quarta-feira, 30 de maio de 2012


MP move ação contra Thomaz Bastos.  Valor Econômico - 30/05/2012

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O procurador regional da República da 4ª Região, Manoel Pastana, protocolou ontem no Ministério Público Federal de Goiás representação que pede a investigação da origem do dinheiro recebido pelo advogado e ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, pela defesa do contraventor Carlos Augusto Ramos, o "Carlinhos Cachoeira". Conforme o procurador, como Cachoeira não tem recursos lícitos nem patrimônio disponível para pagar os honorários, Bastos pode estar incorrendo nos crimes de lavagem de dinheiro ou de receptação culposa, que preveem penas de três a dez anos e três a oito anos de reclusão, respectivamente, mais multa.

Pastana sustenta que "há indícios de que o representado [Bastos] já cometeu, ou está prestes a cometer, o delito de lavagem de dinheiro ou, no mínimo, receptação culposa, em decorrência da percepção de honorários advocatícios oriundos de atividades criminosas". Esta não é a primeira representação feita pelo procurador contra figurões da política brasileira. Em abril de 2011 ele pediu que o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, apresentasse denúncia criminal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por participação no esquema do mensalão, mas a solicitação foi arquivada.

Segundo o procurador, a renda declarada por Cachoeira à Receita Federal é de R$ 200 mil por ano e por isso seria "impossível" arcar com os honorários de Bastos, que seriam de R$ 15 milhões conforme notícias veiculadas pela imprensa. Além disto, os bens do contraventor foram bloqueados pela Justiça, o que aumenta os indícios de que os recursos usados no pagamento venham das atividades criminosas pelas quais ele foi preso e está sendo investigado, acrescenta. De acordo com ele, se os escritórios de advocacia receberem dinheiro ilícito, se transformarão em uma "grande lavanderia".

Em nota, o ex-ministro da Justiça de Lula repudiou as "ilações". Segundo Bastos, a representação é um "retrocesso autoritário incompatível com a história democrática do Ministério Público. Esse procurador confunde deliberadamente o réu e o advogado responsável por sua defesa, abusando do direito de ação".

Bastos diz ainda que a iniciativa de Pastana provoca "indignação" e é uma "tentativa leviana de intimidar o advogado, para cercear o direito de defesa de um cidadão". Acrescenta que os honorários seguem as "diretrizes preconizadas pelo código de ética da advocacia e por outras leis do país" e que em "quase 60 anos" como advogado "jamais se defrontou com questionamentos desse calão, que atentam contra o livre exercício do direito de defesa, entre outros direitos e garantias, tanto do acusado como do seu defensor".

O procurador afirma que não está "acusando" o ex-ministro de cometer um crime, mas apenas pedindo para o MPF de Goiás - que já ofereceu denúncia contra Cachoeira - apurar se os honorários estão sendo pagos com dinheiro de origem criminosa. Se amigos do contraventor estão contribuindo para o pagamento, isto deve ser comprovado, explica. Ele sugere a quebra dos sigilos fiscal e bancário de Bastos e diz que embora a atuação dele não seja ilegal, ela "ofende e moral e a ética" por se tratar de um advogado que, como ministro da Justiça, teve como missão "defender o Estado da ação deletéria de infratores perniciosos".

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante Júnior, também divulgou nota em que critica o procurador, por tentar "denegrir a imagem da advocacia brasileira, confundindo o exercício profissional com os atos que são imputados ao seu constituinte".
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Turistas procuram novos destinos.  Valor Econômico - 30/05/2012

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O mercado nacional de turismo marítimo vem se ampliando nos últimos anos, impulsionando as economias locais. Só na última temporada (de outubro de 2011 a maio), cerca de 894 mil turistas viajaram a bordo de 386 roteiros feitos por 17 navios, segundo dados da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar). Os números representam um aumento de mais de 12% na quantidade de turistas que visitaram o país, em relação a temporada de 2010/2011, com pouco mais de 792 mil, de acordo com estudo realizado pela associação e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O crescimento é uma constante no segmento nos últimos oito anos, período em que avançou mais de 540%. O desenvolvimento econômico do país e a estabilidade foram os principais propulsores desse movimento. Além dos brasileiros passarem a ter possibilidade de viajar, a diversificação dos cruzeiros, tanto em termos de rota e período de viagem quanto em preço e formas de pagamento, favoreceu a procura por essas viagens por variadas classes sociais.

