segunda-feira, 21 de maio de 2012


Flip 2012 abre mais espaço para autor estreante nacional.  Décima edição da Festa Literária de Paraty, de 4 a 8 de julho, vai homenagear Carlos Drummond de Andrade. FOLHA SP   18.05

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Encontro terá nove ficcionistas do país que jamais participaram da Flip; abertura une Verissimo e conferência

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A décima edição da Flip terá um número maior de autores convidados e a presença de vários ficcionistas brasileiros que jamais participaram do encontro.

A programação completa da Festa Literária Internacional de Paraty, que ocorre de 4 a 8 de julho e homenageia o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), foi divulgada ontem.

Como resposta a uma queixa recorrente dos autores brasileiros de que os nomes do país sempre se repetem, nove ficcionistas nacionais estrearão nesta Flip.

São eles: Altair Martins, André de Leones, Carlos de Brito e Mello, Fabrício Carpinejar, Francisco Dantas, João Anzanello Carrascoza, Paloma Vidal e Rubens Figueiredo, além do poeta Armando Freitas Filho, que participará por meio de um vídeo.

No ano passado, os estreantes brasileiros eram três.

Serão ao todo 40 participantes, contra 34 no ano passado. Como novidade, a abertura terá dois destaques: a habitual conferência sobre o homenageado, a cargo de Silviano Santiago e Antonio Cicero, e antes dela uma fala de um velho frequentador da festa, Luis Fernando Verissimo, sobre literatura.

Também contribui para o aumento dos convidados o retorno de uma quinta mesa no domingo -foram quatro em 2011. A organização crê que o feriado de 9 de julho em São Paulo, no dia seguinte ao encerramento, pode minorar o costumeiro esvaziamento da festa no domingo.

As principais atrações internacionais são o inglês Ian McEwan, o americano Jonathan Franzen, o espanhol Enrique Vila-Matas e o Nobel francês J.M.G. Le Clézio.

McEwan e Vila-Matas retornam a Paraty, assim como o britânico Hanif Kureishi, anunciado ontem.

Outros estrangeiros divulgados foram o colombiano Juan Gabriel Vásquez, o libanês Amin Maalouf, o russo-americano Gary Shteyngart e o haitiano Dany Laferrière.

A homenagem a Drummond terá, além da conferência inaugural, uma mesa com os professores Antonio Carlos Secchin e Alcides Villaça e outra com os antagonistas Carlito Azevedo e Eucanaã Ferraz (mais Freitas Filho).

Marca das últimas edições, a abertura a outras linguagens e áreas (HQ, urbanismo, humanidades) diminuiu. A exceção é o debate entre Fernando Gabeira e Luiz Eduardo Soares (veja ao lado).

Para marcar seu décimo aniversário, a Flip prepara um DVD e dois livros. Um deles trará narrativas inéditas no Brasil de dez "veteranos" de Paraty, entre eles McEwan, Julian Barnes, Bernardo Carvalho e Reinaldo Moraes.

No outro, jornalistas como Humberto Werneck, Sergio Augusto e Zuenir Ventura recontam a história da festa.

O orçamento é de R$ 8,4 milhões, 23% maior que em 2011, 44% captados via Lei Rouanet. O preço dos ingressos foi mantido.


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PROFESSOR TEM SALÁRIO MAIS BAIXO DO PAÍS
O Globo - 21/05/2012
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Renda do magistério é a menor entre profissionais de nível superior

Levantamento feito pelo GLOBO, com base em microdados do IBGE, mostra que, em 2010, a renda média de um professor do ensino fundamental equivalia a 59% do que ganhavam os demais trabalhadores com nível superior no país. Em uma década, essa relação melhorou — era de 49%, em 2000. Nesse período, os professores da educação básica ganharam aumentos acima da média dos outros profissionais de nível universitário. Os acréscimos, no entanto, foram insuficientes para reverter o quadro.

Segundo o IBGE, porém, a diferença para demais profissionais com nível superior caiu
O salário dos professores da educação básica no Brasil registrou, na década passada, ganhos acima da média dos demais profissionais com nível superior, fazendo encurtar a distância entre esses dois grupos. Esse avanço, no entanto, foi insuficiente para mudar um quadro que tem trágicas consequências para a qualidade do ensino: o magistério segue sendo a carreira universitária de pior remuneração no país.

