quarta-feira, 20 de junho de 2012
“A reforma tributária no Brasil não se faz com
conversa mole.”
Raul Haidar, advogado tributaria. O POPULAR/GO 19.06
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STJ participa de lançamento de
frente parlamentar pela gestão pública.
www.stj.jus.br
Mercado imobiliário
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"Como ter um programa como
o Luz para Todos sem energia". www.cartamaior.com.br
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STJ libera juros em construções
para venda de imóveis na planta. Correio bsb 19.06
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Bolsa Verde vai beneficiar 50
mil famílias que vivem em áreas de proteção ambiental até dezembro.
www.planalgo.gov.br
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Conselho Nacional de Educação
fixa diretrizes para educação ambiental. www.planalgo.gov.br
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Brics criam fundo virtual de
reservas para sinalizar força
Valor Econômico - 19/06/2012
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Num cenário de grande incerteza global, os líderes
dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) acertaram ontem a
formação de um fundo virtual de reservas para permitir operações de troca de
moedas entre si, além de terem concordado em fazer um novo aporte de recursos
para o Fundo Monetário Internacional (FMI), informou o ministro da Fazenda,
Guido Mantega. A expectativa é que o valor da oferta total dos Brics para o FMI
fique entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões - Mantega não anunciou o montante a
ser doado pelo Brasil nem pelo grupo. Os líderes dos Brics se encontraram ontem
pela manhã, em Los Cabos, no México, antes da abertura oficial da cúpula do
G-20, que termina hoje.
Segundo Mantega, o objetivo do fundo de reservas é
fortalecer a confiança nos países do grupo, que, juntos, têm o maior volume de
reservas do mundo, de mais de US$ 4 trilhões. A ideia é que os estudos para a
implementação da iniciativa estejam prontos por volta da reunião de primavera
do FMI de 2013, em abril, afirmou Mantega, ressaltando, porém, que os países já
podem fazer trocas de moedas entre si. "Isso aumenta a confiança, porque
você fica com mais bala na agulha".
Os Brics ainda não definiram os valores do fundo,
disse o ministro, observando que a iniciativa é semelhante à feita pelo Federal
Reserve (Fed) na crise de 2008, quando foram oferecidas operações de troca
(swap) de moedas a vários países. No caso do Brasil, o Fed estendeu uma linha
de US$ 30 bilhões para o Brasil, que não foi usada. Em 2010, o banco central
americano voltou a lançar mão da medida. Mantega lembrou que os países
asiáticos também têm um mecanismo semelhante, constituído na chamada iniciativa
Chiang Mai, reunindo China, Japão, Coreia do Sul e mais um grupo de economias
menores.
Mantega disse que a ideia do fundo virtual de
reservas não implica aposta dos Brics numa piora da crise global, e nem que o
grupo anteveja o risco de crises de balanço de pagamentos. "A ideia de um
fundo de crédito recíproco é fortalecer a confiança." Cada país vai se
comprometer com um determinado valor, que continuará, porém, vinculado às
reservas de cada um. Em caso de necessidade, de acordo com regras a serem
definidas, os Brics poderão sacá-los.
Outra decisão importante do grupo foi o novo aporte
de recursos ao FMI, para o qual os Brics definiram duas condições, segundo
Mantega. A primeira é que os novos recursos só sejam usados depois que o
dinheiro existente no caixa do fundo for utilizado. Com isso, não haverá aporte
imediato. A outra é que a reforma do poder de voto dentro da instituição seja
levada a termo, cumprindo o acordo de reforma das instituições multilaterais
definidas em 2010.
"Nós achamos que há um atraso por parte do FMI
e parte de alguns países de concretizar o acordo realizado em 2010",
afirmou Mantega, sem informar a contribuição do Brasil nem dos Brics. A
imprensa indiana falava ontem em US$ 60 bilhões, e a expectativa é que fique
entre esse valor e US$ 70 bilhões - em abril, os países do G-20 tinham decidido
oferecer mais US$ 430 bilhões para o FMI, e as contribuições dos países
avançados já somam cerca de US$ 360 bilhões, segundo o próprio Mantega.
