sábado, 26 de maio de 2012


Eslovênia.  Embaixador Gilberto Moura, com o apoio da embaixada da Eslovênia em Brasília, lança o Livro da Rua. Trata-se de uma série da Fundação Alexandre Gusmão, que realiza atividades culturais e pedagógicas da política externa brasileira. A coordenação é entregue à Editora Thesauros, de Brasília, e a difusão é sem fins comerciais. CORREIO BSB  25.05
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A cultura do benefício pessoal
Sessenta peritos do MinC responsáveis por decidir quais projetos podem captar recursos via isenção fiscal são sócios de empresas culturais. CORREIO BSB  25.05
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O Ministério da Cultura (MinC) tem hoje 60 peritos de projetos culturais que também são sócios de empresas que pleiteiam patrocínio por meio da Lei Rouanet. Os pareceristas são os responsáveis por analisar propostas e decidir quais devem ser beneficiadas por esse tipo de mecanismo de incentivo cultural. O Correio obteve a lista com os nomes de todos os peritos que também são proponentes de projetos por meio da Lei de Acesso à Informação. A relação havia sido negada pela pasta em fevereiro passado, quando reportagem do Correio mostrou os conflitos de interesse gerados pela existência de pessoas atuando nas duas funções.

Segundo o levantamento, enviado pelo Serviço de Informação ao Cidadão (SIC) do Ministério da Cultura, 324 projetos foram apresentados via pessoa jurídica por esses 60 peritos credenciados entre 2009 e 2012. Foram solicitados R$ 205,3 milhões para captação via Lei Rouanet, dos quais foram autorizados R$ 185,8 milhões. A exemplo de grande parte dos projetos culturais liberados para buscar patrocínio, apenas 14 dessas 324 inscrições conseguiram apoio, com R$ 11,4 milhões no total.

“Ressalte-se que, até a presente data, não foi constatado qualquer caso de análise de projeto cultural, que visa o benefício da Lei Rouanet, em que o parecerista tenha sido proponente do projeto analisado ou ainda que fizesse parte do quadro diretivo do projeto que ele analisou”, explicou texto do SIC. Entretanto, não foi o que ocorreu com o parecerista Sérgio Mendonça, dono da gravadora paulista Pôr do Som. Sem filtro para diferenciar pessoa jurídica de pessoa física, o ministério já enviou um projeto inscrito por Mendonça para que fosse avaliado. “Fui ético e declinei da missão, informando sobre o conflito”, explicou o produtor ao Correio. A Controladoria-Geral da União (CGU) abriu sindicância para investigar a situação dos pareceristas do MinC. De acordo com a CGU, o procedimento ainda não foi concluído.

Terceirização
A terceirização de profissionais do mercado cultural por peritos técnicos foi apresentada como solução para a demora do MinC em avaliar quais projetos podem ser beneficiados por leis de incentivo. O banco de pareceristas é responsável por analisar cada detalhe dos projetos, como orçamento, impacto social e cultural, e a capacidade de o proponente executar a ideia. Seguindo uma tabela de preços que varia entre R$ 122 e R$ 1.649, de acordo com o valor do patrocínio a ser concedido, cabe ao perito bater o martelo sobre o direito de um produtor cultural se beneficiar da lei e de quanto será esse incentivo. Uma série de conflitos de interesses, no entanto, ameaça a isenção dos pareceres emitidos e a eficácia da solução.

Há casos de pareceristas que atuam como consultores, oferecendo-se para formatar projetos culturais de acordo com os critérios exigidos pela Lei Rouanet. Em sites na internet, sugerem mudanças, incluem informações e dão dicas para que o parecer técnico seja positivo. As ligações entre eles é outra ameaça. Por serem todos do mercado cultural, os peritos se conhecem e até se reúnem em uma comunidade no Facebook.

