terça-feira, 10 de abril de 2012



Clubes contra o bullying.   “A desigualdade entre ricos e pobres é uma das questões centrais da Justiça.”   Michael Sandel, filósofo e professor da universidade de Harvard. O POPULAR/GO 09.03
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Comissão da Câmara dos Deputados aprovou texto que estende a obrigação de promover um ambiente seguro, adotando estratégias contra o bullying, não só às escolas como também aos clubes e agremiações. Para combater essa prática, fica estabelecido que deve ser criada uma equipe multidisciplinar, com a participação da sociedade, a fim de promover atividades de orientação e prevenção. Também está sinalizada a formação de grupos de estudo para analisar o fenômeno nas comunidades. O texto ainda prevê a criação de um serviço de atendimento telefônico específico em cada cidade para receber denúncias. Os estabelecimentos também ficam obrigados a criar programas de capacitação dos funcionários para a prevenção e solução de casos e a privilegiar mecanismos alternativos de punição.

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Índios suruís venderão carbono com selo verde.  Tribo de Rondônia é a primeira no mundo a obter certificação do gênero.  FOLHA SP 09.03

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Uma tribo amazônica que até a década passada entregava suas terras à exploração ilegal de madeira será a primeira nação indígena do mundo a faturar com uma nova commodity: o carbono da floresta mantida em pé.

Os paiter-suruís, de Rondônia, receberam na semana passada duas certificações internacionais que lhes permitirão fechar contratos para gerar créditos de carbono pelo desmatamento que evitarem em seu território.

O projeto explora o chamado Redd (Redução de Emissões por Desmatamento), mecanismo que visa compensar financeiramente a manutenção de florestas tropicais, mitigando o gás carbônico que causa o aquecimento global.

O líder da tribo, Almir Narayamoga Suruí, estima que o negócio possa gerar de R$ 2 milhões a R$ 4 milhões por ano até 2038. O dinheiro será aplicado em uma espécie de "fundo soberano" para alavancar atividades econômicas sustentáveis, como o turismo e a produção agrícola nas terras já desmatadas.

O Projeto de Carbono Florestal Suruí, fruto de quatro anos de negociação, é o primeiro esquema indígena de Redd a receber os selos VCS (Verified Carbon Standard) e CCB (Climate, Community and Biodiversity).

Segundo Mariano Cenamo, do Idesan, ONG de Manaus que elaborou o projeto, o VCS dá a garantia aos investidores de que a tribo segue uma metodologia criteriosa para avaliar a redução das emissões. O CCB atesta que o projeto não afeta a biodiversidade ou os direitos dos índios.

O mercado mundial de Redd ainda é voluntário; sua regulamentação deve ocorrer em 2020. Apesar disso, só em 2010, ele cresceu 35% e hoje é estimado em US$ 250 milhões por ano no mundo.

Segundo Michael Jenkins, diretor da ONG americana Forest Trends, os potenciais clientes dos suruís incluem empresas em busca de "créditos carismáticos" para neutralizar emissões de seu processo produtivo. Quinze países estão regulamentando mercados de carbono, e o Redd deve fazer parte deles.

A validação do projeto ocorre no momento em que o Redd em terras indígenas anda na berlinda no país.

A Funai (Fundação Nacional do Índio) e a Advocacia-Geral da União investigam 30 contratos de compra de créditos de carbono fechados por aventureiros com índios Amazônia afora. Um deles, entre a empresa irlandesa Celestial Green e os líderes mundurucus, do Pará, proíbe a tribo de usar a própria terra.

O único projeto apoiado pelo órgão federal é o dos suruís -porque a etnia resolveu esperar a validação antes de assinar contratos.

"Não faltou gente interessada", diz Almir Suruí. "Mas nunca recebemos um centavo. O projeto foi todo bancado com dinheiro de doação."

O responsável por levantar a verba foi Jenkins. Ele estima em US$ 1 milhão o custo da montagem do projeto. O dinheiro foi usado em parte para contratar o Idesam, que inventariou o carbono estocado nas florestas da terra suruí e criou um modelo computacional para simular o desmatamento que ocorreria até 2038 sem o Redd.

