quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Insetos tomam decisões 'democraticamente'
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Não
é raro achar elogios à sociedade das formigas nos textos de ideólogos humanos
que simpatizam com o autoritarismo. Esses sujeitos não poderiam estar mais
enganados, diz Mark Moffett.
"De
fato, as formigas mostram devoção inquestionável à sua sociedade, mas isso é
muito diferente da devoção a um líder político ou a uma hierarquia",
explica o pesquisador americano. FOLHA SP 29.12
-
"Não
existe ninguém controlando as vidas delas", diz Moffett. Nos combates, não
há "oficiais" dando ordens. Cada formiga que encontra um inimigo
deixa um rastro de feromônios (odores especiais que funcionam como
sinalizadores químicos).
VOTANDO
COM O CHEIRO
O
aroma recruta outras "soldadas" para a pancadaria, as quais também
liberam seus próprios feromônios. Quanto mais formigas reforçarem o rastro,
mais forte será o sinal de alarme enviado para o formigueiro.
Da
mesma forma, assim como entre os britânicos, a rainha reina, mas não governa,
lembra Moffett. Ela é apenas a reprodutora oficial (as operárias, de todos os
tipos, costumam ser estéreis).
Moffett
diz que andou por todos os países da América do Sul (além dos demais
continentes) em busca dos insetos. Ele não tem uma formiga brasileira favorita.
"Seria impossível escolher uma só. A melhor coisa no Brasil é a
diversidade de formigas, que é maior do que em qualquer outro lugar do
mundo", diz.
A
próxima parada do pesquisador, na semana que vem, é a Etiópia. "Vou
escalar árvores nos últimos fragmentos de floresta que restam por lá,
localizados em torno de igrejas", conta. (RJL)
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Auxílio financeiro
Projeto
do Senado cria o programa Bolsa-Artista
Os
artistas brasileiros em início de carreira poderão contar com um auxílio
financeiro do governo, destinado a financiar sua formação e aprimoramento, caso
o PLS 404/2011, que cria o programa Bolsa-Artista, seja aprovado. A proposta é
do senador Inácio Arruda (PCdoB-CE) e será votada em decisão terminativa pela
Comissão de Educação (CE), no retorno das atividades legislativas, em 2012. Agência Senado 29/12
O
senador explica, em sua justificativa, que a iniciativa é inspirada no programa
Bolsa-Atleta, que tem o objetivo de valorizar os talentos esportivos do país. A
bolsa-artista, por sua vez, seria um mecanismo de apoio e incentivo a artistas
iniciantes, mas com potencial já evidenciado em seus campos de atuação. Será
custeada pela União.
Poderão
participar do processo seletivo, a ocorrer anualmente, artistas dos campos das
artes literárias, musicais, cênicas, visuais e audiovisuais, em suas variedades
eruditas e populares. Os critérios e os valores dessa bolsa serão fixados
posteriormente, em regulamento. Ela será concedida por um ano, em 12 parcelas
mensais, e destina-se ao desenvolvimento das habilidades dos artistas, e não a
projetos culturais específicos.
"Pretendemos,
dessa forma, criar condições para que se desenvolvam talentos em diversas áreas
artísticas que, muitas vezes identificados na infância ou adolescência, não
encontram oportunidade de se desenvolver e se integrar ao cenário artístico e
cultural do país", explica Inácio Arruda na justificativa ao projeto.
Para
se habilitar, o candidato ao benefício precisa ter pelo menos 12 anos na data
da apresentação da candidatura. Se tiver menos de 18 anos, deve estar
regularmente matriculado em instituição de ensino pública ou privada, salvo se
já houver concluído o ensino médio. No ato da inscrição, deve apresentar um
plano anual de formação ou aprimoramento no seu campo de atuação, contendo
currículo, detalhamento das atividades a serem realizadas e dos objetivos e
metas a alcançar, tudo isso acompanhado de documentos e imagens considerados
relevantes para a compreensão da trajetória do artista.
A
matéria já tem voto favorável da relatora na CE, senadora Lídice da Mata
(PSB-BA).
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TRISTE JUDICIÁRIO -
MARCO ANTONIO VILLA
-
O
Superior Tribunal de Justiça (STJ) é formado por 33 ministros. Foi criado pela
Constituição de 1988. Poucos conhecem ou acompanham sua atuação, pois as
atenções nacionais estão concentradas no Supremo Tribunal Federal. No site
oficial está escrito que é o tribunal da cidadania. Será? O Globo 13/12
-
Um
simples passeio pelo site permite obter algumas informações preocupantes.
