terça-feira, 10 de agosto de 2010

Humilhação no trabalho

FSP 08/08

Cresce número de ações trabalhistas baseadas em assédio moral

"Lembrar-me do meu chefe é tão ruim que penso em suicídio", conta a secretária Juliana (nome fictício) sobre como foram os dois anos trabalhando "sob regime de humilhação e constrangimento", típico do assédio moral.
Casos como esse, de agressão psicológica entre chefe e empregado, são mais comuns, mas entre colegas cresce "de forma expressiva", aponta Roberto Heloani, advogado e professor da FGV-SP (Fundação Getulio Vargas de São Paulo).
Segundo levantamento feito a pedido da Folha pelo Tribunal Superior do Trabalho, em 2009 foram catalogados 434 processos que envolviam assédio moral -66% a mais do que no ano anterior.
Pesquisadores da Fundacentro, ligada ao Ministério do Trabalho, afirmam que o assunto tem sido mais discutido nos últimos três anos, contribuindo para o aumento do número de denúncias.
Mesmo afastados do emprego, profissionais que sofrem esse tipo de violência revivem as sensações de humilhação ao recordarem a rotina de trabalho, afirmam psicólogos e médicos.
"Ele me chamava de burra na frente dos colegas. Entrei em depressão e fui afastada. Hoje nem consigo passar na rua da empresa. Tenho crises de pânico", diz Juliana.
A secretária atuava em empresa do setor financeiro, cujo nome não autorizou que fosse publicado por temer represálias "físicas", pois afirma ainda sofrer ameaças por telefone. Além de ofensas e sobrecarga de trabalho, ela declara ter sido vítima de uma acusação infundada de roubo por seu superior.

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"Poesia transforma dor em alegria estética", diz Gullar

FSP 08/08

Se a Flip fosse a Copa e os autores, jogadores, o poeta Ferreira Gullar, 79, teria quem o representasse: Ronaldo Luiz Nazário de Lima.
Ronaldo é o jogador com maior número de gols em Copas. Gullar é o autor com o maior número de participações em Flips.
Há, no entanto, uma diferença crucial entre os dois. Enquanto Ronaldo quer o mundo, Gullar se contenta (e muito) com a companhia de seu gato, o vira-lata Gatinho.
Em sua terceira participação na Flip, o colunista da Folha falou, ontem, de seu gato, seus ossos (sim, os ossos também merecem poemas) e, claro, sua poesia.
Leu trechos de sua obra mais famosa, o "Poema Sujo" (1976), produzido durante a ditadura, além de presentear a plateia com trechos de poemas ainda não publicados. Ao final, foi aplaudido de pé pelo público que lotou a Tenda dos Autores.
Gullar contou histórias da época em que fazia poemas neoconcretos, em que as palavras não seguiam qualquer tipo de regra sintática: "Quis que a escrita nascesse com o poema. Ninguém entendeu, claro, porque a linguagem é algo social".
Sobre a máxima de que "fazer poema é um parto" (também adotada por cineastas, atores, pintores e toda sorte de profissional das humanas), disse: "Vocês estão cansados de ouvir poeta dizendo que escrever é sofrimento. Mentira. É bom. O poema até pode tratar de algo doído, mas ele transforma dor em alegria estética".
Sobre qualquer forma de engajamento literário, ensinou: "Não adianta fazer poesia ruim, engajada, para não mudar nada. Se é para não mudar nada, é preferível fazer boa poesia".
Como exemplo, contou a história de quando foi procurado, na época em que trabalhava no "Jornal do Brasil", para publicar um manifesto sobre a "Poesia de Base".
"Falei que manifesto não publicava, publicava poema. Manifesto é coisa de político. Promete e não faz. Resultado: nunca produziram um único poema de base."

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