quarta-feira, 23 de maio de 2012


STF divulgará remuneração paga a ministros e servidores.  www.stf.jus.br

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"A sustentação do emprego gera renda e permite o crescimento do consumo."    Do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, ao afirmar que não teme que as novas medidas do governo facilitando o crédito venham a endividar ainda mais a classe média.Valor Econômico - 23/05/2012

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 MINISTÉRIO DA JUSTIÇA - Manual auxilia pedido de acesso a documentos da Comissão de Anistia . http://portal.mj.gov.br/
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PROGRAMAÇÃO DA OCUPAÇÃO FUNARTE
http://www.ocupacaopliniomarcos2012.com.br/programacao.php
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"É preciso dar mostras a todos de que o Supremo Tribunal Federal não se curva a pressões e não decide 'com a faca no pescoço'"   CARTA DE ADVOGADOS DE RÉUS DO MENSALÃO ENTREGUE AO STF. FOLHA SP 23.05
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LITERATURA »
Poesia encorpada e com gosto latino. CORREIO BSB 22.05

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O premiado poeta Ronaldo Costa Fernandes lança hoje Memória dos porcos

Quando o escritor maranhense Ronaldo Costa Fernandes foi para Caracas, na Venezuela, pode-se dizer que sua vida mudou. Pelo menos o olhar é outro. A convivência intensa com uma atmosfera diferente da cultura latino-americana abriu os horizontes do poeta durante os 9 anos em que esteve por lá dirigindo o Centro de Estudos Brasileiros da Embaixada do Brasil.

O olhar sensível do autor está presente em Memória dos porcos (editora 7Letras), sexto livro de poemas que Ronaldo lança hoje, às 19h, no Carpe Diem. Radicado em Brasília, o vencedor do prêmio de poesia da Academia Brasileira de Letras com A máquina das mãos, em 2010, reuniu no novo título 88 poemas escritos entre 2009 e 2011 durante o tempo em que escrevia também outras obras paralelas. “A poesia é diferente da prosa porque você precisa esperar que ela o procure, é mais passiva, por isso demanda um tempo maior. O poema é receptado de uma sensibilização, de um estado poético, e exige um trabalho muito grande de reflexão”, analisa o romancista.

O título Memória dos porcos não se remete a nenhum poema em especial, partiu da busca do autor por um conceito mais amplo da obra. “Tem um pouco a ver com a literatura brasileira, já que a palavra memória foi utilizada nos títulos de grande livros, mas também é um recolhimento de experiências vividas. O porco tem uma ideia suja que pode vir a ser uma sujeira existencial”, explica Ronaldo.

O currículo do autor de 59 anos expõe a qualidade de sua obra. Doutor em literatura pela Universidade de Brasília (UnB), coordenou a Funarte de Brasília de 1995 a 2003. Entre as premiações, outras que se destacam, além Academia Brasileira de Letras, é a Revelação de autor, da Associação Paulista de Críticos de Arte, o Casas de las Américas e o Guimarães Rosa.

Declassificado poético
Vende-se, troca-se, empresta-se
alma vazia, uso desmedido,
não necessita de muita manutenção,
um pouco de poesia,
dois dedos de beleza
um pouco de amor, pelo amor de Deus.
Capaz ainda de espasmos,
lúcida, embora dolorida,
aparência de nova,
perspicaz e dolorosa,
pode ser usada em leitura,
sentimentos nobres permitidos,
outros ignóbeis também presentes.
Quem tiver interesse,
telefonar ou procurar
na portaria do corpo
bater à porta
do corpo que a transporta.
Exige-se sigilo.
E uma profunda humanidade.


Acordo ortográfico
O frei Hermínio Bezerra de Oliveira e o pesquisador Zacharias Bezerra de Oliveira estão em Brasília para lançar pela editora Armazém da Cultura o livro Acordo ortográfico – Vocabulário das palavras modificadas. O livro traz um apanhado das principais alterações ocorridas na língua portuguesa a partir do Novo Acordo Ortográfico. Hoje, às 19h30, na Livraria Fnac (ParkShopping, SAI/SO, Área 6580; 2105-2000).
        
MEMÓRIA DOS PORCOS
De Ronaldo Costa Fernandes. Editora: 7Letras, 104 páginas. Preço: R$ 30.
Noite de autógrafos hoje, às 19h, no restaurante Carpe Diem (104 Sul, Bl. D, Lj. 1; 3225-5301). Classificação indicativa livre.

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LITERATURA »  O Camões de Trevisan
Arredio a entrevistas, escritor curitibano ganha o principal prêmio da língua portuguesa.  CORREIO BSB 22.05

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O escritor curitibano Dalton Trevisan é uma espécie de João Gilberto da literatura. Ele é tão excêntrico quanto o compositor baiano, foge da imprensa como o diabo da cruz, não concede entrevistas e recria a sua obra infinitamente. Parece que escreve, reescreve, esmerilha e lapida os mesmos textos o tempo todo em busca obsessiva pela perfeição. Não desperdiça nenhuma palavra, só entram as essenciais para desenhar um personagem, pintar um estado de alma, revelar uma ridicularia. Ele acaba de ganhar o Prêmio Camões, o mais importante da literatura em língua portuguesa, com direito a 100 mil euros. Nada mais justo, antes mesmo da láurea, pois já era reconhecido como um mestre da arte do conto.

Em comunicação oficial, a organização do prêmio informou que não havia conseguido entrar em contato com o arredio escritor para comunicar a homenagem. E, possivelmente, a tarefa não será fácil. Em 1957, Trevisan ganhou o Prêmio Jabuti da Câmara Brasileiro do Livro, com Novelas nada exemplares, e não compareceu à festa. Pediu um amigo para receber o prêmio. Na nota divulgada pela Fundação Biblioteca Nacional, responsável pelo prêmio no Brasil, o escritor Silviano Santiago, um dos integrantes do júri justificou a escolha do contista: “Primeiramente, pela contribuição extraordinária de Dalton Trevisan para a arte do conto, em particular para o enriquecimento de uma tradição que vem de Machado de Assis, no Brasil, de Edgar Allan Poe, nos EUA, e de Borges, na Argentina”.

