sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Dormir sobre o lado esquerdo é melhor para digestão

Fonte: folha.uol.com.br 24/02

É melhor para a digestão dormir sobre o lado esquerdo e melhor para o coração dormir sobre o lado direito? Existem algumas evidências de que a posição de dormir pode estar relacionada à função cardíaca, embora um problema cardíaco existente possa resultar em evitar dormir sobre o lado esquerdo. Quanto à digestão, pelo menos um estudo descobriu que o refluxo gastroesofágico pode aumentar quando dormimos sobre o lado direito.

Num estudo de 2003 publicado no "Journal of the American College of Cardiology, participantes com falha congestiva do coração tiveram "uma tendência significativamente maior de evitar dormir sobre o lado esquerdo'', enquanto participantes sem a condição não tiveram. Os autores do estudo também descobriram que evitar dormir sobre o lado esquerdo estava relacionado ao grau de aumento e disfunção do coração.

As descobertas condizem com a ideia de que a posição de dormir do lado esquerdo ''pode ter efeitos prejudiciais" sobre a pressão cardíaca, bombeamento cardíaco ou funcionamento de nervos cardíacos. Portanto, "pode ser uma estratégia de proteção'', segundo pesquisadores. Eles acrescentaram que a escolha da posição pode derivar de desconforto ao perceber batimentos cardíacos mais fortes.

Um estudo sobre o refluxo digestivo publicado em 1994 no ''Journal of Clinical Gastroenterology'' descobriu que a quantidade total de tempo de refluxo era significativamente maior quando se dormia sobre o lado direito, embora o número de episódios não tenha sido significativamente maior.

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Ministérios estudam idade mínima para aposentadoria

Fonte: folha.uol.com.br 25/02

Trabalhador do setor privado só teria benefício aos 65 (homens) e 60 (mulheres)

Estudo é discutido por Fazenda e Previdência e será enviado a Dilma em março; regra atingiria os novos trabalhadores

O governo federal estuda a adoção de idade mínima para concessão de aposentadoria integral a trabalhadores do setor privado.
A proposta está em discussão nos ministérios da Fazenda e da Previdência e deve ser apresentada à presidente Dilma Rousseff em março.
Segundo a Folha apurou, a proposta mais forte hoje é 65 anos de idade para homens e 60 para mulheres, no caso dos segurados do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que atende aos trabalhadores do setor privado.
A mudança valeria apenas para quem ainda não entrou no mercado de trabalho.
Pelas discussões, a ideia é substituir, no futuro, o atual fator previdenciário -fórmula de cálculo do valor do benefício para desencorajar aposentadorias precoces, adotado a partir de 1999.
O fim do fator é uma demanda das centrais sindicais e tem apoio de alas petistas. Mas, como não há hoje idade mínima para aposentadorias em valor integral no setor privado, o Executivo alega não poder abrir mão de um instrumento que evite ampliação do deficit previdenciário.
Em 2010, a despesa com o INSS chegou perto de 7% do PIB e a 36% dos gastos da União, excluindo da conta os encargos da dívida pública.
O Palácio do Planalto foi informado sobre a elaboração da proposta e não desautorizou o debate. Segundo alguns interlocutores da presidente, Dilma irá fazer um cálculo político para decidir se leva o tema adiante.
O assunto é polêmico. Como a mudança seria somente para futuros trabalhadores, ministros argumentam que o embate seria menos amargo do que uma iniciativa que mexa em direitos atuais.
Na campanha eleitoral, a então candidata disse que não tocaria uma reforma da Previdência. Se patrocinar a medida, pode encontrar pela frente forte resistência das centrais, com as quais já se atritou na definição do salário mínimo de R$ 545.
"Acho que dá para discutir, mas a presidente não pode querer fazer imposições. Sem negociar, haverá confusão", disse àFolha o deputado Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical.
Apesar de uma certa simpatia à causa, há na Esplanada quem aconselhe a presidente a não comprar brigas que não tragam dividendos políticos ou ganhos orçamentários imediatos.
Outros afirmam que o momento para mudanças é exatamente agora, no embalo do primeiro ano de mandato. A votação seria um teste real à governabilidade dilmista, e significa um obstáculo muito maior do que a votação do salário mínimo, aprovado com tranquilidade no Congresso.
Internamente, já se considera uma moeda de troca para conquistar a simpatia do mundo sindical à proposta da idade mínima: flexibilizar o fator previdenciário e estabelecer uma transição menos rígida até que a idade mínima entre em vigor.
O Planalto resgataria na Câmara o projeto do fator 85-95, que prevê o benefício integral aos trabalhadores cuja soma da idade e do tempo de contribuição resulte em 85 (mulheres) e 95 (homens). Exemplo: um homem com 35 anos de contribuição e 60 de idade obteria o direito à aposentadoria integral.
A instituição de uma idade mínima elevaria o prazo de contribuição ao regime geral da Previdência em 12 anos -hoje, um trabalhador pode requerer aposentadoria proporcional por tempo de contribuição aos 53 anos.
É provável, porém, que seja preciso preservar um mecanismo para a aposentadoria por tempo de contribuição, especialmente para os mais pobres, que ingressam mais cedo no mercado.