Porém, a expectativa é que, pela primeira vez em anos, ocorra uma queda na próxima temporada. "A previsão é receber 813 mil hóspedes em 2012/2013", diz Ricardo Amaral, presidente da Abremar. Os principais motivos para a retração prevista são a falta de novos destinos brasileiros e o alto custo operacional. "China, Austrália e Emirados Árabes estão gerando novos destinos que estão capturando os turistas." Outro grande problema são os custos: no Brasil os impostos para o navio turístico são cerca de 25% mais caros que em outros lugares, afirma Amaral. Os primeiros sinais desse quadro já apareceram. "Na temporada 2010/2011 houve um crescimento de apenas 1,6%, o menor nos últimos quinze anos", diz. Outro termômetro é o número de navios turísticos recebidos na temporada que baixou de 20 em 2010/2011 para 17 em 2011/2012.

Apesar dos sinais menos otimistas, o Brasil acaba de assumir o quinto lugar no ranking mundial, muito próximo da quarta colocação. "A indústria brasileira de cruzeiros marítimos tem muito potencial", diz Amaral. O turismo marítimo tornou-se uma importante via de acesso de estrangeiros ao Brasil. Dados do Ministério do Turismo evidenciam um incremento acumulado nas chegadas de turistas internacionais, por via marítima, de 182% de 2003 a 2010, enquanto no mesmo período, o total de chegadas de estrangeiros pelas diferentes vias de acesso ao país aumentou 23%.

O segmento de cruzeiros marítimos movimenta mais de US$ 70 bilhões por ano, de acordo com o Ministério do Turismo. As cidades portuárias são as maiores beneficiadas. Considerando a movimentação gerada com os gastos dos cruzeiristas e tripulantes na temporada 2010/2011, o impacto nos destinos de embarque e desembarque ficou em R$ 522,5 milhões no Brasil.

Os portos brasileiros, porém, não apresentam infraestrutura adequada para receber o fluxo de navios e turistas previsto nas temporadas, conforme detectou o estudo. Muitos destinos não têm porto para atracação de navios, sendo necessária a utilização de cais e marinas privadas. Na maior parte dos portos também não há diferenciação de terminal de carga e de passageiros.

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Governo corrige alguns erros de um Código retrógrado. Valor Econômico - 30/05/2012

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Anos de discussão do novo Código Florestal resultaram em uma legislação pior, se seu objetivo é garantir, como aponta uma das 32 modificações feitas pelo Executivo na lei aprovada pelo Congresso, a "proteção e o uso sustentável dos recursos naturais". Mais do que dispor, com visão ampla, sobre o futuro, o novo Código acabou sendo uma tentativa de passar a borracha em um passado condenável, eximir de culpas e responsabilidades os desmatadores e tomar a realidade atual como ponto de chegada de um texto legal. O governo se preparou mal e atuou mal, para ao fim das contas tentar apagar um incêndio de grandes proporções, capaz de arruinar as credenciais ambientais do Brasil às vésperas de o país sediar a Rio+20. Mas, mais do que competência negociadora, que faltou, o desfecho tem a feição inexorável dos interesses da enorme base governista, de onde partiram as armadilhas das quais o governo não soube se desvencilhar, supondo que quisesse fazê-lo. Setores de PMDB e de outros partidos, mais ruralistas radicais, não quiseram poupar a presidente Dilma Rousseff de um vexame às vésperas da conferência internacional sobre desenvolvimento sustentável.

Os 12 vetos e as 3 dezenas de modificações do Executivo restabelecem parte do texto de algum consenso gerado no Senado. Não há como esconder, porém, o retrocesso. Um dos pontos relevantes, em uma discussão cuja complexidade foi subjugada pelo passionalismo de torcidas organizadas, foi o de recuperação das Áreas de Preservação Permanente ao longo dos cursos d"água naturais. Pelo Código de 1965, e dependendo da largura do rio, a faixa de proteção variava de 30 metros a 500 metros. Agora, aceita-se que a recomposição dessas áreas varie de acordo com o tamanho da propriedade, mas a obrigação vai de 5 metros a 100 metros no máximo. No projeto aprovado pelo Congresso, sequer havia área definida de recomposição para propriedades com mais de quatro módulos rurais (400 hectares na Amazônia, de 240 a 320 ha no Nordeste e Sul e 150 ha no Sudeste).