Formação
Trevisan editou, entre 1946 e 1948, a revista Joaquim, que publicou textos de intelectuais e poetas brasileiros de primeira linha: Mario de Andrade, Carlos Drummond de Andrade e Antonio Cândido, entre outros. Mas outra experiência foi decisiva para a sua formação de escritor. Quando era jovem, trabalhou como repórter de polícia. Os seus contos abordam as pequenas tragédias do cotidiano, as mínimas maldades, os jogos sujos do amor, as chantagens sentimentais, os dramas baratos, dramas de R$ 1,99, que de tão repetidos, se transformam facilmente em comédias ou farsas. Ao lermos os seus contos, ficamos com a nítida impressão de que já vimos esse filme e conhecemos esses personagens de algum lugar. Talvez ele devesse incluir em seus livros aquela célebre advertência: qualquer semelhança com personagens da vida real é mera coincidência. “Cordial, participava de todas as rodinhas. A presença mais importante no velório — depois do morto, é claro”.

Os personagens desse dramas de R$ 1,99 são as gordinhas afogando a infelicidade em bombons, o anão que vive azarando as ninfetas, os irmãos brigando pelo ovo frito, os jogos sujos do amor, o sedutor canalha de bigodinho, as crianças refletindo sobre as consequências da morte da tia, o poeta parnasiano de vasta cabeleira inadaptado ao mundo pós-moderno, o senhor solitário com o seu gato. Para Trevisan, o ser humano não é lá grande coisa. Mas ao se deparar com as suas fraquezas, dissimulações e mentiras, ele não execra ou lamenta. Apenas sorri, com um riso debochado, irônico e cauterizador. Por isso, no que se apresenta como drama, ele quase sempre ele descobre uma comédia: “O jogo amoroso é uma guerra suja de poder. Pode mais quem gosta menos. Um sempre gosta mais, outro menos. As posições não são invariáveis, epa!, sem aviso se revertem”.


Projeção
»  O Prêmio Camões foi criado em 1989 por Portugal e pelo Brasil, para distinguir um escritor cuja obra tenha contribuído para a projeção e reconhecimento da língua portuguesa. Fazem parte da comissão julgadora do prêmio: Rosa Martelo, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto; Abel Barros Baptista, professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa; a poetisa angolana Ana Paula Tavares, o escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho, Alcir Pécora, professor da Universidade de Campinas (SP), e o ensaísta e escritor brasileiro Silviano Santiago.
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Márcio Thomaz Bastos: De ministro a advogado de bicheiro
"Qualquer fala de Cachoeira seria perigosa"   O Estado de S. Paulo - 23/05/2012


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A defesa de Carlinhos Cachoeira está a cargo de Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça. Saudado na CPI como "digníssimo" e "grande jurista", Thomaz Bastos já avisou que seu cliente jamais falará com a comissão. Em entrevista a Fausto Macedo, ele negou constrangimento com o silêncio: "Ao contrário, foi uma coisa respeitosa"

ENTREVISTA

Márcio Thomaz Bastos

Advogado diz que atitude do contraventor de permanecer calado não caracterizou, "de jeito nenhum", afronta à CPI


Advogado de defesa do contraventor Carlinhos Cachoeira, o criminalista Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça, avalia que o silêncio que marcou a audiência de ontem não caracterizou afronta à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as relações de seu cliente com políticos e autoridades. "É direito constitucional", resume. Pouco depois de deixar o Congresso, Thomaz Bastos falou sobre a sessão no âmbito político. Segundo ele, são "três os r equisitos" para que
Cachoeira possa responder às indagações da CPI – um desses requisitos, ele diz, é aguardar julgamento do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região de uma demanda em que a defesa põe em xeque a legalidade dos grampos da Polícia Federal feitas no curso da Operação Monte Carlo. Enquanto isso, Cachoeira continua preso.

Qual a sua avaliação da audiência?

Eu entendo que tudo transcorreu como esperado, ele (Carlinhos Cachoeira) não ia falar mesmo. Estava anunciado. Enquanto a gente não tiver analisado a íntegra de todos os autos da investigação não dá para ele falar.

O que a defesa quer?

São três requisitos. Primeiro, temos de analisar os documentos, é muita coisa, agora vai chegando ao fim. Outra coisa: tem um habeas corpus que impetramos no Tribunal Regional Federal da 1.ª Região, questionando a l egalidade das interceptações telefônicas (da Operação Monte Carlo) . O terceiro obstáculo, talvez o mais importante, é que está marcada para o próximo dia 31 audiência (de Cachoeira) na Justiça (em Goiânia) , audiência de instrução, debate e julgamento.

Antes disso ele não fala?

Antes disso, qualquer fala dele (Cachoeira) seria perigosa. Por isso eu acho que a comissão entendeu perfeitamente. (Cachoeira) Manteve o silêncio, um silêncio respeitoso, e a coisa correu bem.

Ele não afrontou a CPI ao permanecer calado?

De jeito nenhum. (O silêncio) não caracteriza (afronta). É direito constitucional. Inclusive, o ministro Celso de Mello (do Supremo Tribunal Federal) ,na decisão proferida ontem (segunda-feira) expressamente fez uma ressalva de que ele tem esse direito, o sujeito que é i nvestigado tem esse direito de não falar. Ele (Cachoeira) não prestou o compromisso e o próprio presidente (da CPI) achou que não era o caso. (Cachoeira) Calou-se.

Não foi constrangedor?

Em nenhum momento, em nenhum momento. Ao contrário, foi uma coisa respeitosa. Correu tudo muito bem.

O próximo passo?

Estamos trabalhando para obter a liberdade dele (Cachoeira). É para isso que estamos trabalhando

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Trabalho escravo punido. 