O
tribunal tem 160 veículos, dos quais 112 são automóveis e os restantes 48 são
vans, furgões e ônibus. É difícil entender as razões de tantos veículos para um
simples tribunal. Mais estranho é o número de funcionários. São 2.741
efetivos.
Muitos,
é inegável. Mas o número total é maior ainda. Os terceirizados representam
1.018. Desta forma, um simples tribunal tem 3.759 funcionários, com a média
aproximada de mais de uma centena de trabalhadores por ministro!! Mesmo assim,
em um só contrato, sem licitação, foram destinados quase R$2 milhões para
serviço de secretariado.
Não
é por falta de recursos que os processos demoram tantos anos para serem
julgados. Dinheiro sobra. Em 2010, a dotação orçamentária foi de R$940 milhões.
O dinheiro foi mal gasto. Só para comunicação e divulgação institucional foram
reservados R$11 milhões, para assistência médica a dotação foi de R$47 milhões
e mais 45 milhões de auxílio-alimentação. Os funcionários devem viver com muita
sede, pois foram destinados para compra de água mineral R$170 mil. E para
reformar uma cozinha foram gastos R$114 mil. Em um acesso digno de Oswaldo
Cruz, o STJ consumiu R$225 mil em vacinas. À conservação dos jardins — que, presumo,
devem estar muito bem conservados — o tribunal reservou para um simples sistema
de irrigação a módica quantia de R$286 mil.
Se
o passeio pelos gastos do tribunal é aterrador, muito pior é o cenário quando
analisamos a folha de pagamento. O STJ fala em transparência, porém não
discrimina o nome dos ministros e funcionários e seus salários. Só é possível
saber que um ministro ou um funcionário (sem o respectivo nome) recebeu em
certo mês um determinado salário bruto. E só. Mesmo assim, vale muito a pena pesquisar
as folhas de pagamento, mesmo que nem todas, deste ano, estejam
disponibilizadas. A média salarial é muito alta. Entre centenas de funcionários
efetivos é muito difícil encontrar algum que ganhe menos de 5 mil reais.
Mas
o que chama principalmente a atenção, além dos salários, são os ganhos
eventuais, denominação que o tribunal dá para o abono, indenização e
antecipação das férias, a antecipação e a gratificação natalinas, pagamentos
retroativos e serviço extraordinário e substituição. Ganhos rendosos. Em março
deste ano um ministro recebeu, neste item, 169 mil reais. Infelizmente há
outros dois que receberam quase que o triplo: um, R$404 mil; e outro, R$435
mil. Este último, somando o salário e as vantagens pessoais, auferiu quase meio
milhão de reais em apenas um mês! Os outros dois foram “menos aquinhoados”, um
ficou com R$197 mil e o segundo, com 432 mil. A situação foi muito mais grave
em setembro. Neste mês, seis ministros receberam salários astronômicos:
variando de R$190 mil a R$228 mil. Os
funcionários (assim como os ministros) acrescem ao salário (designado,
estranhamente, como “remuneração paradigma”) também as “vantagens eventuais”,
além das vantagens pessoais e outros auxílios (sem esquecer as diárias). Assim,
não é incomum um funcionário receber R$21 mil, como foi o caso do
assessor-chefe CJ-3, do ministro 19, os R$25,8 mil do assessor-chefe CJ-3 do
ministro 22, ou, ainda, em setembro, o assessor chefe CJ-3 do do desembargador
1 recebeu R$39 mil (seria cômico se não fosse trágico: até parece identificação
do seriado “Agente 86”).
Em
meio a estes privilégios, o STJ deu outros péssimos exemplos. Em 2010, um
ministro, Paulo Medina, foi acusado de vender sentenças judiciais. Foi
condenado pelo CNJ. Imaginou-se que seria preso por ter violado a lei sob a
proteção do Estado, o que é ignóbil. Não, nada disso. A pena foi a aposentadoria
compulsória. Passou a receber R$25 mil. E que pode ser extensiva à viúva como
pensão. Em outubro do mesmo ano, o presidente do STJ, Ari Pargendler, foi
denunciado pelo estudante Marco Paulo dos Santos. O estudante, estagiário no
STJ, estava numa fila de um caixa eletrônico da agência do Banco do Brasil
existente naquele tribunal. Na frente dele estava o presidente do STJ.
Pargendler, aos gritos, exigiu que o rapaz ficasse distante dele, quando já
estava aguardando, como todos os outros clientes, na fila regulamentar. O
presidente daquela Corte avançou em direção ao estudante, arrancou o seu crachá
e gritou: “Sou presidente do STJ e você está demitido. Isso aqui acabou para
você.” E cumpriu a ameaça. O estudante, que dependia do estágio — recebia R$750
—, foi sumariamente demitido.
