terça-feira, 2 de abril de 2013


Marco Feliciano – o PSC sob a ótica de Nietzsche
WALDEMAR REGO
Nietzsche em seu discurso filosófico disse que há uma desgraça mil vezes pior do que o cristianismo, o judaísmo. Por que disse isso o pensador alemão? Porque o veneno judaico estendido até cristianismo mata o homem através da transmutação dos valores naturais da humanidade, para uma moral divina, uma possibilidade irracional. O POPULAR/GO 01/04

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 O judeu, assim como o cristão, dá a Deus, a razão de tudo, abdicando de seu ser natural. Daí surge a execrável figura do sacerdote. Dono das consciências, ele se apropria da “vontade de Deus” e dita o que é bom e o que é certo para o homem, criando então uma sociedade dentro da sociedade, o chamado “povo eleito”. Assim como o judeu antigo, o cristão moderno se arrosta “o povo eleito, o povo sagrado”. Essa á a desgraça humana imortalizada segundo Nietzsche.

 - Que significa “ordem moral universal”?  Que existe, sem qualquer dúvida, uma vontade de Deus, que decide tudo o que o homem deve ou não fazer; que o valor de um povo ou de um indivíduo se gradua segundo a sua maior ou menor obediência à vontade de Deus; que nos destinos de um povo ou de um indivíduo mostra-se dominante a vontade divina que castiga ou recompensa segundo o grau de obediência. (O anticristo. Cap XXVI)

Ainda que o estado seja laico, no esterco da lei medra um partido que, por excelência ideológica, é inconstitucional. A legenda de Marco Feliciano é apenas mais uma idiossincrasia na política brasileira. Se não posso misturar religião com Estado, o que explica a égide chamada Partido Social Cristão - PSC? 

Esse partido, ou corrente de pensamento, na verdade não passa de uma metáfora talibã civilizada, onde a consciência de todos, é determinada por valores individuais de um “Maomé ocidental” - um Cristo palatável para uma cultura mais amena, mais pura, mais civilizada. É a mistura da religião com a política por um grupo que tem por núcleo, qualquer seita espiritualizada – a bancada evangélica. O que deveria ser espiritual tomou o viés oportunista. Eles dividem o mundo em certo e errado, bem e mal, Cristo e o diabo. Nas suas madrastas ideológicas, esses sacerdotes políticos, criam, assim como no Afeganistão, a patrulha do direito espiritual como se a sociedade fosse pautada pela coerção ideológica e não pelo senso comum de seus integrantes.

O racismo, a eugenia natural gerada pelo instinto da escolha presente em toda a alimária da natureza - inclusive no homem, entra em choque com essa ideia de civilização humana. Não admitimos nossa parcela animal, escondemos que somos movidos pelo instinto em nossas escolhas mais ínfimas; negamos nossa porção animal escudada na moral das aparências, na religião; temos vergonha de dizer que o pensamento desgraçadamente é uma ferramenta do instinto. 

Ora, a Sociologia nos diz que a sociedade exerce uma coerção de valores sobre o indivíduo, desde seu nascimento até sua morte. Esse é o princípio da organização humana enquanto sociedade. O que não pode é essa sociedade tolher o indivíduo em sua individualidade. Aí entra o direito subjetivo de cada um em ser o que é.
O discurso homofóbico, a intolerância, o racismo, a ideia de pertencimento a uma casta social de eleitos pela fé; o melhor que eu; a supressão ao direito de ser, baseada na teologia comportamental do melhor contra o pior; a negação do ser social numa tentativa de transmutá-la para o mundo ilusório, cuja moral absoluta seja impossível porque o homem é refém de seus instintos, é a causa da desgraça humana.

O valor dessa moeda política brasileira que traz em seu verso, a estampa de um mesmo canalha, nos mostra que o ópio, o pão, o circo são os alimentos que nutrem a sociedade pela ignorância de sua própria escolha.

O apelo convulsivo dessa questão reside num fato estamental da sociedade brasileira – a Comissão de Direitos Humanos foi ocupada pelo resumo teológico de uma casta de perfeitos e intolerantes. 

(Waldemar Rego, escritor e artista plástico em Ap. de Goiânia. waldemarregojr@gmail.com)




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Justiça ao alcance de todos
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Justiça ao alcance de todos é uma das prioridades do Poder Judiciário. De outro lado, o Judiciário precisa democratizar-se urgentemente em suas práticas internas, além de procurar maior legitimidade na alma do povo brasileiro. É preciso perceber que o contato do juiz com o jurisdicionado e a própria sociedade não enfraquece o Poder Judiciário. Ao contrário, tende a enobrecê-lo, conferindo a este maior grau de legitimidade. Essa postura deve ser assumida pelo juiz contemporâneo. CORREIO BSB 02/04
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Cabe ao juiz exercer a atividade recriadora do direito através do processo hermenêutico, bem como a de adaptador das regras jurídicas às novas e constantes condições da realidade social e, com responsabilidade, deve buscar as soluções justas aos conflitos, visando à paz social. Dessa forma, com esse compromisso, o Judiciário estará sempre próximo do cidadão e a serviço da cidadania. Esse é o papel que foi historicamente reservado ao Poder Judiciário.