O Ministério da Cultura afirmou que, desde março, uma ferramenta permite ao Programa Nacional de Apoio à Cultura identificar quais peritos são ao mesmo tempo proponentes e dirigentes de instituições que pleiteiam patrocínio. Ainda de acordo com a pasta, o perito que não informar sobre conflito de interesse na análise de algum projeto terá a renúncia fiscal em questão anulada.
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Coleção tece a poesia dos sonhos de Neruda.  "Navegações e Regressos" traz, em 3/6, a infinitude do chileno em livro inédito no Brasil. FOLHA SP 25.05
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"Navegações e Regressos" (1959) talvez seja um daqueles livros de poesias que acabam por testemunhar a consagração e a plenitude de seu autor, tão disposto a explorar o mundo (com as "navegações") quanto a voltar-se para si (com os "regressos").

Ainda inédita no Brasil, a coletânea é o nono volume da Coleção Folha Literatura Ibero-Americana, que chega às bancas no dia 3/6.

Pablo Neruda (1904-73) escrevia seus poemas para os amigos, cantava as flores, o Chile, a saudade, sua casa, o mito de Lênin e os elefantes.

"Venho do mar, de todos os idiomas", escreve ele. "Recolhi pensamentos, pedras, flores." A infinitude totalizante do mar e um tom forte de esperança parecem se desprender de suas poesias.

Neste seu último livro de "lirismo sem fim",sua disponibilidade em perceber a beleza escondida nas mínimas coisas prova não ter limites: "Gosto das pinças/ das tesouras,/ adoro/ as xícaras,/ as argolas,/ as sopeiras".

Mas o sentido pleno de seus "regressos" se mostra um só: a "terra de cintura fina" que ele canta em um dos poemas do volume, "Ao Chile, de volta": "Nunca fiz mais que te dar", revela o poeta.

Nesta que é a primeira tradução do livro para o português, sua poesia acaba por mostrar-se ainda mais próxima e mais sensorialmente parte de nosso imaginário.

CHEGAR E PARTIR

Tornando-se um dos mais aclamados poetas do século 20, Pablo Neruda versificou o mar, o amor e a política.

Melhor biógrafo de si mesmo, o chileno teceu em seus poemas algumas considerações sobre os sonhos, a poesia e a busca pela estética. Seus escritos representam a visão crítica do autor em relação a sua obra e reafirmam grande parte de suas preocupações políticas e sociais.

E se um poeta não pode se desvencilhar dos lugares onde viveu -e parte da vida do Nobel de Literatura de 1971 transcorreu em países estrangeiros-, seus versos buscaram viajar sem que fosse preciso deixar a amada costa de Valparaíso e apartar-se de si.

Sua morte coincide simbolicamente com a perda da democracia durante os anos sombrios sob a ditadura de

Augusto Pinochet (1973-90), quando as "navegações" adquiriram para os chilenos a ironia amarga do exílio -mas cada futuro "regresso" traria as cores da poesia de Neruda.
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Digitalização da mídia não ameaça textos longos de cultura, diz alemão

Editor da seção cultural do jornal "Die Zeit", Moritz Müller-Wirth participa de congresso em SP.  FOLHA SP 25.05
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Jornalista mostra otimismo com número crescente de leitores do "Zeit" nas versões on-line e impressa
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Os longos textos intelectuais, que há décadas têm um espaço garantido nos principais cadernos de cultura da Alemanha, não estão ameaçados pelo fenômeno da digitalização da mídia. Eles sempre terão um lugar ao lado da informação curta e rápida dos portais jornalísticos.

A opinião é de Moritz Müller-Wirth, 48, editor de cultura do jornal semanal mais importante do país, "Die Zeit".

"Nunca o 'Zeit' impresso contou com tantos leitores como nos últimos anos", declarou à Folha por telefone, de seu escritório em Hamburgo.

Isto, segundo ele, acontece ao mesmo tempo em que o número de usuários da versão on-line do jornal também aumenta -e de forma muito mais rápida (4,72 milhões em fevereiro passado, 17% a mais do que em 2011).

JORNALISMO CULTURAL

Coautor e coeditor de vários livros, assim como cofundador de uma plataforma contra nazistas (www.netz-gegen-nazis.de), Müller-Wirth participará do 4° Congresso Internacional Cult de Jornalismo Cultural, que começa na segunda, no teatro Tuca, em São Paulo.

