segunda-feira, 21 de maio de 2012
Flip 2012 abre mais espaço para autor estreante nacional. Décima
edição da Festa Literária de Paraty, de 4 a 8 de julho, vai homenagear Carlos
Drummond de Andrade. FOLHA SP 18.05
-
Encontro terá nove
ficcionistas do país que jamais participaram da Flip; abertura une Verissimo e
conferência
-
A décima edição da Flip
terá um número maior de autores convidados e a presença de vários ficcionistas
brasileiros que jamais participaram do encontro.
A programação completa da
Festa Literária Internacional de Paraty, que ocorre de 4 a 8 de julho e
homenageia o poeta Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), foi divulgada ontem.
Como resposta a uma
queixa recorrente dos autores brasileiros de que os nomes do país sempre se
repetem, nove ficcionistas nacionais estrearão nesta Flip.
São eles: Altair Martins,
André de Leones, Carlos de Brito e Mello, Fabrício Carpinejar, Francisco
Dantas, João Anzanello Carrascoza, Paloma Vidal e Rubens Figueiredo, além do
poeta Armando Freitas Filho, que participará por meio de um vídeo.
No ano passado, os estreantes
brasileiros eram três.
Serão ao todo 40
participantes, contra 34 no ano passado. Como novidade, a abertura terá dois
destaques: a habitual conferência sobre o homenageado, a cargo de Silviano
Santiago e Antonio Cicero, e antes dela uma fala de um velho frequentador da
festa, Luis Fernando Verissimo, sobre literatura.
Também contribui para o
aumento dos convidados o retorno de uma quinta mesa no domingo -foram quatro em
2011. A organização crê que o feriado de 9 de julho em São Paulo, no dia seguinte
ao encerramento, pode minorar o costumeiro esvaziamento da festa no domingo.
As principais atrações
internacionais são o inglês Ian McEwan, o americano Jonathan Franzen, o
espanhol Enrique Vila-Matas e o Nobel francês J.M.G. Le Clézio.
McEwan e Vila-Matas
retornam a Paraty, assim como o britânico Hanif Kureishi, anunciado ontem.
Outros estrangeiros
divulgados foram o colombiano Juan Gabriel Vásquez, o libanês Amin Maalouf, o
russo-americano Gary Shteyngart e o haitiano Dany Laferrière.
A homenagem a Drummond
terá, além da conferência inaugural, uma mesa com os professores Antonio Carlos
Secchin e Alcides Villaça e outra com os antagonistas Carlito Azevedo e Eucanaã
Ferraz (mais Freitas Filho).
Marca das últimas
edições, a abertura a outras linguagens e áreas (HQ, urbanismo, humanidades)
diminuiu. A exceção é o debate entre Fernando Gabeira e Luiz Eduardo Soares
(veja ao lado).
Para marcar seu décimo
aniversário, a Flip prepara um DVD e dois livros. Um deles trará narrativas
inéditas no Brasil de dez "veteranos" de Paraty, entre eles McEwan,
Julian Barnes, Bernardo Carvalho e Reinaldo Moraes.
No outro, jornalistas
como Humberto Werneck, Sergio Augusto e Zuenir Ventura recontam a história da
festa.
O orçamento é de R$ 8,4 milhões, 23% maior que em 2011, 44% captados via
Lei Rouanet. O preço dos ingressos foi mantido.
>>>>
PROFESSOR TEM SALÁRIO MAIS BAIXO DO PAÍS
O Globo - 21/05/2012
-
Renda do magistério é a
menor entre profissionais de nível superior
Levantamento feito pelo
GLOBO, com base em microdados do IBGE, mostra que, em 2010, a renda média de um
professor do ensino fundamental equivalia a 59% do que ganhavam os demais
trabalhadores com nível superior no país. Em uma década, essa relação melhorou
— era de 49%, em 2000. Nesse período, os professores da educação básica
ganharam aumentos acima da média dos outros profissionais de nível
universitário. Os acréscimos, no entanto, foram insuficientes para reverter o
quadro.