O artigo 67, que não foi vetado, estipula que "nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área de até 4 (quatro) módulos fiscais e que possuam remanescente de vegetação nativa em percentuais inferiores ao previsto no art. 12, a Reserva Legal será constituída com a área ocupada com a vegetação nativa existente em 22 de julho de 2008, vedadas novas conversões para uso alternativo do solo". Os produtores dessas áreas não terão de recompor o que foi desmatado, mas eles representam cerca de 90% dos imóveis rurais e 67% do passivo de reserva legal.

Além disso, a margem de proteção dos rios considerava, no velho Código, o nível mais alto do rio, para defender as várzeas. Pela MP, a recuperação de áreas, que já serão menores, considera a medição a partir da "borda da calha do leito regular", o que é outra coisa bem diferente.

A manobra governista para corrigir parte do retrocesso foi a de atenuar o custo da recuperação para as propriedades menores, de forma a dividir a bancada ruralista e facilitar sua aprovação. Politicamente faz sentido, ecologicamente não faz diferença se a beira do rio perde vegetação por obra de um grande latifundiário ou de um sem-terra.

O governo, entretanto, brecou alguns dos aspectos mais absurdos da lei saída do Congresso. Os topos dos morros simplesmente deixaram de fazer parte das áreas de preservação e voltaram a sê-lo na MP. Outro trecho da lei aprovada parece ter sido feito para beneficiar as madeireiras ilegais. Foi permitido que sejam aceitos Documentos de Origem Florestal emitidos por Estados não interligados ao sistema federal, retirando do Ibama o poder de bloquear documentos não oriundos do sistema nacional de dados de extração. Por fim, o governo acabou também com a permissão de acesso ao crédito rural de proprietários que não se inscreverem no Cadastro Ambiental Rural, criado pelo novo Código, para atestar a regularidade ambiental dos imóveis ou as ações tomadas para a regularização. A proibição foi reintroduzida pela MP.

O governo cedeu diante de ameaças de parte da base governista que exigia a votação do Código sob pena de obstruir a votação de outros projetos. Do Congresso saiu uma peça pior do que a mais pessimista das expectativas. O Planalto se viu diante das opções de afrontar a vontade do Congresso e aceitar o popular "veta, Dilma" ou render-se ao "realismo" político do meio-termo. No meio de péssimas barganhas, quem perdeu foi o ambiente.

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Índios do Alto Xingu iniciam montagem de aldeia.  O Estado de S. Paulo - 30/05/2012
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A casa dos povos indígenas durante a conferência Rio+20 começou a tomar forma na tarde de ontem pelas mãos de 21 guerreiros da nação Kaiamurá, do Alto Xingu, em Mato Grosso. A aldeia Kari-Oca, sede do encontro de povos nativos de todo o mundo, está sendo erguida no campus da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em Jacarepaguá, zona oeste do Rio. No terreno, de 7 mil m2, os guerreiros trabalham para levantar duas ocas de debates, alojamentos e uma tenda tecnológica, de onde as discussões serão transmitidas via internet para povos indígenas dos EUA ao Japão.

A oca construída sediará encontros e debates sobre temas como alimentação, mudanças climáticas, energia limpa, erradicação da pobreza e economia verde. No total, cerca de 1.200 índios circularão pelos espaços. Eles vão preparar um documento que será entregue aos representantes da ONU. Cada guerreiro irá receber cerca de R$ 900 pelo trabalho de construção da aldeia. O orçamento do projeto é de R$ 1 milhão, mas os recursos ainda não foram liberados pelo governo federal.

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Direito à terra foi vitória da Rio-92.  O Estado de S. Paulo - 30/05/2012

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Mas falta de implementação de leis e novas medidas ameaçam populações tradicionais


Entre as muitas decisões históricas obtidas com a Rio-92, não são muitas que, 20 anos depois, pode-se dizer que vingaram. O reconhecimento de que comunidades tradicionais das florestas, como índios e ribeirinhos, têm o direito de acesso à terra pode ser uma das exceções.

A conclusão é de um estudo que avaliou a evolução, desde 1992, da criação de políticas de acesso à terra para esses povos. Foram consideradas as legislações de 27 países em desenvolvimento (até mesmo o Brasil), que detêm cerca de 75% das florestas tropicais do mundo e onde vivem 2,2 bilhões de pessoas em áreas rurais - recorte considerado por incluir as pessoas que dependem dos recursos florestais.

O levantamento, feito pela entidade internacional RRI (sigla em inglês para Iniciativa para Direitos e Recursos), identificou que todos os países hoje têm uma ou mais leis que reconhecem os direitos dessas comunidades, em nível nacional ou regional. E grande parte delas foi criada após a conferência de 92.