Promovido pela revista "Cult", o evento terá como tema "A Dialética do Conhecimento - Alta e Baixa Culturas" e receberá como palestrantes, além de Müller-Wirth, o cartunista Art Spiegelman, o escritor Gay Talese e a cineasta Claire Denis.

O editor do "Die Zeit" participa de uma mesa sobre a universidade nas páginas do jornal, da qual também fazem parte o editor da "Ilustríssima", Paulo Werneck, e o professor da Unicamp Marcio Seligmann-Silva.

Müller-Wirth é otimista quanto ao futuro da divulgação de estudos acadêmicos, que a seu ver continuarão encontrando espaço nos "feuilletons", os cadernos culturais alemães. No entanto, defende que podem ser apresentados em reportagens, perfis ou debates.

Leitura obrigatória para a intelectualidade alemã, o "Zeit" foi fundado em 1946.

É um calhamaço em formato nórdico (57 centímetros de altura por 40 de largura), com cerca de 80 páginas.

Traz longos textos de política, economia e cultura, entre outros temas, além de uma revista de variedades.

Liberal de esquerda, o jornal tem como editor o ex-chanceler social-democrata Helmut Schmidt, de 93 anos.

OTIMISMO

Os números do "Zeit" ("tempo", em alemão) confirmam as declarações de Müller-Wirth. O jornal impresso aumenta a cada ano sua tiragem (mais de 505 mil exemplares por semana no ano passado). Também teve um recorde de vendas em 2011.

O editor apontou, porém, para um desafio do jornalismo cultural na era da internet: buscar novos formatos sobretudo para os leitores mais jovens, usuários das novas mídias, que hoje se educam por meio da internet.

"Mas a leitura como caminho para a educação sempre permanecerá como o núcleo da coisa", afirma ele.

O semanário alemão já vem adotando alguns desses formatos na sua versão digital, o "Zeit Online", que conta com uma Redação própria.

Ali, redatores do jornal impresso também apresentam críticas de livros na forma de vídeo, assim como procuram o contato com o leitor na rede social Facebook.

IMPRESSO E ON-LINE

Para o editor do "Zeit", a formação de jornalistas da área cultural deve ser diferenciada entre quem trabalha num portal on-line e quem escreve para o impresso.

Segundo ele, o portal exige textos mais leves, com uma estrutura diferente daquela dos textos da publicação em papel. "O ponto de intersecção é educação e um conhecimento amplo", diz.

O leitor do "Zeit" continua a ser, sobretudo, o chamado "Bildungsbürger" (ou "cidadão culto"), de acordo com Müller-Wirth.

MESA "UNIVERSIDADE NAS PÁGINAS DO JORNAL" - 4º CONGRESSO CULT
QUANDO de 28 a 31/5; mesa
COM Moritz Müller-Wirth, Paulo Werneck e Marcio Seligmann-Silva: terça (29), às 14h
ONDE Tuca (r. Monte Alegre, 1024, tel. 0/xx/11/3670-8453)
QUANTO R$ 800 para todas as atividades do congresso

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"Brasil não tem criadores", diz Tito Bessa

Empresário classifica como absurda ideia de separar marcas conceituais de grifes comerciais nas semanas de moda. FOLHA SP 25.05
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Dono da TNG fala que país não lança tendências e que marcas nacionais se "inspiram" em obras de outros estilistas
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O empresário Tito Bessa, dono da TNG, uma das marcas mais bem-sucedidas do país, divulgou um comunicado sobre a reportagem "Protesto na Passarela", publicada pela Folha em 22/5.

A "Ilustrada" ouviu estilistas de prestígio no mercado que apontaram, entre outras coisas, o desejo de estudar uma separação entre os desfiles de marcas conceituais e os de marcas comerciais nas semanas de moda.

"Caso isso realmente ocorra, as semanas de moda terão que alterar o seu nome para 'Day Fashion Week'", diz trecho do comunicado.

A Folha falou com Bessa depois de seu desfile, anteontem, no Fashion Rio:



Folha - Faz sentido dividir as semanas entre criadores conceituais e comerciais?
Tito Bessa - Quantos criadores tem o país, falo de criadores de verdade? Não temos essa vocação. Misturam bom gosto com criação e se esquecem dos negócios. Fico perplexo quando levantam a bandeira de tirar as grifes comerciais das semanas de moda. Isso é absurdo.