Segundo o IBGE, porém, a
diferença para demais profissionais com nível superior caiu
O salário dos professores
da educação básica no Brasil registrou, na década passada, ganhos acima da
média dos demais profissionais com nível superior, fazendo encurtar a distância
entre esses dois grupos. Esse avanço, no entanto, foi insuficiente para mudar
um quadro que tem trágicas consequências para a qualidade do ensino: o
magistério segue sendo a carreira universitária de pior remuneração no país.
Tabulações feitas pelo
GLOBO nos microdados do Censo do IBGE mostram que a renda média de um professor
do ensino fundamental equivalia, em 2000, a 49% do que ganhavam os demais
trabalhadores também com nível superior. Dez anos depois, esta relação aumentou
para 59%. Entre professores do ensino médio, a variação foi de 60% para 72%.
Apesar do avanço, o censo
revela que as carreiras que levam ao magistério seguem sendo as de pior
desempenho. Entre as áreas do ensino superior com ao menos 50 mil formados na
população, os menores rendimentos foram verificados entre brasileiros que
vieram de cursos relacionados a ciências da Educação - principalmente Pedagogia
e formação de professor para os anos iniciais da educação básica.
Em seguida, entre as
piores remunerações, aparecem cursos da área de religião e, novamente, uma
carreira de magistério: formação de professores com especialização em matérias
específicas, onde estão agrupadas licenciaturas em áreas de disciplinas do
ensino médio, como Língua Portuguesa, Matemática, História e Biologia.
Achatamento provoca
prejuízos
Pagar melhor aos
professores da educação básica, no entanto, é uma política que, além de cara, tende
a trazer retorno apenas a longo prazo em termos de qualidade de ensino. A
literatura acadêmica sobre o tema no Brasil e em outros países mostra que a
remuneração docente não tem, ao contrário do que se pensou durante muitos anos,
relação imediata com a melhoria do aprendizado dos alunos.
No entanto, o achatamento
salarial do magistério traz sérios prejuízos a longo prazo. Esta tese é
comprovada por um relatório feito pela consultoria McKinsey, em 2007, que teve
grande repercussão internacional ao destacar que uma característica dos países
de melhor desempenho educacional do mundo - Finlândia, Canadá, Coreia do Sul,
Japão e Singapura - era o alto poder de atração dos melhores alunos para o
magistério.
- Não dá para imaginar
que, dobrando o salário do professor, ele vai dobrar o aprendizado dos alunos.
O problema é que os bons alunos não querem ser professores no Brasil. Para
atrair os melhores, é preciso ter salários mais atrativos - afirma Priscila
Cruz, diretora-executiva do Todos Pela Educação.
O presidente da
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Roberto Franklin de
Leão, concorda com o diagnóstico da baixa atratividade da profissão. Ele afirma
que a carreira de professor, salvo exceções, acaba atraindo quem não tem nota
para ingressar em outra faculdade. Para Roberto Leão, salário é fundamental,
mas não o suficiente para melhorar a qualidade do ensino.
- Sem salário, não há a
menor possibilidade de qualidade. Agora, claro que é preciso mais do que isso:
carreira, formação e gestão.
Priscila Cruz também diz
que o salário é só parte da solução:
- É preciso melhorar
salários para que os alunos aprendam mais. Mas o profissional também tem que
ser mais cobrado e responsabilizado por resultados. Não pode, por exemplo,
faltar e ficar tantos dias de licença, como é frequente.
>>>>>
Cotas raciais - quem ganha, quem perde?
Autor(es): José
Goldemberg. O Estado de S. Paulo -
21/05/2012
-
O Supremo Tribunal
Federal (STF) decidiu recentemente, por unanimidade, que a introdução de cotas
raciais no acesso às universidades públicas federais não viola a Constituição
da República, seguindo a linha adotada nos Estados Unidos há algumas décadas de
introduzir "ações afirmativas" para corrigir injustiças feitas no
passado. A decisão flexibiliza a ideia básica de que todos são iguais perante a
lei, um dos grandes objetivos da Revolução Francesa.
