sexta-feira, 21 de maio de 2010

cultura

Projeto visa resgate da história do Centro

O Popular 21/05

Preocupados com o péssimo estado de conservação de prédios localizados no Centro de Goiânia, o Sindicato da Indústria de Construção no Estado de Goiás (Sinducon) e a organização não-governamental Casa Brasil se uniram para promover o programa “Viva e Reviva Goiânia”, que visa recuperar fachadas e estruturas dos edifícios mais importantes da região.

Ontem os organizadores entregaram mais um kit de reforma a um dos cinco contemplados nessa primeira edição do projeto (uma casa na Rua 24, no Centro), que receberam um plano para a execução da reforma do imóvel e todo o material para reforma. Em contrapartida, esses proprietários terão de arcar com as despesas com mão de obra. Para o representante da ONG Casa Brasil, Wolney Unes, o projeto visa não só resgatar a história do Centro, mas provocar um efeito multiplicador, ou seja, que mais proprietários também reformem seus prédios, melhorando o aspecto e até valorizando os imóveis.

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Órfãos do cinema de arte

Com o incêndio que fechou o Cine Academia, cinéfilos buscam paliativos em pequenas mostras do calendário de Brasília

Louca por cinema, a bibliotecária aposentada Beth Gameiro tem sofrido crises de abstinência constantes. “Eu estou sentindo muito mesmo. Fico doente, subindo pelas paredes”, confessa a viciada pela sétima arte. Beth não é a única. Outros cinéfilos apreciadores de filmes que não fazem parte do circuito comercial andam com a sensação de que foram despejados da própria casa desde o incêndio que destruiu três salas do Cine Academia, na Academia de Tênis, ocorrido no último dia 3 e que provocou a interrupção de todas as sessões cinematográficas daquele espaço. Naquele dia, 12 filmes estavam em cartaz, entre eles: Cerejeiras em flor, de Doris Dõrrie; O segredo roubado, de Jua José Campanella; e Um homem sério, de Joel Coen e Ethan Coen.

O episódio expõe a fragilidade em que se encontra o circuito permanente de cinema de arte na capital do país. Dos 15 estabelecimentos de exibição de filmes, apenas dois (Cine Academia e Cine Brasília) se dedicam a exibir cinema independente ou de distribuição modesta. “O Cine Academia foi uma aquisição muito importante para a cidade”, opina o cineasta, professor e, antes de qualquer coisa, cinéfilo de carteirinha Sérgio Moriconi.

“Atualmente, ele é a única sala de cinema de Brasília que apresenta filmes independentes em sincronia com o mercado mundial. Quando viajo à Europa, 90% dos filmes em cartaz lá eu já assisti aqui por causa do Festival Internacional de Cinema de Brasília (FicBrasília)”, emenda o professor. No caso do Cine Brasília, a programação quase sempre privilegia reprises de clássicos e mostras, como o Festival Europeu, encerrado ontem.

Moriconi recorda que não é a primeira vez que a cidade enfrenta um vácuo desse tipo. “Nos anos 1970, eu frequentava as sessões dos Cines Bruni Arte e Cine Nacional. É preciso se lembrar também da programação montada pelo programador José Damata no cinema da Cultura Inglesa”, relembra. São todos exemplos de salas dedicadas aos cinema de arte e que mantinham funcionamento semelhante aos cinemas de bairro (extintos com a chegada das salas construídas dentro de shopping centers).

Um tipo de situação semelhante se repete em outras capitais brasileiras. De São Paulo, as notícias também não são nada boas. O cineasta e sócio-proprietário do Cine Belas Artes, André Sturm, lançou um pedido de socorro na mídia. “Se não encontrarmos patrocínio, teremos de fechar as portas até o fim do ano”, anunciou o empresário. Instalado na Rua da Consolação, o Cine Belas Artes é considerado um patrimônio afetivo da cidade.

Reprises
Os cinéfilos encontraram nas mostras de cinema em cartaz na cidade (veja quadro) um paliativo para a carência de filmes de arte. A arquiteta Zélia Castro, 65 anos, e o marido, o pesquisador Antônio Maria, 62 anos, eram um dos que batia ponto toda semana no Academia. Agora, eles precisam se contentar com as reprises dos filmes do comediante Oscarito na mostra Clássicos e Raros do Cinema Brasileiro 2, no Centro Cultural Banco do Brasil. “Espero que o cinema volte a funcionar em dois ou três meses”, prevê Maria. “Seria muito fácil resolver essa situação se o governo cuidasse melhor do Cine Brasília. Deveriam fazer o mesmo que fazem nas rodovias de São Paulo, em que o governo e a iniciativa privada se juntam para conservar as estradas”, completa Zélia.

Procurado pela reportagem do Correio, o proprietário do Cine Academia, o empresário Marco Farani, alegou falta de espaço na agenda para conceder entrevistas. O gerente administrativo do Academia, Cristiano Vaz, informou que os trabalhos de recuperação até agora se concentram na limpeza das três salas afetadas. “Ainda não dá para saber exatamente quais foram os prejuízos”, informou Vaz. No momento, a entrada do Cine Academia está fechada por tapumes de obra e vários contêineres de lixo são usados para retirada de entulhos. Não existe previsão de retomada de funcionamento do cinema.

REFORMAS NO PARKSHOPPING
Outras salas de cinema estão fechadas para reforma atualmente na cidade. As sessões do ParkShoppping tiveram de ser interrompidas no último dia 10. Segundo informações da companhia Severiano Ribeiro, o cinema só voltará a funcionar a partir do 30 de junho.

(O Cine Academia) é a única sala de cinema de Brasília que apresenta filmes independentes em sincronia com o mercado mundial”

Sérgio Moriconi, cinéfilo



Mostras em cartaz

Ciclo de Cinema Espanhol — O Cinema como Reflexo da Sociedade Atual

Até domingo, no Instituto Cervantes (707/907 Sul, Lt. D;
3242-0603). Entrada franca.

Clássicos e Raros do Cinema Brasileiro 2
Até 6 de junho, no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Tc. 2, Lt. 22; 3310-7087). Clássicos do cinema novo e do cinema marginal, com obras raras do cinema popular. Ingressos: R$ 4 e R$ 2 (meia).


E as que vêm po aí

Cineastas e Imagens do Povo
De 8 a 27 de junho, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB). Ingressos: R$ 4 e R$ 2 (meia).

La Meglio Gioventú
De 8 a 12 de junho, no Cine Brasília (EQS 106/107 Sul ;3244 1660), exibição de filmes de jovens diretores italianos. Entrada franca.

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