Com efeito, o acesso e a conscientização da população de seus direitos e obrigações será um fator crucial para o maior desenvolvimento e aperfeiçoamento da sociedade brasileira e do Poder Judiciário. Educação e cidadania são instrumentos fundamentais de transformações sociais positivas. As universidades brasileiras em sua maioria preparam os estudantes de direito para ser advogados combativos. Isso não é errado, mas é preciso, também, prepará-los para uma cultura de Direitos Humanos volvida para a verdadeira pacificação social, mediante instrumentos alternativos de resolução de conflitos — como a conciliação, a mediação, a arbitragem e, ainda, as práticas restaurativas.

O Poder Judiciário brasileiro depara-se, nos últimos tempos, com o desafio da concretização dos direitos de cidadania. É importante não esmorecer ante a adversidade do volume de serviço crescente, mas se recusar a entregar uma jurisdição de papel, alienada, sem a necessária e profunda reflexão sobre os valores em litígio. É preciso que os juízes tenham o propósito de realizar uma jurisdição que proporcione pacificação social. Portanto, mutirões, digitalização de processos, formas alternativas de resolução de conflitos, parcerias comunitárias, práticas restaurativas, etc, são instrumentos muito bem-vindos.

O Poder Judiciário vem procurando oferecer à comunidade uma Justiça não só com vistas à resolução eficaz das questões jurídicas, mas, também, à prestação jurisdicional que ofereça solução para a problemática global do jurisdicionado. A atuação criativa dos juízes pode ser constatada mediante a efetiva prestação jurisdicional nos Juizados Especiais, ao darem solução adequada a cada caso, muitas vezes pela via multidisciplinar, revelando compromisso inequívoco com o direito e a justiça.

São desafios da ordem do dia do Poder Judiciário a necessidade de aumento de recursos humanos, quanto à premência de maior número de juízes, servidores, estagiários, conciliadores e materiais relacionados a espaço físico, meios de autuação informatizada, etc. Nesse contexto, foi fator importante a criação de ouvidorias nos tribunais como um canal de diálogo para que o cidadão possa dar sua sugestão e aprimorar essa instituição. Outro aspecto relevante foi o Poder Judiciário passar na última década a se preocupar, sensivelmente, em todas as instâncias, em promover uma gestão administrativa democrática, com maior efetividade nas ações, projetos e realizações, sob um planejamento e controle de metas que são aferidos pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

De outra face, inúmeras críticas têm sido feitas recentemente à atuação do Poder Judiciário no Brasil. Contudo, carece esse Poder de melhores instrumentos de trabalho. A legislação nacional, além da técnica deficiente, é hoje de produção igualmente caótica, bem como deficientes são os instrumentos disponíveis ao Judiciário, porque já não se aceita a verdadeira liturgia do processo, o amor desmedido pelos ritos, que quase passaram a ter fim em si mesmos, numa inversão de valores.

O Judiciário, nos tempos atuais não pode se propor a exercer função apenas jurídica, técnica, secundária, mas deve exercer papel ativo, inovador da ordem jurídica e social, visto que é chamado a contribuir para a efetivação dos direitos sociais, procurando dar-lhes sua real densidade e concretude. Estes são os maiores desafios do Poder Judiciário Contemporâneo.
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Oriana Piske
Juíza de Direito do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, mestre em direito pela Universidade Federal de Pernambuco, pós-graduada em Teria da Constituição, Direito do Trabalho e Direito Civis (Cesap-UniCEUB), douturanda em Ciência Jurídicas e Sociais pela Universidad Del M useo Social Argentino

Cláudio Faria
Diretor da Secretaria do 1º Juizado Especial Civil e Criminal de Brasília (Guará %u2014 DF)
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Alfabetização de adultos: Mulher coragem
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Para quem quer alcançar os sonhos não existem limites, nem mesmo o tempo. Com 78 anos de idade, viúva há 26 anos, e sete filhos criados, Orozina Marques é testemunha disso. Ela é a mais velha da turma na escola pública do Núcleo Rural Boa Esperança, área incluída nos limites do Parque Nacional de Brasília, que abriga alunos de todas as idades e diferentes histórias de vida, para serem alfabetizados. JORNAL DE BRASÍLIA 29.03


 Orozina sempre mostrou interesse em aprender, mas com as dificuldades da vida na fazenda, só pode abraçar a oportunidade de estar em sala de aula na terceira idade. “Quero ser uma pessoa bem informada e nunca é tarde”, confessa a senhora de baixo porte, mas com esperança e coragem de sobra. “As pessoas têm que ter coragem para aprender a qualquer hora, e aprender cada vez mais”, disse.