Tabulações feitas pelo GLOBO nos microdados do Censo do IBGE mostram que a renda média de um professor do ensino fundamental equivalia, em 2000, a 49% do que ganhavam os demais trabalhadores também com nível superior. Dez anos depois, esta relação aumentou para 59%. Entre professores do ensino médio, a variação foi de 60% para 72%.

Apesar do avanço, o censo revela que as carreiras que levam ao magistério seguem sendo as de pior desempenho. Entre as áreas do ensino superior com ao menos 50 mil formados na população, os menores rendimentos foram verificados entre brasileiros que vieram de cursos relacionados a ciências da Educação - principalmente Pedagogia e formação de professor para os anos iniciais da educação básica.

Em seguida, entre as piores remunerações, aparecem cursos da área de religião e, novamente, uma carreira de magistério: formação de professores com especialização em matérias específicas, onde estão agrupadas licenciaturas em áreas de disciplinas do ensino médio, como Língua Portuguesa, Matemática, História e Biologia.

Achatamento provoca prejuízos

Pagar melhor aos professores da educação básica, no entanto, é uma política que, além de cara, tende a trazer retorno apenas a longo prazo em termos de qualidade de ensino. A literatura acadêmica sobre o tema no Brasil e em outros países mostra que a remuneração docente não tem, ao contrário do que se pensou durante muitos anos, relação imediata com a melhoria do aprendizado dos alunos.

No entanto, o achatamento salarial do magistério traz sérios prejuízos a longo prazo. Esta tese é comprovada por um relatório feito pela consultoria McKinsey, em 2007, que teve grande repercussão internacional ao destacar que uma característica dos países de melhor desempenho educacional do mundo - Finlândia, Canadá, Coreia do Sul, Japão e Singapura - era o alto poder de atração dos melhores alunos para o magistério.

- Não dá para imaginar que, dobrando o salário do professor, ele vai dobrar o aprendizado dos alunos. O problema é que os bons alunos não querem ser professores no Brasil. Para atrair os melhores, é preciso ter salários mais atrativos - afirma Priscila Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação.

O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin de Leão, concorda com o diagnóstico da baixa atratividade da profissão. Ele afirma que a carreira de professor, salvo exceções, acaba atraindo quem não tem nota para ingressar em outra faculdade. Para Roberto Leão, salário é fundamental, mas não o suficiente para melhorar a qualidade do ensino.

- Sem salário, não há a menor possibilidade de qualidade. Agora, claro que é preciso mais do que isso: carreira, formação e gestão.

Priscila Cruz também diz que o salário é só parte da solução:

- É preciso melhorar salários para que os alunos aprendam mais. Mas o profissional também tem que ser mais cobrado e responsabilizado por resultados. Não pode, por exemplo, faltar e ficar tantos dias de licença, como é frequente.

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Cotas raciais - quem ganha, quem perde?
Autor(es): José Goldemberg.  O Estado de S. Paulo - 21/05/2012

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O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu recentemente, por unanimidade, que a introdução de cotas raciais no acesso às universidades públicas federais não viola a Constituição da República, seguindo a linha adotada nos Estados Unidos há algumas décadas de introduzir "ações afirmativas" para corrigir injustiças feitas no passado. A decisão flexibiliza a ideia básica de que todos são iguais perante a lei, um dos grandes objetivos da Revolução Francesa.

Ela se origina na visão de que é preciso aceitar a "responsabilidade histórica" dos malefícios causados pela escravidão e compensar, em parte, as vítimas e seus descendentes. A mesma ideia permeia negociações entre países, entre ex-colônias e as nações industrializadas, na área comercial e até nas negociações sobre o clima.

Sucede que, de modo geral, "compensar" povos ou grupos sociais por violências, discriminações e até crimes cometidos no passado raramente ocorreu ao longo da História. Um bom exemplo é o verdadeiro "holocausto" resultante da destruição dos Impérios Inca e Asteca, na América Latina, ou até da destruição de Cartago pelos romanos, que nunca foram objeto de compensações. Se o fossem, a Espanha deveria estar compensando até hoje o que Hernán Cortez fez ao conquistar o México e destruir o Império Asteca.

É perfeitamente aceitável e desejável que grupos discriminados, excluídos ou perseguidos devam ser objeto de tratamento especial pelos setores mais privilegiados da sociedade e do próprio Estado, por meio de assistência social, educação, saúde e criação de oportunidades. Contudo, simplificar a gravidade dos problemas econômicos e sociais que afligem parte da população brasileira, sobretudo os descendentes de escravos, estabelecendo cotas raciais para acesso às universidades públicas do País, parece-nos injustificado e contraprodutivo, porque revela uma falta de compreensão completa do papel que essas instituições de ensino representam.

