quarta-feira, 26 de maio de 2010

Quinteto de ouro

Cinco jovens músicos de Brasília são selecionados como bolsistas para o Festival Internacional de Campos do Jordão, a maior vitrine da música clássica brasileira para o mundo

Fonte: correioweb 26.05


No violino, Pedro Oséias; no piano, Arthur Marden, e no violoncelo, Mirella Righini. O contrabaixo tem Juliano Leite e a harpa traz Arícia Ferigato. Eles bem que poderiam formar uma orquestra de câmara, mas, na verdade, fazem parte de um seleto grupo de jovens músicos brasileiros que integram o corpo de bolsistas do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão(1), um dos principais eventos de música erudita da América Latina. Programado para acontecer de 3 de julho a 1º de agosto, na cidade do interior paulista, ele é famoso por revelar novos talentos para escolas na Europa e nos Estados Unidos e para as principais orquestras do Brasil e de outros países latino-americanos.

Pedro, 20 anos, Mirella, 24, Arthur, 22, Juliano,19, e Arícia, 22, são os representantes brasilienses na empreitada e foram selecionados entre quase mil inscritos. Mas ainda podem surgir outros candangos no evento, já que falta fechar a lista final — o que deve acontecer até sexta-feira.

Conquistar uma vaga como bolsista no festival não é tarefa fácil. Segundo o diretor artístico pedagógico do evento, Sílvio Ferraz, um dos principais motivos dessa acirrada disputa é o fato de o festival reunir nomes de peso no cenário da música internacional, o que acaba despertando grande interesse por parte dos jovens musicistas. “Os professores que ministram as aulas para os bolsistas ocupam posições importantes nas principais orquestras e escolas de música do mundo, como o Conservatório de Paris, a Escola Superior de Música de Colônia, a Filarmônica de Berlim, a Filarmônica de Viena. O número de aulas durante o festival acaba correspondendo a um semestre de aula no exterior. Os alunos têm uma oportunidade de aprendizagem e de contato internacional ímpar”, opina.

Os bolsistas brasilienses concordam e acreditam que essa troca de experiências com um corpo docente tão qualificado é uma chance única. “Muitos professores vêm de fora do país e é muito interessante estabelecer esse contato. Só com um festival como esse seria possível”, acredita a violoncelista Mirella Righini. De acordo com a harpista Arícia Ferigato que, com o pianista Arthur Marden, já foi bolsista em Campos do Jordão, por intermédio desses eventos, os jovens músicos podem mostrar seu talento. “Os festivais são essenciais para a nossa formação. É a maneira que a gente tem para estar se apresentando, atualizando”, opina.

Laboratório
Além da participação de master classes com músicos ligados a instituições de referência na música clássica no Brasil e no mundo, durante quatro semanas os bolsistas terão a oportunidade de participar de um laboratório intensivo de prática musical, orientados por alguns dos grandes nomes desse meio. Eles também receberão aulas individuais para aperfeiçoamento no instrumento e na prática de música de câmara. Em paralelo, vão participar da formação da orquestra do festival, cuja apresentação encerra a temporada, com regência dos maestros Yan Pascal Tortelier, regente-titular da Orquestra Sinfônica de São Paulo (Osesp), e Claudio Cruz, regente da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto e spalla da Osesp. “As atividades são tão intensas que a gente brinca que lá a gente só toca, e estuda, toca e estuda… o dia todo. Mas adquire muito conhecimento, e é isso que vale”, comenta Arthur Marden.

Outro atrativo, segundo o contrabaixista Juliano Leite, são os prêmios e as bolsas oferecidas no fim do festival. Os bolsistas de nacionalidade brasileira, já que o evento também conta com a participação de alunos estrangeiros, concorrem a seis premiações: além do tradicional Prêmio Eleazar de Carvalho, que concede uma bolsa de estudos no exterior (no valor de R$ 48 mil) ao jovem músico de maior destaque, o festival inaugura o Prêmio Ayrton Pinto, que vai oferecer quatro premiações de R$ 8 mil aos melhores bolsistas por categoria de instrumentos. “Por tudo isso, todo mundo quer fazer parte desse festival. Ele é sim um dos mais disputados e difíceis e por mais que a gente já tenha tocado ou participado de outros eventos, Campos do Jordão é especial”, garante Juliano.