Mantega também disse que os líderes dos Brics
trataram da crise europeia, concordando que a estratégia atual, concentrada em
austeridade fiscal e saneamento do sistema financeiro, não tem sido bem
sucedida. "O antídoto vai além das medidas tomadas pelos países europeus
até o momento. É preciso estimular o crescimento das economias e colocar em
prática medidas de incentivo ao investimento na zona do euro." Segundo
ele, os mercados e as populações perderam a confiança nas soluções que têm sido
adotadas pelos países da zona do euro. "É preciso uma correção de rumos."
Mantega disse que a presidente Dilma Rousseff
manifestou essa posição para o primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, com
quem teve uma reunião bilateral. Dilma também se reuniu com a presidente da
Argentina, Cristina Kircher, e tinha encontros marcados com a chanceler alemã
Angela Merkel e o russo Vladimir Putin
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Uma alternativa à
mercantilização do livro I
O Estado de S. Paulo - 19/06/2012
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Diante do crescente estreitamento de espaço para a
literatura brasileira em nosso mercado editorial, fenômeno transparente nas
listas de obras de ficção mais vendidas no País, coloca-se a questão vital: há
saída para esse impasse que põe em risco nossos valores culturais? A resposta
me parece, infelizmente, óbvia: um redondo não, no que depender do big business
editorial.
Na verdade, o problema só tende a se agravar desde
que, a partir do último quartel do século 20, a razão de mercado desembarcou
soberana em nosso mundo dos livros, trazida pelos ventos da globalização. O
mercado editorial brasileiro passou, desde então, a ser inexoravelmente
dominado pelos interesses de um subcapitalismo vira-lata incapaz de enxergar um
palmo adiante de sua irrefreável obsessão por lucros gordos e imediatos. O
livro virou uma mercadoria como outra qualquer. Livro bom passou a ser livro
que vende bem, tout court.
Nada vai mudar isso, até onde a vista alcança. Pelo
menos enquanto o fundamentalismo de mercado que domina o planeta, insustentável
por sua essência desumana, não se exaurir em suas matrizes e os reflexos disso
se estenderem à periferia cultural na qual permanecemos atolados.
Há caminhos, no entanto, capazes de amenizar a
devastação cultural que as grandes editoras comerciais provocam ao relegar a
segundo plano a ficção literária nacional em benefício de obras estrangeiras,
frequentemente medíocres, nas quais investem fortunas na tentativa de
transformá-las em best-sellers também aqui. E um bom exemplo dessa alternativa
vem dos EUA, o mesmo lugar de onde importamos o modelo perverso que hoje impera
em nossas grandes editoras e livrarias. Trata-se da editora sem fins
lucrativos.
Um dos melhores catálogos do mercado editorial
norte-americano é o da New Press (www.thenewpress.com), casa publicadora not
for profit fundada há exatos 20 anos em Nova York por André Schiffrin, o editor
franco-norte-americano que por três décadas estivera à frente da Pantheon
Books, um dos mais importantes e prestigiados selos editoriais daquele país no
século passado.
Ao, finalmente, bater de frente com a mediocridade
de um ambiente livreiro completamente mercantilizado, Schiffrin fundou a nova
editora e passou a escrever livros em que desenvolve uma percuciente análise
crítica das transformações ocorridas nos meios de comunicação - de modo
especial na publicação de livros - no chamado Primeiro Mundo. O último, Words
& Money, saiu há dois anos nos EUA, pela Verso Books, e, no ano passado,
aqui: O dinheiro e as palavras (Editora BEÍ, 2011, 150 páginas). Ninguém deve
se surpreender com o fato de que não é fácil encontrá-lo em nossas livrarias.
