília geralmente é para descansar, desta vez eu quis fazer um show aqui. Sempre gostei desta cidade", declara. O cantor também é vocalista da banda Lótus, mas traz apenas o tecladista Davi Guilhermme para Brasília. Quem acompanha Danilo, desta vez, é o baterista Guilherme Lombardi, o guitarrista Luan Fonteles e o baixista, e irmão de Danilo, Enrico Timm, da banda Upgrades. A apresentação conta com participações especiais de Thais Uessugui, Deborah Lourenço e Julia Gorman. Os ingressos custam R$ 20 (as pessoas que enviarem o nome para o e-mail contato.timm@gmail.com pagam R$ 15). Entrada franca. Classificação indicativa livre.
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Riqueza do folclore goiano Fonte: correioweb 12/09
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“O folclore brasileiro é o mais rico do mundo”, afirma Helena Vasconcelos, pintora mineira que retrata as traições culturais goianas em tons fortes, para tentar criar um novo mundo, totalmente colorido. Os temas, em geral religiosos, foram desconstruídos em “quase” mosaicos que podem ser vistos na exposição Senhora das cores — a pintura colorista e emocionada, aberta a partir de hoje, na Casa Thomas Jefferson (709 Sul).
A tinta acrílica pode aderir bem às telas ou às cerâmicas das 32 peças expostas, mas o que Helena pretende mesmo fixar na mente dos visitantes são os inúmeros festejos que ocorrem ao longo do ano em Goiás, o estado que elegeu como moradia há mais de 30 anos. “Eu quis fazer uma coisa minha, que me representasse. Então realizei um resgate cultural do homem do campo, uma preservação e divulgação de uma arte popular”, justifica.
Durante a pesquisa, a artista se questionou sobre quais das manifestações populares melhor a representaria. Mesmo sendo pouco conhecidas, escolheu duas: a primeira, As pastorinhas, é uma peça musical realizada, anualmente, na Festa do Divino Espírito Santo, em Pirenópolis. Formada por dois grupos de meninas, ou cordões azul e vermelho, eles entoam cânticos no caminho à manjedoura para conhecerem o recém-nascido menino Jesus. A segunda representação é Os Muladeiros, um encontro de homens montados em mulas, ou muares, que tem a função de realçar e manter a vida campestre. Em ambos os casos, a religião está intrinsecamente envolvida, coisa que ela não ignorou, mas também não quis destacar.
Por outro lado, Helena não deixou de representar as várias outras festas populares. Ela colocou cuidadosamente em suas obras cada uma das que fazem parte do calendário goiano de festividades. A procissão do fogaréu, a congada, a catira, as cavalhadas, as folias de reis e as festas juninas são passadas para as telas de uma forma a evidenciar a riqueza imaterial do Centro-Oeste brasileiro.
Quando resolveu se dedicar às pesquisas, a pintora percorreu, por diversas vezes, várias cidades do interior do Estado para colher inspirações. Isso, de acordo com ela, possibilitou ver em um encontro de gerações a manutenção das danças e tradições locais. “Venho estudando o folclore há seis anos, mas as obras foram produzidas de 2010 para cá”, relata.
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RETRATO URBANO » Brasília inchada Fonte: correioweb 12/09
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Segundo estimativas do IBGE, o total de habitantes no Distrito Federal crescerá 1,5% este ano, acima da média nacional. Especialistas alertam que, se o ritmo for mantido, a capital poderá assumir, em 2015, a terceira posição no ranking das cidades mais populosas do país
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Renda alta, grande oferta de empregos e qualidade de vida. Essa combinação de fatores faz de Brasília uma cidade atrativa para migrantes de todo o país. Diante do grande contingente de brasileiros e estrangeiros que desembarcam anualmente na capital federal, o número de moradores da cidade cresce acima da média nacional. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou as estimativas populacionais dos municípios em 2011. O número de brasilienses, por nascimento ou opção, chegou a 2.609.997. Isso representa um crescimento de 1,5% em relação à população de 2010. Se esse ritmo for mantido nos próximos anos, em 2015, o Distrito Federal vai ultrapassar Salvador (BA) e assumir a terceira posição no ranking das cidades mais populosas do Brasil.
Apesar de ainda estar acima da média nacional, o percentual de crescimento da população do DF é muito menor do que o registrado na última década. O fluxo migratório caiu em todas as faixas de renda. A distribuição indiscriminada de lotes, que trazia milhares de brasileiros de todos os cantos do país, chegou ao fim. Mas a capital federal continua exercendo uma enorme atração sobre os migrantes, que vêm para a cidade em busca de empregos e oportunidades. O serviço público e a indústria dos concursos são outros dois aspectos que ajudam a explicar essa tendência.
A supervisora de Divulgação de Informações do IBGE no Distrito Federal, Sônia Baena, afirma que os migrantes que chegam à cidade e conseguem vencer atraem outros conterrâneos. “Brasília ainda tem um poder de atração muito grande. As pessoas vêm em busca de emprego e de oportunidades, já que aqui os rendimentos são muito maiores do que em outras cidades. Mas também há pessoas que buscam aqui educação ou tratamentos de saúde, por exemplo”, justifica Sônia Baena. “No Censo de 2020, o Distrito Federal terá subido uma posição no ranking de cidades mais populosas. Mas o DF deve ultrapassar Salvador bem antes disso”, prevê a especialista.
Recém-chegados
O engenheiro da computação Nélio Silva Pedrosa, 25 anos, desembarcou em Brasília no mês passado. O goiano candidatou-se a uma vaga oferecida por uma empresa privada e conquistou o posto. Ele não hesitou ao escolher a capital federal como destino. “Brasília oferece oportunidades e salários infinitamente melhores do que os de Goiânia (GO). Aceitei esse desafio e sei que não vou me arrepender. Já me acostumei com a cidade e estou gostando da vida aqui”, conta o jovem engenheiro.
A corretora de seguros Carla Souza Meira, 34 anos, chegou à cidade em janeiro deste ano. Mineira de Belo Horizonte, ela conseguiu um cargo melhor, dentro da mesma empresa em que trabalhava antes. Agora, Carla gerencia um escritório em Brasília. “Vim para cá por conta dessa excelente oportunidade. Sinto falta dos meus amigos, mas não tenho nenhuma vontade de voltar para realizar o trabalho que eu fazia antes”, confessa Carla Souza. “Gosto da cidade, da qualidade de vida que ela oferece. Minha filha (Luana) de 12 anos também se adaptou rapidamente”, comenta a corretora, que agora vive no Sudoeste.
Por conta da chegada de migrantes e diante do aumento natural da população, o número de moradores do Distrito Federal cresceu 1,5%, enquanto Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, tiveram um crescimento de 0,5% entre 2010 e 2011. Salvador também teve um percentual de incremento da população bem menor: 0,6% no período. O crescimento populacional do DF foi maior entre as seis cidades mais populosas do Brasil.
O diretor de Gestão de Informações da Codeplan, Júlio Miragaya, diz que o fluxo migratório no DF já diminuiu e deve ser reduzido ainda mais. “Estimamos que pelo menos 150 mil pessoas deixaram de vir para o Distrito Federal na última década. Com isso, o ritmo de crescimento caiu, até mesmo no Entorno.”
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