domingo, 11 de setembro de 2011

SHOW » Tango multimídia

O grupo argentino Gotan Project realiza espetáculo hoje no pátio monumental do Museu Nacional de Brasília, encerrando a programação do Celebrar Brasília. Fonte: correioweb 11/09

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Da última vez que tocou em Brasília, Eduardo Makaroff lembra de “ser ao ar livre” e “para muita gente”. Também tinha um “lago”. A voz argentina do Gotan Project tem boas lembranças do show, certamente porque provocou a catarse habitual nas apresentações do grupo: a interação entre banda e plateia costuma render. Hoje, Makaroff e seus parceiros Philippe Cohen Solal e Christoph Müller não verão o lago, mas uma cúpula branca avermelhada da terra seca que castiga Brasília e o pátio monumental do Museu Nacional provavelmente lotado. Outra visão para o grupo e um espetáculo para a plateia do Celebrar Brasília, que encerra hoje com apresentação dos franco-argentinos e dos paulistas do Visualfarm. Amanhã, o grupo tem encontro marcado com o público para bate-papo e sessão de autógrafos na Fnac.

Os shows do Gotan Project costumam ir além de uma apresentação convencional. Configuram grandes espetáculos com performance, concepção visual, vídeos e o palco ocupado pelo trio e por um conjunto de tango com bandoneon, violoncelo, piano e a voz de Cristina Vilallonga, há muito colaboradora do projeto. Dessa vez, o grupo traz também a artista plástica Prisca Lobjoy, autora dos clips de Rayuella e La gloria e dos vídeos projetados durante o show. “Nossa música é uma espécie de diálogo entre os instrumentos, o tango e a tecnologia da música eletrônica, com efeitos ao vivo”, avisa Makaroff. “No show, há também uma instalação, que é fruto da interação com artes visuais. Os visuais são importantes no sentido de que são um universo paralelo que acompanha a música e uma espécie de viagem proposta por Prisca.”

No início da segunda faixa de Tango 3.0, a voz de Julio Cortázar guia o ouvinte. Uma mistura de tango e acompanhamento eletrônico banha a voz do autor que recita um trecho do capítulo sete do romance Rayuella. Cortázar divide a faixa com um coro infantil empenhado em cantar o jogo de amarelinha. É uma prova de que o Gotan Project ainda não esgotou o universo do tango. Lançado em 2010, o quarto álbum do grupo continua a conversa com a música argentina, mas acrescenta novas referências.

Bandoneon

Tudo vai muito bem entre o bandoneon e o violoncelo até chegar em De hombre a hombre, quando as cordas assumem uma batida jazzística e o piano lembra que a conversa é possível e bonita. Nessa faixa, o discurso de Makaroff encontra sentido: o tango, ele defende, é universal e existe em várias culturas, mesmo que praticado de maneiras diferentes. Assim como o jazz, nasceu de fusões entre a música de emigrantes europeus e dos escravos trazidos da África. E se espalhou enquanto ritmo por todo o planeta. “Existe um tango francês, um tango finlandês, um italiano”, garante o músico. “E nesse álbum introduzimos uns arranjos que nos aproximam da música dos Estados Unidos, do blues, do jazz, do country e também do folclore argentino, porque algumas melodias vêm do norte e do sul, como a milonga campeira, a chacareira e a zamba, que são ritmos tipicamente argentinos.”

Não que o Gotan Project esteja sinalizando outras experiências. O tango é inesgotável e o grupo não pretende mudar de estilo. “O que é esgotável é nossa inspiração”, brinca Makaroff. “Nosso terreno de ação, nossa matéria é o tango argentino e nosso objetivo é levá-lo a outros horizontes, incluindo o da música eletrônica, mas também aproximando do jazz, do blues e às vezes do rock. Essa é a razão de ser do Gotan. Não temos a ideia de fazer, por exemplo, música brasileira ou fado. Podemos fazer individualmente, não com o grupo.” Individualmente, Müller, Makaroff e Solal gostam de trabalhar com cinema e já fizeram trilhas para filmes e seriados de televisão. O diálogo com outras artes alimenta o grupo. Cortázar e Prisca não são eventualidades.

A turnê brasileira de Tango 3.0 começa na quinta-feira em Olinda, durante a Mostra Internacional de Música (Mimo). Brasília é a quarta escala depois de São Paulo e Rio de Janeiro e o show, o encerramento do festival Celebrar Brasília, que ocupa a praça do museu no próximo fim de semana.