Sobre o mercado editorial norte-americano nos
últimos 50 anos - do qual o brasileiro, repita-se, é uma frágil contrafação -,
Schffrin vai ao cerne da questão em O negócio dos livros - Como as grandes
corporações decidem o que você lê, publicado nos EUA em 2000 e no Brasil em
2006 pela editora carioca Casa da Palavra: "Os editores sempre se
orgulharam de sua capacidade de equilibrar o imperativo de ganhar dinheiro com
o de lançar livros importantes. (...) Hoje, frequentemente, o único interesse é
ganhar dinheiro, e o máximo possível".
André Schiffrin remediou a frustração de seu
idealismo de editor com a criação da New Press e o público norte-americano
passou a dispor de mais um catálogo focado na qualidade de conteúdo que, nem
por isso, tem deixado de produzir best-sellers. Essa não é a única editora sem
fins lucrativos e independente, não vinculada a nenhuma instituição, no amplo
mercado de livros norte-americano. Mas é certamente uma das mais bem-sucedidas,
com uma produção anual média de cerca de 50 títulos destinados a "promover
e enriquecer a discussão e o entendimento de questões vitais para nossa
democracia e para um mundo mais equilibrado". E esses livros, de acordo
ainda com os termos em que a própria editora descreve sua missão,
"tornam-se possíveis pelo entusiasmo de nossos leitores; pelo apoio de um
grupo de doadores, grandes e pequenos, comprometidos com a ideia; pela
colaboração de nossos muitos parceiros na mídia independente e no setor das
atividades sem fins lucrativos; pelos livreiros que se empenham pessoalmente na
venda dos nossos títulos; e, sobretudo, por nossos autores".
Não ter o rabo preso com exigências de vigoroso
desempenho comercial para cada título lançado não significa que a New Press
trabalhe no vermelho. Ela depende substancialmente das doações que viabilizam
sua operação, mas o lucro é perseguido para ser reinvestido na ampliação do
catálogo.
A editora sem fins lucrativos voltada para obras de
interesse geral e, sobretudo, disposta a abrir espaço para nossos ficcionistas
é uma opção viável no Brasil? O País já tem um bom número de casas publicadoras
que não visam ao lucro, geralmente vinculadas a instituições de ensino públicas
ou privadas. Toda universidade é obrigada por lei a manter uma editora própria,
cujos catálogos geralmente abrigam sua produção acadêmica, além de conteúdos
relacionados aos cursos que ministra. A Associação Brasileira de Editoras
Universitárias (Abeu), com 25 anos de existência, tem mais de cem associados e
participação ativa nos eventos livreiros do País. Mas essas editoras trabalham
geralmente com nichos muito específicos - quase não publicam, por exemplo,
ficção literária - e permanecem praticamente fora do mercado, sem acesso às
livrarias.
A consolidação de um empreendimento dessa natureza,
dedicado a investir em qualidade de conteúdo para amplo consumo, depende da
existência de um elenco de doadores comprometidos com a missão civilizadora do
livro. É bem mais fácil encontrá-los nos EUA do que por aqui.
Voltaremos ao tema.
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IBGE: Brasil tem avanços e
desafios ambientais
O Globo - 19/06/2012
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O Brasil vem dando passos na direção do
desenvolvimento sustentável, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. É
o que mostra o relatório "Indicadores de Desenvolvimento Sustentável"
(IDS), publicação divulgada ontem pelo IBGE. Dos 62 indicadores que compõem o
estudo, houve avanços em quase metade dos itens que abraçam quatro áreas —
ambiental, social, econômica é institucional. Alguns, contudo, com ressalvas.
— De fato, os desafios continuam e estão
concentrados em duas frentes: nas florestas e nos grandes aglomerados urbanos.
Nestes dois locais precisamos de vigilância renovada. Nas florestas, para
combater o desmatamento, e nas metrópoles, para elevar a qualidade de vida —
disse Wasmália Bivar, presidente do IBGE.
Entre as melhoras, o IBGE cita a redução, em seis
anos, de cerca de 77% no desflorestamento anual da Amazônia Legal, o aumento do
número de áreas protegidas, a queda da mortalidade infantil à metade em uma
década e o acesso crescente às redes de água e esgoto e à coleta de lixo. Entre
as fragilidades, a publicação apontou a permanência das desigualdades
socioeconômicas e de gênero. Um dos maiores desafios é o do saneamento, que
traz consequências como persistência do elevado número de internações por
doenças ligadas à falta de saneamento básico, mais comuns no Norte e no
Nordeste.
— O desenvolvimento sustentável é um processo lento
e contínuo. O país melhorou em muitos aspectos, mas há muito a melhorar ainda —
afirmou Denise Kronemberger, coordenadora da publicação, acrescentando que o
desenvolvimento sustentável não pode se limitar a apenas uma área, precisa
abraçar do meio ambiente à distribuição mais igualitária da renda.
Poluição em grandes centros acima do recomendado
As emissões brasileiras de C02 eram de 8,9
toneladas per capita em 2005, o que fica um pouco acima da média mundial (8,5).
Os dados sugerem que o crescimento das emissões nos anos mais recentes — de
2000 a 2005 — segue em ritmo mais lento do que o observado anteriormente — de
1990 a 1994.
O Brasil vem reduzindo de forma acelerada o consumo
industrial de substâncias destruidoras da camada de ozônio. E, com isso, supera
as metas estabelecidas para o país no Protocolo de Montreal — que propõe a
redução do consumo de substâncias destruidoras de ozônio criadas pelo homem.
Destaque para a redução no uso dos CFCs (clorofluorcarbonos), que saem de
11.198 toneladas/pdo (potencial de destruição do ozônio) em 1992 para
1.208t/pdo em 2010.
Mas a maioria dos grandes centros urbanos
brasileiros tem nível de poluição acima do recomendado. E isso apesar de muitas
apresentarem tendência de declínio ou de estagnação nas concentrações de
poluentes nos últimos anos. O Rio, por exemplo, apresenta alto nível do chamado
PM 10 (partículas inaláveis) — um dos poluentes que mais afeta a saúde da
população, causando ou agravando doenças respiratórias. A substância aparece em
alta em | cidades como São Paulo, Curitiba e Vitória.
— A concentração média do PM10 está acima do padrão
em quase todos os anos da série histórica, de 1998 a 2010, no Rio de Janeiro.
Mas não é um retrato só do Rio — citou Denise.
A falta de saneamento básico é um dos maiores
problemas socioambientais do país, apontou o IBGE. E isso afeta a qualidade das
águas dos rios no país — especialmente dos que abastecem regiões
metropolitanas. E, como nos rios, as praias mais próximas de portos e centros
urbanos apresentam a pior qualidade de água. Essa situação, mais uma vez,
reflete o baixo percentual de tratamento de esgotos coletados e lançados em
corpos de água. Apesar da coleta de esgotos sanitários apresentar expansão, o
tratamento ainda é incipiente.
Em dez anos, número de queimadas reduziu em 40%
O número de queimadas no país caiu mais de 40% em
dez anos. Em 2000, o país tinha 104 mil focos de calor — bem mais do que em
2011, com 61.687. Uma mudança importante, já que as queimadas, tradicional meio
de preparo do solo para a agropecuária, respondem por grande parte das emissões
brasileiras de gases do efeito estufa. Esse indicador menor é fortemente
influenciado pela queda no desmatamento na Amazônia Legal. Estimativas
preliminares apontam para uma área desflorestada de menos de um quarto da área
observada em 2004.
— A Amazônia e o Pantanal são os biomas brasileiros
mais bem preservados. E isso mesmo com uma área desflorestada perto dos 20% da
florestal original da Amazônia e 15% da Amazônia Legal — disse Denise,
lembrando que 85% do Pantanal foram preservados.
627 espécies ameaçadas, em especial na Mata
Atlântica
Mais de 600 espécies (627) da fauna brasileira
estavam extintas ou ameaçadas de extinção no país em 2005 — a maior parte na
Mata Atlântica. Os grupos com maior número de espécies ameaçadas são as aves,
os peixes de água doce e os insetos.
— Um conjunto de fatores ameaça à biodiversidade,
como desmatamento, queimadas e poluição — disse Denise.
Os compromissos assumidos na Rio 92, no documento
Agenda 21, vêm perdendo a força ao longo dos anos no país. Dados do IBGE
mostram que 50,6% da população viviam em cidades com iniciativas de Agenda 21
Local. Em 2009, a proporção caiu para 41,2%. Alguns projetos não foram adiante,
o que pode ter ocorrido por causa da dependência de recursos financeiros. E
ainda coloca dúvidas se, 20 anos depois, os compromissos da Rio+20 perderão
força dentro do país. (Fabiana Ribeiro e Henrique Gomes Batista)
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Batuque da resistência negra » Maíra de Deus Brito
Correio bsb 19.06
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Foto do livro Festas dos quilombos: longa pesquisa
sobre a cultura negra
“No fim dos anos 1970, ouvi falar que ainda
existiam quilombos no Brasil. Não como na época colonial, mas de resistência.
Eu tinha vontade de mostrar, principalmente aos professores, essa realidade que
faz parte da nossa história. Então fui à luta e fiz o primeiro vídeo com as
comunidades no fim da década de 1980. Depois, veio o CD com músicas e, agora, o
livro. Este é um projeto de vida”, diz Gloria Moura sobre Festas dos quilombos,
que será lançado hoje, às 19h, no restaurante Carpe Diem.
A obra é a reunião das três primeiras pesquisas de
30 anos dedicados à questão quilombola e tem como eixo central as festas e
comemorações religiosas nas comunidades rurais negras. Os estudos ocorreram em
Santa Rosa dos Pretos (Maranhão), Mato do Tição (Minas Gerais) e Aguapé (Rio
Grande do Sul). “Minha ideia era pegar grupos de vários estados do Brasil. Há
diferenças, mas também semelhanças. Muitas histórias que são contadas no
sul também existem no norte”, comenta.
A partir de depoimentos, entrevistas, registros
fotográficos e audioviusais, o livro apresenta um panorama dos principais
festejos desses quilombos e revela como essas atividades são importantes
mecanismos de resistência e manutenção das tradições. O tambor de mina (prática
religiosa africana encontrada no Maranhão), por exemplo, é a principal
atividade que marca episódios como a morte e o nascimento de pessoas ligadas ao
tambor.
Desafios e surpresas
Entrar nas comunidades e se deparar com outras
realidades foram alguns dos desafios de Gloria Moura durante as pesquisas de
Festas dos quilombos. Apesar dos percalços, a professora conseguiu indicações
para “ser apresentada nos quilombos” e foi bem recebida pelos moradores.
“Porém, eram só dificuldades, não obstáculos. Eu me sentia tão integrada que me
identifiquei com os quilombolas. Eles têm uma identidade tão firme que me
cativaram”, revela.
Sobre as surpresas, Gloria destaca um episódio
curioso, ocorrido no Maranhão. “Estávamos perdidos e não sabíamos como chegar
até a comunidade. Não havia luz elétrica e fomos acompanhando o som dos
tambores. Quando chegamos ao quilombo, descobrimos que era um tambor de criola
em agradecimento a uma criança que foi salva. Os tambores tocando e o céu cheio
de estrelas compõem uma imagem que não sai da minha cabeça”, recorda.
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Concurso chama a atenção para
poluentes
ONU lança concurso desafiando jovens do mundo todo
a criar iniciativas que ajudem a reduzir o problema da poluição.
www.planetasustentavel.abril.com.br
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Livro estuda as inovações de
compositor nos anos 30
Obra de Mayra Pinto fala das contribuições de Noel
para a canção popular. Publicação pode
ser proibida pela família do sambista, como ocorreu com biografia. FOLHA SP
17/06
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Mais de 75 anos depois da morte de Noel Rosa, o
nome do compositor de Vila Isabel segue envolto em polêmicas.
Acaba de ser lançado o livro "Noel Rosa: O
Humor na Canção" (Ateliê Editorial), resultado da tese de doutorado de
Mayra Pinto pela Universidade de São Paulo (USP).
A obra analisa os aspectos artísticos de Noel -ele
atuou somente seis anos como compositor e morreu aos 26, vítima de tuberculose.
São esmiuçados no livro o uso do humor e da ironia,
a quebra do estereótipo do malandro, a profissão de sambista e a linguagem
coloquial de Noel. Sua entoação (seguindo a escola de Mario Reis, ao cantar de
modo mais falado) também é explorada, assim como o fato de não ser um sambista
do morro, como as figuras do Estácio, e a célebre rusga poética entre o Poeta
da Vila e Wilson Batista.
"Ele usava um humor sofisticado, e o samba não
tinha prestígio nos anos 1930. Além da originalidade, Noel sempre teve uma
postura de confronto em relação às forças dominantes", diz Mayra.
"Hoje, a pesquisa de música popular brasileira
está mais substanciosa. Não posso deixar de citar o acervo do Instituto Moreira
Salles e a caixa do Omar Jubran ["Noel Pela Primeira Vez"], que me
ajudaram demais."
BIOGRAFIA PROIBIDA
Mesmo sem levantar passagens biográficas,
dedicando-se apenas a uma investigação artística da obra de Noel, o livro de
Mayra deve enfrentar problemas judiciais com a família do sambista.
"Tecnicamente, este livro está ilegal. Tudo
que envolva o uso do nome ou da imagem -da marca Noel Rosa- está sujeito à
autorização das herdeiras", diz Élio Joseph, 74, representante legal das
sobrinhas de Noel, as irmãs Maria Alice Joseph, 70, com quem ele é casado, e
Irami Medeiros Rosa de Melo, 72.
"Nós vamos analisar este livro, estamos
abertos a negociações. Caso contrário, vamos ver as medidas cabíveis, como
aconteceu com o livro de Máximo e Didier".
Amparada na Constituição e no Código Civil, a
família segue com processo, em Brasília, contra a editora da UnB (Universidade
de Brasília), João Máximo e Carlos Didier, autores de "Noel Rosa - Uma
Biografia".
Lançado em 1990, o livro ficou em circulação até
1994, com 15 mil cópias vendidas. Desde então, virou raridade e teve seu preço
inflacionado em sebos. A livraria Luzes da Cidade, em Botafogo, cobra R$ 1.000
por um exemplar.
"A família nos cobra R$ 50 mil. Se existisse
uma editora mais ousada, ela daria esse valor, e o livro até poderia sair
novamente. O negócio das herdeiras é dinheiro. Não estão preocupadas com a
moral da família", diz Máximo.
"Esse valor, de R$ 50 mil, não procede. Nenhum
dos autores entrou em contato conosco. Se existir um acordo, vamos estudar e
ver o que é mais favorável para nós e para eles", responde Joseph.
MODIFICAÇÕES NA LEI
Além do livro de Máximo e Didier, o embate entre
autores e biografados ou seus herdeiros é comum. Foi assim com Roberto Carlos e
Paulo Cesar de Araújo); herdeiros de Garrincha e Ruy Castro ou com o espólio de
Guimarães Rosa e Alaor Barbosa.
O projeto de lei 395/2011, representado pela
deputada Manuela D'Ávila (PC do B-RS), que permitiria a divulgação de
informações biográficas e de imagens de figuras públicas, continua parado na
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) desde fevereiro do ano
passado, sem previsão de avanços.
"Biografia não é livro de fofoca, fala da
história de um país", diz a deputada.
"O Brasil está muito atrasado. Steve Jobs
morreu e ganhou cinco biografias. Imagina se os filhos do Napoleão tivessem
impedido as biografias dele? É a história da França, não de uma pessoa."
NOEL ROSA: O HUMOR NA CANÇÃO
AUTOR Mayra Pinto
EDITORA Ateliê Editorial
QUANTO R$ 35 (205 págs.)
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