Ela se origina na visão
de que é preciso aceitar a "responsabilidade histórica" dos
malefícios causados pela escravidão e compensar, em parte, as vítimas e seus
descendentes. A mesma ideia permeia negociações entre países, entre ex-colônias
e as nações industrializadas, na área comercial e até nas negociações sobre o
clima.
Sucede que, de modo
geral, "compensar" povos ou grupos sociais por violências,
discriminações e até crimes cometidos no passado raramente ocorreu ao longo da
História. Um bom exemplo é o verdadeiro "holocausto" resultante da
destruição dos Impérios Inca e Asteca, na América Latina, ou até da destruição
de Cartago pelos romanos, que nunca foram objeto de compensações. Se o fossem,
a Espanha deveria estar compensando até hoje o que Hernán Cortez fez ao
conquistar o México e destruir o Império Asteca.
É perfeitamente aceitável
e desejável que grupos discriminados, excluídos ou perseguidos devam ser objeto
de tratamento especial pelos setores mais privilegiados da sociedade e do
próprio Estado, por meio de assistência social, educação, saúde e criação de
oportunidades. Contudo, simplificar a gravidade dos problemas econômicos e
sociais que afligem parte da população brasileira, sobretudo os descendentes de
escravos, estabelecendo cotas raciais para acesso às universidades públicas do
País, parece-nos injustificado e contraprodutivo, porque revela uma falta de
compreensão completa do papel que essas instituições de ensino representam.
Universidades públicas e
gratuitas atendem apenas a um terço dos estudantes que fazem curso superior no
Brasil, que é uma rota importantíssima para a progressão social e o sucesso
profissional. As demais universidades são pagas, o que prejudica a parte mais
pobre da população estudantil. Essa é uma distorção evidente do sistema
universitário do País. Mas o custo do ensino superior é tão elevado que apenas
países ricos como a França, a Suécia ou a Alemanha podem oferecer ensino
superior gratuito para todos. Não é o nosso caso. Essa é a razão por que
existem vestibulares nas universidades públicas, onde a seleção era feita
exclusivamente pelo mérito até recentemente.
A decisão recente do
Supremo Tribunal Federal deixa de reconhecer o mérito como único critério para
admissão em universidades públicas. E abre caminho para a adoção de outras cotas,
além das raciais, talvez, no futuro.
Acontece que o sistema
universitário tem sérios problemas de qualidade e desempenho, como bem o
demonstra o resultado dos exames da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) -
garantia da qualidade dos profissionais dessa área -, que reprova
sistematicamente a maioria dos que se submetem a ele, o mesmo ocorrendo com os
exames na área médica.
Órgãos do governo como a
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do
Ministério da Educação, ou o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq), do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, têm feito
esforços para melhorar o desempenho das universidades brasileiras por meio de
complexos processos de avaliação, que têm ajudado, mas não se mostraram
suficientes.
Esses são mecanismos
externos às universidades. Na grande maioria delas, os esforços internos são
precários em razão da falta de critérios e de empenho do Ministério da
Educação, que escolhe os reitores, alguns dos quais, como os da Universidade de
Brasília, iniciaram o processo de criação de cotas raciais como se esse fosse o
principal problema das universidades e do ensino superior no Brasil.
O populismo que domina
muitas dessas universidades, há décadas, é a principal razão do baixo
desempenho das universidades brasileiras na classificação mundial. Somente a
Universidade de São Paulo (USP) conseguiu colocar-se entre as melhores 50 nesse
ranking.
O problema urgente das
universidades brasileiras é, portanto, melhorar de nível, e não resolver
problemas de discriminação racial ou corrigir "responsabilidades
históricas", que só poderão ser solucionadas por meio do progresso
econômico e educacional básico.