 Câmara aprova proposta que permite a desapropriação de fazendas onde haja funcionários em condições análogas à da escravidão. Correio Braziliense - 23/05/2012
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Depois de oito anos de espera, o plenário da Câmara aprovou ontem, em segundo turno, a chamada PEC do Trabalho Escravo, que prevê a desapropriação de imóveis rurais e urbanos onde for constatada a existência de empregados em condições análogas à escravidão, sem a possibilidade de indenização por parte do governo, e os destina à reforma agrária e a programas de habitação popular.

O texto foi aprovado por 360 votos a favor, 29 contra e 25 abstenções depois de um intervalo de oito anos entre o primeiro e o segundo turno de votação na Casa, e agora segue de volta para o Senado. A proposta sofreu forte resistência da bancada ruralista, que defende a necessidade de mudar os critérios que definem o que são as condições análogas à escravidão, como está previsto no Código Penal.

Por um acordo costurado entre líderes partidários, o Senado deverá incluir no texto referência a uma legislação complementar, a ser elaborada, que discipline o que é trabalho escravo e os procedimentos para a desapropriação dos imóveis. De acordo com o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) as duas Casas do Congresso formarão uma comissão conjunta para redigir o projeto de lei de regulamentação.

A votação ocorre uma semana depois de o Tribunal Superior do Trabalho (TST) confirmar a maior condenação por prática de trabalho escravo da história do país. A 1ª Turma do TST impôs, no começo da semana passada, multa de R$ 5 milhões por danos morais à Lima Araújo Agropecuária. Uma fiscalização feita em 1998 em fazendas da empresa no Pará constatou a exploração de 180 trabalhadores em situação análoga à escravidão, incluindo mulheres e menores de idade. Todos eram impedidos de sair do local de trabalho e foram submetidos a condições degradantes. De acordo com os autos, os funcionários não recebiam alimentação adequada, não tinham acesso a água potável e dormiam em ambiente insalubre.

A agropecuária condenada é de propriedade do empresário Jefferson Lima Araújo, também dono de uma importante construtora de Alagoas. O grupo já anunciou que irá recorrer. No entanto, o TST informa que já negou o envio de recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF). A empresa chegou a ser multada em R$ 50 mil por protelar o cumprimento da decisão, que estabelece o repasse dos R$ 5 milhões para um fundo voltado para a prevenção e a repressão do trabalho degradante.

Marco histórico
O presidente da 1ª Turma do TST, ministro Lélio Bentes, avalia que a aprovação da PEC representará um marco histórico para o Brasil no combate à mão de obra escrava e, ainda, terá uma importância internacional para o país. "Há vários anos, a Comissão de Peritos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), anualmente, indaga o Brasil sobre o andamento dessa PEC, ressaltando a importância de dar esse passo, pioneiro no mundo, para o enrijecimento das penas aplicáveis aos que exploram o trabalho escravo", destacou o ministro.

Para os ruralistas, críticos da PEC, a legislação atual que define trabalho escravo seria muito genérica, o que, em sua avaliação, daria margem a abusos por parte dos fiscais.


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Asfor Rocha é imortalizado na Galeria dos Presidentes.  Correio Braziliense - 23/05/2012


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O ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Cesar Asfor Rocha (D) completou ontem 20 anos de atividades ininterruptas na Corte. Asfor Rocha é o único ministro da história do STJ que ocupou todos os cargos destinados aos membros do Tribunal. O ápice da trajetória foi entre 2008 e 2010, quando presidiu a instituição, e ontem, ele foi homenageado com a inclusão do seu retrato na Galeria dos Presidentes do STJ. Ao lado da esposa, Magda Rocha (C), e do atual presidente da Corte, Ari Pargendler (E), Asfor Rocha agradeceu a homenagem. "Agora faço parte desse imóvel e espero ser uma de suas colunas de sustentação, com firmeza, mas sem arrogância. Como sempre quis ser até aqui." O presidente do STJ entregou uma placa de homenagem ao colega, na qual destaca Asfor Rocha como um "exemplo de dedicada cidadania". No evento, ainda foram lançadas seis obras, entre elas uma coleção escrita por 63 juristas, em três volumes, entitulada Estudos jurídicos em homenagem ao ministro Cesar Asfor Rocha. Também estiveram presentes no evento o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, o ministro do STJ e coordenador da Comissão da Verdade, Gilson Dipp, e o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).


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JUIZES FEDERAIS.  “Juiz precisa de paz para trabalhar”, diz Nino Toldo.  www.conjur.com.br
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A eleição do juiz federal Nino de Oliveira Toldo para a presidência da Associação dos Juízes Federais do Brasi (Ajufe) foi de certo modo histórica. Primeiro pelo resultado inesperado até para o próprio presidente eleito. No pleito do dia 27 de abril, Toldo levou 660 votos ou 48% dos votos apurados nas urnas eletrônicas.

O resultado o deixou mais de 200 votos a frente do segundo colocado, o juiz federal Roberto Veloso, e deixou Francisco Glauber Pessoa Alves, o terceiro colocado, a 400 votos de distância. Segundo os que acompanharam as eleições, fazia tempo que um presidente não despontava tamanha diferença.

A votação expressiva se deve, em parte, outra característica histórica da eleição de Toldo. Juiz da 10ª Vara Federal Criminal de São Paulo, Nino Toldo se apresentou como oposição à atual gestão, do presidente Gabriel Wedy — apesar de eleito, Nino Toldo só toma posse em junho.

Para compor sua chapa, se aliou a dois antigos aliados de Wedy, o desembargador José Marcos Lunardelli, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que sempre apoiou o presidente gaúcho, e o juiz federal Ricardo de Castro Nascimento, presidente da Associação dos Juízes Federais de São Paulo (Ajufesp) e ex-vice-presidente de Wedy.