Certamente
o STJ vai argumentar que todos os gastos e privilégios são legais. E devem ser.
Mas são imorais, dignos de uma república bufa. Os ministros deveriam ter
vergonha de receber 30, 50 ou até 480 mil reais por mês. Na verdade devem achar
que é uma intromissão indevida examinar seus gastos. Muitos, inclusive, podem
até usar o seu poder legal para coagir os críticos. Triste Judiciário. Depois
de tanta luta para o estabelecimento do estado de direito, acabou confundindo
independência com a gastança irresponsável de recursos públicos, e autonomia
com prepotência. Deixou de lado a razão da sua existência: fazer justiça.
MARCO
ANTONIO VILLA é historiador e professor da Universidade Federal de São Carlos
(SP).
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Literatura - Joyce e Drummond ganham novas edições
Carlos
Drummond: nova edição de A Rosa do Povo
Jorge
Amado e Nelson Rodrigues fariam 100 anos em 2012. Carlos Drummond de Andrade,
110. James Joyce, 130 - mas, nesse caso, mais importante que a data do
aniversário é que 2012 representa o primeiro ano desde a entrada de sua obra em
domínio público, ou seja, qualquer editora interessada na obra do irlandês poderá
ter sua própria edição sem passar pelo crivo, ou pelas garras, da família do
escritor a partir do ano novo. Essas datas redondas são sempre um bom motivo
para as editoras reavivarem a obra de seus autores, e os leitores podem esperar
novidades para o ano que vem. O POPULAR
29.12
-
De
Joyce, o selo Penguin-Companhia das Letras lança, em abril, uma nova tradução
de Ulisses feita por Caetano Galindo. Já a Iluminuras publica o infantil O Gato
E O Diabo , com tradução da pesquisadora e escritora Dirce Waltrick do Amarante,
e De Santos e Sábios , seleção de escritos estéticos e políticos organizados
por Sérgio Medeiros e por Dirce. Mais misteriosa é a programação de lançamentos
da Nova Fronteira, que edita Nelson Rodrigues. Ela garante que publicará textos
inéditos do autor, releituras de suas peças e edições populares, mas não dá
detalhes.
Drummond
ressurge nas livrarias com nova roupagem também pela Companhia das Letras, que
ganhou, em 2011, o direito de publicar toda a obra do poeta mineiro. A Rosa do
Povo , o primeiro, chega em março, em tempo da homenagem da 10.ª Festa
Literária Internacional de Paraty, marcada para julho. Ainda em 2012, outros
três serão lançados.
Quando
a obra de um autor muda de editora é natural que ela ganhe revisão e novo
projeto gráfico. É isso o que também vai acontecer com Mario Quintana, antes no
catálogo da Globo e agora no da Alfaguara. Os primeiros cinco títulos, entre os
quais uma coletânea inédita, serão publicados no segundo semestre. Vale também
para a obra de Pedro Nava, em novas edições da Companhia das Letras a partir de
fevereiro. E para Cecília Meireles (38 livros em 40 meses), se nada mais der
errado entre seus herdeiros, Manuel Bandeira (23 reedições e 13 inéditos) e
Orígenes Lessa (34 antigos e 7 novos), todos agora no catálogo da Global.
Os
90 anos da Semana de Arte Moderna também serão lembrados em livro. Um deles
será 1922, a Semana , do jornalista Marcos Augusto Gonçalves, que sai pela
Companhia das Letras.
Crescimento
Mas
nem só de datas comemorativas e reedições vive o mercado editorial brasileiro -
que, a propósito, está deixando passar o bicentenário de Charles Dickens. Em
2012, serão lançados livros para todos os gostos e se a produção continuar em
crescimento, como nos últimos anos de acordo com pesquisa feita pela Fipe, os
leitores podem esperar pelo menos 18 mil novos títulos (e 36 mil reedições) no
Brasil. Isso sem contar os e-books.
Para
quem gosta de biografia e livros de memória, a dica é preparar o bolso, já que
o gênero é um dos mais frequentes nas listas das editoras. A L&PM prepara
dois títulos sobre Andy Warhol - uma biografia escrita por Mériam Korichi e o
diário do artista, que será dividido em dois volumes e editados no formato
bolso. A Ediouro lança American Rebel , a história de Clint Eastwood contada por
Marc Eliot. Já a vida de Norman Bengell será resgatada pelo historiador Davi
Araújo para a Nversos.