Universidades públicas e gratuitas atendem apenas a um terço dos estudantes que fazem curso superior no Brasil, que é uma rota importantíssima para a progressão social e o sucesso profissional. As demais universidades são pagas, o que prejudica a parte mais pobre da população estudantil. Essa é uma distorção evidente do sistema universitário do País. Mas o custo do ensino superior é tão elevado que apenas países ricos como a França, a Suécia ou a Alemanha podem oferecer ensino superior gratuito para todos. Não é o nosso caso. Essa é a razão por que existem vestibulares nas universidades públicas, onde a seleção era feita exclusivamente pelo mérito até recentemente.

A decisão recente do Supremo Tribunal Federal deixa de reconhecer o mérito como único critério para admissão em universidades públicas. E abre caminho para a adoção de outras cotas, além das raciais, talvez, no futuro.

Acontece que o sistema universitário tem sérios problemas de qualidade e desempenho, como bem o demonstra o resultado dos exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - garantia da qualidade dos profissionais dessa área -, que reprova sistematicamente a maioria dos que se submetem a ele, o mesmo ocorrendo com os exames na área médica.

Órgãos do governo como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Ministério da Educação, ou o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, têm feito esforços para melhorar o desempenho das universidades brasileiras por meio de complexos processos de avaliação, que têm ajudado, mas não se mostraram suficientes.

Esses são mecanismos externos às universidades. Na grande maioria delas, os esforços internos são precários em razão da falta de critérios e de empenho do Ministério da Educação, que escolhe os reitores, alguns dos quais, como os da Universidade de Brasília, iniciaram o processo de criação de cotas raciais como se esse fosse o principal problema das universidades e do ensino superior no Brasil.

O populismo que domina muitas dessas universidades, há décadas, é a principal razão do baixo desempenho das universidades brasileiras na classificação mundial. Somente a Universidade de São Paulo (USP) conseguiu colocar-se entre as melhores 50 nesse ranking.

O problema urgente das universidades brasileiras é, portanto, melhorar de nível, e não resolver problemas de discriminação racial ou corrigir "responsabilidades históricas", que só poderão ser solucionadas por meio do progresso econômico e educacional básico.

O governo federal parece ter tomado consciência desse problema ao lançar o programa Ciência sem Fronteiras, que se propõe a enviar ao exterior, anualmente, milhares de estudantes universitários, imitando o que o Japão fez no século 19 ou a China no século 20 e foi a base da modernização e do rápido progresso desses países.

Daí o desapontamento com a decisão da Suprema Corte não só por ter sido unânime, mas também por não ter sido objeto de uma tomada de posição de muitos intelectuais formadores de opinião, exceto notáveis exceções, como Eunice R. Durham, Simon Schwartzman, Demétrio Magnoli e poucos outros que se manifestaram sobre a inconveniência da decisão.

O único aspecto positivo na decisão do Supremo Tribunal Federal foi o de que simplesmente aceitou a constitucionalidade das cotas raciais, cabendo aos reitores, em cada universidade, adotá-las e implementá-las.

Há aqui uma oportunidade para que os professores mais esclarecidos assumam a liderança e se esforcem para manter elevado o nível de suas universidades sem descuidar de tornar o acesso pelo mérito mais democrático, e sem a adoção de cotas raciais, como algumas universidades estaduais de São Paulo estão fazendo.

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A saúde é precária.  EDITORIAL O Estado de S. Paulo - 21/05/2012


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Desenvolvimento econômico é um meio indispensável à consecução da meta que deve ser a mais importante de qualquer governo democrático, o desenvolvimento social, humano. Mas este não se mede exclusivamente por números. É um engano - quando não pura mistificação - o ufanismo que se apressa em colocar o Brasil com um pé no seleto grupo das grandes potências desenvolvidas, quando nossa realidade social ainda aponta em direção oposta. Isso é o que demonstra a matéria de quarta-feira do correspondente do Estado em Genebra, Jamil Chade, apoiada em levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS): apesar de sermos a sexta economia do planeta, os gastos com saúde no País, mesmo tendo aumentado nos últimos anos, mantêm-se abaixo da média mundial, equiparando-se à realidade africana.

