terça-feira, 13 de dezembro de 2011

The Economist – Brazil Takes Off (O Brasil Decola)

A edição desta quinta-feira (12) da revista The Economist traz artigo de capa sob o título “O Brasil decola”. Em editorial, a publicação fez elogios ao desenvolvimento recente do País, mas afirma que o maior risco para o grande sucesso da América Latina é a prepotência.

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O artigo começa com a história da formação do acrônimo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China, que em inglês também pode significar tijolo) pelo Goldman Sachs. No começo, muitos foram críticos à presença da letra B. Agora, “o ceticismo parece fora de lugar”, descreve a publicação.

Segundo as previsões, em algum lugar na década após o ano de 2014 – muito antes do que o Goldman foi capaz de prever, acrescenta a revista – o Brasil deve passar a ocupar o lugar de quinta maior economia mundial, ultrapassando Inglaterra e França.

O Brasil já fez sua entrada no palco mundial, conclui, mencionando como símbolo a campanha vitoriosa do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2016, apenas dois anos após a realização da Copa do Mundo de futebol no País.

China

A Economist também aproveitou pra fazer críticas sutis à China. Em determinado momento, a publicação cita que, em muitos aspectos, o Brasil ultrapassou os outros BRICs. “Ao contrário da China, o País é uma democracia”, declara. Em sua conclusão, diz que a “decolagem é ainda mais admirável porque foi alcançada através de reformas e decisões democráticas. Se ao menos a China pudesse dizer o mesmo.”

Virtude e Defeitos

Em resumo, o crescimento brasileiro foi considerado não repentino, mas contínuo. A matéria cita que os primeiros passos foram dados quando um novo plano econômico foi capaz de domar a inflação, o Banco Central ganhou autonomia, houve a privatização de indústrias e a economia se abriu à entrada de capital externo.

A revista cita Vale, Petrobras, Gerdau e JBS como exemplos de multinacionais que foram capazes de florescer neste ambiente. Mas, “assim como seria um erro subestimar o Brasil, também seria errado ignorar suas fraquezas”. E aí a revista cita o aumento da folha de pagamento do governo em 13% desde setembro de 2008, os problemas com educação e infraestrutura (que já inclui o apagão da última terça-feira) e a violência.

“O importante é que o país não seja tão orgulhoso a ponto de achar que não é necessário resolver suas pendências, diz a revista. O desafio para o sucessor de Lula é encarar os problemas que ele sentiu ser capaz de ignorar. Um deles é a excessiva burocracia no País. “O resultado da eleição pode determinar a velocidade com que o Brasil vai avançar na era pós-Lula. De qualquer maneira, o país parece estar no rumo certo”. Infomoney.

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Luiz Felipe Pondé. Marketing do desejo. Vivemos a época das "verdades construtivas de comportamento", a ciência da mentira dos "loosers" FSP 12.12

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"Mais importante do que o sucesso é passar uma imagem de sucesso." Você pode ouvir uma frase como esta em qualquer palestra brega de motivação em recursos humanos.

Já disse antes que acho palestras assim a coisa mais brega que existe. Mais brega do que isso só mesmo achar que o mundo melhorou porque existe o Facebook.

A melhor forma de manter a dignidade na era do Facebook (se você não resistir a ter um) é não contar para ninguém que você tem um Facebook. Quase tudo é bobagem nas redes sociais porque o ser humano é banal e vive uma vida quase sempre monótona e previsível.

E a monotonia é o traje cotidiano do vazio. E a rotina é o modo civilizado de enfrentar o caos, outra face do vazio.

A ideia de que aprendemos a falar porque quisemos "conhecer" o mundo é falsa. Segundo os evolucionistas, é mais provável que tenhamos aprendido a falar para falar mal dos outros e fofocar.

O "Face" é, neste sentido, um artefato paleontológico que prova que nada mudou.

Sempre se soube que não basta à mulher de Cesar ser honesta, ela tem que parecer honesta, portanto, a imagem de honesta é mais importante do que a honestidade em si. Mas aqui, o foco é diferente: aqui a questão é a hipocrisia como substância da moral pública. Todo mundo sabe que a mentira é a mola essencial do convívio civilizado.

No caso de frases como a citada no primeiro parágrafo, comum em palestras de motivação em recursos humanos, é que são oferecidas como "verdades construtivas de comportamento". E não como o que verdadeiramente são: estratégias para desgraçados e "losers" se sentirem melhor.

Ficamos covardes. Fosse esta geração de jovens europeus (que só sabe pedir direitos e iPads) que tivesse que enfrentar Hitler, ele teria ganhado a guerra.