Mas apesar de isso ser considerado um avanço pela entidade, o cenário está longe de ser ideal. A pesquisa também constatou que mais de um terço das regras que regem os direitos à terra na maioria das florestas da África, da Ásia e da América Latina acaba, na prática, restringindo a capacidade das comunidades de exercer tais direitos.

"Aproveitando agora a proximidade da Rio+20, acho que podemos contar uma das poucas histórias de sucesso. O reconhecimento do direito de propriedade é um instrumento que cumpre com o objetivo do desenvolvimento sustentável, porque ao mesmo tempo consegue uma redução da pobreza, melhora da vida das pessoas que dependem da floresta e redução do desmatamento", afirma a advogada brasileira Fernanda Almeida, baseada em Londres, que desenvolveu o estudo para a RRI.

"Mas ao mesmo tempo em que houve aumento da criação de arcabouço legal, ainda falta a implementação dessas leis, alguns regimes não são tão abrangentes quanto o desejado no que tange aos direitos específicos", diz. "Alguns regimes reconhecem o direito ao uso de recursos florestais, mas somente para a subsistência e não os direitos de comercialização por essas comunidades. Outros reconhecem o acesso, mas não permitem que essas comunidades excluam terceiros de explorá-los também."

Situação brasileira. Ela cita como um exemplo positivo no Brasil a criação das reservas extrativistas (Resex) - uma modalidade de unidade de conservação que permite que comunidades tradicionais permaneçam no local, fazendo uso sustentável dos recursos. Antes de 2000, quando uma área era decretada como protegida, as populações que ali viviam tinham de ser retiradas. Para a entidade, esse tipo de ação foi fundamental para melhorar a proteção. "Na Resex de Marajoí (PA), por exemplo, não havia mais palmeiras de açaí. Quando a comunidade local viu seus direitos reconhecidos, eles passaram a investir no reflorestamento das palmeiras para viver desse recurso."

Para Fernanda, o estudo também serve como um alerta, às vésperas da Rio+20, do risco de o Brasil retroceder nesse quesito. Ela se refere ao Projeto de Emenda à Constituição (PEC) 215 que está em análise no Congresso e possibilita que os Poderes Legislativos locais possam derrubar demarcações de terras indígenas que tenham sido feitas pelo Executivo.

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ARTES VISUAIS.  Festival reúne vanguarda internacional

O Festival Nova Cultura Contemporânea (Sesc Pompeia - r. Clélia, 93; tel. 3871-7700) recebe hoje, às 21h, apresentações de música e artes visuais. Na programação, Eluvium (EUA), Abstract Birds & Quayola (ITA), Bosque de Mi Mente (ESP) e Karl Kliem (ALE). Os ingressos vão de R$ 5 a R$ 20. FOLHA SP 30.05

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ANÁLISE SUSTENTABILIDADE
Mineração é parte da solução ambiental para a 'economia verde'. FOLHA SP 30.05

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A poucos dias da Rio+20, governos, indústria, academia e sociedade se preparam para debater sobre estratégias globais que conduzam o maior número possível de nações a adotar o conceito ainda pouco conhecido criado pela ONU: "economia verde".

O novo modelo busca equilibrar o uso dos recursos naturais ao avanço dos negócios e do bem-estar, sem maiores riscos às espécies e aos ecossistemas.

Dimensionar as implicações sociais e econômicas no âmbito de um desenvolvimento que almeja a sustentabilidade será um desafio extra. As mudanças climáticas e a eficiência energética serão alguns dos focos centrais, determinantes para atingir o objetivo ainda conceitual da ONU.

Uma avaliação que será apresentada em workshop exclusivo sobre o tema, em 18 de junho, certamente causará surpresa na conferência: qualquer que seja o caminho a ser seguido, a mineração e os bens minerais terão papel estratégico na transição para a "economia verde".

Existe uma interdependência entre as atividades de mineração e as de geração, armazenamento e transmissão de qualquer tipo de energia.

Muitas das soluções para ampliar a eficiência nessa área passam obrigatoriamente pela maior disponibilidade de minerais.

As mais conhecidas fontes de energia alternativa, como as placas solares e as células fotovoltaicas, também dependem de minérios. São produzidas com silício.

Outros exemplos são as turbinas eólicas e as baterias de carros híbridos que demandam diversos minerais. Muitos deles de difícil obtenção, como é o caso das chamadas "terras-raras" -grupo de 17 minerais raros que têm despertado tanta polêmica devido ao domínio chinês sobre sua produção.