Na média internacional, os gastos com saúde são da ordem de 14,3% dos orçamentos nacionais. No Brasil, a taxa é de 5,9%. E era de 4,1% em 2000. O crescimento nos últimos 12 anos, porém, ficou longe de equipará-los à média do planeta. Além disso, enquanto nos países desenvolvidos um terço dos custos da saúde é pago pelos cidadãos, no Brasil 56% do que se gasta nessa área sai do bolso dos contribuintes, situação que é semelhante à que ocorre em somente 30 dos 193 países-membros da ONU.

Nos países europeus, revela o estudo da OMS, os gastos médios dos governos com cada cidadão chegam a ser dez vezes superiores aos do Brasil. Em alguns casos, como Luxemburgo, gasta-se mais de US$ 6,9 mil por cidadão, quase 25 vezes o valor no Brasil. Mesmo na Grécia, que hoje vive uma catástrofe econômica, são destinados seis vezes mais recursos a cada cidadão do que no Brasil.

Outro dado que revela como é alarmante a situação da saúde pública no País: nossa média brasileira de 26 leitos hospitalares por 10 mil habitantes é igual à de Tonga e do Suriname. Outros 80 países ostentam um índice melhor que o nosso. Na Europa, a oferta média de leitos é três vezes maior. A boa notícia no levantamento da OMS é que o Brasil conta com 17,6 médicos para cada 10 mil habitantes, enquanto a média mundial é de 14/10 mil. Lembramos, todavia, que o problema aqui não é de escassez de médicos, mas de concentração desses profissionais nos grandes centros urbanos por falta ou precariedade das condições de trabalho em boa parte do País. De qualquer forma, na Europa, a média sobe para 30/10 mil, enquanto na África fica em baixíssimos 2/10 mil.

Desde o ano 2000 o Brasil triplicou o investimento público por habitante no campo da saúde. Naquele ano, foram investidos US$ 107 por ano para cada habitante. Ao final da década, em 2009, essa cifra havia sido elevada para US$ 320 por habitante/ano. Mas, segundo a OMS, a média mundial era então de US$ 549 por habitante/ano. Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que o aumento do investimento público em saúde a partir de 2000 permitiu que, em 2010, ele representasse 3,77% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas seria necessário duplicá-lo para que atingisse o mesmo nível médio do padrão internacional de 7%.

Quando se sabe que saúde é um dos fatores levados em conta na apuração, pela Organização das Nações Unidas (ONU), do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), não é de estranhar que o Brasil ocupe uma modesta 84.ª posição na lista divulgada em novembro do ano passado por aquela organização com a classificação do IDH de seus quase 200 países-membros. Entre os países latino-americanos, com a Argentina em primeiro e o Uruguai em segundo lugares, o Brasil está em 14.º, atrás de "potências" como as ilhas caribenhas Antígua e Barbuda, Trinidad e Tobago, Dominica e Santa Lúcia.

Junto com a saúde, a educação é outro indicador fundamental do nível de desenvolvimento humano em um país. Pois, se na saúde não vamos bem, pior estamos indo na educação, como indicam pesquisas como a que foi recentemente divulgada pelo Centro de Estudos da Metrópole (CEM), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Tema para outro editorial.



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MPs criam bancos de dados para vetar eleições a fichas sujas.



Para ganhar tempo e impedir a candidatura de políticos de ficha suja nas eleições municipais deste ano, a Procuradoria-Geral da República quer implementar um banco de dados antes do registro de candidatura. Pela Lei da Ficha Limpa, são barrados os candidatos que tenham sido condenados em órgãos colegiados, isto é, não vale para julgamentos de primeira instância, nos quais apenas um juiz condena o réu. O prazo final para registro neste ano está marcado para o dia 5 de julho, faltando apenas três meses para o pleito. http://www.jb.com.br17.5.2012

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Para o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, "os prazos são extremamente curtos na Justiça Eleitoral". Ao se antecipar e identificar políticos como ficha suja, as procuradorias eleitorais de cada município adiantariam o trabalho que teriam entre a indicação dos aspirantes a prefeito, vice e vereador e o dia do registro. Apresentadas as candidaturas, o Ministério Público Eleitoral tem apenas cinco dias para ajuizar ações de impugnação contra pedidos que considerar irregulares.



"A ideia é que o Ministério Público consiga se antecipar verificando entre essas pessoas que, segundo voz corrente na comunidade, serão candidatos aquele que estão incididos em alguma inelegibilidade. Em municípios maiores o desafio é ainda maior", avalia Gurgel.