Como você vê sua posição na moda hoje?
Eu entrei na semana de moda depois de muitos outros. E aí? O que eles geraram nos últimos dez anos? Ficam num mundinho fechado.

Quem lança uma tendência?
As tendências ainda vêm dos EUA, da Europa. Isso é centenário.

As marcas são copistas?
Algumas se inspiram em outros estilistas. Precisamos gerar movimento, precisamos sobreviver... Os consumidores esperam um pouco do que veem nas revistas.

Como você avalia a chegada ao Brasil de grandes marcas internacionais?
Vão matar os acomodados. Que bom. Eu me preparei, tenho estrutura. Quem não tem cabeça comercial, empresarial, vá montar um ateliê. Se você faz roupa sob medida, não vai desfilar. Como é que vão pagar o desfile?

Não deveriam desfilar?
Não sei. Se for para vender os bens, acho que não. Melhor ficar em casa. Daqui a pouco perdem a casa.

O Brasil precisa criar marcas de nível internacional?
Sabe o que precisa para uma marca brasileira se firmar lá fora? Di-nhei-ro.

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RIO +20.  Pacote de estímulo ignora a economia verde, dizem críticos. FOLHA SP 25.05
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Economistas e empresários apontam falta de equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade em novas medidas

Para especialistas, não há contrapartida de eficiência energética ou de menos poluição em incentivo a veículos

DENISE MENCHEN
DO RIO
O pacote de estímulo à economia lançado pelo governo federal é alvo de críticas de economistas e empresários, que consideram que o país perdeu a oportunidade de colocar a indústria automobilística no rumo do desenvolvimento sustentável.

O setor foi beneficiado com redução de IPI, maior disponibilidade de crédito e juros menores nos financiamentos para o consumidor.

A avaliação é que, ao incentivar as vendas de automóveis, ônibus e caminhões, o governo deveria ter exigido dos fabricantes investimentos em eficiência energética, redução das emissões de gases do efeito estufa e uso de materiais reciclados em seu processo produtivo, com metas de médio e longo prazo.

As únicas contrapartidas acertadas, porém, foram a redução dos preços ao consumidor final e o compromisso de não demitir funcionários.

"A medida vai esvaziar os pátios das montadoras para encher as ruas das cidades", critica Ricardo Abramovay, professor da USP.

"Enquanto o mundo discute a transição para a economia verde, o que o Brasil está fazendo é estimular a síntese da velha economia, e isso a um mês da Rio+20", diz, citando a conferência sobre desenvolvimento sustentável que ocorre em junho no Rio.

SEM BANHEIRAS

Ele lembra que, em 2009, o governo americano condicionou a ajuda a montadoras ao ganho de eficiência energética dos motores. Para ele, o pacote brasileiro poderia ter feito a mesma exigência, além de prever investimentos em infraestrutura para o transporte coletivo.

Para a presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável, Marina Grossi, o país perdeu a oportunidade de consolidar uma posição de liderança no desenvolvimento sustentável, que ela diz ter sido conquistada "por acaso" - fruto da matriz energética limpa e da riqueza da biodiversidade nacional.

"Para caminharmos em direção a uma economia mais verde, um passo importante é redirecionar incentivos e subsídios", diz, destacando que o país manda sinais trocados com medidas assim.

"Ao mesmo tempo em que tem um plano de mudanças climáticas, uma lei de resíduos sólidos e vai incluir critérios de sustentabilidade nas suas compras, o governo toma ações como essa", afirma.

Para ela, isso acaba gerando um "sentimento de frustração" nos empresários que já incorporaram as preocupações com a sustentabilidade. Ela considera, porém, que esse sentimento é insuficiente para desencorajar as empresas com visão estratégica.

O presidente do Instituto Ethos, Jorge Abrahão, diz que as medidas de estímulo à economia são importantes, mas que é preciso pensar em seus impactos. "Os produtos brasileiros vão ser valorizados quando forem identificados como sustentáveis. O governo poderia ser um indutor desse processo."

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