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Músicos acusam Sinfônica Brasileira de assédio moral

Fonte: folha.uol.com.br 25/02


Instrumentistas boicotam avaliações marcadas pelo diretor, Roberto Minczuk, e Fundação fala em demissões

Comissão de músicos acusa direção da OSB de rasgar estatuto da Fundação e ter postura autoritária

Os músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) pretendem processar a direção da Fundação OSB por assédio moral.
A acusação se baseia em um documento "bastante duro", segundo os músicos, recebido após a decisão do grupo de não comparecer a avaliações técnicas marcadas pelo maestro e diretor técnico Roberto Minczuk.
Nele, a direção da OSB afirma que a ausência no teste pode causar rompimento do contrato de trabalho. Apresenta ainda um programa de demissão voluntária.
Em janeiro, os 82 integrantes da orquestra receberam um comunicado informando que em 60 dias seriam avaliados internamente, fato inédito na história da orquestra.
A realização de testes internos é rara e acontece em momentos de reformulação profunda de uma orquestra, a exemplo da reforma da Osesp, feita por John Nes- chling em 1997.
Em reunião no Sindicato dos Músicos do Estado do Rio, da qual participaram 58 dos 82 músicos, 56 decidiram não participar do teste. Eles afirmam não ser possível avaliá-los com base em um desempenho de 30 minutos.
"Discordamos do modo autoritário como a administração nos trata, rasgando o estatuto da Fundação", disse Luzer Machtyngier, presidente da comissão de músicos da OSB.

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PASQUALE CIPRO NETO

"A mim me deste a suprema pobreza"

Fonte: folha.uol.com.br 24/02

O reforço da forma "a mim" pela equivalente "me" confere à afirmação tom de inexorabilidade absoluta


O TEXTO DA SEMANA passada mexeu com muita gente. Foram inúmeras as mensagens, muitas das quais de leitores que só conheceram Taiguara depois de 1996, isto é, depois da morte do grande compositor.
Boa parte dos que escreveram seguiu a minha sugestão -entrar no site de Vinicius de Moraes e ler o antológico texto "Elegia na Morte de Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, Poeta e Cidadão". Choro e emoção marcaram a reação de muitos dos leitores. Alguns disseram que não conseguiram chegar ao fim da obra; outros me pediram comentários e explicações sobre algumas passagens do grande texto de Vinicius.
Vamos, pois, a algumas passagens da "Elegia", começando justamente por essa palavra, que costuma nomear poemas líricos de tom terno e triste, melancólico. Escrita na segunda pessoa do singular (é com essa forma de tratamento que o poeta se dirige ao pai), a elegia de Vinicius apresenta predominantemente a linguagem formal, com algumas passagens que exigem bom domínio do vocabulário e/ou da estrutura desse tipo de linguagem.
Veja estes versos, do início do poema: "(...) Fragmentos da infância / Boiaram do mar de minhas lágrimas. / Vi-me eu menino / Correndo ao teu encontro. Na ilha noturna / Tinham-se apenas acendido os lampiões a gás, e a clarineta / De Augusto procrastinava a tarde". Que significa "apenas" nesse trecho do texto? Será sinônimo de "só", "somente", "exclusivamente"?
Não, caro leitor. "Apenas" aí indica processo que acabou de concluir-se. A passagem significa algo como "Nem bem tinham-se acendido os lampiões a gás" ou "Os lampiões a gás mal tinham-se acendido". Na informalidade, não é comum o emprego de "apenas" com esse sentido. E qual é o significado de "procrastinava"? Trata-se de uma flexão do verbo "procrastinar", que significa "delongar", "adiar", "postergar".
Mas o melhor da passagem toda não são essas escolhas lexicais do poeta; é a bela metáfora de "Fragmentos de infância boiaram do mar de minhas lágrimas". Essa metáfora é daquelas que o memorável protagonista de "O Carteiro e o Poeta" assinaria sem pestanejar. Vivido pelo extraordinário e saudoso ator italiano Massimo Troisi, o carteiro Mario Ruoppolo aprende o que é uma metáfora com ninguém menos do que Pablo Neruda (magistralmente vivido por Philippe Noiret).
Vinicius e Neruda, é bom que se diga, foram amigos, ambos diplomatas e poetas, amigos poetas, poetas amigos. Pode-se dizer, sem medo de errar, que exerceram franciscanamente a poesia, no mais puro sentido do que diz Vinicius nestoutra passagem da memorável "Elegia" que dedica ao pai: "Deste-nos pobreza e amor. A mim me deste / A suprema pobreza: o dom da poesia, e a capacidade de amar / Em silêncio". Que maravilha a transformação em concreto do abstrato "pobreza" como complemento do verbo "dar"! E que maravilha o inesperado par "pobreza e amor"!
Destaque-se também o barroco e belo emprego enfático da forma pleonástica "a mim me" em "A mim me deste a suprema pobreza: o dom da poesia". Quem foi que disse que pleonasmo é necessariamente sinônimo de obviedade ou redundância? Comum na poesia barroca (leiam-se os monumentais textos de Vieira), o reforço da forma tônica "a mim" pela equivalente átona "me" confere tom de inexorabilidade absoluta à pungente afirmação. É isso.

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