Mas ele nega que tenha se tratado do famigerado fisiologismo político, evocado sempre em nome da “governabilidade”. “Não foi nada disso. Houve um processo de maturidade de todos nós”, diz. “Já estivemos em posições adversárias no campo político, mas sempre houve entre nós muito respeito e diálogo. Chegamos a um ponto em que percebemos, até a partir da própria política associativa, que para que se alcance alguma melhoria para a Justiça Federal e para os juízes federais, é necessário união”, afirmou em seu gabinete, quando recebeu a revista Consultor Jurídico para uma entrevista.

Esse “ponto” talvez seja a insatisfação generalizada com a administração de Wedy. Toldo, declaradamente oposição, reclama da postura do atual presidente na defesa de melhorias para a carreira, ou mesmo de seu posicionamento frente às questões relacionadas a juízes, que tomaram as manchetes nos últimos meses.

Quando ainda era candidato, Toldo disse à ConJur que “depois de anos de trabalho para a Ajufe chegar a um patamar de credibilidade e respeito perante os interlocutores de assuntos relacionados à magistratura federal, a atual gestão da nossa associação nacional perdeu a capacidade de interlocução e não conseguiu nenhum ganho significativo para os associados”.

Agora, eleito, Toldo diz se opor à “postura excessivamente corporativa e desnecessariamente agressiva” da gestão Wedy. “Ao longo da atual gestão não houve nenhum reajuste de subsídio, não houve melhoria na estrutura da Justiça.” Sua gestão, disse à ConJur em seu gabinete, será marcada pela “busca efetiva pelo diálogo”. Sob a chapa “Ajufe no rumo certo”, Toldo costuma repetir: “Juiz precisa de paz para trabalhar”.

Leia a entrevista:

ConJur — Porque sua candidatura fez oposição ao atual presidente?
Nino Toldo — Fundamentalmente é o entendimento dos membros da chapa e apoiadores, de que a atual gestão da Ajufe adotou uma postura excessivamente corporativa e desnecessariamente agressiva, o que gerou uma perda de diálogo. quer no âmbito interno do Poder Judiciário, quer no âmbito externo com o Poder Legislativo e principalmente com o Poder Executivo. Então isso dificultou que se conseguisse, para a classe dos juízes, qualquer ganho efetivo. Ao longo da atual gestão não houve nenhum reajuste de subsídio, não houve melhoria na estrutura da Justiça. Reconheço o trabalho que foi feito, foi caminho que se buscou, mas um caminho que se mostrou inadequado. E tanto isso é verdade que a nossa proposição do restabelecimento do diálogo, de condução serena, responsável e séria dos pleitos da Justiça foi acolhida por uma maioria significativa dos associados.

ConJur — Como se deu a união das oposições representadas pelo desembargador José Lunardelli, do TRF-3, e pelo juiz federal Ricardo Nascimento?
Nino Toldo — Nós já estivemos em posições adversárias no campo político, mas sempre houve entre nós muito respeito e diálogo. Chegamos a um ponto em que percebemos que, para que se alcance alguma melhoria, era necessário união. Então, todos nós que participamos disso aqui na 3ª Região tivemos esse espírito republicano: deixamos de lado posições pessoais muito específicas em favor de algo comum, que é o melhor para a Justiça Federal e para os juízes federais. Sem isso não seria possível. Não é como muitas pessoas disseram, uma união apenas visando o pleito. Não é. Houve um processo de maturidade de todos nós.

ConJur — E como foi essa aproximação?
Nino Toldo — Já vem do tempo da formação de uma chapa para a associação regional daqui, a Ajufesp [Associação dos Juízes Federais de São Paulo]. Ali já se começou a conversar nesse sentido. E aí houve uma participação muito importante do juiz Paulo César Neves Junior e do atual presidente da Ajufesp, o Ricardo Rezende, no sentido de buscar uma união. A divisão só nos enfraquece e não leva a nada. Houve conversa, muito diálogo e nós conseguimos chegar a um consenso.

ConJur — Como foi formada a chapa?
Nino Toldo — Houve a disputa na Ajufesp, e quando se formou [a chapa] se pensou na formação de uma chapa para a eleição da Ajufe. O meu nome foi lembrado, pela minha disposição ao diálogo sempre. Isso sempre foi mostrado ao longo da campanha eleitoral da Ajufe, a todos os associados. Quando saiu o resultado e recebi o telefonema dos dois candidatos, Roberto Veloso e Francisco Glauber me cumprimentando, eu disse a eles, assim como disse ao presidente Gabriel Wedy, da minha disposição para dialogar, para buscar aquilo que seja melhor para a Justiça Federal. Nós precisamos apaziguar os ânimos, não polarizar discussões a ponto de nos prejudicar em todos os nossos pleitos, quer corporativos, quer não corporativos.

ConJur — Existia uma insatisfação grande com a administração do atual presidente, Gabriel Wedy, não é?
Nino Toldo — Existia uma insatisfação grande com a atual gestão. Ressalto que a crítica que faço não é uma crítica pessoal, é política. Tenho muito respeito pelas pessoas que integram a diretoria e que integraram as chapas concorrentes, mas a nossa proposição é de busca efetiva de diálogo para que a gente possa inserir a Ajufe novamente como uma interlocutora eficiente dos juízes federais perante todos os órgãos de decisão, obter melhores dias para a nossa associação.

ConJur — Outra grande crítica à gestão do Gabriel Wedy foi a relação dele com a imprensa. Como o senhor acha que deve ser a relação da Ajufe com a imprensa?
Nino Toldo — Deve ser tranquila. Eu sempre entendi que o juiz, enquanto magistrado, não deve manifestar as suas opiniões, até porque a Lei Orgânica da Magistratura Nacional proíbe a manifestação dos juízes sobre os processos em curso. No caso do dirigente associativo, ele não deve deixar de manifestar-se quando procurado pela imprensa, evidentemente, dentro daquilo que lhe cabe falar. Deve expressar aquilo que representa o entendimento médio dos juízes. O dirigente associativo deve ter muito cuidado para não exprimir uma posição pessoal como se fosse opinião da classe dos juízes federais.

