quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

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Brasileiro lê melhor, mas segue defasado

Fonte: folha.uol.com.br 08/12


Atraso de jovens de 15 anos é de mais de 3 anos ante chineses e coreanos em ranking de organização internacional

Para avaliador, porém, melhora do Brasil é "impressionante'; país cresceu também em ciência e matemática

Os estudantes brasileiros com 15 anos melhoraram em leitura, ciências e matemática nos últimos nove anos. Seguem, porém, entre os mais atrasados do mundo.
A constatação é da avaliação internacional chamada Pisa, coordenada pela OCDE (organização de nações desenvolvidas), que analisou a educação em 65 países.
O exame avalia as áreas a cada três anos. Nesta edição, a prioridade foi leitura, em que a média brasileira avançou 4%. Essa melhora significa que o aluno de hoje tem um conhecimento equivalente a seis meses de aula a mais do que os de 2000, conforme cálculo da Folha.
Para o OCDE, o avanço foi "impressionante". Ainda assim, os brasileiros estão com mais de três anos de defasagem ante os chineses, os líderes da lista, que passaram Finlândia e Coreia.
No ranking, o Brasil está na 53ª posição, com nota semelhante a Colômbia e Trinidad e Tobago. Os avanços percentuais em ciências e matemática foram maiores que os de leitura, mas as colocações são semelhantes.

HABILIDADES
A avaliação aponta que o conhecimento médio do aluno brasileiro permite que ele entenda subjetividade simples em um texto, mas não consegue encontrar, a partir de trechos diferentes, a ideia principal de uma obra.
O relatório aponta algumas dificuldades enfrentadas pelo Brasil: aumento do crescimento de matrículas ocorrido apenas recentemente; muitas escolas rurais, com poucos recursos; e altas taxas de repetência.
Já para explicar o desempenho melhor, foram citados o aumento do gasto com educação (de 4% do PIB em 2000 para 5,2%); ajuda federal a municípios em dificuldades; e criação de indicador de qualidade (Ideb).
Também foram apontadas "inovações" locais, como aumento salarial dos docentes no Acre e adoção de currículo único em São Paulo.
"As coisas estão melhorando. Não existe a bala de prata que vai resolver o problema da educação brasileira", disse o ministro Fernando Haddad (Educação).

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ANTONIO DELFIM NETTO

Política monetária

Fonte: folha.uol.com.br 08/12


É cada vez mais evidente a dissonância entre a política monetária simplista executada por Bancos Centrais operacionalmente autônomos durante a última década e a realidade que eles pensavam estar controlando.
Embalados na ideia de que os mercados financeiros eram perfeitos e se autorregulavam, surfaram um extraordinário período de expansão econômica mundial com taxas de inflação declinantes. Parasitaram tais eventos atribuindo-os a si! O período de aparente estabilidade, entretanto, era apenas a antecipação do choque de falhas técnicas que produziram -para surpresa deles e do mundo que neles acreditava-, o maior terremoto econômico da segunda metade do século.
A prova disso é que hoje os Bancos Centrais, além da simplista manobra da taxa de juros básica, estão em busca de velhas técnicas abandonadas e de novas técnicas (a serem descobertas!) para ajudar no controle da inflação e na sustentação de um alto nível de emprego. Uma delas é o famoso QE ("quantitative easing"), usado pelo Fed americano. O problema é que tal manobra tem suporte teórico mais do que duvidoso e evidência empírica até agora nula!
Desde o Proer, em 1997, nosso Banco Central tem sido muito atento à sua maior missão, que é a de proteger e conservar a higidez e a estabilidade do sistema financeiro, fundamental para o funcionamento da economia real. Outra de suas missões -que ele também cumpriu bem- é a de usar a sua autonomia operacional para estabilizar as expectativas inflacionárias com políticas que mantenham a taxa efetiva de inflação em torno da "meta" estabelecida pelo poder político.
No lançamento de suas mais recentes medidas para controlar a expansão do crédito, que potencialmente poderia terminar na construção de uma "bolha" (aumento do "velho" compulsório; aumento da exigência de capital dos bancos para operações de determinados "riscos" e prazos e novos limites para a compra de carteiras de crédito), nosso Banco Central explicitou sua tendência a incluir novos mecanismos para o controle da taxa de inflação sem, obviamente, abandonar o uso da manipulação da taxa básica de juros.
É isso, no fundo, o que revelou o dr. Meirelles ao justificá-las, quando afirmou que "a experiência dos BCs sugere que há uma equivalência importante entre as ações macroprudenciais, que afetem as condições de crédito e liquidez, e as ações convencionais de política monetária".
Teria o dr. Meirelles, da noite para o dia, ficado "obsoleto" ou se transformado num "heterodoxo", como temem alguns analistas?