Provavelmente esses estragados por décadas de "estado de bem-estar social" teriam dito "não à guerra em nome da paz". Grande parte do estrago que Hitler fez no início foi causada por gente que gostava de dizer que a paz sempre é possível. Gente medrosa mesmo.

Mas nossa época, como eu costumo dizer muitas vezes, é a época do marketing de comportamento. A "ciência da mentira dos losers". Dentro desta disciplina geral, existe o marketing do desejo, especializado em mentir para as pessoas dizendo que "sim, confie no seu desejo que tudo dará certo".

Mesmo alguns psicanalistas (vergonha da profissão) embarcaram nesse otimismo de classe média. "Nunca traia seu desejo", dirão os traidores da psicanálise.

Sabe-se muito bem que é o desejo que nos trai porque ele está e vai além do que, muitas vezes, conseguimos suportar.

Uma das grandes tragédias de nosso tempo é o fato de que não existem mais recursos "simbólicos" para aqueles que resistem ao desejo em nome de "um bem maior", como no caso da família, do casamento, ou simplesmente resistir a virar canalhas com desculpas do marketing. O legal é ser "escroto" se dizendo "livre". A "ética do desejo", que recusa abrir mão do próprio desejo em nome de algo maior do que ele, destruiu a noção de caráter.

Para a moçada do marketing do desejo, resistir ao desejo é coisa de gente idiota e mal resolvida porque ter caráter não deixa você muito feliz o tempo todo.

É verdade que resistir ao desejo não garante felicidade alguma, mas uma cultura dominada pela ideia de felicidade é uma cultura de frouxos. Mas outra verdade, não menor do que a anterior, é que o desejo pode ser um companheiro traiçoeiro. A afetação da felicidade faz de nós retardados mentais. Eu nunca confio em gente feliz.

O mestre Freud dizia que o desejo é desejo de morte. Afirmação dura. Mas o que ela carrega em si é o que já sabemos: o desejo nos aproxima do nada (morte) porque desvaloriza tudo que temos. Por isso, quando movidos por ele, sem o cuidado de quem se sabe parte de uma espécie louca, flertamos com o valor zero de tudo.

Nada disso significa abrir mão do desejo, mas sim saber que ele nos faz animais que caminham sobre tumbas que sorriem para nós como mulheres fáceis. Resistir ao desejo talvez seja uma das formas mais discretas de amar a vida.

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Livro retrata 25 anos de oficinas de vídeo em aldeias indígenas no país. Ao longo dos últimos 25 anos, índios de 37 etnias do país usaram câmeras de vídeo para transformar as televisões de suas aldeias em espelhos com memória. Folha 12.12

Os equipamentos foram levados em oficinas ministradas pelo projeto Vídeo nas Aldeias, tema de um livro lançado hoje pelo cineasta e indigenista Vincent Carelli, idealizador do projeto vencedor do Festival de Gramado em 2009.

Em 1969, ele visitou uma aldeia pela primeira vez, no sul do Pará, aos 16 anos.

"Como diria [o antropólogo] Darcy Ribeiro, ninguém vai a uma aldeia indígena e sai impune", disse à Folha.

A partir daí, virou militante da causa. O projeto com oficinas de vídeo em aldeias começou em 1986, a partir da ideia de que os índios precisavam representar a si próprios e preservar sua história.

"Uma tradição oral pode se perder completamente com a morte de pessoas-chave."

No livro, publicado em edição bilíngue (português e inglês), relatos de índios que participaram das oficinas são intercalados com depoimentos do próprio Carelli e trechos de filmes indígenas.

"Como a câmera grava? Como a câmera vai tirar o corpo da gente, a imagem da gente?", se pergunta o xavante Divino Tserewahú, no curta "Obrigado Irmão (1998)".

O livro traz também artigos e dois DVDs com dez vídeos, como "O Espírito da TV (1990)", premiado no Brasil, Peru, Estados Unidos e Itália.

Segundo o antropólogo da Funai (Fundação Nacional do Índio) Claudio Romero, os vídeos são usados ainda para defender demarcações de terra e brigar contra barragens.

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Campinas. Livro conta história da cidade que virou bairro de Goiânia

Mineiro Antônio Moreira lança edição ampliada do livro que conta a história da cidade que virou bairro de Goiânia. O POPULAR/GO 13.12

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Antônio Moreira

Aos 70 anos, o mineiro de Monte Carmelo, Antônio Moreira, é uma campineiro de adoção. "De coração", emenda com convicção. Tanto é verdade o envolvimento do escritor com o bairro goianiense que ele agora reedita Campininha das Flores - Biografias e Ensaios.