Pela
Leya, sai a edição revista e ampliada de Furacão Elis , lançada pela jornalista
Regina Echeverria em 1985. A Globo publica as biografias de Neil Young e Rod
Stewart escritas pelos próprios músicos. A Balada de Bob Dylan , de Daniel Mark
Epstein, sai pela Zahar. O gênero também é uma das apostas da Lafonte/Larousse
para o ano. Ela manda para as livrarias biografias ilustradas de Pink Floyd e
de Elvis Prestley, por Marie Clayton; de Led Zeppelin e Eric Clapton, por Chris
Welsh; de Keith Richards, escrita por Victor Bockris; dos Beatles, por Terry
Burrows; e do Nirvana, por Gillian Gaar.
Um
livro sobre os 40 anos do Queen também está nos planos. A Melhoramentos vai
editar um livro de Paul McCartney, mas sem relação com sua história ou com
música. Sem título definido, tratará sobre culinária vegetariana.
Saindo
do ambiente artístico e voltando para o da vida alheia, a Zahar lança Por Amor
a Freud: Memórias De Minha Análise Com Sigmund Freud , de Hilda Doolittle. O
jornalista Augusto Nunes escreve sobre Jânio Quadros para a Record e Mario
Magalhães prepara livro sobre Carlos Marighella para a Companhia das Letras,
que também edita, em três volumes, a biografia de Getúlio Vargas, feita por
Lira Neto.
Histórias
de times também têm destaque. Celso Campos Jr. e Dario Palhares contam, em
livro da Realejo, a do Santos em seu centenário. E Ruy Castro escreve sobre o
Flamengo para a Companhia das Letras.
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Memória
- Em nome de Jorge amado
Uma
vasta programação comemora o centenário do escritor baiano em 2012 O POPULAR 29.12
-
O
ano de 2012 será iluminado pela prosa solar e saudável de Jorge Amado. O motivo
é a comemoração do centenário de nascimento do escritor baiano, dia 10 de
agosto - ele morreu em 2001, quatro dias antes de seu aniversário. Uma ampla
programação, que vai de exposição a tema de escola de samba, está prevista para
celebrar o autor de Gabriela Cravo e Canela , aquele que, no entender da
escritora Ana Maria Machado, foi capaz de trazer para a ficção contribuições
positivas da sociedade, como o interculturalismo, a miscigenação, o hibridismo
cultural.
A
nova presidente da Academia Brasileira de Letras, aliás, pretende transformar a
sede da centenária entidade em palco para a literatura do autor baiano.
"Queremos fazer uma revisão crítica da obra de Jorge Amado e abrir
possibilidades para que outros também façam isso no Brasil e no exterior. Vamos
ver como ele é recebido hoje", comentou.
Outro grande evento (veja lista nesta página) vai
ser realizado no Museu da Língua Portuguesa. Lá, em março, será aberta a
exposição Jorge, Amado e Universa l, que vai reunir manuscritos, fotos e
objetos do escritor. "Queremos apresentar um panorama de Jorge Amado, ou
seja, oferecer elementos que ajudarão o visitante a compor uma imagem desse
autor", conta Ana Helena Curti, coordenadora de curadoria, que vai contar
ainda com Ilana Goldstein, consultora de conteúdo do projeto, e William Nacked,
diretor coordenador. Todos terão o apoio da Fundação Casa de Jorge Amado, de
Salvador, fiel mantenedora do acervo do romancista.
A
exposição será interativa, ou seja, os visitantes vão dispor de sons e imagens
- muitas delas acessadas pelo tato - que apresentarão aspectos da obra do autor
de Dona Flor e Seus Dois Maridos . Para isso, é a figura do próprio escritor
que vai conduzir o público pelos corredores do Museu da Língua Portuguesa. O
espaço físico vai ser criado por uma dupla de craques, Daniela Thomas e Felipe
Tassara. "O objetivo é mostrar que Jorge continua atemporal, seja em seus
escritos, seja em suas atuações políticas e sociais."
Reedição
A
reedição da obra pela Companhia das Letras permite comprovar isso. Autora de um
livro em que analisa a escrita amadiana ( Romântico, Sedutor e Anarquista -
Como e Por Que Ler Jorge Amado , lançado pela Objetiva), Ana Maria Machado
defende a importância para a literatura nacional do romancista baiano, que fez
a fusão amorosa entre o erudito e o popular, que erotizou a narrativa, que
trouxe à tona questões sobre o não sectarismo, a miscigenação, a luta contra o
preconceito e contra a pseudoerudição europeia.