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Pentágono está de olho em Goiás

Fonte: opopular.com.br 08/12

Estado está na lista secreta de locais estratégicos para EUA por deter a 2 ª maior reserva mundial de nióbio

A dependência do nióbio, explorado nos municípios de Catalão e Ouvidor e de grande utilidade para a indústria bélica e espacial, explica as preocupações dos Estados Unidos com a segurança do solo goiano, conforme documento secreto revelado ao mundo pelo site WikiLeaks. Para o Pentágono, a perda da mina "afetaria de maneira significativa a saúde pública, a economia e a segurança dos EUA".

O documento relata a existência de centenas de instalações, empresas e locais no globo capazes de colocar em risco a integridade da economia, da segurança e do desenvolvimento da economia norte-americana - incluindo, no Brasil, as minas de Catalão/Ouvidor e de Araxá (MG), duas das três existentes no mundo. Na prática, um atentado terrorista à mina de Catalão e a Araxá afetaria a economia dos EUA.

Explorada em Goiás pelo grupo de mineração britânico-sul-africano Anglo American há 25 anos, a mina de Catalão/Ouvidor é responsável hoje por cerca de 15% das reserva de minério no País, que, por sua vez, detém 98% das reservas mundiais. Segundo estimativas extra-oficiais, cerca de 3% da produção mundial do minério, usado na execução de grandes projetos da Agência Espacial Americana (Nasa), por exemplo, seria de responsabilidade goiana.

Os americanos não produzem o nióbio, mas precisam dele para o desenvolvimento armamentista e industrial. O metal é considerado "estratégico" para o país e faz parte da "observação" norte-americana desde o início da corrida espacial, durante a Guerra Fria. A União Europeia também já fez o mesmo. Uma lista com 14 metais considerados estratégicos para a sua economia do bloco que, podem sofrer restrições na oferta. O nióbio, devido à sua importância, está na relação do continente

Mas eles não estão sozinhos nessa empreitada. Com o crescimento do consumo de mercados emergentes, particularmente nos setores de infraestrutura e automobilístico da China e Índia, a demanda por nióbio tem crescido a mais de 10% ao ano. Como consequência, a procura pelo mineral goiano aumentou.

"De 2004 para cá, houve uma explosão pela procura do nióbio e crescente comercialização. O trabalho das minas goianas sofreram mudanças", aponta relatório da Secretaria da Indústria e Comércio (SIC) sobre as riquezas minerais do Estado, divulgado no ano passado.

Como reflexo, o minério ganhou espaço na balança comercial de Goiás e já ocupa a quinta posição entre os mais exportados. Nos 11 meses desse ano, por exemplo, foram 8.074 toneladas exportadas, gerando divisas de U$ 196,9 milhões. Os Estados Unidos ocupam a terceira colocação entre os maiores compradores, só perdendo para a Alemanha e Japão, como exemplifica a balança de novembro (veja quadro).

MétodoO especialista em Recursos Minerais, Rui Fernandes P. Júnior, diz que, em Catalão, o minério de pirocloro é extraído em três minas: a mina de Boa Vista e pelas minas 1 e 2. A primeira mina contém um alto teor de sílica e as duas últimas contêm um alto teor de minério de ferro. "Este fato obrigou a beneficiar estes minérios separadamente, pois caso contrário, a quantidade de nióbio extraída seria muito pequena", afirmou em relatório

Na mina, utilizam-se detonadores a base de uma emulsão especial, contendo nitrato, que não causa efeitos colaterais aos mineradores, como enxaqueca, caso utilizassem os explosivos convencionais. Da mina, o minério é levado em caminhões convencionais até a unidade de britagem e moagem.

Segundo ele, primeiramente, este minério é britado e moído, até chegar num ponto considerado ideal, em seguida é feita uma separação magnética e retiradas as impurezas. Após estes processos, o concentrado é transformado em ferronióbio, que dará origem ao cobiçado nióbio. "O processo é composto de tecnologia de transformação de ponto", opina.

Segundo o químico Maurício Renato Leite, a demanda pelo o nióbio no mundo se deve às conclusões de que o minério pode melhorar notavelmente a qualidade de aços inoxidáveis, como os usados em dutos de transporte de petróleo e gás. Na circulação de líquidos em instalações nucleares - água da refrigeração dos reatores, por exemplo -, consequência da baixa captação de nêutrons. É componente essencial na construção de motores de mísseis e de caças de alto desempenho.

Aplicação desperta interesse americano

O superintendente de Geologia e Mineração da Secretaria da Indústria e Comércio (SIC), Luiz Fernando Magalhães, afirma que sua aplicação e sua disponibilidade são os grandes dispositivos para o levantamentos pelos EUA da mina de Catalão/Ouvidor.

"O nióbio é estratégico em qualquer país, para o setor industrial e já se sabe que dele pode se desenvolver mais tecnologia", afirma o geólogo.

RiquezaConforme ele, a riqueza do solo se deve à estrutura geológica da região entre Catalão e Araxá, que permitiu sua formação durante anos. "As estruturas geológicas dessas região, curiosamente, permitiram a formação de uma reserva de nióbio nessa região, assim como ocorreu no Canadá, onde existe a outra mina", afirma o superintendente.