Outro ponto a ser apresentado na Rio+20 é que para suprir a demanda de energia cada vez maior será preciso rever as alternativas nucleares. O uso de minerais como o tório (Th) aponta para a possibilidade de usinas nucleares com emissões e resíduos nulos e elevada segurança.

Ao mesmo tempo em que a mineração será capaz de contribuir decisivamente para viabilizar a eficiência energética com base em matrizes "limpas", a atividade poderá se beneficiar do seu próprio curso. Afinal, muitos de seus processos produtivos são eletrointensivos.

Entre os ecos produzidos pela organização da Rio+20, chilenos e brasileiros programam seminário internacional em setembro, na Bahia, que vai ampliar o debate e propor ações que permitam à mineração exercer seu papel fundamental na solução que viabilizará a "economia verde".

RINALDO CÉSAR MANCIN é diretor de assuntos ambientais do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

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De La Riva cruza sons de Brasil e Cuba em CD produzido por Pupillo FOLHA SP 30.05

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Repertório de "Idilio", 2º álbum da cantora carioca, vai do mambo ao baião estilizado

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Composições cubanas, mexicanas, peruanas. Bolero, mambo, salsa, chá-chá-chá. Música brega, samba triste, baião estilizado.

Em seu segundo disco, "Idilio", cinco anos depois do álbum de estreia, a cantora carioca Marina de La Riva segue sua fórmula de cruzar linguagem brasileira com ritmos latino-americanos.

Com produção da cantora ao lado de Pupillo (Nação Zumbi) e do pianista Pepe Cisneiros, "Idilio" traz faixas como "Estúpido Cupido" em levada mambo, uma canção gravada em Cuba com o tocador de "tres" Papi Olviedo -membro do Buena Vista Social Club- e versões climáticas de Luiz Gonzaga e de antigos sambas dos anos 40.

Acompanhando sua voz grave e sussurrada, quase falada, a sonoridade do disco é sobretudo acústica, com participação de músicos como Raul de Souza (trombone)e figuras da noite paulistana, como Junior Boca, Guizado, Thiago França, Fábio Sá.

"É muito bom fazer parte de um grupo com que me identifico", diz a cantora de 38 anos, lembrando ter assistido a show da Nação e se sentido "renovada". "Não só pelo som, mas por estar vendo o amigo tocar, o jeito que ele pensa", resume. "O Pupillo é roots, mas é elegante. Tem suingue, mas é doce. E eu queria aquilo no meu CD."

Filha de mãe mineira com pai cubano, ela conta que se encontrou como cantora quando foi buscar seu repertório nas influências familiares, uma espécie de "latin chic contemporâneo", diz.

"Isso tudo é muito natural, o que canto é pura vontade", explica. "Tenho muita vontade de cantar sambas como 'Juracy' e, ao mesmo tempo, se não tiver a clave marcando o ritmo, estou infeliz. Duas coisas unem Cuba e Brasil profundamente: a mãe África e o trovador romântico."

IDILIO

ARTISTA Marina de La Riva
GRAVADORA Universal
QUANTO R$ 25, em média

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LITERATURA »
O poeta e a cidade
A jornalista Gilda Furiati analisa em livro as formas como Nicolas Behr traduz sua relação com Brasília. Correio BSB  30/05

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Nicolas em cena do filme Braxília: amor e estranhamento, da visão ingênua à reflexão crítica
Em Brasília vive um mato-grossense numa constante relação de perplexidade com o espaço que habita. E ele tem escrito, desde os anos 1970, alguns dos versos mais carinhosos, cortantes e verdadeiros sobre esse lugar. Ainda estranhando (e amando) seus espaços (ou a falta deles), chegou ao ponto de recriá-lo, chamando-o de Braxília. É esse morador inquieto, tanto escritor quanto sujeito poético, que a jornalista Gilda Furiati investiga nas páginas de Brasília na poesia de Nicolas Behr (editora UnB), que ela lança hoje, às 18h, no Memorial Darcy Ribeiro, no Câmpus da UnB.

Na pesquisa, elaborada em forma de dissertação de mestrado e agora editada em livro, Gilda classifica a produção de Behr em períodos de tempo e estágios de expressão artística. Em três momentos — anos 1970 e 1980, 1990 e início da década de 2000 —, Behr observa Brasília com sentimentos de idealização, utopia e crítica. Para entender desdobramentos e metamorfoses sugeridos por cada fase, a autora usou as ideias da crítica genética, em que o pesquisador procura conhecer, em profundidade, procedimento e produção da obra e do seu criador. “A poesia dele vai ficando cada vez mais reflexiva sobre a cidade, trazendo novas informações sobre ela. E Brasília também se modifica”, diz ela.