ConJur — Qual deve ser o papel real da Ajufe: defender os interesses dos juízes federais ou levantar bandeiras de interesse geral da sociedade? Em outras palavras: a Ajufe deve assumir o papel sindical da defesa dos juízes federais?
Nino Toldo — Não diria sindical, mas a Ajufe tem um viés corporativo. Tem de ter,  está no estatuto. Ela defende os interesses corporativos dos juízes federais, mas não se limita a isso. Também é objetivo estatutário da Ajufe o aperfeiçoamento das instituições democráticas e o Estado Democrático de Direito. Então a Ajufe tem uma inserção social. Não basta a gente reivindicar questões ligadas aos interesses corporativos, mas também mostrar à sociedade que os juízes têm uma função social importante. Já houve no passado movimentos protagonizados pela Ajufe, como Expedição da Cidadania, Projeto Soldado Cidadão, Justiça para Todos, que eram projetos voltados dos juízes federais para a sociedade.

ConJur — Como presidente do Supremo, o ministro Cezar Peluso foi até a presidente Dilma Rousseff pedir aumento do orçamento do Judiciário e dos salários da magistratura, mão não teve êxito. O senhor acha que existe outro meio de conseguir esse aumento?
Nino Toldo — É preciso dialogar, dialogar e dialogar. E quando não der mais para dialogar, precisamos dialogar. Porque é preciso que se compreenda bem o papel de cada poder. O que aconteceu do ano de 2011 para 2012 foi algo bastante sério, bastante grave. O Poder Judiciário, pelo Supremo Tribunal Federal, encaminhou uma proposta orçamentária incluindo uma previsão de reajuste de subsídio e o Poder Executivo, antes de encaminhar isso ao Congresso Nacional, retirou. Isso não poderia ter acontecido. Houve uma ingerência indevida do Poder Executivo no Poder Judiciário.

ConJur — Como deveria ter sido?
Nino Toldo — O Poder Executivo não poderia cortar a priori essa previsão. Ela poderia ter sido retirada no Congresso Nacional, porque o Poder Legislativo tem esse poder. Uma vez aprovada a emenda no Poder Legislativo, o Poder Executivo poderia contingenciar em função da não implementação de receitas. Mas simplesmente impedir a discussão? Isso não poderia ter acontecido. E aí eu acho que o então presidente do Supremo Tribunal Federal não tomou uma atitude adequada para defender essa prerrogativa do Poder Judiciário.

ConJur — E quanto ao papel social da magistratura?
Nino Toldo — A preocupação com uma prestação jurisdicional séria e adequada, em tempo razoável, é uma demonstração do empenho do juiz de que seu papel seja bem exercido dentro da sociedade. Mas também desejamos que a sociedade reconheça o trabalho dos juízes: hoje os juízes, de um modo geral, e os juízes federais, em particular, vêm sofrendo muita pressão. Uma postura negativista [da imprensa] de se mostrar apenas o lado ruim, o lado que não funciona, são críticas demasiadas à Justiça Federal. Mas a Justiça Federal tem todo um lado bom para ser mostrado, os juizados especiais federais têm trabalhado muito, os juízes têm trabalhado muito no campo da mediação, buscando a solução rápida dos conflitos, por exemplo.

ConJur — É nessa inserção social que entra, por exemplo, a luta por melhores salários ou benefícios?
Nino Toldo — Não, aí é uma questão do viés corporativo que a gente tem. Se bem que juiz bem remunerado significa uma pessoa mais tranquila no seu trabalho. Porque, evidentemente, o juiz é vocacionado. A pessoa que entra na magistratura precisa ser vocacionada, mas precisa também ser bem remunerada. Hoje nós temos tido um problema muito sério de evasão, de juízes que estão deixando a magistratura em busca de um trabalho melhor remunerado. A gente precisa evitar essa sangria, esse desencanto que tem havido dentro da magistratura.

ConJur — Em entrevista à ConJur, o ministro Peluso alertou para o fato de a magistratura estar perdendo grandes quadros para a advocacia.
Nino Toldo — Esse é um problema sério que pretendo discutir claramente com as células representativas da sociedade. Pretendo discutir isso com o presidente do Supremo Tribunal Federal, com o presidente do Superior Tribunal de Justiça, com o Poder Legislativo, com o Poder Executivo, com a OAB. É preciso que as pessoas valorizem a magistratura. Ninguém defende que magistrados ganhem super salários, mas precisam receber de uma forma condigna com o trabalho que realizam, com a responsabilidade e a natureza do cargo.

ConJur — A evasão é principalmente por causa dos salários?
Nino Toldo —Temos percebido que os juízes estão com baixa autoestima, o que  leva a essa evasão inédita, de juiz sair para ser titular de cartório, para ser procurador da República.

ConJur — Falta de autoestima?
Nino Toldo — É o que tem acontecido. Infelizmente a gente tem visto juízes que entram e logo saem, e até juízes já com experiência que acabam saindo da magistratura. Isso é muito ruim porque a magistratura deveria ser o ápice daquelas pessoas que buscam uma carreira jurídica.

ConJur — Por que deveria ser o ápice?
Nino Toldo — Com todo o respeito às carreiras jurídicas, eu venho da Procuradoria do Estado de São Paulo e tenho muito disso, mas a função do juiz de decidir a causa, de presidir o processo... quem estuda o Direito e procura uma carreira jurídica já tem essa vontade. É um concurso super difícil. Assim, é o máximo que se pode conseguir, nesse sentido.

ConJur — O senhor entende que, com toda essa responsabilidade, juiz tem direito de fazer greve?
Nino Toldo — Greve decorre de uma relação de patrão e empregado. O juiz não tem essa relação. Por isso a greve não é da essência do Poder JUdiciário, já que o o juiz exerce um papel fundamental que é poder de Estado. Em situações absolutamente extremas o juiz poderia fazer algo semelhante à figura da obstrução, que existe no Legislativo. Vamos imaginar que houvesse uma tentativa de diminuição das prerrogativas da magistratura, aí os juízes devem sim fazer alguma coisa. Mas apenas nas questões vencimentais...

