quinta-feira, 1 de julho de 2010

KENNETH MAXWELL

UOL.COM.BR

Yo-Yo Ma

Yo-Yo Ma concluiu recentemente uma visita ao Brasil, com concertos de sucesso na Sala São Paulo e no restaurado Teatro Municipal do Rio.
Nascido em Paris, filho de pais chineses, sua família se transferiu para Nova York quando o menino tinha cinco anos. Criança prodígio, Yo-Yo Ma estudou na escola Juilliard de música. Tendo se formado na Universidade Harvard, hoje vive em Cambridge, Massachusetts, com a professora de alemão Jill Horner e os dois filhos do casal. É um dos mais versáteis e talentosos músicos do mundo.
Com seu violoncelo de 1733, construído pelo veneziano Domenico Montagnana, ou com seu Davydoff Stradivarius de 1712, Yo-Yo Ma se tornou um instrumentista de amplo alcance, igualmente confortável na execução de clássicos do barroco, Gabriel Fauré, Rachmaninoff e George Gershwin.
Em suas apresentações brasileiras, foi acompanhado pela pianista Kathryn Stott. Ma gravou 80 DVDs e ganhou 16 prêmios Grammy.
Recentemente, o professor Henry Louis Gates Jr., diretor do Centro de Estudos Afro-americanos de Harvard, destacou Yo-Yo Ma em sua série "Faces of America", para a rede de TV pública PBS.
O professor Gates traçou as origens da família de Yo-Yo Ma na China e descobriu que, durante a Revolução Cultural, um parente do violoncelista havia escondido uma genealogia da família, salvando-a da destruição. A árvore genealógica mostra 18 gerações da família Ma, remontando a 1217.
Yo-Yo Ma é famoso por seu trabalho com o projeto "Silk Road" [Estrada da Seda], que celebra a grande rota comercial pela qual a seda chinesa atravessava a Ásia para chegar ao Oriente Médio e à Europa, e usa essa ideia como metáfora moderna para apresentações multiculturais e multidisciplinares que integram música, narrativas, imagens e animação.
O violoncelista tem se voltado cada vez mais às Américas em busca de inspiração. Entre seus mais bem-sucedidos trabalhos recentes, em palco e em disco, está "The Soul of Tango", gravação de peças do argentino Astor Piazzola.
Desde 2004, a música popular brasileira também tem encontrado espaço em seu repertório mundial, que inclui o álbum "Obrigado Brazil", premiado com o Grammy, no qual colabora com a violonista e cantora Rosa Passos, que atualizou de maneira maravilhosa a música de João Gilberto e Antonio Carlos Jobim.
Com sua abertura a novos sons e estilos, sua excelência pessoal, seu sólido treinamento clássico e sua evidente alegria na descoberta do que há de melhor em tradições ecléticas e diversificadas, Yo-Yo Ma é um verdadeiro "cosmopolita", no melhor sentido da palavra.

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Educação com método

Editorial UOL.com.br 01/07

A constatação de que alunos de escolas públicas de São Paulo que usam apostilas de sistemas de ensino se saem melhor na prova de avaliação dos estudantes do ensino fundamental enseja reflexões sobre a educação no país.
Do lado das preocupações, o que o estudo realizado pelos pesquisadores Paula Louzano, Francisco Soares e Ana Carolina Zogbi sugere é que, de um modo geral, os professores não estão sendo capazes de estruturar suas aulas de forma eficaz. Basta oferecer-lhes um sistema que organiza um pouco melhor a disposição dos conteúdos -e o tempo em sala- para obter melhorias significativas no desempenho dos alunos.
De acordo com a pesquisa, que foi apresentada em seminário patrocinado pela Fundação Lemann, o ganho médio dos estudantes que se valiam de apostilas foi de cinco pontos na Prova Brasil. A escala utilizada por esse exame pressupõe uma progressão de 12 pontos a cada ano. Isso significa que a adoção de um sistema de ensino equivale, grosso modo, a meio ano de aulas.
Tais resultados mostram o quanto há a avançar na formação dos professores, em especial no que diz respeito à estruturação das aulas. Não é de hoje que se suspeita que as faculdades de pedagogia dedicam tempo demais a elucubrações teóricas e sacrificam aspectos mais essenciais da tarefa de ensinar a ensinar.
O lado positivo da história é que se abre um novo leque de opções para melhorar a qualidade do ensino público. As secretarias de educação e o próprio Ministério da Educação precisam estudar seriamente a possibilidade de adotar, pelo menos em algumas situações, sistemas padronizados.
Eles podem não ser a materialização dos mais elevados ideais pedagógicos, mas, se funcionam melhor do que os métodos hoje oferecidos, seria uma temeridade dispensá-los com base apenas em preferências ideológicas.

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