sábado, 26 de junho de 2010

“O estudo colocou adeptos do swing entre os grupos com índices mais altos de DSTs, ao lado de jovens e homens homossexuais - que já haviam sido identificados como grupos de alto risco”. Estudo do Serviço de Saúde Pública de Zuid-Limburg, na Província de Limburg, na Holanda BBC Brasil

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Volume reúne palavras e conceitos de Antonio Vieira

Glossários dos sermões do escritor são publicados em um único livro

FSP 26/06

"Deus deu vida a Adão com um sopro, porque a vida do homem é vento."
Enunciados deleitosos assim aguardam o consulente do "Índice das Coisas Mais Notáveis", de Antônio Vieira (1608-1697) -o célebre pregador português que, mais de três séculos após a morte, continua surpreendendo.
Tendo coordenado a edição dos 15 volumes com 206 sermões, publicados em Lisboa a partir de 1679, o próprio Vieira acrescentou ao final de cada um deles uma espécie de glossário. As entradas remetem não só a palavras empregadas mas também a conceitos ou ideias desenvolvidos nos discursos, na maioria das vezes com frases exemplares ou abonações como a que abre esta resenha (verbete "Adão").
Alcir Pécora, organizador do volume e crítico da Folha, é autor também de uma "Introdução", indispensável para ter a exata noção das características e do alcance desse instrumento que simplesmente não existia, a não ser disperso, na editio princips [edição original].

ARREBATAMENTO
Dito assim, talvez reste a falsa impressão de que o livro interessa apenas a uma restrita confraria de iniciados.
Porém, qualquer leitor de Vieira -sobretudo aquele que, como Fernando Pessoa, quer se entregar ao arrebatamento inefável de lê-lo pela primeira vez-, tem agora como ir muito além do "Sermão da Sexagésima", guiado pela escolha de palavras, temas ou personagens nas prédicas do jesuíta.
Como costumam ser mais eloquentes ou impressionantes, Pécora relaciona números que por si só traduzem a monumentalidade da obra a que o "Índice das Coisas Mais Notáveis" remete: "8.364 abonações distribuídas em 1.178 entradas, sendo que dessas frases de abonação 6.288 delas não se repetem".
Se isso não convenceu o leitor da importância desse repertório, talvez o comova a certeza de que, quanto mais se entende uma linguagem, mais se compreende uma época: com esse instrumento, é possível observar a palavra em seu habitat natural, isto é, no uso que lhe dá sentido -o que pode evitar a sensação de anacronismos.
Pois esse "Índice das Coisas Mais Notáveis" reúne não só o vocabulário mas o também notável -se não o maior- elenco de noções da teologia, da política e da retórica do português escrito do século 18.
Afinal, trata-se do principal orador daquele tempo, o "imperador da língua", para quem "pouco valem as palavras quando quem as pronuncia não entende o sentido delas" ("Palavra").

JOACI PEREIRA FURTADO, doutor em história pela USP, organizou edição das "Cartas Chilenas", de Tomás Antônio Gonzaga (Companhia das Letras)

ÍNDICE DAS COISAS MAIS NOTÁVEIS

AUTOR Antônio Vieira
ORGANIZAÇÃO Alcir Pécora
EDITORA Hedra
QUANTO R$ 29 (390 págs.)
AVALIAÇÃO ótimo

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Museu espanhol celebra aniversário com arte latina

FSP 26/06

Mostra reúne trabalhos de 40 artistas para ressaltar presença no acervo

Leonilson e Rivane Neuenschwander são alguns dos brasileiros com obras expostas em León, na Espanha


O Museu de Arte Contemporânea de Castilla e León (Musac), sediado em León, faz hoje seu quinto aniversário e, em comemoração, apresenta apenas obras de artistas latino-americanos.
A exposição "Modelos para Armar" reúne cerca de cem trabalhos de 40 artistas, entre eles os brasileiros Rivane Neuenschwander, Leonilson e Rosângela Rennó.
A exposição é inspirada em "62/Modelo para Armar", livro do escritor argentino Julio Cortázar, e visa ressaltar a forte presença latino-americana na coleção do Musac.
"Há três anos, quando foi feito um balanço das obras da coleção, percebemos que, mesmo diante de outros contextos geográficos como o asiático, o Musac tem uma grande representação latino-americana, ao contrário dos museus espanhóis e mesmo de alguns europeus", conta Agustín Pérez Rubio à Folha por e-mail.
Além de "Modelos para Armar", o museu apresenta também a mostra "Para Ser Construídos", com cinco artistas que vivem no Brasil, mas são de outros países, como os argentinos Nicolás Robbio e Carla Zaccagnini e o americano Marcius Gallan.
Completam ainda a exposição Marcelo Cidade e André Komatsu, ambos nascidos em São Paulo.

LEONILSON SOLO
A exposição "partiu da crença de que o que está se produzindo no Brasil atualmente merece um foco de atenção", diz Rubio.
Essa visada latino-americana tem a ver com a constituição do Musac: sua curadora é a colombiana Maria Inés Rodríguez e, no comitê assessor da coleção, estão José Guirao e Octavio Zaya.
Ambos, em 2000, quando trabalhavam no museu Reina Sofía, em Madri, organizaram "Versiones del Sur", a mais importante mostra de arte latino-americana na Espanha até então.
Em dois anos, o Musac irá apresentar também uma retrospectiva somente com obras do artista brasileiro Leonilson (1957-1993), a primeira na Espanha.
"Acredito que ele seja uma figura tão importante que pode ser revisto do mesmo modo que foi feito com nomes como Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape. Assim, o Musac pode ter um papel valioso em reposicionar Leonilson no restante da Europa", afirma o diretor.
"Modelos para Armar" fica em cartaz até 9 de janeiro, período considerado longo. O motivo, contudo, é a forte crise econômica que a Espanha atravessa e que levou o museu a reduzir o ciclo de mostras anuais de três para duas.

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