ConJur — Como foi a última...
Nino Toldo — É, houve tentativas nesse sentido. Agora, não se pode também deixar chegar a um nível de desvalorização da magistratura a ponto de que o juiz não veja alternativa a não ser essa. Mas é isso: a greve é um mecanismo que não faz parte da essência do juiz, da magistratura.

ConJur — E como o senhor vê os resultados da última greve?
Nino Toldo — Resultado, não houve. Faltou mobilização dos juízes por parte da diretoria. Então, greve é um mecanismo muito sensível.

ConJur — É preciso fazer uma nova greve?
Nino Toldo — Não.

ConJur — Falta relacionamento do Judiciário com os outros poderes?
Nino Toldo — O que precisa haver é um reconhecimento dos chefes, de quem chefia o poder, de quem preside o tribunal. É necessário que haja o reconhecimento do seu papel político. Quando eu falo política, não é a partidária, mas a política de Estado. O chefe do Poder Judiciário precisa reconhecer e usar o seu poder político e dialogar com os outros poderes. Isso é fundamental para o jogo democrático. A associação de classe tem o papel de dialogar com o poder e estimulá-la ao exercício de seu papel político. Mas precisa haver diálogo, sim, entre os poderes. O Poder Judiciário precisa ser respeitado e valorizado.

ConJur — O ministro Cezar Peluso disse que defender férias de 60 dias é uma bandeira ingrata. O senhor concorda?
Nino Toldo — Infelizmente a questão das férias de 60 dias tem sido conduzida com certa hipocrisia. É um tema impopular porque muitas profissões não têm férias de 60 dias, mas há outras tantas profissões que têm férias acima de 30 dias, até de 60 dias: professores, Defensoria Pública, Ministério Público, os próprios parlamentares têm recesso superior a 30 dias.

ConJur — O que as férias de 60 dias representam para o juiz?
Nino Toldo — Um atrativo para o ingresso na magistratura. Não é privilégio de juiz, porque se por um lado o juiz tem 60 dias de férias, por outro ele não tem uma jornada de trabalho específica. O juiz não ganha hora extra, faz plantões e não é remunerado por isso. Então, não se pode pensar simplesmente em retirar as férias de 60 dias, só por retirar. É preciso repensar toda a carreira da magistratura para se estabelecer o que se põe como atrativo para que pessoas vindas dos cursos de Direito ingressem na magistratura. Caso contrário, não teremos mais candidatos à magistratura. Sim, é uma discussão impopular, até compreendo, mas as férias não são injustas frente àquilo que se propõe para a magistratura.

ConJur — Como está a relação hoje dos juízes federais com o CNJ?
Nino Toldo — De um modo geral os juízes entendem o papel do Conselho Nacional de Justiça. A Ajufe foi a primeira entidade de classe a apoiar a existência do Conselho. O que acontece é que não pode haver somente a cobrança. É necessário que o Conselho Nacional de Justiça mostre também para a sociedade o grande trabalho que vem sendo feito pelos juízes, especialmente pelos juízes federais.

ConJur — Por que especialmente os juízes federais?
Nino Toldo — Os juízes federais, em sua grande maioria, trabalham e trabalham muito em busca da prestação jurisdicional em um prazo razoável. O que acontece muitas vezes é que a demanda é muito maior do que aquilo que o juiz pode fazer, provocando um represamento. Hoje, o represamento maior não está nem tanto na primeira instância, mas nos tribunais. E não é que os membros de tribunais trabalham pouco. Trabalham muito, mas há represamento por causa dos gargalos. Uma solução é a ampliação dos tribunais. Mas não há uma revolta contra o CNJ no seu papel. Os juízes apenas desejam que sejam reconhecidos pelo que vêm fazendo.

ConJur — Por exemplo?
Nino Toldo — Quando se fala da Semana Nacional de Conciliação, "Conciliar é Legal", aparece sempre que o Conselho Nacional de Justiça fez isso, fez aquilo, conseguiu isso, conseguiu aquilo. Mas não foi o Conselho Nacional de Justiça, foram os juízes federais. Então é preciso que o Conselho também reconheça isso e divulgue esse trabalho dos juízes. Isso vai auxiliar na valorização da magistratura.

ConJur — E as metas do CNJ?
Nino Toldo — Eu sempre trabalhei com metas. Passei por diversas varas federais, e sempre estabelecia para mim algumas metas. O Conselho Nacional de Justiça veio e estabeleceu metas, algumas exequíveis, outras nem tanto, mas a grande maioria dos juízes cumpriu as suas metas. Há ainda um déficit, mas isso vai ser sanado com o tempo. Então os juízes não são contrários ao trabalho do CNJ. O CNJ quer prestar esse serviço à sociedade, acabar com o déficit jurisdicional e nisso nós devemos ser parceiros. A Ajufe sempre foi parceira do CNJ nesse sentido, de buscar melhor solução para os problemas da Justiça. Mas não pode haver apenas a cobrança. Também é preciso que se dê aos juízes os meios. Agora, por outro lado, o que nós temos visto é, para usar uma expressão popular , “abrir um buraco para tapar outro”, porque às vezes também para se diminuir o déficit nos tribunais se faz a convocação de juízes. E quando se faz a convocação de juízes, se tira o juiz da primeira instância do lugar aonde ele deveria estar, na sua vara. E aí, juízes substitutos acumulam funções.

ConJur — O que é considerado inexequível?
Nino Toldo — Não se pode pressionar o juiz apenas para produzir, porque a tarefa de julgar não é mecânica. O juiz precisa analisar o processo, e existem processos complexos e processos difíceis. É isso que precisa ser entendido, que a pressão pela produtividade não pode ser a tal ponto que impeça o juiz de ser livre no julgamento. Eu já tive caso difícil, levei uma semana para fazer. Agora, há casos que eu levo duas horas para julgar. É preciso entender essa balança. Você não pode comparar o trabalho de um juiz que está em uma vara criminal, do juiz que está na vara civil, do juiz que está em uma vara de execução fiscal, do juiz que está no juizado, do juiz que está em uma turma recursal, do juiz do tribunal. Cada um tem as suas peculiaridades, as suas dificuldades.