Rebelde

De início, Gilda vê Behr como um rebelde, ainda um jovem poeta da geração mimeógrafo. Seus primeiros trabalhos esboçam uma cidade produzida por sonhos e mitos. “Ele começa a colocar sua percepção de uma maneira desordenada, não sabe bem o que sente. É a fase dos versos ‘peguei o primeiro ônibus / pra Brasília / e encontrei a morena na rodoviária / comendo pastel, tomando caldo de cana / e passeando nas escadas rolantes’. É uma Brasília ingênua”, explica.

A guinada vem nos anos 1990, quando o poeta começa a intensificar o uso da ironia como ferramenta de reconstrução da cidade. Behr se torna, também, um pesquisador: lê e busca referências em livros, teses e estudos sobre a cidade. Surge, na mente do artista e no olhar do sujeito que aqui reside, a utopia de uma capital às avessas: Braxília. E a imagem de um recanto mágico, especial, supostamente menos barulhento e caótico que o dos grandes centros, que não tem miséria nem pobreza, desaparece. “O tempo todo, ele vai tratando disso com bom humor, para refletir sobre coisas difíceis. Ele usa muito do seu jeito brincalhão para falar de exclusão, solidão e outras coisas”, entende Gilda.

No último e terceiro movimento, Behr reaparece ainda mais crítico: seu trabalho ousa, inclusive, se apropriar de paradigmas de Brasília — como Lucio Costa, Oscar Niemeyer e Burle Marx — para dar voz a esse morador poético perdido, talvez desolado, mas certamente apaixonado. “Aí ele brinca mesmo. Muda o sentido de verbos e substantivos, desmonta uma ‘arte para arquiteto ver’. Existe essa mitificação toda, que ninguém pode falar nada de JK, que Brasília é perfeita. E ele e nós sentimos que não é. É um projeto, um plano com defeitos. Brasília, diz ele, ‘é o fracasso mais bem planejado de todos os tempos’”, avalia.


Três perguntas// Nicolas Behr
Qual a principal diferença da poesia feita nos anos 1980 com a produzida hoje?
A poesia explodiu com os novos meios. Novas propostas que mexeram com a poesia, no sentido de ninguém saber direito o que está acontecendo. A crise na poesia é boa. Porém, o meio não é a mensagem. Colocar o poema, não importa se num blog, no Twitter, ou sei lá. Tudo cai na questão da invenção e da fantasia. Existe muita papagaiada, carro alegórico, mas o que faz diferença é o que está escrito. Sou poeta mais do papel do que da tela.

Incomoda a vinculação de sua obra com Brasília?
Quando cheguei em 1974, Brasília era uma página em branco na parte da poesia. Se escrevia pouco sobre Brasília. A cidade me machucou. Era inóspita. A poesia cicatrizou as feridas. Fiquei um poeta geograficamente localizado, rotulado. Por outro lado, tenho a sensação de pertencimento. Uma relação de amor difícil, mas muito forte.

Quais são seus projetos para este ano?
Devo lançar dois livros: Meio seio, de poesia erótica, ilustrado pelo Evandro Salles, e A lenda do menino lambari, sobre a minha infância em Mato Grosso. Deverão ser lançados juntos em agosto. Assim, não fico um poeta de uma nota só. É preciso desintoxicar um pouco de Brasília. Se bem que tenho dois livros sobre Brasília para daqui a dois ou três anos.


História de amor em três tempos

FASE 1

“sexta-feira chegou
 mas ela não veio
 peguei o primeiro ônibus
 pra brasília
 e encontrei morena na  
 rodoviária
 comendo pastel, tomando caldo
 de cana
 e passeando nas escadas
 rolantes

Nos versos produzidos nessa fase, o que se verifica é a ocorrência de um efeito de espelhamento em que a poesia projeta o espaço físico da cidade na sua inter-relação com o texto estruturado (caso aqui do relatório de Lucio Costa). Interação constante e umbilical, eis que a imagem poética se integra com perfeição à própria forma da cidade refletida em concreto.”