O livro será lançado hoje, em um clássico endereço campineiro: na esquina entre as ruas José Hermano com a Rio Grande do Sul, em frente à Praça da Matriz de Campinas. Lá fica o Colégio Santa Clara, onde Antônio vai autografar a segunda edição da obra que vem "com mais 300 páginas", explica de pronto. "É uma versão ampliada", resume.

Inicialmente, Campininha das Flores - Biografias e Ensaios apareceu para comemorar os 200 anos de criação da cidade que virou bairro de Goiânia. Na data 9 de julho de 2010, apareceu o livro com 200 páginas. "Eram 90 depoimentos de moradores, agora esse número subiu para 300", detalha sobre a segunda edição. Além de novos depoimentos, o livro traz fatos curiosos da história de Campinas e ensaios assinados por apaixonados pelo bairro.

O apego aos números é necessário. Antônio entende que, com a ampliação, conseguiu abranger a característica central do setor: a disposição em acolher. Ele próprio foi um dos "acolhidos" pelas campinas goianas.

"Campininha sempre foi generosa com seus moradores, seus filhos e até com os emigrantes", conta o mineiro que viveu 50 anos no bairro. O atual morador da Nova Suíça entende que o setor perdeu a vocação familiar que marcou a história de sua criação. Refuta a ideia de que o local entrou em decadência. "Não vejo Campinas como um bairro decante, mas em transformação, que abraçou o comércio", analisa.

Mudanças brutais

Como era de se esperar, segundo Antônio Moreira, Campinas "passou por mudanças brutais" desde que adotou o comércio como principal estampa. Dois exemplos dão uma dimensão dessa realidade: os megacongestionamentos no trânsito - sobretudo nas manhãs de sábado - e o declínio da população. "Em 1960, eram 25 mil pessoas na região central de Campinas, hoje são 12 mil habitantes", explica. "O comércio, queira ou não, expulsou as famílias de Campinas", indica.

No coração nostálgico de Antônio ficaram boas lembranças. As pescas e os mergulhos nos hoje poluídos rios Cascavel, Meia Ponte e Anicuns. Os filmes vistos nos cines Avenida, Campinas e Eldorado - que não existem mais. E, sobretudo, o jogo ingênuo do vaivém na então tranquila e segura Praça Coronel Joaquim Lúcio Setor. "Era o local onde namorávamos", termina com uma pitada incontida de saudade.

Lançamento do livro: Campininha das Flores -

Biografias & Ensaios / Autor: Antônio Moreira

Editora: Kelps

Local:Colégio Santa Clara - Rua José Hermano, esquina com Rua Rio Grande do Sul, Campinas

Horário: 19h30

Preço: R$ 40

Informações: 3259-9834 e 8118-6098

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ARTES VISUAIS » O Conic de Iolovitch. Iolovitch e suas obras: oito "pratos feitos" pelo trabalho do artista plástico que tem a cara da cidade. Correio DF 13.12

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Paulo Iolovitch resolveu que já era tempo de dedicar um trabalho ao Conic. Após décadas como frequentador do local, o artista acumulou centenas de histórias capazes de narrar a trajetória do lugar mais alternativo do Plano Piloto. Munido de caderninho, ele começou a entrevistar pessoas e a anotar frases e desenhar perfis. Para cada entrevistado, fez uma pintura.

“A gente é beiruteiro e coniqueiro”, explica. “Todas as pessoas de Brasília passam por aqui.” “Aqui”, esta semana, é um cantinho entre dois postes ao lado de uma barbearia e perto da Praça do Chapéu. Iolovitch amarrou uma corda em cada ponta e pendurou oito pinturas. É apenas um extrato, uma amostra divertida da produção que conta com 136 peças guardadas na casa do amigo Mario Pazcheco.

Se não chover, Iolovitch vai fazer ponto esta semana na praça até vender as obras. “Eu só vendia em bares. Um dia disse: ‘Vou me dedicar um pouco ao Conic’”. Os frequentadores viraram personagens das pinturas e viram seus perfis estampados nas telas acompanhados de frases pescadas nas entrevistas.

São dizeres que ajudam a definir o perfil do entrevistado e versam sobre a história do próprio centro comercial. Iolovitch diz que as peças custam oito “pratos feitos”, uma média de R$ 80, mas sempre pode haver negociação, coisa que o pintor aprecia como oportunidade para entabular conversas.

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