Outra parte bancou um escritório de advocacia para determinar se os índios tinham direito ao carbono de suas terras - têm. "Saiu caro, mas agora temos uma análise jurídica para 15% do território brasileiro", diz Jenkins, em alusão à área total das terras indígenas no país.
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FGV entra para lista dos 'núcleos globais do pensamento'.  Instituição participa do encontro preliminar dos chamados "think tanks" dos Brics, em Nova DéliFundação Getúlio Vargas é apontada como o 27º mais importante centro de pensamento por instituição dos EUA FOLHA SP 09.03
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Dias antes da cúpula dos Brics, os núcleos de reflexão ("think tanks") de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se reuniram em Nova Déli, na Índia, para tratar de temas que os líderes discutiriam depois.

Entre os tópicos estavam o banco de desenvolvimento conjunto, o comércio em moedas locais, a coordenação em política externa e a inovação tecnológica.

Pelo Brasil, estava lá a FGV (Fundação Getúlio Vargas). O conceito é novo tanto aqui como nos outros Brics, mas os "thinks tanks" dos emergentes começam a ombrear seus modelos centenários dos Estados Unidos e da Europa.

Na nova edição do ranking dos 30 principais no mundo, feito pela Universidade da Pensilvânia (UPenn), a FGV surgiu em 27º. A Rússia emplacou dois centros, a China um -a Academia Chinesa de Ciências Sociais.

O ranking é levantado ao longo de oito meses, das indicações ao resultado, num processo que envolve 1.500 especialistas do mundo todo.

James McGann, diretor do Programa de Think Tanks e Sociedades Civis da UPenn, afirma que a presença do Brasil "está diretamente relacionada à sua ascensão no mundo". A comunidade internacional está mais atenta aos emergentes "por causa das mudanças no poder global".

Carlos Ivan Simonsen Leal, presidente da FGV, diz que "o mundo resolveu olhar para outros países e, em especial, para o Brasil". Para Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais que representou a fundação na Índia, "a capacidade de determinar a agenda da conversa global já não fica só com as instituições americanas".

Stuenkel diz que "hoje um debate sobre qualquer desafio global precisa de alguém de instituição brasileira, porque o país já é um ator importante em todas as áreas".

No ranking, outros centros do país são lembrados, como Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) e Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

Para além da maior visibilidade dos emergentes, McGann vê em seus governos e nas próprias sociedades "maior apoio a essas organizações de política pública, como forma de incrementar a projeção de sua influência, regional e global". Lideram a lista Brookings (EUA), Chatham House (Reino Unido), Carnegie (EUA) e Council on
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Escravos libertados bebiam água em embalagens de lubrificante
Após denúncia de trabalho escravo, fiscalização localizou trabalhadores dormindo em barracos e consumindo água guardada em recipientes de material altamente tóxico. Dez foram resgatados. http://www.reporterbrasil.org.br/ 04.04
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Mesmo com pista de pouso e mais de 42 mil hectares, a fazenda Campinas, que pertence a Annibal Zacharias, não tinha sequer alojamentos ou instalações sanitárias para seus funcionários, de acordo com informações do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e Polícia Federal. Em ação conjunta iniciada em 27 de março para averiguar denúncia de trabalho escravo, as autoridades constataram condições bastante irregulares e libertaram dez pessoas na propriedade, localizada no município de Miranda, na região do Pantanal sul-mato-grossense. A reportagem tentou contato com o fazendeiro para ouvi-lo sobre o resgate e sobre as condições a que seus empregados eram submetidos, mas não conseguiu localizá-lo.


Empregados reaproveitavam recipientes de lubrificante para guardar água. Fotos: Divulgação/MPT
Segundo Rafael Salgado, procurador do Trabalho, os dez trabalhadores libertados na fazenda dormiam em barracos de lona, aplicavam agrotóxico sem nenhum equipamento de proteção individual (EPI), e consumiam água guardada em recipientes de óleo mineral lubrificante. De acordo com a Norma Regulamentadora nº 15, a manipulação de óleos minerais é considerada atividade insalubre de grau máximo.

Havia água, mas apenas na sede da fazenda Campinas. Para tomar banho, os trabalhadores recorriam a um açude próximo. Localizada a cerca de 260 quilômetros de Corumbá (MS), a propriedade estava sendo preparada para servir como pasto para gado.