FASE 2

“eu engoli brasília

 em paz com a cidade
 meu fusca vai
 por esses eixos,
 balões e quadras,
 burocraticamente,
 carimbando o asfalto
 e enviando ofícios
 de estima e
 consideração
 ao sr. diretor

A explosão de uma imagem aprofunda o processo de investigação em Nicolas Behr — agora em paz com a cidade e suas mazelas (…) Os versos agora são investidos de um discurso de caráter social e político e o sujeito assume a forma de um automóvel (o fusca) na sua prártica da burocracia (enviar ofícios e estima ao diretor).”


FASE 3

 brasília só para convidados

 sem crachá não entra
 sem carimbo não entra
 sem puxar o saco não entra
 sem este poema não entra

 buritis burocráticos
 demitem monótonos gramados

Reduzido em seu desespero, o cidadão é representado de forma deformada no processo de adjetivação que dá vida e alma às formas físicas da cidade (blocos melancólicos, eixos se retorcendo, gramados deprimidos, linhas suicidas) (…) E a monumentalidade da cidade agora deve ‘ser esquecida’.”
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LITERATURA »
Histórias fantásticas de Eça e Poesia . Correio BSB  30/05
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Ilustração de Harry Clarke para a antologia de Edgar Allan Poe
Ilustradas e recheadas de introduções que complementam os escritos originais, chegam ao mercado literário reedições bem acabadas de O mandarim (1880), do português Eça de Queirós, o tão conhecido autor de O primo Basílio e O crime do Padre Amaro, e da coletânea Contos de imaginação e mistério (1919), do norte-americano Edgar Allan Poe. Separados por algumas décadas — Queirós nasceu em 1845, quatro anos antes da morte precoce de Poe, aos 40 —, eles enobreceram as línguas com as quais assinaram seus trabalhos: Queirós era ícone do realismo, e Poe, um artesão de histórias de mistério e terror. À primeira vista, parecem ter pouco em comum. Mas não é o caso das obras que agora retornam às prateleiras das livrarias.

O mandarim é, como o próprio autor define na “carta que deveria ter sido um prefácio”, “uma história de fantasia e do fantástico”. Ambientado em tons envelhecidos de cores bege e marrom dos desenhos do argentino Alberto Cedrón, morto em 2007, Queirós narra o encontro de um funcionário público aborrecido, Teodoro, com o próprio diabo. Satanás o seduz com a seguinte proposta: que mate um mandarim e ganhe, em retorno, uma fortuna. Teodoro, servidor do Ministério do Reino, nem hesitou.

Mestre do suspense
Contos de imaginação e mistério foi a primeira coleção completa a catalogar algumas das obras (no total, 22) mais importantes — e, talvez, aterrorizantes — de Poe, como O gato preto e Silêncio — Uma fábula.  Mas o atrativo da atual edição é o prefácio do poeta e crítico de arte Charles Baudelaire. Ele escreve, na introdução, que “do seio de um mundo esfomeado por materialidades, Poe se jogou no sonho”. O colega trata o americano como uma espécie de escritor de protesto, que ousava criticar a hipocrisia do processo democrático e do progresso econômico. “Produto de um século orgulhoso de si mesmo, filho de uma nação mais orgulhosa de si mesma que qualquer outra, viu com clareza e afirmou impassivelmente a perversidade do homem”, anota Baudelaire. Mais preciso, impossível.


      
CONTOS DE IMAGINAÇÃO E MISTÉRIO
De Edgar Allan Poe, com prefácio de Charles Baudelaire. Ilustrações de Harry Clarke. Tradução: Cássio de Arantes Leite. Tordesilhas, 424 páginas. R$ 59,90.


O MANDARIM
De Eça de Queirós. Ilustrações de Alberto Cedrón. Tordesilhas, 84 páginas. R$ 49,90.


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Dicas de português
“Estou sempre disposto a aprender embora nem sempre goste que me ensinem.”   Churchill
Por Dad Squarisi. Correio BSB  30/05
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O disse não disse
É um deus nos acuda. De um lado, Gilmar Mendes. De outro, Lula. No meio, o mensalão. Conversa vai, conversa vem, o ex-presidente teria insinuado que gostaria de adiar o julgamento mais cabeludo da história. Gilmar se fez de desentendido. Lula, então, tirou uma carta do colete. “E a viagem a Berlim?” Na capital alemã, o ministro se encontrou com Demóstenes Torres. Ele mesmo, o senador amigo do bicheiro Carlinhos Cachoeira.
Enquanto rende o disse não disse, a coluna pega carona no episódio. E dá uma dica de grafia. Trata-se do respeito a pai, mãe & cia. sanguínea. Na língua, a família tem força total. Se casa se grafa com s, os filhotes mantêm a marca: casinha, casebre, casarão. A pergunta de Lula traz à tona clã pra lá de maltratado. Trata-se do verbo viajar. O infinitivo se grafa com j. Todas as formas mantêm a letra: que eu viaje, ele viaje, nós viajemos, eles viajem.