ConJur — É a questão da pressão puramente numérica.
Nino Toldo — Só a pressão pelo número é ruim, porque se você forçar o juiz a produzir centenas e centenas de sentenças. Ele vai produzir, mas é o que eu costumo dizer: existe uma balança. Tem de buscar o equilíbrio, entre aquilo que você pode produzir em quantidade sem prescindir da qualidade. O juiz que pensa muito para fazer uma sentença se torna pouco produtivo. Agora, o juiz, se for muito produtivo, pode abrir mão da qualidade na elaboração da sua sentença. Nenhum desses dois casos atende ao interesse da sociedade.

ConJur — Mas a sociedade não exige isso?
Nino Toldo — Exige, e isso é direito da sociedade. Por isso eu digo que o tempo é de diálogo. Nós tivemos ao longo dos dois últimos anos – e falo do caso específico da Ajufe –, uma excessiva exposição, uma postura de confronto sem objetivo definido a ser alcançado. O caminho não é esse. A nossa proposição, que foi passada aos associados, é uma proposição de busca de diálogo, de busca de consenso, de trabalho sereno e responsável, de busca de credibilidade. Eu espero, sinceramente, que a gente tenha, conversa e diálogo com todas as partes, incluindo a imprensa. Estou sempre à disposição para conversar, para ouvir e para falar. Espero que nos próximos dois anos a gente tenha paz para trabalhar, porque a sociedade precisa disso, o Brasil precisa de um Poder Judiciário forte, acreditado e valorizado pela sociedade. A desvalorização do Poder Judiciário não é benéfica para a sociedade, não é benéfica para ninguém.

ConJur — Podemos concluir, então, que a imagem da magistratura vem se desgastando com essa ultraexposição trazida pela Corregedoria e pelos jornais?
Nino Toldo — Sim. A magistratura de modo geral, não só a Justiça Federal, se desgastou muito, houve uma excessiva e desnecessária exposição dos juízes. Os juízes, como eu disse, querem paz para trabalhar e precisam ser valorizados. E a valorização passa pelo reconhecimento do seu trabalho, pela melhoria nas condições de trabalho e por uma remuneração condigna. O meu propósito na gestão da Ajufe vai ser esse, dialogar com as instituições para que a magistratura tenha esse reconhecimento, seja valorizada.

ConJur — Como vai a saúde dos juízes?
Nino Toldo — Essa é uma grande preocupação que eu tenho. Recentemente coordenei um seminário junto à Escola de Magistrados da Justiça Federal da 3ª Região. Nós não sabemos exatamente quantos juízes sofrem de algum tipo de transtorno psíquico, como quadros de ansiedade ou um transtorno mais profundo, uma depressão, síndrome do pânico. Mas existem juízes com esse quadro, porque nós estamos sob uma constante pressão. Na Justiça Federal temos as corregedorias, o Conselho da Justiça Federal, a Corregedoria-Geral da Justiça Federal, a Corregedoria Nacional de Justiça, necessidade de prestar informações para um sem número de órgãos, a sociedade criticando. Tudo isso gera um efeito interno na pessoa do juiz. Eu conheço muitos casos de juízes que tiveram transtorno de ansiedade. Eu mesmo já passei por um quadro de transtorno de ansiedade.

ConJur — O processo eletrônico piorou esse quadro?
Nino Toldo — Não só. O processo eletrônico exige muito. Tem juízes com lesão de esforço repetitivo, stress por ficar olhando muito tempo na tela do computador etc.

ConJur — O que mais contribui?
Nino Toldo — Também existe o aspecto de o juiz ter uma grande responsabilidade sobre aquilo que está decidindo. Por exemplo, o juiz que atua em vara criminal decidir entre condenar e absolver uma pessoa é complicado. Uma decisão determinando a prisão de alguém é uma decisão muito séria. O juiz precisa estar muito bem preparado psicologicamente para isso tudo. A carreira exige um preparo muito grande, intelectual e mental. Foi isso que quis dizer quando falei na baixa autoestima. Precisamos resgatar a autoestima do magistrado, aquele sentido de que o que ele está fazendo é algo de grande importância para a sociedade e é valorizado pela sociedade.

ConJur — A sua chapa na Ajufe tem uma proposta específica para saúde?
Nino Toldo — Temos uma proposta de buscar, junto ao Conselho da Justiça Federal, uma melhoria no sistema dos planos de saúde dos magistrados, que hoje está deixando a desejar em todo o país. Um dos primeiros aspectos que é considerado pelo cidadão que é contratado para trabalhar em uma empresa é o plano de saúde que ele vai ter, um plano de previdência. O juiz também precisa disso, para que possa ter sossego no seu trabalho, no desempenho de suas tarefas. Isso é um ponto que nós vamos trabalhar muito nesses próximos dois anos: o juiz precisa de paz para trabalhar.

ConJur — O senhor acha que são necessários novos TRFs?
Nino Toldo — Precisamos de novos tribunais. Existe a PEC [Proposta de Emenda Constitucional] 544, que está em tramitação hoje na Câmara dos Deputados. Ela prevê a criação de quatro tribunais regionais federais e nós defendemos a criação desses tribunais.

ConJur — E onde seriam esses novos tribunais?
Nino Toldo — A criação de TRFs passa pelo redimensionamento da Justiça Federal. Hoje o tribunal da 1ª região tem jurisdição sobre 14 estados. É uma abrangência muito grande e 40% de todo o movimento do Tribunal da 1ª Região vêm de Minas Gerais. Então, o Tribunal Regional Federal em Minas Gerais é mais do que necessário. Além disso, há também um vazio no Norte, que também faz aprte da 1ª Região. Então, se justifica um tribunal no Norte, até pela questão geopolítica, de se ter um tribunal na Amazônia. E também há outros dois tribunais a serem criados em Curitiba e na Bahia. Além disso, há necessidade de ampliação dos tribunais, especialmente da 2ª, da 3ª e da 5ª regiões.