No mês passado, em reunião em Brasília, o procurador-geral da República discutiu o assunto com procuradores eleitorais de todas as unidades da Federação. A intenção de Gurgel é criar um cadastro único dos barrados pela Lei da Ficha Limpa. Ele pondera, no entanto, que talvez o sistema não opere conforme o esperado ainda neste ano.



"Nós não podemos jamais desistir de tentar implementar isso, pelo menos no nível local, já para esta eleição. Talvez ainda de uma forma precária, de uma forma que não seja a mais adequada, mas uma forma que permita fazer as devidas impugnações", disse. Para Gurgel, a criação de um banco nacional dependerá dos bancos estaduais. "É um desafio muito grande pela proximidade, pelo pouco tempo que nós dispomos até as convenções", concluiu.



Leia o original desta notícia em:

Jornal do Brasil

http://www.jb.com.br


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- AGU defende impressão de comprovante em eleições http://www.conjur.com.br 16.5.2012


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A Advocacia-Geral da União (AGU) apresentou, nesta terça-feira (15/5), manifestação, no Supremo Tribunal Federal (STF), em defesa da constitucionalidade da Lei 12.034/2009 que institui, para as eleições que ocorrerão a partir de 2014, a impressão automática de comprovante de votação. Segundo a Secretaria-Geral de Contencioso da AGU, o número de identificação registrado no comprovante do voto está relacionado tão somente à assinatura digital da urna eletrônica e não permite identificar o eleitor.



A constitucionalidade da lei é questionada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), por meio da Ação Direta de Inconstitucionalidade 4543, sob o argumento que a impressão violaria o direito de sigilo ao voto.



A AGU afirma que o comprovante de voto não será entregue ao eleitor, e deverá ser depositado de forma automática, sem contato manual, em local previamente lacrado em um compartimento acoplado à urna eletrônica, de forma a evitar qualquer contato físico.



Segundo a norma, após o fim da votação, a Justiça Eleitoral realizará, através de audiência pública, uma auditoria independente nos softwares de 2% das urnas eletrônicas de cada zona eleitoral, escolhidas por sorteio, para analisar se houve violação do sistema operacional.



Seguindo a mesma linha de sustentação, outros órgãos apresentaram manifestação a favor da constitucionalidade da lei, como a Câmara dos Deputados e o Senado. Como "amigos da corte", o Partido Democrático Trabalhista e o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, o órgão do Ministério da Defesa, também defendem a impressão. O caso é relatado no STF pela ministra Cármen Lúcia.



Leia o original desta notícia em:

Consultor Jurídico

http://www.conjur.com.br

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ZIRALDO.   A internet deu palco para o canalha, para o invejoso
Escritor e cartunista, que faz 80 anos em outubro, diz que a criança não pode chegar à rede sem passar antes pelo livro. FOLHA SP 21/05
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"O melhor lugar para ler é o banheiro". "Gramática só serve para especialista. Até hoje não sei o que é objeto direto e indireto". Ziraldo não precisou pôr uma panela na cabeça, como seu famoso personagem Menino Maluquinho, para divertir as crianças.

Na tarde de anteontem, no MAM, fez todo mundo rir na "Roda da Folhinha", promovida pela Folha em homenagem ao escritor e cartunista, que faz 80 anos em outubro.

O auditório do museu, no parque Ibirapuera, em São Paulo, estava lotado, a metade dele, por crianças. O evento começou com perguntas dos jornalistas (Laura Mattos, editora da "Folhinha", Morris Kachani, repórter especial da Folha, Diego Assis, editor do UOL Entretimento, e Mônica Rodrigues da Costa, jornalista especializada em crianças). A "Roda da Folhinha", contudo, priorizou a participação das crianças, o que deixou a conversa ainda mais descontraída. "É bom ser animador de auditório", disse o autor de "O Menino Maluquinho", "Flicts" e outros sucessos infantojuvenis.

Ziraldo contou causos da sua infância, da criação de seus livros, e ia divagando ("Estou lendo "Ilíada" agora. Aos 80, fui descobrir que Eneida não é uma mulher"). Às vezes, perdia o fio da meada: "Estou completamente esclerosado!", brincava, provocando mais risadas.

Ao fim do encontro, entregou a cada um dos 20 sorteados livros de sua autoria. A plateia fez fila para pedir autógrafo e tirar fotos. E ele, por mais de uma hora, recebeu a todos, simpático. "Sempre saio renovado desses encontros". Leia trechos abaixo.