Confusão
Abra os olhos. Viajar se grafa com j. O substantivo viagem não tem nada com o verbo. Escreve-se com g: Lula lembrou a viagem a Berlim. Comprei a passagem na agência de viagens. Meninos, viajem e façam boa viagem. Que viagenzinha simpática!


Por falar em família…
Quis e pus se escrevem com s. Diz e fiz, com z. Por quê? Trata-se da ilustre senhora família. Dizer e fazer têm z no infinitivo. Todas as formas em que soar o z, a lanterninha do alfabeto pede passagem (diz, dizemos, dizem; fiz, fizemos, fizer, fizermos, fizesse). Querer e pôr não exibem z no infinitivo. Então, sempre que o fonema z soar, será a vez do s (quis, quiser, quisesse; pus, pôs, pusemos, puser, pusesse).


Vem, elegância
A história continua. Em nota, Lula disse estar indignado. Olho na pronúncia. Muitos acrescentam um izinho depois do g. Dizem “indiguinado”. O mesmo ocorre com “adivogado”, “subistantivo”, “adijetivo”. Nada feito. Xô, intruso! Que venham os elegantes: indignado, advogado, substantivo, adjetivo.


Do Oriente Médio
“No curto e médio prazo, não vejo nenhuma luz no fim do túnel. A violência na Síria vai aumentar”. O comentário chamou a atenção. Não seria a curto e médio prazo? A locução é a prazo (compras a prazo, vendas a prazo). O adjetivo não muda a estrutura. Com ele, a preposição se mantém como dantes no quartel de Abrantes: A médio e curto prazo, não vejo nenhuma luz no fim do túnel.


Olha a idade
Débora Bloch é garota-propaganda da Varilux. “Depois dos 40, a gente não enxerga do mesmo jeito”, diz ela. É verdade. É verdade também que enxergar se escreve com x. Por quê? Depois de en, se soar xis, a cruzadinha pede passagem: enxergar, enxofre, enxoval, enxaguar, enxotar, enxerto, enxaqueca, enxame, enxurrada, enxuto.Ops! Não vale bobear. Lembre-se: a família está acima de qualquer regra. Ora, cheio se grafa com ch. O filhote encher também. Enchente idem.


Nota 10
Heleno Nunes sabe fazer artes. Cartunista de sucesso e pintor aplaudido em Europa, França e Bahia, parte agora para a escultura. Lagoa Santa, cidade onde nasceu, lhe encomendou obra monumental. Trata-se de homenagem ao pentacampeão Gilberto Silva, filho da terra. O monumento terá 10 metros.
Oba! A cidade vibrou. No meio da euforia, pintou uma questão. A escultura será em concreto? De concreto? Vamos por analogia. A blusa é de seda. O casaco, de linho. O sapato, de couro. A mesa, de madeira. O copo, de plástico. A boneca, de pano. A escultura não foge à regra. Será uma escultura de concreto. Poderia ser de bronze. Ou de pedra.


Leitor pergunta
Tenho uma dúvida que pode parecer cerebrina ou gongórica, mas me despertou a curiosidade: o superlativo absoluto sintético do adjetivo sério é seríssimo ou seriíssimo. Li que os adjetivos terminados em io precedido de consoante, sofrem duplicação do “I”, mas frequentemente observo o uso do termo seríssimo. E daí?

Jimmy Lauder, lugar incerto

Você tem razão. São cinco adjetivos que dobram o i: sério (seriíssimo), macio (maciíssimo), necessário (necessariíssimo), precário (precariíssimo), sumário (sumariíssimo).

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Um comentário:

Carlos Lima disse...

Prezados,

Meu nome é Carlos Lima e sou gerente de marketing da Optotal HOYA, empresa proprietária das lentes HOYALUX. No seu texto você cita que a Débora Bloch é a garota propaganda das lentes Varilux, a nossa concorrente, quando fomos nós que contratamos a Débora Bloch para a campanha Sua Visão como aos 20 anos.

Caso tenha dúvidas, favor acessar o site www.lentes-hoya.com.br


Obrigado.