domingo, 23 de maio de 2010

INCLUSÃO
Cultura na sala de aula

Fonte: correioweb 23.05

Projeto Tribo das Artes leva manifestações artísticas a 13 escolas públicas do Distrito Federal

Era noite de 5 de maio quando 600 alunos da Escola Classe 53, de Ceilândia, se reuniram para um programa diferente: em vez de disciplinas como matemática e português, os estudantes tiveram aula de cultura. Houve música, declamação de poesias, exposição e teatro de graça. Foi a sexta instituição de ensino a receber o projeto Circuito da Tribo nas Escolas, da Tribo das Artes, movimento cultural criado há 10 anos em Taguatinga. A supervisora pedagógica Ana Jaira Oliveira observou que muitos alunos ficaram surpresos com a manifestação artística. Segundo ela, a maioria deles não têm contato com cultura no dia a dia. “É tão difícil conseguir trazer um trabalho que realmente empolgue os alunos, que ficamos impressionados com o resultado”, comemora.

Até julho, o projeto vai percorrer 13 escolas públicas do Distrito Federal, com apresentações no Plano Piloto, no Cruzeiro, no Gama e no Recanto das Emas. É a segunda vez que a Tribo das Artes circula com o programa. Em 2008, houve uma edição com participação de 16 escolas. Ao todo, 20 artistas se dividem para as apresentações, entre músicos, escritores, fotógrafos, atrizes e poetas. “Fizemos um concurso de poesia em uma das escolas e todos os alunos participaram. O momento que mais nos impressionou foi quando tivemos nossa apresentação traduzida aos deficientes auditivos”, lembra Ruiter Lima, coordenador do projeto.

Saraus
A iniciativa surgiu quando a Tribo fez uma pesquisa e concluiu que poucos estudantes tinham acesso às manifestações culturais da cidade. Se o aluno não vai à cultura, a cultura vai até o aluno. Com essa intenção, buscaram integrar os estudantes a essa realidade por meio da descoberta da cultura. “Existe uma carência da cultura brasileira nas escolas. Apresentamos tanto o lado clássico brasileiro, como o lado matuto, com canções e poesias”, explica o coordenador.

Aos apreciadores de saraus, a Tribo das Artes promoverá um em 8 de junho, às 20h, no Teatro da Praça, no centro de Taguatinga. Os integrantes do movimento se reúnem às sextas-feiras, às 20h, na Academia Taguatinguense de Letras. Quem quiser participar é só chegar.

É tão difícil conseguir trazer um trabalho que realmente empolgue os alunos, que ficamos impressionados com o resultado”

Ana Jaira Oliveira, pedagoga

O Brasil e sua biodiversidade

ALAN CHARLTON

Fonte: FSP 23/05


O maior desafio no Brasil é o gerenciamento sustentável do uso da terra, o que inclui também a sustentabilidade do setor agrícola nacional



O Brasil está emergindo no cenário global e pode ser mais que uma potência convencional. Ele abriga um quinto de todas as espécies conhecidas e dois terços das florestas tropicais existentes. Essa rica variedade de plantas e animais, ou a biodiversidade, pode fazer do Brasil uma potência verde.
O que é essa tal de biodiversidade? Em poucas palavras, é a vida que nos rodeia, de organismos que fertilizam o solo a florestas que fornecem chuva para regar culturas agrícolas. Essa complexa rede de vida nos nutre, nos veste e provê a base para nossas economias. Somos totalmente dependentes dela.
A biodiversidade está em risco. O mundo não conseguirá atingir a meta global de conter a perda de biodiversidade até 2010.
Continuamos a perder espécies a taxas nunca antes vistas. Se formos reverter essa tendência, precisamos trabalhar contra os vetores de perda e transversalizar o tema em políticas públicas.
Muitas pessoas estão trabalhando para transformar esses desafios em oportunidades.
Em recente visita ao Acre, vi como o Estado busca integrar crescimento econômico, proteção do meio ambiente e inclusão social.
Vi a fábrica de preservativos feitos do látex de seringueiros locais, a produção de pisos e telhas com madeira certificada e projetos de geração de renda por meio da produção de castanhas e frutas -tudo sem desmatar ilegalmente.
Devemos continuar o trabalho para proteger a biodiversidade e os ecossistemas: fortalecer as áreas protegidas, avaliar a contribuição delas para nossas economias e apoiar pesquisa científica para entender melhor como conservá-los.
A preservação da biodiversidade e a estabilidade do clima são intrinsecamente ligadas, especialmente no Brasil. O chamado mecanismo de redução de emissões por desmatamento e degradação (REDD) poderá evitar emissões e ao mesmo tempo conservar a biodiversidade e reduzir a pobreza de pessoas que dependem diretamente das florestas para sua sobrevivência.
O maior desafio no Brasil é o gerenciamento sustentável do uso da terra, o que inclui a sustentabilidade do setor agrícola. Pesquisas de ponta da Embrapa e técnicas como o plantio direto prometem fortalecer a produção agrícola e promover ganhos ambientais.
O desafio será fazê-lo ao mesmo tempo em que se protegem a Amazônia e o cerrado.
Vinte e dois de maio foi o Dia, e 2010 é o Ano Internacional da Biodiversidade. Datas importantes para que reflitamos sobre o valor que atribuímos aos frágeis ecossistemas da Terra. Eles estão sob ameaça. Ao ameaçá-los, estamos colocando em risco nosso bem-estar e nossa prosperidade.
Em outubro, no Japão, haverá a décima reunião da Convenção sobre Diversidade Biológica.
O Reino Unido espera que cheguemos a um acordo quanto a uma nova meta global de redução da perda de biodiversidade e ao estabelecimento de um regime internacional sobre acesso à biodiversidade e repartição dos benefícios que dela derivam.
Esperamos poder continuar trabalhando com o Brasil para assegurar a conservação e o uso sustentável da biodiversidade global.


ALAN CHARLTON é embaixador do Reino Unido no Brasil.

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