Estado está na lista secreta de locais estratégicos para EUA por deter a 2 ª maior reserva mundial de nióbio

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A dívida ambiental das siderúrgicas

Fonte: valoronline.com.br 08/12

As duas maiores plantas siderúrgicas do Rio estão em maus lençóis com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea). A ThyssenKrupp CSA - Companhia Siderúrgica do Atlântico - teve adiada a entrada em operação de seu segundo alto-forno devido ao receio de que repetisse o desempenho do primeiro equipamento, que na pré-operação lançou partículas de óxido de ferro no ar de Santa Cruz, onde fica a usina.

"Só vamos dar a licença depois que a CSA fizer uma obra para vedar o pátio onde é derramado o gusa e ligá-lo diretamente às centrais de filtragem", disse o presidente do Inea, Luiz Firmino Martins Pereira. De acordo com ele, a empresa informou que essa obra levaria seis meses para ficar pronta.

Já a CSN assinou com o órgão um Termo de Ajustamento de Conduta para investir R$ 216 milhões em 90 ações que terá de fazer para se adequar às normas ambientais. Segundo Pereira, a CSN opera hoje sem licença do Inea, por "não conseguir atingir os padrões exigidos pela legislação".

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Por um juiz de carreira para o STF

Fonte: folha.uol.com.br 08/12


HENRIQUE NELSON CALANDRA

Ouso afirmar, caríssimo presidente, que não existe um cidadão brasileiro que conheça tanto as agruras do Brasil quanto o juiz de direito

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Vossa Excelência se elegeu, se reelegeu e ainda viu sua candidata ser alçada ao mais alto posto do Executivo.
Evidente que essas vitórias retumbantes, acompanhadas dos expressivos índices de popularidade, legitimam-no de forma inequívoca em suas ações constitucionalmente atribuídas, dentre elas a da indicação dos ministros do STF.
Mais ainda. Ao se analisar detidamente a composição atual da nossa Corte Suprema, é possível, longe de paixões e arroubos, afirmar que o Brasil está muito bem representado. Há profissionais de vários matizes e que bem retratam o mosaico da sociedade brasileira, fato essencial para a consolidação do Estado de Direito.
Não faltam a nenhum ministro do STF conhecimento jurídico e ilibada reputação. Ao contrário, temos juristas excepcionalmente preparados para enfrentar os desafios de ser a palavra final em processos que carregam em si bem mais que a história de cidadãos -são capítulos da própria essência do Brasil.
Se temos tantas virtudes no Supremo, qual a razão de um magistrado importunar o presidente da República para formular pedido?
O motivo é bem simples: nós -e, quando digo nós, tenho certeza de estar falando por todos os magistrados do Brasil- gostaríamos de ser valorizados e de poder mostrar à Vossa Excelência em particular e ao país de maneira geral que somos capazes de integrar o STF.
O Brasil dispõe de uma magistratura sólida, com quase 15 mil profissionais, altamente qualificados e reconhecidos por organismos internacionais como os melhores do planeta. São magistrados que, a despeito das imensas dificuldades estruturais, conseguem atender aos reclamos de uma população que aprendeu a exercitar seus direitos e, por isso, não se intimida em recorrer ao Judiciário.
Dito de maneira bem direta, Vossa Excelência tem à disposição o maior e melhor banco de currículos do mundo, afinal, os juízes passaram por concursos públicos marcados pelo rigor e, antes de serem vitaliciados no cargo, foram acompanhados de perto tanto pelo Judiciário, por meio das corregedorias, quanto pela sociedade, pelo CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Nesse sentido, ilibada reputação é premissa para ser e, principalmente, para continuar sendo juiz. Além disso, ouso afirmar, caríssimo presidente, que não há um cidadão brasileiro que conheça tanto as agruras do Brasil quanto o juiz de direito. Muitas vezes, a ele é reservada a missão de ser o último recurso, quando todos os outros instrumentos do Estado falharam ou se omitiram.
A tarefa de um ministro do Supremo está acima do ato de decidir: é ligada umbilicalmente à de distribuir justiça. Nesse sentido, contar com um profissional lapidado por décadas de judicatura é enorme diferencial. Ao percorrer diferentes comarcas e instâncias, o magistrado foi amealhando uma experiência singular, única mesmo.
Só esse amor pela justiça é capaz de explicar vocação que beira a obstinação. Por isso, os juízes também preenchem -com folga- o requisito do notável saber jurídico.
Assim, a magistratura brasileira aguarda do presidente da República a indicação de um nome das fileiras do Judiciário, de alguém que tenha começado no primeiro degrau da carreira e que, por esforço permanente e por amor incondicional à justiça, tenha seu valor reconhecido e seja guindado ao cargo mais importante do Judiciário, o de ministro do STF.
O país confia na decisão de Vossa Excelência, porém, atrevo-me a afirmar que, se a escolha prestigiar um dos membros do Judiciário, o Brasil terá não apenas mais um ministro excepcional: teremos um Judiciário muito mais próximo do povo e, por isso, ainda mais justo.


HENRIQUE NELSON CALANDRA é desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e presidente eleito da AMB - Associação dos Magistrados Brasileiros.

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