O governo federal parece
ter tomado consciência desse problema ao lançar o programa Ciência sem
Fronteiras, que se propõe a enviar ao exterior, anualmente, milhares de
estudantes universitários, imitando o que o Japão fez no século 19 ou a China
no século 20 e foi a base da modernização e do rápido progresso desses países.
Daí o desapontamento com
a decisão da Suprema Corte não só por ter sido unânime, mas também por não ter
sido objeto de uma tomada de posição de muitos intelectuais formadores de
opinião, exceto notáveis exceções, como Eunice R. Durham, Simon Schwartzman,
Demétrio Magnoli e poucos outros que se manifestaram sobre a inconveniência da
decisão.
O único aspecto positivo
na decisão do Supremo Tribunal Federal foi o de que simplesmente aceitou a
constitucionalidade das cotas raciais, cabendo aos reitores, em cada
universidade, adotá-las e implementá-las.
Há aqui uma oportunidade
para que os professores mais esclarecidos assumam a liderança e se esforcem
para manter elevado o nível de suas universidades sem descuidar de tornar o
acesso pelo mérito mais democrático, e sem a adoção de cotas raciais, como
algumas universidades estaduais de São Paulo estão fazendo.
>>>
A saúde é precária. EDITORIAL O Estado
de S. Paulo - 21/05/2012
-
Desenvolvimento econômico
é um meio indispensável à consecução da meta que deve ser a mais importante de
qualquer governo democrático, o desenvolvimento social, humano. Mas este não se
mede exclusivamente por números. É um engano - quando não pura mistificação - o
ufanismo que se apressa em colocar o Brasil com um pé no seleto grupo das
grandes potências desenvolvidas, quando nossa realidade social ainda aponta em
direção oposta. Isso é o que demonstra a matéria de quarta-feira do
correspondente do Estado em Genebra, Jamil Chade, apoiada em levantamento feito
pela Organização Mundial da Saúde (OMS): apesar de sermos a sexta economia do
planeta, os gastos com saúde no País, mesmo tendo aumentado nos últimos anos,
mantêm-se abaixo da média mundial, equiparando-se à realidade africana.
Na média internacional,
os gastos com saúde são da ordem de 14,3% dos orçamentos nacionais. No Brasil,
a taxa é de 5,9%. E era de 4,1% em 2000. O crescimento nos últimos 12 anos,
porém, ficou longe de equipará-los à média do planeta. Além disso, enquanto nos
países desenvolvidos um terço dos custos da saúde é pago pelos cidadãos, no
Brasil 56% do que se gasta nessa área sai do bolso dos contribuintes, situação
que é semelhante à que ocorre em somente 30 dos 193 países-membros da ONU.
Nos países europeus,
revela o estudo da OMS, os gastos médios dos governos com cada cidadão chegam a
ser dez vezes superiores aos do Brasil. Em alguns casos, como Luxemburgo,
gasta-se mais de US$ 6,9 mil por cidadão, quase 25 vezes o valor no Brasil. Mesmo
na Grécia, que hoje vive uma catástrofe econômica, são destinados seis vezes
mais recursos a cada cidadão do que no Brasil.
Outro dado que revela
como é alarmante a situação da saúde pública no País: nossa média brasileira de
26 leitos hospitalares por 10 mil habitantes é igual à de Tonga e do Suriname.
Outros 80 países ostentam um índice melhor que o nosso. Na Europa, a oferta
média de leitos é três vezes maior. A boa notícia no levantamento da OMS é que
o Brasil conta com 17,6 médicos para cada 10 mil habitantes, enquanto a média
mundial é de 14/10 mil. Lembramos, todavia, que o problema aqui não é de
escassez de médicos, mas de concentração desses profissionais nos grandes
centros urbanos por falta ou precariedade das condições de trabalho em boa parte
do País. De qualquer forma, na Europa, a média sobe para 30/10 mil, enquanto na
África fica em baixíssimos 2/10 mil.
