sábado, 10 de abril de 2010

Exposição anuncia novo museu de cultura popular em SP – FSP 10/04

"Puras Misturas", que ocupará o antigo prédio da Prodam, une peças colhidas por Mário de Andrade e artefatos indígenas a obras de arte contemporânea

São Paulo começa, amanhã, a pagar uma dívida histórica com alguns dos mais importantes nomes da cultura nacional.
"Puras Misturas", que ocupará o antigo prédio da Prodam, dá a largada oficial à criação do Pavilhão das Culturas Brasileiras. A mostra, que será aberta com a apresentação de grupos musicais -da congada ao hip-hop- traz a público o conceito de um museu há anos prometido.
A "alma" do museu, não só pelas obras, mas por seu significado conceitual, é o material colhido na Missão de Pesquisas Folclóricas empreendida por Mário de Andrade, em 1938.
Seu estofo será o acervo do antigo Museu do Folclore Rossini Tavares de Lima, desalojado do Ibirapuera no ano 2000. Sua contemporaneidade estará nas obras de artistas populares que, desde 2009, vêm sendo adquiridas pela prefeitura.
A tentativa de descolar do museu a etiqueta "folclore" e tratar a arte popular, simplesmente, como arte, fica evidente no recorte da exposição. Ex-votos, bonecas de pano e xilogravuras são vistas, à vontade, entre obras de Brecheret, Vicente do Rego Monteiro e Ronaldo Fraga - sim, o estilista.
Na tentativa de aproximar o público dos objetos, os curadores colocaram, à disposição dos visitantes, 65 bancos moldados por índios, artesãos ou designers de grife, como Sergio Rodrigues. Certamente, Mário de Andrade, Aloísio Magalhães e Lina Bo Bardi, defensores da arte "popular" que alguns "eruditos" custam a aceitar, não recusariam esses assentos.
Resta, agora, aguardar o início do restauro do pavilhão, que terá projeto de Pedro Mendes da Rocha. Desenhado por Oscar Niemeyer, o edifício abrigou, na década de 1950, a Bienal de Artes, mas, quase como que simbolizando o descaso com a cultura, acabou por abrigar, por décadas, a Prodam, empresa municipal de informática.

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25 anos sem Cora

Fonte: o popular 10/04

Programação na cidade de Goiás relembra a data com debates literários

Em 10 de abril de 1985, exatamente há 25 anos, o Brasil perdia uma de suas poetas mais estimadas. Cora Coralina, aos 95 anos de idade, morria em um hospital de Goiânia, mas sua poesia permaneceu e conquistou ainda mais leitores, sendo reconhecida em todo o País pela singeleza e pelo lirismo.

Para lembrar a data, o Museu Casa de Cora, sediado na Casa da Ponte, antiga residência da autora, em parceria com a Universidade Federal de Goiás, Universidade Estadual de Goiás e a Irmandade Bom Jesus dos Passos, da cidade de Goiás, promove uma série de atividades de hoje até a quinta-feira.

As homenagens terão início às 19h de hoje, com uma celebração em ação de graças na Igreja de São Francisco, perto da Rodoviária, às margens do Rio Vermelho. A cerimônia contará com a apresentação de um poema de Cora, Meu Epitáfio, declamado por Elenizia da Mata e Daniel Melo. Esses versos foram gravados na lápide de Cora Coralina, que foi sepultada na cidade de Goiás. Alunos do curso de Letras da UEG do câmpus da cidade prepararam algo especial em memória da maior escritora da terra, que vão apresentar na celebração.

Na terça-feira, dia 13, começa a 3ª Jornada de Estudos Coralineanos, dedicados à análise de diversos aspectos da poética da autora, no Auditório Brasilete Caiado, na sede da UEG em Goiás. A palestra de abertura do evento será A Morte Sob a Visão da Literatura, às 19h, proferida pelo professor, crítico e escritor José Fernandes. No dia 14, o professor Gonçalo Armijos Palácios vai falar, no mesmo local, também às 19h, sobre um tema próximo: A Visão da Morte na Perspectiva da Filosofia. No último dia de atividades, na quinta, será exibido o longa-metragem As Tranças de Maria, de Pedro Rovai, filme que é uma adaptação de um poema famoso de Cora. A sessão será na UEG, às 19h. Todos os eventos têm entrada franca.

De acordo com Marlene Velasco, diretora do Museu Casa de Cora, os debates foram pensados para aproximar mais a comunidade e os estudantes da obra da poeta. “Este ano, como estamos lembrando os 25 anos da perda da Cora, resolvemos abordar a questão da morte. As discussões tratam de como a morte é mostrada e trabalhada na literatura.”

Ela afirma que esse tipo de iniciativa é importante em razão de as informações a respeito de Cora Coralina não serem tão disseminadas quanto se imagina, nem mesmo na cidade em que nasceu e da qual se tornou um dos símbolos. “Muita gente de Goiás ainda não viu o filme Tranças de Maria, por exemplo.”

Ana Lins dos Guimarães Peixoto, Cora Coralina, nasceu na antiga capital goiana em 20 de agosto de 1889. A poesia era uma de suas paixões já na juventude, mas não pode exercê-la por muito tempo, em razão dos preconceitos que cercavam as mulheres de seu tempo e, depois, por determinação do marido, com quem viveu no interior de São Paulo por quase 50 anos.

Sua saída de Goiás foi cercada de polêmica, já que o homem com quem formaria família era bem mais velho e já fora casado, um escândalo no início do século 20. Na volta à cidade, retomou a posse da casa que fora de seus pais e lá começou a escrever. Sua poesia e seus doces encantaram turistas e intelectuais, como Carlos Drummond de Andrade, autor da crônica que a alçaria à fama nacional. Em 1984, ganhou o Troféu Jabuti.

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