Já o violinista Pedro Oséias, estreante no evento, diz que os alunos brasilienses estão no mesmo nível de outros estados e até do exterior e que ser selecionados em festivais como o de Campos do Jordão prova como os músicos da capital estão sempre tentando se aprimorar. “A cidade tem muitos talentos, mas faltam grande eventos. Os músicos daqui são antenados e por isso sempre estão participando de vários festivais que acontecem por aí”, diz.

1 - Mais concertos
A 41ª edição do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão que acontece de 3 de julho a 1º de agosto dobrou o número de concertos este ano e também fará apresentações em São Paulo. Com direção artística e pedagógica da Tom Jobim — Escola de Música do Estado de São Paulo, o festival traz como tema “A música e seus diálogos”. Uma das atrações é o cravista Alessandro Santoro, filho do maestro Claudio Santoro e da bailarina Gisele Santoro. Ele vai participar de um duo com o violinista Luis Otávio, em 5 de julho. Alessandro é considerado por muitos o melhor cravista brasileiro da atualidade. Informações sobre o festival: www.festivalcamposdojordao.org.br

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Por Freyre, Flip-2010 amplia debate

Festa literária de Paraty, em agosto, terá comentador na palestra de abertura e mais mesas sobre homenageado

Antonio Tabucchi é confirmado no evento, que terá 34 convidados e vai celebrar o autor de "Casa Grande & Senzala"

FSP 26.05

Fiel à exuberância de Gilberto Freyre (1900-1987) e ao potencial de polêmica das suas ideias, a Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) terá um debate na conferência de abertura e mais mesas dedicadas a discutir a obra do homenageado.
No dia 4 de agosto, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sociólogo como Freyre, faz a palestra inaugural, tendo como comentador o historiador e professor da Universidade de Paris 4 Luiz Felipe de Alencastro. Três outros debates completam o tributo ao pernambucano.
Nas últimas edições da festa, apenas um conferencista falou na abertura e duas mesas foram dedicadas diretamente ao homenageado.
A Flip-2010, de 4 a 8 de agosto, terá 34 convidados (um a mais que em 2009), 18 estrangeiros. A lista é passível de mudanças de última hora. A programação oficial vai ser divulgada amanhã.
Ontem foi confirmado mais um autor de relevância, o italiano Antonio Tabucchi, especialista em literatura portuguesa, que lançará em Paraty "O Tempo Envelhece Depressa", pela Cosac Naify.
Depois do debate entre FHC e Alencastro, a primeira das três discussões sobre Freyre, no dia 5, abordará a qualidade literária da sua produção.
Falarão o escritor Moacyr Scliar, o historiador da UFRJ Ricardo Benzaquen, o tradutor alemão Berthold Zilly e o bibliotecônomo e "gilbertófilo" Edson Nery da Fonseca.
Outra mesa analisará a obra à luz de temas contemporâneos. Reunirá o historiador britânico Peter Burke, o antropólogo Hermano Vianna e o sociólogo José de Souza Martins.
O encontro "Além da Casa Grande" debaterá obras menos conhecidas de Freyre: a socióloga Angela Alonso falará de "Ordem e Progresso", a historiadora Maria Lúcia Pallares-Burke -cocuradora da homenagem-, de "Ingleses no Brasil", e o diplomata e africanista Alberto da Costa e Silva, de "Nordeste".
A reportagem apurou ainda que o roqueiro americano Lou Reed, principal atração pop da Flip, não fará parte de uma mesa de debates. Sozinho, vai ler suas letras e trechos de obras de terceiros. (FABIO VICTOR)

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