domingo, 11 de julho de 2010

Coleção traz virtuosismo de Jacob do Bandolim

Músico foi um dos mais importantes intérpretes e formatadores do choro

Volume chega às bancas no próximo domingo; instrumentista tem gravações com Ataulfo Alves e Elizeth Cardoso

FSP 11/07

Jacob do Bandolim foi não só o maior nome brasileiro do instrumento que carregava no nome, mas um dos mais importantes intérpretes e formatadores do choro como o conhecemos hoje.
É sobre sua história e sua música o 19º volume da Coleção Folha Raízes da Música Popular Brasileira, nas bancas no próximo domingo.
Jacob Pick Bittencourt nasceu no dia 14 de fevereiro de 1918, filho de mãe polonesa e pai capixaba.
Seu primeiro instrumento foi um violino, influenciado por um vizinho francês que o tocava, fascinando o jovem. Mas ele não se adaptou ao arco e passou a tentar tocar as cordas com um grampo de cabelo, até decidir finalmente pelo bandolim, que passou a estudar sozinho.
Ouvindo o clarinetista Luiz Americano, seu vizinho na Lapa, se interessou definitivamente pelo choro.
Já nos fim dos anos 30, se apresentava em rádios, em concursos de solistas ou em conjuntos ao lado de amigos.
Gravou com o compositor Ataulfo Alves sambas de sucesso como "Ai, que Saudade da Amélia", no começo dos anos 40. Pela época, lançou seus primeiros discos em 78 rotações, com choros como "Treme-Treme", "Cabuloso" e "Salões Imperiais".
Suas principais composições, como "Doce de Coco" e "Noites Cariocas", foram criadas e gravadas nos anos 50. Jacob já era reconhecido como um mestre do instrumento, virtuose e melódico, influente para todos os músicos do choro.
Em 1967, ao lado do conjunto Época de Ouro, lançou sua obra-prima, o LP "Vibrações". Na mesma época, gravou famoso disco ao lado de Elizeth Cardoso e o Zimbo Trio. Morreu em 13 de agosto de 1969, de infarto, voltando da casa de Pixinguinha.
O autor do livro sobre Jacob do Bandolim é o músico e escritor Henrique Cazes. Já o CD traz, entre outras, as faixas "Vibrações", "Ingênuo" e "Noites Cariocas", todas com Jacob do Bandolim.

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A importância da Bienal de SP para o Brasil

FSP 11/07

HEITOR MARTINS


A Bienal cumpre o papel de promover o intercâmbio cultural, estimular o circuito artístico local e divulgar a arte brasileira no exterior