Barraco em que grupo submetido a condições degradantes utilizava como alojamento improvisado.
Veneno e chiqueiros
Além de fazer a fiscalização na fazenda Campinas, o grupo também esteve na fazenda de gado Laranjeiras, em Bonito (MS). No local, foram constatadas diversas irregularidades, que determinaram a interdição das frentes de trabalho e alojamentos. "A situação era possível de ser sanada", disse o procurador do Trabalho. A propriedade pertence a Antonio Carlos D´Ângelo. O fazendeiro também foi procurado pela reportagem, mas não foi localizado.

Nas duas fazendas os empregados  trabalhavam sem registro em carteira. Apesar da interdição, não houve libertação na Laranjeiras, onde trabalhavam 27 pessoas que também aplicavam veneno na pastagem sem nenhuma proteção, entre os quais um adolescente de 17 anos. Havia, ainda, 18 trabalhadores indígenas das Aldeias Passarinho e Cachoeirinha, localizadas na região de Miranda (MS). O adolescente teve seu contrato de trabalho rescindido e foi afastado das atividades na fazenda. Apesar da gravidade da situação, as autoridades não constataram condições análogas às de escravos no local.


Trabalhadores dormiam em barracão onde o veneno era armazenado.
Os trabalhadores não só aplicavam agrotóxicos sem proteção como dormiam em um barracão onde o veneno era armazenado. Um dos banheiros ficava ao lado do chiqueiro dos porcos. As frentes e alojamentos foram interditados e na audiência de assinatura do TAC o proprietário já levou fotos para mostrar que obras para regularizar a situação já tinham sido iniciadas.

Os dois empregadores Annibal e Antônio foram autuados e  assinaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) se comprometendo a regularizar a situação e pagaram, respectivamente, R$ 2 mil e R$ 1 mil por dano moral individual aos trabalhadores.

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RESA, FÉ E ARTE
jose roberto da silva joserobertobsb@hotmail.com
            Brasília, esse invejado oásis plantado por JK no coração do Brasil, perdeu dia 31 passado o olhar agudo e a mão suave de Luis Eduardo Resende Brito – o artista plástico e designer Resa.
            Nos anos 50, quando ele nascia, Billy Blanco cantava “não vou, não vou prá Brasília; nem eu e nem minha família; sou pobre e não quero ficar cheio da grana...”. Resa veio em 82. Ficou rico em amizades, dois filhos e um legado artístico inigualável, o que fechada a conta no boteco de São Pedro ainda rende polpudo troco.
            O lançamento em 85 da revista Bric a Brac – título nascido a partir de uma arguta observação da atriz Bidô, mãe de seu filho Tito - foi o auge do movimento cultural autônomo da Nova Capital, após anos de fricções dos seus jornalistas, artistas e intelectuais contra o perigoso e rarefeito “quintal” do regime autoritário. A irreverência que marcou a criação do Bloco “Pacotão” em 1977 ressurgia na revista, macunaímica e tropicalesca.
E não era para morrer de rir daquela capa com a Monalisa hipnotizada em discreto sorriso erótico, totalmente chapada e com um cigarro de maconha entre os dedos? Ou a frase profética de Turiba contra a permissividade da geração anos 60 que viria resultar na atual decadência da epidemia das drogas: “eu não cheiro; eu assopro”?
A multiplicidade de estéticas, gramáticas e discursos poéticos e plásticos provavam que se abrira uma caixa de pandora ao contrário, fruto da redemocratização e da liberdade de expressão. O gênio plástico de Resa liquidificava aquele borbulhar de criatividade e transformava o tal bric a brac em uma vitrine pop fosforescente. Pela primeira vez, o Brasil a fora que ainda vive hoje de costas à cidade espantosa reconheceu vida inteligente no sertão central e não apenas o Diário Oficial e academias parnasianas. A liderança da alma poética de Luis Turiba, a tenacidade de Lúcia Leão e o espírito visionário do mecenas Ivã Presença completavam o quadrunvirato.
          Esse espírito cosmopolita de Resa, inclusive na sua obra plástica autoral, infelizmente parece ter sido abandonado em Brasília dado o desapreço pela produção local.

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