Desde o ano 2000 o Brasil
triplicou o investimento público por habitante no campo da saúde. Naquele ano,
foram investidos US$ 107 por ano para cada habitante. Ao final da década, em
2009, essa cifra havia sido elevada para US$ 320 por habitante/ano. Mas,
segundo a OMS, a média mundial era então de US$ 549 por habitante/ano. Estudo
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que o aumento do
investimento público em saúde a partir de 2000 permitiu que, em 2010, ele
representasse 3,77% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas seria necessário
duplicá-lo para que atingisse o mesmo nível médio do padrão internacional de
7%.
Quando se sabe que saúde
é um dos fatores levados em conta na apuração, pela Organização das Nações
Unidas (ONU), do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), não é de estranhar que
o Brasil ocupe uma modesta 84.ª posição na lista divulgada em novembro do ano
passado por aquela organização com a classificação do IDH de seus quase 200
países-membros. Entre os países latino-americanos, com a Argentina em primeiro
e o Uruguai em segundo lugares, o Brasil está em 14.º, atrás de
"potências" como as ilhas caribenhas Antígua e Barbuda, Trinidad e
Tobago, Dominica e Santa Lúcia.
Junto com a saúde, a
educação é outro indicador fundamental do nível de desenvolvimento humano em um
país. Pois, se na saúde não vamos bem, pior estamos indo na educação, como
indicam pesquisas como a que foi recentemente divulgada pelo Centro de Estudos
da Metrópole (CEM), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
(Fapesp). Tema para outro editorial.
>>>
MPs criam bancos de dados para vetar eleições a fichas sujas.
Para ganhar tempo e
impedir a candidatura de políticos de ficha suja nas eleições municipais deste
ano, a Procuradoria-Geral da República quer implementar um banco de dados antes
do registro de candidatura. Pela Lei da Ficha Limpa, são barrados os candidatos
que tenham sido condenados em órgãos colegiados, isto é, não vale para
julgamentos de primeira instância, nos quais apenas um juiz condena o réu. O
prazo final para registro neste ano está marcado para o dia 5 de julho,
faltando apenas três meses para o pleito. http://www.jb.com.br17.5.2012
-
Para o procurador-geral
da República, Roberto Gurgel, "os prazos são extremamente curtos na
Justiça Eleitoral". Ao se antecipar e identificar políticos como ficha
suja, as procuradorias eleitorais de cada município adiantariam o trabalho que
teriam entre a indicação dos aspirantes a prefeito, vice e vereador e o dia do
registro. Apresentadas as candidaturas, o Ministério Público Eleitoral tem
apenas cinco dias para ajuizar ações de impugnação contra pedidos que
considerar irregulares.
"A ideia é que o
Ministério Público consiga se antecipar verificando entre essas pessoas que,
segundo voz corrente na comunidade, serão candidatos aquele que estão incididos
em alguma inelegibilidade. Em municípios maiores o desafio é ainda maior",
avalia Gurgel.
No mês passado, em
reunião em Brasília, o procurador-geral da República discutiu o assunto com
procuradores eleitorais de todas as unidades da Federação. A intenção de Gurgel
é criar um cadastro único dos barrados pela Lei da Ficha Limpa. Ele pondera, no
entanto, que talvez o sistema não opere conforme o esperado ainda neste ano.
"Nós não podemos
jamais desistir de tentar implementar isso, pelo menos no nível local, já para
esta eleição. Talvez ainda de uma forma precária, de uma forma que não seja a
mais adequada, mas uma forma que permita fazer as devidas impugnações",
disse. Para Gurgel, a criação de um banco nacional dependerá dos bancos
estaduais. "É um desafio muito grande pela proximidade, pelo pouco tempo
que nós dispomos até as convenções", concluiu.
Leia o original desta
notícia em:
Jornal do Brasil
http://www.jb.com.br
>>>>
-
A Advocacia-Geral da
União (AGU) apresentou, nesta terça-feira (15/5), manifestação, no Supremo Tribunal
Federal (STF), em defesa da constitucionalidade da Lei 12.034/2009 que
institui, para as eleições que ocorrerão a partir de 2014, a impressão
automática de comprovante de votação. Segundo a Secretaria-Geral de Contencioso
da AGU, o número de identificação registrado no comprovante do voto está
relacionado tão somente à assinatura digital da urna eletrônica e não permite
identificar o eleitor.