Obstáculos que apareceram desde cedo não impediram a sertaneja de realizar o sonho de ser alguém. Moradora em uma fazenda distante quando menina, Ozorina fez o que pode para receber os estudos tão desejados, mas não conseguiu concluí-los. “Quando novinha, eu andava mais de seis quilômetros para chegar ao colégio. Quando eu tinha 11 anos, meu pai faleceu e tive que parar os estudos. Depois de tanto suplicar para a minha mãe, ela deixou eu ir aprender com a minha madrinha. Tinha que ir a cavalo até a casa dela. Mas isso durou só uns seis meses”, recordou.

Histórias do fusca branco
Sem a alfabetização completa, Orozina trabalhou 30 anos vendendo produtos de produção própria em feiras na Região Metropolitana do DF. As verduras e as frutas viajavam ao lado dela no mesmo fusca branco que ela usa até hoje. “Na verdade, eu troquei quatro vezes por versões mais novas, mas sempre usei o fusca branco. Sou conhecida até hoje pelo carro. Venho todos os dias à aula dirigindo o meu carro, e ainda dou carona a alguns colegas da turma”, contou.

Casada com Idelson José de Alcântara, também trabalhador do campo, Orozina virou dona de casa e incentivava os sete filhos a estudar, apesar da falta de estímulo do companheiro. “Meu marido não fazia questão, achava que se a gente não estudou filho nosso não precisava. Mas coloquei filhos meus até em internato de freira e seminário para estudarem”, recordou.

Falar com o filho pela WEB
Os sete filhos, 14 netos e dois bisnetos são para Orozina prova de que a terceira idade é a melhor, pois agora ela está colhendo os frutos de toda sua luta. “Eu acordava quatro horas da manhã para fazer café para a criançada, e levá-los ao ponto de ônibus para que fossem ao colégio, que ficava a uma hora distância. Tudo isso para que eles ficassem encaminhados como estão hoje, graças a Deus”, agradece Orozina, que abre um sorriso ao dizer com orgulho que têm filhos professores, na área de saúde e advogado.

Ao lembrar do filho mais velho, o único que não mora no DF, Orozina confessa o motivo para mudar de vida: “Tenho dificuldade para escrever, ainda mais na minha idade. Eu tremo muito. Mas no computador, não vou ter esse problema, vou poder falar de graça com o meu filho que mora em Rondônia”.

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A escola tem que educar a todos'

Coordenadora do Fórum Nacional de Educação Inclusiva diz que pais devem denunciar exclusão. O GLOBO 01/04

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Pais de autistas relatam dificuldade para garantir a matrícula na escola regular. E citam casos em que o aluno é aceito, mas a inclusão não ocorre de fato.

Isso é verdade. E é muito importante que a sociedade atente para isso, pois ninguém tem o direito de negar matrícula para quem quer que seja, tanto na escola privada quanto na pública. Há casos, inclusive, em que a diretora olha para a mãe e já diz que a criança não vai aprender. Isso é algo completamente discriminatório. E causa um sofrimento imenso. É preciso dizer aos gestores escolares que é crime negar matrícula. O aluno autista estar na sala de aula não é concessão, é direito.

O que os pais devem fazer diante disso?

Temos uma Constituição que zela pela igualdade de direitos. Há um zelo pela escolarização de todas as crianças no ensino comum e na oferta do atendimento educacional especializado suplementar, que foi regulamentado, mas não substitui a escola regular. É preciso que os pais conheçam esses direitos e cobrem. Temos instrumentos poderosos, como a Lei Berenice Piana, a 12.764, que ratifica todos os termos da Convenção sobre os Direitos da Pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU, em 2006. A criança não pode deixar de ser autista para ser incluída na escola. É a escola que tem que se transformar para educar a todos, pois essa criança faz parte da diversidade humana.

Pela lei, a escola é obrigada a oferecer recursos humanos capacitados. Quem deve pagar pelo profissional de apoio?

A escola é obrigada a oferecer toda a infraestrutura necessária para promover a inclusão do aluno, recursos humanos, inclusive. E quem deve pagar por isso é a escola. As escolas precisam ter professores auxiliares.

E quando a escola diz que não está preparada?

A lei não pode ficar no papel. Quando ela diz isso, pode ser o começo da negativa de matrícula. Sem educação, não se tem acesso aos direitos sociais. Então, o que cabe à família, ao Estado e à sociedade é fazer valer esse direito. Os pais devem exigir a ação dos ministérios públicos, dos advogados. Eu recomendo a todos que, antes do caminho jurídico, tentem uma negociação, esgotem todas as possibilidades de diálogo. E deixem claro que conhecem o direito de seus filho. Eles não devem abrir mão desse direito.

Há avanços na educação inclusiva no Brasil?

Não é ainda o que nós queremos e nem o que manda o direito à educação. Mas houve avanços. Há escolas no Brasil que fazem a inclusão, de fato.

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