Tango 3.0

Show do grupo Gotan Project. Domingo, 11 de setembro, no Museu Nacional da República. Encontro com o público amanhã, às 19h30, na Fnac (ParkShopping).

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O livro de uma vida inteira

Em entrevista exclusiva ao Correio, Ariano Suassuna revela detalhes de sua derradeira obra, destaca a fé que tem no Brasil e, aos 84 anos, diz ter perdoado os assassinos do pai Fonte: correioweb 11/09

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O livro da vida de Ariano Suassuna está próximo de cumprir um doloroso roteiro de avanços e recuos ao longo de mais de três décadas de trabalho intenso. Escrito à mão e depois passado para a máquina e para o computador capítulo a capítulo, o livro levou o escritor a rejeitar muitas de suas versões, desde as primeiras, ainda na década de 1980, como se perseguisse a perfeição. Mas agora, ele mesmo confessa, em entrevista exclusiva ao Correio, que não há mais tempo para prorrogar os prazos que deu a si mesmo para encerrar a obra. “Já anunciei tanto que vou publicar em tal dia e em tal ano que daqui a pouco ninguém mais vai acreditar em mim”, disse, bem-humorado, na residência de Casa Forte, no Recife, no começo da semana passada. “Este vai ser o livro da minha vida e quero dar o máximo de mim.” A obra reúne o teatro, a poesia e a narrativa de ficção do autor de A pena e a lei.

Ariano — que divide o tempo entre o cargo de secretário de Cultura de Pernambuco e a feitura do livro —, mantém a aparência frágil no corpo alto e magro que a idade confere a todos, mas, aos 84 anos, completados em junho, guarda uma reserva de energia de fazer inveja a muitos jovens. Escreve diariamente envolto em um ritual de silêncio e prece, caminha, deita-se, senta-se na cadeira próxima a uma velha mesa de madeira em um dos quartos da casa, cuja entrada sempre foi vedada a jornalistas e fotógrafos, e avisa que abriu uma exceção, mas não se pode mexer em nada. Há pilhas e mais pilhas de manuscritos em volta do escritor e quando ele apruma a caligrafia de sua alma sertaneja e posa para as fotos, a impressão que dá é a de que recupera o estado de graça da abstração literária que o gesto de escrever confere ao criador. O verbo adormecido na memória estala no silêncio das pedras do sertão que o converteram no homem e no escritor que é: fiel a Deus, ao sonho e à palavra.

Neste novo livro o leitor vai se deparar com a leitura do mar de Ariano, além do sertão, com o brilho da memória incendiada por dores e risos. É o espaço onde ele resgata também o som das rabecas e dos pífanos, o estribilho dos galopes do passado e onde imprime as marcas de um cordel iluminado pelas lembranças da infância — muitas delas amargas e impossíveis de serem sublimadas até mesmo pela força da literatura. “Você sabe que passei a minha vida sofrendo, mas sou um homem da esperança”. Suassuna parece estar em paz consigo mesmo e com o mundo que o desafiou com a treva e a luz, a um só tempo. Parece estar mais tranquilo, aliviado por ter perdoado os assassinos de seu pai, João Suassuna, morto a tiros em 1929, e por saber que está perto do ponto final na obra ainda sem nome, mas que deve ser publicada em 2012 pela Editora José Olympio.

Juventude

Nesta entrevista ele conta por que interrompeu a segunda parte de A pedra do reino, diz que este livro é um segredo entre ele, as pedras sertanejas e Deus, onde Quaderna volta para decifrar o grande enigma da vida. “Esse enigma é o desconhecido, a vida, a morte, a injustiça social, o sofrimento e tudo isso só será revelado depois da morte. Eu acredito nisso”. Ele afirma que uma das fontes que o move à crença no Brasil e na sua cultura é a juventude. Ele está empolgado com a volta das aulas-espetáculos e com a interiorização dos eventos no estado de Pernambuco. “Já fiz 64 cidades e aonde eu chego vibro com a presença dos jovens”.

Na próxima quarta-feira, dia 14, o poeta, romancista e dramaturgo Ariano Suassuna estará em Brasília para reeditar mais uma aula, desta vez em homenagem aos servidores de o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Em outro momento, ainda em setembro, será a vez do Supremo Tribunal Federal (STF) conhecer um pouco da força, do riso e da fantasia que leva Suassuna a ser um homem da esperança e da confiança na união do país por meio do sonho, da beleza, da verdade e da justiça social.