A constitucionalidade da
lei é questionada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), por meio da Ação
Direta de Inconstitucionalidade 4543, sob o argumento que a impressão violaria
o direito de sigilo ao voto.
A AGU afirma que o
comprovante de voto não será entregue ao eleitor, e deverá ser depositado de
forma automática, sem contato manual, em local previamente lacrado em um
compartimento acoplado à urna eletrônica, de forma a evitar qualquer contato
físico.
Segundo a norma, após o
fim da votação, a Justiça Eleitoral realizará, através de audiência pública,
uma auditoria independente nos softwares de 2% das urnas eletrônicas de cada
zona eleitoral, escolhidas por sorteio, para analisar se houve violação do sistema
operacional.
Seguindo a mesma linha de
sustentação, outros órgãos apresentaram manifestação a favor da
constitucionalidade da lei, como a Câmara dos Deputados e o Senado. Como
"amigos da corte", o Partido Democrático Trabalhista e o Instituto Tecnológico
da Aeronáutica, o órgão do Ministério da Defesa, também defendem a impressão. O
caso é relatado no STF pela ministra Cármen Lúcia.
Leia o original desta
notícia em:
Consultor Jurídico
http://www.conjur.com.br
>>>
ZIRALDO. A internet deu palco
para o canalha, para o invejoso
Escritor e cartunista,
que faz 80 anos em outubro, diz que a criança não pode chegar à rede sem passar
antes pelo livro. FOLHA SP 21/05
-
"O melhor lugar para
ler é o banheiro". "Gramática só serve para especialista. Até hoje
não sei o que é objeto direto e indireto". Ziraldo não precisou pôr uma
panela na cabeça, como seu famoso personagem Menino Maluquinho, para divertir
as crianças.
Na tarde de anteontem, no
MAM, fez todo mundo rir na "Roda da Folhinha", promovida pela Folha
em homenagem ao escritor e cartunista, que faz 80 anos em outubro.
O auditório do museu, no
parque Ibirapuera, em São Paulo, estava lotado, a metade dele, por crianças. O
evento começou com perguntas dos jornalistas (Laura Mattos, editora da
"Folhinha", Morris Kachani, repórter especial da Folha, Diego Assis,
editor do UOL Entretimento, e Mônica Rodrigues da Costa, jornalista
especializada em crianças). A "Roda da Folhinha", contudo, priorizou
a participação das crianças, o que deixou a conversa ainda mais descontraída.
"É bom ser animador de auditório", disse o autor de "O Menino
Maluquinho", "Flicts" e outros sucessos infantojuvenis.
Ziraldo contou causos da
sua infância, da criação de seus livros, e ia divagando ("Estou lendo
"Ilíada" agora. Aos 80, fui descobrir que Eneida não é uma
mulher"). Às vezes, perdia o fio da meada: "Estou completamente
esclerosado!", brincava, provocando mais risadas.
Ao fim do encontro,
entregou a cada um dos 20 sorteados livros de sua autoria. A plateia fez fila
para pedir autógrafo e tirar fotos. E ele, por mais de uma hora, recebeu a
todos, simpático. "Sempre saio renovado desses encontros". Leia
trechos abaixo.
LER NO BANHEIRO
O melhor lugar para ler é
o vaso sanitário, tenho uma estante de livros na minha frente. Leio muito no
banheiro. Não tem prazer maior do que ler. Quer dizer, tem... [risos]. Mas um
dos maiores prazeres do mundo é ler.
LER X ESTUDAR
Estudar é importante para
poder escolher o seu destino, mas ler é muito mais. Já escrevi 150 livros,
dizem que escrevo direitinho. E nunca estudei, só li. Na hora da prova,
enganava o professor porque era muito sabido. Sabia conversar sobre tudo,
porque lia tudo.