Uma
mistura tão heterogênea que explica o interesse da escola de samba carioca
Imperatriz Leopoldinense, que prepara seu próximo desfile inspirado nos
personagens de Amado. Ainda na mesma linha popular, também justifica a decisão
da TV Globo em novamente adaptar Gabriela no formato de novela, agora com Juliana
Paes como a sedutora morena, com estreia prevista para agosto. Já na outra
vertente, Jorge Amado vai inspirar debates comandados por intelectuais. Em
todas as searas, ele continua irresistível.
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Movimento para o interior cresce mais que rumo ao
litoral
Número
de carros no sistema Imigrantes tem aumento menor nos últimos anos do que em
vias como a Castello. Famílias tentam
fugir do agito e dos preços das praias; cidades expandem suas redes hoteleira e
imobiliária FOLHA DE SP 29.12
-
Sandra
Grosworsel Schefler, 37, sempre passou a virada de ano na praia. Desta vez,
porém, ela decidiu mudar o rumo da viagem. Alugou um sítio a 60 km de São
Paulo. Fará, assim, sua estreia de Réveillon no interior do Estado.
"É
para fugir do trânsito, pelo custo dos aluguéis e pelo risco de virose nas
crianças", justifica a farmacêutica.
Mãe
de gêmeos de três anos, Sandra arriscou uma viagem ao Guarujá num fim de semana
comum deste mês e ficou cinco horas na estrada -três e meia acima do normal.
A
viagem ao interior ainda é menos engarrafada, mas a farmacêutica não deve
esperar tranquilidade -até porque, como ela, outros paulistanos têm trocado
"praia" por "fazenda" em feriados, férias e também ao longo
do ano.
NÚMEROS
O
fluxo de carros na saída da capital paulista pelas duas principais rotas para o
interior -sistema Anhanguera-Bandeirantes e Castello Branco- tem aumentado bem
mais do que no principal acesso ao litoral do Estado, o sistema Anchieta
Imigrantes.
Na
descida para a praia, o tráfego de veículos de passeio -sem considerar os
comerciais, como caminhões e ônibus- saltou 4,4% na temporada passada de verão,
entre dezembro e fevereiro, na comparação com a anterior.
O
crescimento na rodovia Castello Branco atingiu 12%. Nas rodovias Anhanguera e
Bandeirantes foi de 10,9%.
Em
todos os casos, os dados se referem à passagem pelos pedágios nas principalis
praças de saída da capital.
ANO
TODO
Não
é só no verão que o fluxo para o interior vem crescendo. Comparada aos números
de dois anos atrás, a movimentação de carros, de janeiro a novembro deste ano,
subiu 5,4% na saída pela Anchieta-Imigrantes, contra 15% na Anhanguera-Bandeirantes
e 18,3% na Castello.
Isso
apesar da facilitação do acesso ao litoral após a abertura do trecho sul do
Rodoanel, em abril de 2010.
As
explicações para esse fenômeno não se limitam aos turistas insatisfeitos com a
infraestrutura deficiente do litoral nos picos -e que se reflete não só nas
estradas, mas nos gargalos de vias urbanas e na fila do pão na padaria.
Existe
um boom no interior, onde população e frota têm crescido mais do que na capital
-muitas pessoas optam por viajar todo o dia para trabalhar em São Paulo.
Ainda
há uma expansão das redes hoteleira e imobiliária em um ritmo acelerado.
A
abertura neste ano de um hotel de luxo pelo Fasano em Porto Feliz, a 122 km da
capital, a Fazenda Boa Vista, é uma parte desse cenário.
"O
interior tem se preparado, com nova rede hoteleira de padrões variados. Houve
ainda aumento do poder de consumo das classes C e D", diz William Périco,
presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens. Ele lembra que que
os preços no litoral são mais altos no verão.
Denise
Mizrahi, que comanda um site de locação de imóveis, detalha a diferença: uma
casa de luxo para 22 pessoas por dez dias no Réveillon é alugada por R$ 23 mil
no Guarujá. Um imóvel de igual padrão em Arujá, a 38 km de São Paulo, sai por R$
10 mil.
CONGESTIONAMENTO
A
arquiteta Lívia Maria Dalmaso, 24, sente as consequências do boom interiorano.
Nos seis anos em que vive na capital, ela sempre viaja a Sertãozinho, a 335 km,
para passar o fim do ano com a família. Em 2009, demorou três horas para chegar
a Campinas, a 93 km. Neste ano, "enforcou" a sexta antes do Natal
para sair antes. "Tem feriado e fim de semana com trânsito igual ao do
Natal."