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LITERATURA

Ruy Castro lança livro na Bienal do Rio Fonte: folhaSP 11/09

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O colunista da Folha e Heloisa Seixas participam hoje de debate na Bienal do Rio sobre o livro "Terramarear" (editora Companhia das Letras; R$ 42; 232 págs.). A obra narra as viagens culturais feitas pelo casal. O evento acontece às 17h, no Riocentro (avenida Salvador Allende, 6.555; R$ 12).

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Coleção Folha apresenta modernismo de Niemeyer

Volume, nas bancas no próximo domingo, traz principais projetos do arquiteto.

Parque Ibirapuera e palácios da Alvorada e do Itamaraty são alguns dos destaques do livro, nas bancas por R$ 16,90 Fonte: folhaSP 11/09

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Aos 103 anos e ainda em atividade, Oscar Niemeyer é não só o mais influente arquiteto brasileiro do século 20 mas também um dos nomes mais importantes da arquitetura modernista no mundo.

É dedicado a ele o terceiro volume da Coleção Folha Grandes Arquitetos, que chega às bancas no próximo domingo, dia 18. Com alto grau de inventividade e liberdade estética nas formas que utiliza, a obra de Niemeyer rompeu fronteiras a partir dos anos 30 -seja no uso de linhas curvas não convencionais, seja na mistura de referências internacionais com as da cultura brasileira.

Nascido no Rio de Janeiro, Niemeyer se formou em arquitetura em 1934, na Escola Nacional de Belas Artes. Nos anos seguintes trabalhou com Lúcio Costa e com o franco-suíco Le Corbusier, que muito influenciaram sua obra.

Em 1940, projetou o conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte, onde se utilizou das superfícies curvas de concreto armado que se tornaram marca de outros de seus projetos, como o parque Ibirapuera e a casa das Canoas.

Em 1956, Niemeyer foi convidado por Juscelino Kubitschek para projetar, ao lado de Lúcio Costa, a nova capital federal, Brasília. Inaugurada em 1960, a cidade abriga algumas das obras mais célebres de Niemeyer, como os palácios da Alvorada e do Itamaraty. O livro da coleção Folha apresenta também obras do arquiteto das décadas seguintes, como a sede do Partido Comunista Francês (1967) e o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (1996).

Cada um dos 18 volumes da coleção trará obras selecionadas de um grande arquiteto, com infográficos, fotos, desenhos e textos. A cada semana um novo título chegará às bancas de todo o país, até o dia 1º de janeiro de 2012.

Cada livro avulso, com 80 páginas, custa R$ 16,90; a coleção completa, R$ 287,30 (veja os preços para cada Estado ao lado). Assinantes Folha, Edição Digital e UOL têm descontos nos lotes.

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Bienal do Livro discute narrativa em forma de HQ

Mesa reúne hoje quatro quadrinistas brasileiros Fonte: folhaSP 11/09

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Os quadrinistas Lourenço Mutarelli, André Dahmer, Rafael Sica e Rafael Coutinho se reúnem hoje, na Bienal do Livro, no Rio, para a mesa "HQ: Cruzamento de Linguagens".

O debate, que ocorre às 12h, será mediado por S.Lobo, da Barba Negra, editora voltada à publicação de livros em quadrinhos. Lobo diz que o ramo vive um período positivo: "Até os anos 1980, os quadrinhos eram vistos como uma espécie de subliteratura. Hoje já são compreendidos como uma narrativa gráfica."

Ele atribui o sucesso aos tempos cada vez mais imagéticos. "Essa geração cresceu dentro de um ambiente pop. Vale lembrar que grandes blockbusters do cinema americano vêm das histórias em quadrinhos", diz.

Como o encontro acontece no dia 11 de setembro, a Folha pediu que dois dos participantes fizessem ilustrações sobre a data. Por coincidência, André Dahmer acabara de terminar "Menino de Dez Anos Brinca", em nanquim. No desenho, uma criança derruba duas torres de livros com um avião de brinquedo.

"Tenho uma filha de cinco meses em casa. Fico pensando que as crianças precisam de outras referências para crescer", explicou. Já Rafael Sica ilustrou o drama de um sujeito que aniversaria justamente na data dos atentados terroristas. "Tentei fugir da ideia da queda das torres", contou.

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