LER NO BANHEIRO

O melhor lugar para ler é o vaso sanitário, tenho uma estante de livros na minha frente. Leio muito no banheiro. Não tem prazer maior do que ler. Quer dizer, tem... [risos]. Mas um dos maiores prazeres do mundo é ler.

LER X ESTUDAR

Estudar é importante para poder escolher o seu destino, mas ler é muito mais. Já escrevi 150 livros, dizem que escrevo direitinho. E nunca estudei, só li. Na hora da prova, enganava o professor porque era muito sabido. Sabia conversar sobre tudo, porque lia tudo.

Quem vai abrir sua cabeça para sacar suas escolhas é o livro. Se pudesse ler todos os livros do mundo, você seria Deus porque entenderia tudo.

IDIOTAS NA INTERNET

Tudo de que você precisa está dentro de um livro.

Seu filho não pode chegar à internet sem passar pelo livro.

Se não for capaz de escrever o que pensa e de entender o que lê, vai pra internet pra virar um idiota.

A internet está cheia de idiotas. Ela conseguiu dar palco pro canalha, pro invejoso.

A humanidade, vocês, adultos, sabem, não presta.

E você multiplica a potencialidade dessa maldade na internet...

NÃO SEI GRAMÁTICA

Se tiver alguma professora aqui ensinando gramática pra menino de dez, 11 anos, pode parar com isso! [risos]

Se você conseguir me provar que um menino de dez anos pode entender um objeto que não pode pegar, aí deixo ensinar gramática pra ele.

Mas objeto direto e objeto indireto... até hoje não sei. E olha que treino muito.

Toda informação gramatical que me deram não me fez a menor falta ao longo da vida. Gramática só serve para os especialista.

Aprenda a ler e a escrever, o resto vem por acréscimo.

MORTE E ETERNA

Meu pai era um senhor original. Deu dois nomes para minha mãe escolher para mim. Graças a Deus, ela escolheu Ziraldo, Zi de Zizinha e raldo de Geraldo. A outra opção era Gezi! Mamãe me salvou.

Depois, nasceu meu irmão. Tadinho, Ziralzi.

Mas, no interior, você pode ter qualquer nome, não tiram sarro. Conheci gêmeas que se chamavam Morte e Eterna!

LIVRO PREFERIDO

Livro é igual a filho, a gente "gosta igual".

Mas temos preferência por filho que agrada mais a gente, que dá mais atenção.

Qual o livro que me deu mais alegria? Foi "O Menino Maluquinho".

As coisas que aconteceram com o "Flicts", meu primeiro livro para crianças, também me comovem muito. Os dois mudaram a minha vida.

FAMA

Quando era menino, rezava antes de dormir: "Meu Deus, dê muita saúde ao meu pai e à minha mãe, aos meus irmãos, e fazei com que eu seja um grande homem".

Não sei de onde tirei esse pedido, mas ele me atendeu. Sou um grande homem, tenho 1,78 m de altura [risos].

Mas, depois que fiz o "Flicts", falei: "Esse vai ficar famoso, nossa senhora, muito bom esse livro" [risos].

MALUQUINHO TEEN

Eu jamais faria o Menino Maluquinho adolescente. Personagem não envelhece.

Maurício de Souza teve coragem de fazer isso com a Mônica, mas não vou fazer nunca.

Você não narra a história do personagem, mas as possibilidades do temperamento que ele tem e dos amigos dele. Se não, ele teria que viver mais de cem anos para dar conta de tantas aventuras.

"O menino cresceu e virou um cara legal" é tudo o que eu posso falar do Maluquinho. Eu tenho que manter esse personagem vivo. O Menino Maluquinho é uma instituição.

VOVÓ DELÍCIA

Descobri, na época em que criei o livro "Vovó Delícia": quando você passa dos 60, 70 anos, aumenta de maneira absurda o número de mulher bonita no mundo.

ENGANAR A MORTE

Agora, perto dos 80, pensei: acho que não vou escrever mais livro. Ou vou. Porque essa é a década da morte.

Descobri que, de todos os brasileiros que fazem 80, só 10% chegam aos 90. Todos os meus amigos mais velhos do que eu já foram, o último foi o Millôr Fernandes. Então fiz a série dos meninos intergalácticos, com um personagem para cada planeta.

Como vou lançar um por ano, só posso morrer daqui a dez anos. Foi o jeito de enganar a morte que inventei.

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