ConJur — Ampliação física?
Nino Toldo — Mais desembargadores. Isso vai gerar uma aceleração nos julgamentos. Hoje nós temos nos tribunais federais um represamento de processos, especialmente na área previdenciária. A ampliação dos tribunais vai possibilitar que esses processos tenham maior vazão.

ConJur — E a criação de varas em cidades menores, é uma boa medida?
Nino Toldo — A interiorização da Justiça Federal foi bastante importante ao longo dos anos. Hoje ainda há varas para serem instaladas, mas eu penso que já atingimos um grau significativo de interiorização. Seria importante agora que se aperfeiçoasse a Justiça Federal onde ela já está instalada. O mais importante é manter a Justiça Federal bem instalada e dar melhores condições de trabalho aos juízes onde ela já existe. E há uma grande dificuldade em se fazer essa interiorização.

ConJur — Qual?
Nino Toldo — Houve durante um certo tempo um obstáculo vindo do Poder Executivo, porque cada vez que se instala uma vara no interior há uma pressão para que órgãos do Poder Executivo se instalem ali também. Por trás de uma vara federal vem a pressão para a instalação de uma unidade da Procuradoria da República, uma unidade da Procuradoria Federal, a Advocacia Geral da União, até a Polícia Federal. Mas a criação e instalação de varas no interior foram importantes para que se capilarizasse a Justiça e se desse melhor condição para os judicionados.
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REGIME MILITAR.   Porto Alegre instala placas em lugares onde houve tortura.  Até o fim do ano, pedestres que passarem diante do palácio da Polícia Civil em Porto Alegre poderão se deparar com uma placa da prefeitura: "Aqui houve tortura". FOLHA SP 23.05



O município e a ONG Movimento Justiça e Direitos Humanos assinaram ontem convênio para sinalizar locais que abrigaram crimes cometidos por agentes do regime militar.

Um presídio desativado e uma praça que sediou unidade militar também deverão receber a sinalização. No atual palácio da polícia funcionou o Dops. O movimento também quer pôr placas em frente a dois quartéis do Exército ainda em funcionamento.

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Chico Bento pede para 'dona Dirma' vetar Código Florestal. FOLHA SP 23.05


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Por essa, dona "Dirma" não esperava. Chico Bento, personagem caipira de Mauricio de Sousa, entrou na campanha contra o novo Código Florestal, que deverá ser aprovado ou vetado pela presidente até esta sexta-feira.

"Nóis percisa das mata, dos rio, dos peixe... I tá todo mundo achando qui isso vai sê mexido pra pior!", diz Chico Bento, que aparece no desenho ao lado de seus amigos e diante de várias árvores.

A imagem foi divulgada por Sousa em seu Twitter, na noite de segunda. Ontem, ele postou outras mensagens contra o código e aderiu ao movimento "Veta, Dilma".

À Folha Sousa afirmou não conhecer todos os pontos do texto, mas disse ser contra os "nevrálgicos, que ameaçam várzeas, manguezais".

Ele afirmou que já se interessava pelo código, mas que agora "deu uma vontade de fazer algo mais forte para chegar à presidente, por isso apelei aos personagens."

O cartunista elogiou Dilma e disse que ela "tem as melhores intenções e enfrenta os problemas políticos".

Ao final da mensagem, Chico Bento diz que, se "dona Dirma ajudá pra isso num acontecê, nossa gente vai agardecê por toda vida".


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Cresce número de pessoas que desistem de cidadania dos EUA
Brasileiro cofundador do Facebook é um dos que tomaram decisão. FOLHA SP 23.05


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Assim como Eduardo Saverin, o brasileiro cofundador do Facebook que abriu mão da cidadania americana e se instalou em Cingapura, onde o Imposto de Renda é de no máximo 20%, outras 459 pessoas desistiram do passaporte dos EUA no primeiro trimestre deste ano.

Em relação ao quarto trimestre de 2011, o incremento é de 28%. Considerando todo o ano passado, 1.781 americanos decidiram se expatriar. O número representa avanço significativo na comparação com anos anteriores: em 2008, só 231 pessoas renunciaram a essa cidadania.

Apesar de crescente, a parcela dos expatriados representa uma pequena parte dos americanos no exterior. O Departamento de Estado estima que existam 5,2 milhões de cidadãos vivendo fora do país.

Nos EUA, um americano pode desistir da cidadania, por exemplo, se quiser se naturalizar num país em que não exista dupla cidadania, se ele se unir a forças armadas estrangeiras ou se renunciar à cidadania ante diplomata ou autoridade consular.

A suspeita é que muitos tomam essa decisão para fugir do fisco. O Imposto de Renda cobrado pelo governo federal é de até 35% da renda, uma taxa que pode variar porque os Estados também cobram.

O governo dos EUA disponibiliza o nome dos que a cada trimestre desistiram da cidadania. Na lista até março, há o nome de diretor e de executiva de banco suíço.

O escritório de advocacia Gudeon & Mcfadden, especializado em imigração, diz que a documentação que o fisco exige dos que moram fora tem aumentado, o que estimula a desistência. "Um número crescente de pessoas concluiu que a vida seria mais simples sem cidadania americana", diz o escritório.

SUSPEITA

Os especialistas destacam que a suspeita fez com que o Congresso dos EUA estabelecesse punições.

Quando o equivalente ao ministro da Justiça do país entende que alguém se expatriou para não pagar taxas devidas, perde direito a visto americano. O brasileiro que ajudou a fundar o Facebook corre esse risco, embora tenha negado essa motivação.

"Paguei e continuarei pagando os impostos que devo enquanto cidadão americano sobre tudo o que ganho. É lamentável que minha escolha tenha levado a um debate baseado não em fatos, mas em especulação e desinformação", disse ele em nota.

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