A 29ª Bienal de São Paulo, que ocorre entre 25 de setembro e 12 de dezembro, cumpre papel central no desenvolvimento da arte brasileira. Seu impacto transcende em muito o plano estritamente cultural.
Atuando como instrumento de educação e inserção social e servindo de alavanca para estimular a produção e o consumo de bens culturais, a Bienal é um importante catalisador da economia criativa e símbolo da modernidade não só de nossa cidade, mas do Brasil.
Criada em 1951, a Bienal foi a terceira instituição no mundo voltada para a arte contemporânea -anteriores, apenas o MoMA, em Nova York, e a Bienal de Veneza. Elo entre o Brasil e o cenário internacional, a Bienal cumpre desde então o papel de promover o intercâmbio cultural, estimular o circuito artístico local e divulgar a arte brasileira e o Brasil no exterior. O balanço de seus quase 60 anos de atuação é amplamente positivo.
Por aqui passaram e continuam a passar os principais artistas internacionais. A qualidade e a abrangência de nossa produção artística cresceram enormemente e nossos artistas ganharam projeção internacional. Nossa Bienal conquistou grande prestígio e é acompanhada com interesse pela comunidade artística mundial.
Em um país onde menos de 10% da população já visitou um museu, a Bienal, com sua escala monumental, privilegiada pelo pavilhão projetado por Oscar Niemeyer no Ibirapuera, é um importante mecanismo de acesso à arte. A cada dois anos, centenas de milhares de visitantes travam contato com a produção artística contemporânea.
Esse encontro, capaz de gerar sentimentos díspares, que vão do absoluto prazer à completa indignação, leva os visitantes a refletir sobre a arte e seu papel na sociedade. Nesse sentido, a Bienal deste ano está ancorada na ideia de ser impossível separar arte e política.
A Bienal tem ainda uma atuação pioneira no campo educativo. Para a edição de 2010, foram celebradas parcerias com as secretarias de Educação do Estado e do município de São Paulo e de cidades vizinhas e com inúmeras instituições privadas para capacitar mais de 25 mil educadores, de forma que eles possam trabalhar o tema da Bienal em sala de aula e posteriormente levar seus alunos ao pavilhão.
No total, espera-se mais de 400 mil visitas guiadas, o que o torna um dos mais abrangentes programas educativos já realizados no campo das artes. De difícil mensuração, o impacto econômico da Bienal é pouco discutido, mas não pode ser subestimado. A produção artística é uma das atividades de maior valor agregado na economia. A obra de arte materializa o capital intelectual.
Quanto maior valor as obras de arte de nossos artistas adquirem, maior a riqueza gerada para o país, e tal riqueza acaba sendo distribuída entre todos no mundo das artes -artistas, galerias, instituições culturais etc. Além disso, o circuito das artes é um incentivo ao turismo, haja vista os milhões de visitantes que instituições como Tate, em Londres, e Louvre, em Paris, atraem todos os anos.
Embora o eixo da Bienal seja dado pela arte, não se pode deixar de considerar seu impacto nos campos da educação, da cidadania e da economia.
O apoio incisivo que a Bienal vem recebendo do ministro da Cultura, assim como da Prefeitura de São Paulo, das empresas patrocinadoras e da sociedade civil resulta justamente do entendimento desse impacto ampliado.
Uma Bienal forte interessa a toda a sociedade, na medida em que permite que nossa cidade se posicione como um dos grandes polos mundiais de arte contemporânea, gerando riqueza, progresso e benefícios para todos.

HEITOR MARTINS é presidente da Fundação Bienal.

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Patrocínio privado a eventos de juízes é tema incômodo


NO ANO PASSADO, O CNJ DISCUTIU A NECESSIDADE DE REGULAMENTAR A PARTICIPAÇÃO DE JUÍZES EM EVENTOS



FSP 10/07

O patrocínio de empresas públicas e privadas a eventos que reúnem magistrados é um tema incômodo ao Judiciário. A favor dessa prática são apresentadas três alegações: é impensável imaginar que juízes tomem decisões a título de reciprocidade a patrocinadores; congressos com apoio de empresas são comuns em outras atividades públicas e privadas, e, finalmente, tribunais não têm recursos para promover reuniões externas de aprimoramento de seus membros.
Contra esse costume, alega-se que, dependendo do tipo de reunião, haveria uma certa elasticidade no rigor que se exige da coisa pública. Afinal, não há almoço grátis.
Recentemente, a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) enfrentou o desconforto de uma ação civil pública, porque recursos da Caixa Econômica Federal, destinados a sustentar encontros científicos de magistrados, foram aplicados em jantar de inauguração de sede da Justiça Federal, num suposto desvio de finalidade. A ação foi extinta.
Mais grave, a entidade foi acusada por um juiz associado de atuar como laranja do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, com sede no Rio, interessado em promover evento de final de semana prolongado em resort numa estação balneária. A Ajufe aceitou ser intermediária, captando recursos em empresas para custear gastos.
No dia da posse do ministro Dias Toffoli como ministro do Supremo Tribunal Federal, a Caixa gastou R$ 40 mil para custear parte das despesas com jantar e coquetel para 1.500 convidados num luxuoso salão de eventos em Brasília. Novamente a Ajufe coordenou a coleta.
A entidade não vê ilegalidade nos três casos citados. O banco público alega ser investimento mercadológico.
Em 2009, o Conselho Nacional de Justiça discutiu a necessidade de regulamentar a participação de magistrados em eventos, para exigir a publicação de ausências, prestações de contas, além de fixar limites para afastamentos do cargo.
Um mês após o anúncio da intenção, o ministro-conselheiro que defendia as medidas admitiu que participara de um congresso de final de semana na Bahia, acompanhado da mulher, com despesas pagas pela Febraban. "Foi um sacrifício", disse.

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