Quem vai abrir sua cabeça
para sacar suas escolhas é o livro. Se pudesse ler todos os livros do mundo,
você seria Deus porque entenderia tudo.
IDIOTAS NA INTERNET
Tudo de que você precisa
está dentro de um livro.
Seu filho não pode chegar
à internet sem passar pelo livro.
Se não for capaz de
escrever o que pensa e de entender o que lê, vai pra internet pra virar um
idiota.
A internet está cheia de
idiotas. Ela conseguiu dar palco pro canalha, pro invejoso.
A humanidade, vocês,
adultos, sabem, não presta.
E você multiplica a
potencialidade dessa maldade na internet...
NÃO SEI GRAMÁTICA
Se tiver alguma
professora aqui ensinando gramática pra menino de dez, 11 anos, pode parar com
isso! [risos]
Se você conseguir me
provar que um menino de dez anos pode entender um objeto que não pode pegar, aí
deixo ensinar gramática pra ele.
Mas objeto direto e
objeto indireto... até hoje não sei. E olha que treino muito.
Toda informação
gramatical que me deram não me fez a menor falta ao longo da vida. Gramática só
serve para os especialista.
Aprenda a ler e a
escrever, o resto vem por acréscimo.
MORTE E ETERNA
Meu pai era um senhor
original. Deu dois nomes para minha mãe escolher para mim. Graças a Deus, ela
escolheu Ziraldo, Zi de Zizinha e raldo de Geraldo. A outra opção era Gezi!
Mamãe me salvou.
Depois, nasceu meu irmão.
Tadinho, Ziralzi.
Mas, no interior, você
pode ter qualquer nome, não tiram sarro. Conheci gêmeas que se chamavam Morte e
Eterna!
LIVRO PREFERIDO
Livro é igual a filho, a
gente "gosta igual".
Mas temos preferência por
filho que agrada mais a gente, que dá mais atenção.
Qual o livro que me deu
mais alegria? Foi "O Menino Maluquinho".
As coisas que aconteceram
com o "Flicts", meu primeiro livro para crianças, também me comovem
muito. Os dois mudaram a minha vida.
FAMA
Quando era menino, rezava
antes de dormir: "Meu Deus, dê muita saúde ao meu pai e à minha mãe, aos
meus irmãos, e fazei com que eu seja um grande homem".
Não sei de onde tirei
esse pedido, mas ele me atendeu. Sou um grande homem, tenho 1,78 m de altura
[risos].
Mas, depois que fiz o
"Flicts", falei: "Esse vai ficar famoso, nossa senhora, muito
bom esse livro" [risos].
MALUQUINHO TEEN
Eu jamais faria o Menino
Maluquinho adolescente. Personagem não envelhece.
Maurício de Souza teve
coragem de fazer isso com a Mônica, mas não vou fazer nunca.
Você não narra a história
do personagem, mas as possibilidades do temperamento que ele tem e dos amigos
dele. Se não, ele teria que viver mais de cem anos para dar conta de tantas
aventuras.
"O menino cresceu e
virou um cara legal" é tudo o que eu posso falar do Maluquinho. Eu tenho
que manter esse personagem vivo. O Menino Maluquinho é uma instituição.
VOVÓ DELÍCIA
Descobri, na época em que
criei o livro "Vovó Delícia": quando você passa dos 60, 70 anos,
aumenta de maneira absurda o número de mulher bonita no mundo.
ENGANAR A MORTE
Agora, perto dos 80,
pensei: acho que não vou escrever mais livro. Ou vou. Porque essa é a década da
morte.
Descobri que, de todos os
brasileiros que fazem 80, só 10% chegam aos 90. Todos os meus amigos mais
velhos do que eu já foram, o último foi o Millôr Fernandes. Então fiz a série
dos meninos intergalácticos, com um personagem para cada planeta.
Como vou lançar um por
ano, só posso morrer daqui a dez anos. Foi o jeito de enganar a morte que
inventei.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário