sexta-feira, 15 de junho de 2012


STJ tem nova ouvidora. (…)  objetivo de incentivar a participação popular e fomentar uma cultura administrativa de foco no cidadão. As atribuições da Ouvidoria incluem receber e acompanhar consultas, prestar esclarecimentos, receber reclamações, críticas, denúncias e elogios, sempre mantendo o cidadão informado da solicitação, além de sugerir o aperfeiçoamento das atividades desenvolvidas pelas demais unidades administrativas.   www.stj.jus.br
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Substituto de Eliana Calmon promete ‘mão de ferro’ no CNJ. www.senado.gov.br
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Crescem crimes contra índios
Segundo Conselho, população indígena sofreu mais conflitos em 2011. Tentativas de homicídio subiram de 18 para 30. Correio Braziliense - 14/06/2012
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Estimada em 817 mil pessoas, a população indígena brasileira tem sido alvo de constantes violências, conforme revela estudo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), divulgado ontem. O número de conflitos notificados envolvendo invasão das aldeias e exploração ilegal de recursos naturais passou de 33, em 2010, para 42, em 2011. As tentativas de assassinato, na maior parte decorrentes de conflitos fundiários, subiram de 18 para 30, no mesmo período, enquanto os homicídios consumados reduziram ligeiramente, de 60 para 51 casos. Um dos dados mais estarrecedores, entretanto, é a morte de crianças de até 5 anos, que saltou de 92 para 126.

A situação mais grave ocorre no Vale do Javari (AM) e no interior de Mato Grosso, onde estão espalhadas várias aldeias xavantes. Nesse último estado, houve até uma intervenção do Ministério da Saúde, em janeiro de 2011, em função do elevado número de falecimentos. Coordenadora do relatório, a antropóloga Lúcia Helena Rangel considera inadmissíveis as causas de mortes das crianças indígenas. "São doenças respiratórias, diarreias e outros problemas de saúde quase sempre tratáveis. Entre os adultos, a desassistência é semelhante. Há muita gente morrendo de malária, hepatite, pneumonia", afirma a especialista.

Procurado, o Ministério da Saúde alegou não conhecer o relatório do Cimi para poder se manifestar. Mas apresentou dados sobre a morte de crianças de até um ano, ressaltando uma queda de 4,8% no índice entre 2010 e 2011 — passando de 662 para 630. A pasta ressaltou ainda que a intervenção na área dos xavantes resultou em um decréscimo de 30% dos óbitos na mesma população. Para a antropóloga Lúcia Helena, a situação da falta de assistência à saúde tem sido denunciada há muito tempo, sem soluções práticas e duradouras até agora. "Esperamos que as medidas sejam adotadas para que os indígenas tenham suas vidas preservadas", afirma.

O problema de álcool e drogas é outro ponto de destaque do relatório. E atinge não só adultos, mas também crianças. Uma das ocorrências registradas é a de uma menina do povo Apurinã, no município de Pauini (AM), desnutrida, que teve de ser hospitalizada por overdose de oxi, um subproduto da cocaína semelhante ao crack. Nessa região, os índios estão plantando maconha para, além de consumir, trocar por óleo, açúcar e sabão, alerta o documento.

Uma comparação foi feita, no relatório, do desempenho de cada presidente da República na homologação de terras indígenas, cabendo a Dilma Rousseff o título de pior mandatária até agora. Para se ter ideia, enquanto a média anual de canetadas em favor de reivindicações indígenas varia de 9 (Itamar Franco) a 53 (Fernando Collor de Mello), a atual presidente só homologou três territórios indígenas em 2011.

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Corpo humano abriga quase 10 mil espécies de micróbios
Projeto fez primeiro mapa de micro-organismos que 'colonizam' o homem. FOLHA SP 14.06
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Conhecer as diferenças entre o microbioma de pessoas saudáveis e doentes pode levar a novos medicamentos
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Pela primeira vez, pesquisadores mapearam as comunidades de micro-organismos do corpo humano, como bactérias e fungos.

O Projeto Microbioma Humano, financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, publicou ontem um conjunto de 14 estudos nas revistas "Nature" e "PLoS".

As pesquisas usaram técnicas de sequenciamento de DNA para identificar esses organismos e mostrar sua diversidade e abundância nos seres humanos, além de suas funções no corpo.

Os micro-organismos analisados foram retirados de 242 homens e mulheres. A coleta foi feita em diferentes partes do corpo, como pele, boca, intestino e vagina.

Até então, só as bactérias do trato gastrointestinal haviam sido catalogadas pelo projeto MetaHIT, que envolve oito países.

Os pesquisadores concluíram que quase 10 mil espécies de micro-organismos perfazem as comunidades ecológicas no nosso corpo.

Eles também mostraram que cada parte do corpo tem uma população diferente de micróbios, cada uma com sua função -no caso do intestino, os micro-organismos ajudam a digerir os alimentos.

O projeto mostrou ainda que cada pessoa tem um microbioma único, com tipos e quantidades diferentes de bactérias para realizar o mesmo trabalho. Uma quantidade alta ou baixa da mesma bactéria não quer dizer que uma pessoa seja mais ou menos saudável.

James Versalovic, pesquisador do projeto e chefe do departamento de patologia do Texas Children's Hospital, nos EUA, afirma que a maioria dos micróbios no corpo não causa doenças.

"Esperamos que com esses dados as pessoas fiquem menos paranoicas e não usem antibióticos ou sabonetes bactericidas para tudo. Interferir no equilíbrio do microbioma pode causar mais danos que benefícios."

Versalovic diz que definir o microbioma de um adulto saudável e saber quais são e o que fazem os micróbios que habitam o ser humano era o primeiro objetivo do Projeto Microbioma Humano.

Agora, com o material genético proveniente de comunidades completas de micróbios, os próximos passos serão comparar os micróbios de pessoas saudáveis com os de doentes para entender como os problemas se desenvolvem e criar novas drogas.

Um dos estudos do MetaHIT já mostrou que quem tem menor diversidade de bactérias na flora intestinal tende a ser obeso, a ter mais gordura no fígado e responder pior a dietas.

"Essa é só a ponta do iceberg. O interessante será observar como os dois genomas -o humano e o dos microrganismos- interagem", diz Vasco Azevedo, professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.

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PASQUALE CIPRO NETO.  'Minha terra tem macieiras da Califórnia'Nada disso. O buraco é mais embaixo. Não se combate tontice com lei. É preciso mudar a mentalidade. FOLHA SP 14.06
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O GENIAL poeta brasileiro Murilo Mendes (Juiz de Fora, 1901-Portugal, 1975) escreveu inúmeras maravilhas, entre as quais uma das tantas paródias da célebre "Canção do Exílio", de Gonçalves Dias. A de Murilo começa assim: "Minha terra tem macieiras da Califórnia / Onde cantam gaturamos de Veneza".

É claro que "minha terra" não tem macieiras da Califórnia, muito menos gaturamos de Veneza. Temos gaturamos, sim, mas não de Veneza. O gaturamo é uma "ave passeriforme, comum no Leste brasileiro, com ocorrências do leste da Venezuela ao Nordeste da Argentina" ("Houaiss").

Ao dizer "minha terra tem macieiras da Califórnia", Murilo obviamente quis dizer "minha terra não tem macieiras da Califórnia" (mas gostaria de tê-las ou atribui às que tem ar estrangeiro, mais "sofisticado").

No poema de Murilo, os gaturamos da nossa terra são "de Veneza", ou seja, não são (mas...). O fato é que, como se vê pelo poema (escrito há décadas), o deslumbramento tupiniquim com o que é estrangeiro é coisa velha (e, convenhamos, não é exclusividade brasileira -são muitos os estudos sobre o que se chama de "despaisamento", adaptação para o português do termo francês e universal "dépaysement", já que os franceses talvez sejam os precursores desses estudos). Também é bom dizer que nem todo "dépaysement" é fruto de deslumbramento ou tontice.

No poema de Murilo, o exílio, antes de ser físico, é espiritual, mental, psíquico, cultural -o poeta "denuncia" o colonialismo de que éramos e somos impregnados. Convém lembrar que, tal qual o escritor e jornalista Ivan Lessa, falecido no último fim de semana, o poeta e professor Murilo Mendes era um autoexilado. Murilo foi professor universitário em Pisa e em Roma, onde conviveu com a professora e escritora italiana Luciana Stegnano Picchio, grande divulgadora da nossa literatura. Luciana é autora da bela obra " La Letteratura Brasiliana".

Convém lembrar os versos finais da "Canção do Exílio" de Murilo: "Nossas flores são mais bonitas / Nossas frutas mais gostosas / Mas custam cem mil réis a dúzia. / Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade / E ouvir um sabiá com certidão de idade!". O "sabiá com certidão de idade" obviamente é um sabiá legítimo (e não uma fraude, como os "gaturamos de Veneza").

Posto (tudo) isso, chego ao ponto: a matéria de Giba Bergamim Jr. publicada na edição do último domingo da Folha ("Nome composto em inglês vira febre em prédios de São Paulo"). Os argumentos do mercado imobiliário são de arrepiar. Os profissionais da área dizem que os nomes compostos estrangeiros são resultado da globalização e da estratégia de marketing. Elaiá!

Nem de longe concordo com os que pensam que isso deveria ser visto como "afronta ao país" e, consequentemente, deveria ser objeto de lei que proíba o uso de termos estrangeiros etc. e tal. Nada disso. O buraco é mais embaixo. Não se combate tontice com lei. É preciso mudar a mentalidade, o que não se consegue com leis.

Imagino que haja mesmo uma fatia da sociedade tonta e oca a ponto de escolher o edifício pelo nome necessariamente estrangeiro, mas alivia-me o que disse um dos personagens da matéria de Giba Bergamim. Refiro-me à fala de Luís Fernando Marchioli, morador do edifício Adesso, na Mooca (tinha de ser alguém da minha querida República da Mooca!): "Ninguém escolhe o apartamento por causa do nome. Bobagem. Vi que o tamanho era bom e a localização também. É o que importa". E viva a Mooca! É isso.

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Coleção confronta a ironia verborrágica de Raduan Nassar.  "Um Copo de Cólera", segundo dos três livros que o recluso autor publicou, chega às bancas neste domingo. FOLHA SP 14.06

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Obra é o 11º volume de coletânea que reúne grandes romancistas e poetas da literatura ibero-americana
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Um homem machista e autoritário chega ao sítio onde mora e encontra sua amante à sua espera. Após um jogo de olhares e sedução, os dois têm uma noite de amor.

Na manhã seguinte, um grupo de formigas destrói a cerca viva da propriedade e a aparente harmonia entre o casal, que dá lugar a um festival de acusações mútuas.

Segundo romance do brasileiro Raduan Nassar, "Um Copo de Cólera"-que foi adaptado para o cinema por Aluizio Abranches em 1999- é o 11º volume da Coleção Folha Literatura Ibero-Americana e chega às bancas neste domingo, 17/6.

É da profusão de sentimentos íntimos que se forma a prosa livre de comiserações desse livro tenso e contundente, trazendo em cada frase a energia concentrada de um encontro amoroso que degenera em fúria.

Sem testemunhas de sua quebra de arranjos sociais, os personagens se confrontam, entre períodos de silêncio e acessos de verborragia.

Recriando sem preconceitos a linguagem coloquial, a prosa de Nassar acaba por ganhar traços de poesia bruta.

Autoexilado em um sítio, tal qual seu protagonista, Raduan Nassar verteria cólera contra o vazio que enxergava na vida em sociedade.

"Não tenho medo de ficar sozinho, foi conscientemente que escolhi o exílio, me bastando o cinismo dos indiferentes", resumiu com ironia certa vez, em uma de suas raras entrevistas.
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Projeto torna crime erro em pesquisa antes de eleições.  Proposta está pronta para análise na Câmara. FOLHA SP 14.06
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A CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara aprovou um projeto que torna crime a divulgação de pesquisa de intenção de voto até cinco dias antes da eleição quando o resultado final ficar acima da margem de erro prevista do levantamento.

Após a votação na CCJ, no fim de maio, o texto seguiu para análise do plenário. Ainda não há previsão para que ele seja votado. Se aprovado, terá que tramitar no Senado.

A proposta também aumenta a multa para a divulgação de sondagens consideradas fraudulentas. O valor varia entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão, em vez de R$ 53 mil a R$ 106 mil, como é hoje.

O projeto ainda mantém a pena de seis meses a um ano de prisão em caso de fraude.

Autor da proposta, o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), disse que a ideia é "coibir a prática de manipulação" das sondagens.

O vice-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa, Fernando Ribeiro, classificou a proposta de "absurda". Para o diretor de Negócios do Ibope Inteligência, Hélio Gastaldi, o projeto tem uma "roupagem" de proteção ao eleitor, mas, na verdade, presta um desserviço.

Para o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, a conceituação de pesquisa fraudulenta sugerida pelo projeto é inconstitucional, uma vez que inibe e restringe a divulgação de informações.

"O resultado de uma pesquisa e a margem de erro se referem apenas ao dia da pesquisa. Os cenários se modificam nos últimos dias das eleições. Não há lei que obrigue o eleitor a não mudar de votos nos últimos dias."

Paulino lembrou que na eleição de 2010 a possibilidade de segundo turno entre Dilma Rousseff e José Serra só foi verificada na última semana do primeiro turno.







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MÚSICA »  Choros perdidos no tempo
Para criar centro de memória, campanha recolhe acervo sobre o gênero musical que floresceu em Brasília nos anos 1970. CORREIO BSB 14.06
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Reco do Bandolim exibe alguns vinis que tem para compor o acervo do Centro de Memória do Choro

O projeto de implantação do Centro de Memória e Referência do Choro já tem quilos e quilos de material a respeito de um dos gêneros musicais mais antigos do Brasil. São livros, partituras, fotos, LPs e CDs, mas que ainda não somam nem 10% do que Henrique Lima (ou Reco do Bandolim, como artisticamente é conhecido), presidente do Clube e Escola de Choro, pretende angariar. “Se levarmos em consideração que a história do choro em Brasília se confunde com a própria saga da capital, por conta da presença constante do violonista Dilermando Reis na comitiva de JK, imagino que haja vasto material espalhado pela cidade na mão de músicos e apreciadores”, sonha.

Por conta disso, ele inicia a campanha de arrecadação desse material. Assim, a colaboração do cidadão que, por boa vontade e amor ao choro, pode contribuir dando, emprestando ou oferecendo para cópia esse possível acervo.

Reco almeja que o memorial, além de promover a preservação do acervo do choro em Brasília e no Brasil, seja uma instituição dinâmica e interativa, em que pesquisadores, estudantes, músicos, jornalistas, turistas e a população poderão ter acesso a fotos, filmes, fitas, livros, partituras, documentos, conferências e workshops, além de LPs, CDs e DVDs de documentários e shows de MPB e Choro. Os planos são localizar o Centro de Memória na antiga sede do Clube do Choro, ao lado da escola inaugurada em novembro do ano passado, formando assim o complexo do Espaço Cultural do Choro.

Copa do Mundo
Em 2012, depois de cinco anos de conversação, um acordo de cooperação cientifica e tecnológica com a Universidade de Brasília (UnB) foi assinado garantindo a colaboração de pessoal especializado nas áreas de música, museologia, arquivologia e biblioteconomia, o que confere maior qualidade ao projeto. A parceria tem dado um núcleo sobre choro pode ser implantado dentro da Escola de Música da UnB.

Segundo Reco, a expectativa é concluir o projeto até a Copa do Mundo a fim de apresentar o Brasil por meio do Chorinho (história, música e cultura). Com um espaço incrível reservado no centro da cidade e equipe especializada para o inventario e catalogação a postos, só falta mesmo esse material de acervo. Para doar (ou emprestar) qualquer item referente ao chorinho, basta ligar para o Clube do Choro (3225-1199) ou enviar e-mail para clubedochoro@gmail.com, combinando a melhor maneira de efetuar a colaboração.


Memória

Casa de entusiastas
A primeira turma de choro de Brasília nasceu no início da década de 1970, com reuniões informais e caseiras de um grupo de amigos que buscava entretenimento numa terra ainda um tanto inóspita. A turma era formada pelo citarista Avena de Castro, o flautista Bide, o percussionista Pernambuco do Pandeiro, o saxofonista Nilo Costa, o trombonista Tio João, o violonista Hamilton Costa, a pianista Neuza França, a flautista Odette Ernest Dias, o percussionista Valci e o cavaquinista Francisco Assis Carvalho, os primeiros chorões da cidade.

Os encontros eram produtivos e de intimista se tornou público, com apresentações frequentes e grande repercussão, a partir de shows na Escola Parque da 308 Sul. Os bons comentários corriam rápido pela ainda pacata cidade e chegaram ao governador da época, Elmo Serejo Faria, que bastante entusiasmado, após assistir a uma apresentação, cedeu as instalações do antigo vestiário do Centro de Convenções aos músicos. Nascia assim, em 9 de setembro de 1977, a primeira sede do Clube do Choro de Brasília.

Encontros e apresentações se sucederam por mais de uma década até uma série de problemas que afetou o bom andamento do projeto. A precariedade das instalações, os repetidos furtos do equipamento de som, o rompimento do sistema de esgotos e a falta de uma estrutura mínima para as apresentações acabaram por afastar o público e os próprios músicos.

A regularização da sede deu-se somente em 1995, com a recuperação do espaço físico por meio de um projeto do arquiteto Fernando Andrade, autorizado pelo próprio Oscar Niemeyer. Dois anos depois, com as obras concluídas, a diretoria do clube reabriu as portas trazendo artistas da cidade e de todo pais, com o objetivo de recuperar público, músicos e bons momentos. Hoje, o Clube do Choro atingiu a marca histórica de 2.150 shows, envolvendo centenas de artistas de todo o país e assistidos por uma plateia estimada em 500 mil pessoas.


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