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TEATRO
- Nelson Rodrigues invade palcos
em 2012. Centenário do autor será marcado por novas
montagens de peças famosas, além de inspirar musical e escola de samba
"Os
Sete Gatinhos" será encenado no Rio e em São Paulo; o romance "O
Casamento" também terá versão teatral
FOLHA DE SP 29.12
-
As
comemorações do centenário de nascimento do dramaturgo Nelson Rodrigues,
celebrado em 2012, já começaram e se estendem pelo ano que vem inteiro.
A
festa atinge -literalmente- dimensões carnavalescas: no Rio, o dramaturgo
tornou-se até tema de escola de samba, recebendo homenagem da Viradouro.
Nos
palcos, o autor, que morreu em 1980, será celebrado com montagens de suas
peças, criadas por alguns dos mais renomados artistas do país, como Marco
Antônio Braz e Christiane Jatahy.
E
não só peças. O romance "O Casamento" ganha versão encenada, numa
parceria entre os grupos Bendita Trupe e Teatro Promíscuo, que também batalha
com a Funarte uma publicação bilíngue (português e espanhol) de suas obras
teatrais completas.
Em
2012, o autor inspirará ainda um musical("O Beijo no Asfalto", com
direção de João Fonseca, composições e atuação de Claudio Lins).
Não
poderia ser diferente. Antunes Filho, um dos principais nomes do teatro
brasileiro nos últimos 50 anos, diretor que foi pioneiro ao vislumbrar Nelson
Rodrigues como um autor trágico e não de costumes ou melodramático, divide a
dramaturgia do país entre pré e pós Nelson.
"Ele
é o maior escritor de teatro do Brasil", disse o encenador à Folha.
Marco
Antônio Braz define o trabalho do dramaturgo como revolucionário. "Sua
obra foi transformadora, na forma e no conteúdo, e absolutamente necessária
para compreensão do Brasil, do brasileiro e do ser humano em si -e não de uma
determinada classe e seus costumes, como já se pensou."
"O
que Nelson traz à tona", completa Braz, "é lama, dejeto e sombra,
tudo que pretendemos esconder em detrimento da pureza de uma idealização
moral."
Braz,
em São Paulo, e Christiane Jatahy, no Rio de Janeiro, dedicam a Nelson
Rodrigues duas ocupações, nas quais diversas obras do autor são relidas, entre
elas "Os Sete Gatinhos".
A
versão carioca da peça estreia em janeiro, com concepção da coreógrafa Dani
Lima, fundadora e ex-integrante da Intrépida Trupe. Em fevereiro "Os Sete
Gatinhos" estreia em São Paulo, com direção de Nelson Baskerville e Renato
Borghi no elenco.
Baskerville
também apresenta em janeiro, dentro da ocupação de Braz, a segunda parte de
"17 x Nelson", sua radiografia para os 17 textos teatrais do autor.
A
peça ganha o subtítulo "A Nudez Feia da Família Brasileira". Para o
encenador, ninguém conheceu melhor a família brasileira do que Nelson
Rodrigues.
"Nelson
desvenda a família como sendo, ao mesmo tempo, ninho de conforto e foco de
neurose do indivíduo", explica ele, que faz do autor um personagem em
cena, conduzindo as histórias amalgamadas.
A
lista de encenações de Nelson Rodrigues para 2012 é grande. Destacam-se ainda
obras como "Vestido de Noiva", dirigido por Jatahy em fevereiro,
"Senhora dos Afogados", montagem carioca que deve estrear na cidade
no ano que vem, concebida por Ana Kifouri -que também planeja montar "A
Serpente" em 2012.
Alexandre
Heinecke se propôs uma dobradinha: encenar "A Mulher sem Pecado" e
"Viúva, porém Honesta" ao mesmo tempo e com o mesmo elenco. A
previsão de estreia é agosto, mês de aniversário de Nelson.
O
Grupo Gattu, que já montou cinco peças do dramaturgo, tem planos de fazer uma
mostra de repertório. Começa em janeiro reestreando "A Serpente".
O
ator Milhem Cortaz se prepara para protagonizar "Boca de Ouro", com
direção do Ivan Feijó.
Veronica
Fabrini, diretora da Boa Companhia, que tem seu doutorado em Nelson Rodrigues,
busca recursos para apresentar "A Falecida", montagem em que
participou no Chile como atriz recentemente, com atores de três nacionalidades.
Nelson
Rodrigues, quem diria, virou unanimidade. Ou quase: afinal, como ele dizia,
toda unanimidade é burra.
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Juízes receberam benefício por anos em que eram
advogados
Pagamento
de licenças-prêmio em tribunal de SP é investigado pelo CNJ. Dois juízes receberam benefício de 450 dias
referente ao tempo em que advogaram; eles não se manifestaram FOLHA DE SP 29.12
-
O
Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu a 22 desembargadores licenças-prêmio
referentes a períodos em que eles trabalharam como advogados, anteriores ao
ingresso no serviço público.
Em
dois casos, o benefício referente ao período em que atuaram por conta própria
chegou a um ano e três meses -ou 450 dias.
O
pagamento das licenças-prêmio está sob investigação do CNJ (Conselho Nacional
de Justiça) e foi anulado pelo próprio tribunal um dia depois de o conselho
iniciar uma devassa na folha de pagamento da corte paulista, no último dia 5.
A
atuação do CNJ divide o mundo jurídico desde que o ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Marco Aurélio Mello concedeu liminar impedindo que o conselho
abra por iniciativa própria investigação contra juízes (leia entrevistas na pág
A8).
A
corte possui 353 desembargadores e, segundo a lei, um quinto de seus membros
deve ter origem na advocacia ou no Ministério Público.
São
os pagamentos feitos a parte dos desembargadores que entraram no tribunal pela
cota reservada aos advogados que agora estão sendo analisados pelo CNJ.
A
licença-prêmio é um benefício concedido a todos os servidores. A cada cinco
anos de trabalho, eles têm direito a três meses de licença.
O
tribunal pode converter a licença em pagamento em dinheiro. Cada 30 dias do
benefício corresponde a um salário -o dos desembargadores é de R$ 24 mil.
As
concessões sob análise começaram a ser pagas em julho de 2010, na gestão do
desembargador Antonio Carlos Viana Santos, morto em janeiro, e continuaram sob
a administração do atual presidente, José Roberto Bedran.
As
maiores licenças-prêmio referentes ao período de exercício da advocacia (450
dias) foram concedidas aos desembargadores José Reynaldo Peixoto de Souza e
Hugo Crepaldi Neto.
O
cálculo do benefício para Souza teve como marco inicial o ano de 1976, quando
atuava como advogado. Ele só ingressou no tribunal 25 anos depois, em 2001.
A
licença-prêmio de Crepaldi Neto foi contada de 1983 a 2010, quando ele foi
escolhido para compor o tribunal.
Segundo
o presidente da Associação Paulista de Magistrados, Paulo Dimas de Bellis
Mascaretti, o pagamento tem como base uma interpretação da Loman (Lei Orgânica
da Magistratura).
A
lei permite que magistrados contem, para fins de aposentadoria, até 15 anos do
tempo em que atuaram como advogados. Porém, a Loman não trata da
licença-prêmio.
O
TJ-SP deverá julgar o caso após o recesso de janeiro.
A
corte também é investigada pelo CNJ por supostos pagamentos de verbas relativas
a auxílio moradia de forma privilegiada. O conselho apura ainda possíveis casos
de enriquecimento ilícito.
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O RETRATO DE UM BRASIL QUE ANDA PARA TRÁS. JADER
VOLTA E MANDA RECADOS AO PLANALTO
Correio Braziliense - 29/12/2011
-
Depois
de renunciar em 2001 e ter sido barrado pela Lei da Ficha Limpa, senador
paraense assume o cargo em meio ao recesso parlamentar, promete ser um aliado
do governo e diz que é "um recruta no fim da fila", mas dá pitacos
sobre a reforma ministerial
Dez
anos depois, Jader Barbalho (PMDB-PA) voltou a assumir uma das 81 cadeiras do
Senado, posto que perdeu em 2001, após renunciar para escapar de um processo de
cassação. Já no primeiro dia, recebeu mimos que não se aplicam aos novatos,
como ser empossado em pleno recesso parlamentar e ser escoltado à liderança do
PMDB para evitar protestos no Salão Azul. Apresentou-se como "um
aprendiz", "um calouro", "um recruta" que entra no fim
da fila, mas no meio do discurso manso mandou recados ao governo e demonstrou
que chega para reforçar as fileiras do PMDB do Senado.
Jader
comentou o espaço que o partido tem na Esplanada e disse que a reformulação da
divisão dos postos passa por uma negociação dos líderes com o governo, mas
atribuiu à presidente Dilma Rousseff a palavra final sobre a reforma
ministerial. "Não considero que seja insatisfatório o espaço do PMDB, mas
quem deve tomar a iniciativa para conversar sobre espaço é a presidente. Agora,
essa questão é uma negociação dos líderes. Não é o PMDB que deve dizer o que
quer, e sim esperar o chefe do governo se posicionar primeiro." O senador
empossado ontem também fez questão de ressaltar que, apesar de o partido ter
sido aliado do governo durante os oito anos de mandato do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, foi a chapa composta por Dilma e Michel Temer (PMDB-SP)
que selou a união entre PT e PMDB.
Apesar
do cuidado com as palavras, Jader disse que pertence à base do governo, mas
reservou-se o direito a posições independentes. "Evidentemente que isso
(pertencer à base) não me impedirá de eventualmente vir a divergir (do
governo). Afinal de contas, devo o meu mandato exclusivamente ao povo do
Pará."
O
embate travado na Justiça para assumir o mandato impedido pela Lei da Ficha
Limpa engrossa a lista de mágoas do senador, que teve o lugar ocupado pela
terceira colocada na disputa de 2010, Marinor Brito (PSol-PA). Ao afirmar que
não tem dívidas de gratidão por ter conseguido reaver o mandato, Jader comparou
o desafio que enfrentou nas urnas — ao convencer os eleitores a votar em um
candidato que teria as indicações anuladas, pois ele se enquadrava nos
critérios de inelegibilidade da Ficha Limpa — às disputas históricas que travou
com o ex-senador Antônio Carlos Magalhães (morto em 2007). "Concorri em
uma eleição em que a recomendação era não votar em mim, pois o voto seria
anulado. Depois do Antônio Carlos, nenhum adversário foi tão difícil. É uma
homenagem que eu quero fazer ao Antônio Carlos Magalhães, que disse em uma
entrevista que o adversário mais difícil era eu", lembrou.
Jader
criticou os critérios da Lei da Ficha Limpa e afirmou que a regra precisa ser
dividida em "duas etapas". A primeira, segundo ele, já foi encerrada
e acabou quando o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a lei não valeria
para as eleições de 2010. A segunda, continua o raciocínio, começa agora, na
análise sobre a aplicabilidade da regra que veta a candidatura de políticos com
condenações. "É como revogar a lei do divórcio e enquadrar você como
bígamo", comparou.
Cartas
ao Supremo
Questionado
sobre a influência negativa que cartas endereçadas a ministros do STF tenham
provocado, adiando sua posse, o senador do PMDB afirmou que o conteúdo das
missivas era respeitoso. Jader é o último dos barrados pela Ficha Limpa a
retomar o cargo no Senado. João Capiberibe (PSB-AP) e Cássio Cunha Lima
(PSDB-PB) tiveram mais rapidez no resultado dos recursos. "É uma
interpretação equivocada, mandei uma carta altamente respeitosa, não há uma
expressão sequer", disse, negando a pressão ao relator do processo,
ministro Joaquim Barbosa.
Às
vésperas da decisão do Supremo que determinou a posse de Jader, senadores da
cúpula do PMDB se empenharam para fazer valer para o colega decisão que os
magistrados tomaram favoravelmente a outros dois parlamentares também
enquadrados no critério da Ficha Limpa. Ontem, na cerimônia de posse que
ocorreu na presença de representantes da Mesa Diretora, apenas o líder do
governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), participou. O presidente da Casa,
José Sarney (PMDB-AP), foi substituído pela vice, Marta Suplicy (PT-SP), que
deu posse a Jader. Considerado um dos principais aliados do novo senador na
Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL) também faltou à cerimônia, mas funcionários do
gabinete do líder do partido no Senado prestaram suporte a Jader.
O
caçula e as
travessuras
Jader
Barbalho (PMDB-PA) recrutou
os
dois filhos mais novos para acompanhá-lo na missão de enfrentar a primeira
coletiva de imprensa na volta ao Senado. Daniel, de 9 anos, sentou-se à direita
do pai e Giovana, de 15 anos, à esquerda. Em vez de encontrar apoio familiar na
presença das crianças, o filho mais novo de Jader deixou o peemedebista em
saia-justa. Para matar o tédio, Daniel passou o tempo fazendo caretas e
"chifres". Empolgado com a metralhadora de perguntas dos repórteres,
Daniel levantava o dedo para também interrogar o pai e arriscou, até mesmo,
perguntas incisivas. "Qual foi a maior denúncia de outro vereador do
PMDB?", perguntou ao pai durante a coletiva. "Que vereador, rapaz, é
senador", retrucou Jader, emendando que se arrependeu da hora em que
decidiu levar o caçula para a solenidade.
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