quinta-feira, 19 de julho de 2012


Mapa da Violência coloca Brasil entre os quatro países com maiores taxas de homicídio de jovens.  Agência Brasil 18.07
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Pesquisa aponta redução da mortalidade infantil no DF
Entretanto, os níveis de mortalidade ainda são crescentes, especialmente entre adolescentes e jovens do sexo masculino. www.jornaldebrasilia.com.br
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Direitos Humanos
Artigo discute urgência do Brasil avaliar seu passado
Instalação da Comissão da Verdade faz Brasil avançar em relação à justiça de transição, diz Simone Pinto. www.unb.br
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O futuro das crianças não pode mais esperar
O Estado de S. Paulo - 16/07/2012
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Como diz o povo, para baixo todo santo ajuda. A presidente Dilma sabe muito bem disso, haja vista a força que está fazendo para deter a sabotagem dos santos e empurrar a economia brasileira para cima. Por via das dúvidas, e prevendo que a descida da ladeira do Produto Interno Bruto (PIB) pode ser mais veloz do que o ministro Mantega supunha, já tenta desviar o assunto, minimizando sua importância: "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e adolescentes, não é o PIB", disse ela. Como quase sempre, o linguajar é um pouco capenga. Mas deu para entender.

Muitos economistas já se dedicaram ao trabalho de procurar um indicador melhor que o PIB para medir a marcha de uma economia nacional. Tentativas de montar um indicador da Felicidade Nacional Bruta (FNB) já consumiram muitas horas de pesquisas e calhamaços de papéis. O problema é que, de qualquer forma, elas exigem, de saída, a apuração do PIB, pois sem que a economia cresça de forma sustentada não se torna possível uma distribuição mais equitativa da renda produzida e, portanto, um aumento no nível de bem-estar geral.

De modo que, com o devido respeito, sra. presidente, se o PIB não cresce, ou se decresce, fica mais difícil para a Nação fazer mais e melhor por suas crianças, seus adolescentes, adultos em geral e idosos. Não esqueçamos de que, se estes vivem mal e porcamente, como ocorre em muitos recantos deste país, as crianças ficam sem futuro e, na verdade, como se vê nas ruas de qualquer cidade brasileira, passam a ser úteis no trabalho de mendicância de que muitos adultos lançam mão.

Mas, deixando de lado o despautério de achar que a medição e o comportamento do PIB não têm importância, tentemos analisar o que é que está acontecendo com ele, posto que dois anos atrás ia muito bem: o crescimento em 2010 foi de 7,5% - uma taxa "chinesa", segundo se disse então - e neste ano, pelo que tudo indica, não deverá chegar aos 2%. Isso vai reduzir a taxa média anual dos quatro anos de mandato da presidente Dilma para bem menos que a média anual do mandato do seu antecessor. A menos que nos próximos dois anos o PIB brasileiro dê um bom salto para cima.

Aí é que entra, de fato, a grande pergunta: esse recuo do PIB brasileiro é meramente episódico e poderia ser remediado a curto prazo?

Entre os fatores que levaram a esta situação, um deles é, sem dúvida, a retração da economia mundial, como, aliás, o governo já vem apontando. Mas há dois outros fatores que não têm sido analisados devidamente.

Um deles é o que poderíamos chamar de saturação. A melhoria de renda da população, a maior oferta de crédito e a redução das taxas de juros criaram, sem dúvida, uma bolha de demanda estimulada no final do governo Lula, que extravasou para o primeiro ano da sua sucessora. Agora, ao que parece, é que essa bolha começou a se esvaziar. De um lado, porque a chamada nova classe média, então surgida, já deve ter chegado ao limite dos seus desejos consumistas e da sua capacidade de endividamento. Além disso, o próprio encolhimento da atividade econômica e as notícias nada otimistas sobre o ritmo de crescimento do emprego levam as pessoas a pensar com mais atenção no futuro próximo e, por precaução, começar a fazer reservas, reduzindo suas despesas de consumo normais. Digamos, para resumir, que um ciclo de euforia econômica começa a ser encerrado e a velhíssima história dos sete anos de vacas gordas, seguidos de sete anos de vacas magras surge na cabeça de muitos consumidores, levando a um comportamento bem mais precavido que dois anos atrás.

Outro fator importante é de natureza estrutural. O Brasil conseguiu grande sucesso nas exportações de commodities - mercadorias primárias - nos anos recentes. Mas nas atividades manufatureiras não só não conseguiu sucesso algum, como vem tendo retração, com os produtos importados fazendo cada vez mais concorrência, internamente, aos produtos nacionais. A bolha de demanda a que nos referimos acima quase não beneficiou a indústria nacional, beneficiando, isso sim, as indústrias estrangeiras que viram no mercado brasileiro uma boia de salvação para o encolhimento de mercados que vieram enfrentando no resto do mundo.

O problema, portanto, da falta de produtividade e de competitividade da economia brasileira, sempre levantado, mas nunca atacado firmemente por nenhum governo, torna-se dramático nas atuais circunstâncias, uma vez que a base de uma economia madura, a indústria, não pode oferecer mais os empregos que vinha oferecendo e, ao contrário, diminui a oferta de postos de trabalho: 7 mil foram cortados em junho no Estado de São Paulo, o principal polo industrial, segundo a Fiesp-Ciesp.

É evidente a urgência em pôr mais gás na economia. O governo pode fazer isso elevando os investimentos públicos em infraestrutura. Mas está patinando. Não por falta de recursos, e, sim, por falta de capacidade gerencial e administrativa. Por outro lado, pode ajudar a melhorar a competitividade da indústria privada reduzindo encargos e impostos que a sobrecarregam, mas é incapaz de propor uma reforma fiscal. O futuro da crianças está, pois, à espera.
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O futuro das crianças não pode mais esperar
Autor(es): Marco Antonio Rocha
O Estado de S. Paulo - 16/07/2012

Como diz o povo, para baixo todo santo ajuda. A presidente Dilma sabe muito bem disso, haja vista a força que está fazendo para deter a sabotagem dos santos e empurrar a economia brasileira para cima. Por via das dúvidas, e prevendo que a descida da ladeira do Produto Interno Bruto (PIB) pode ser mais veloz do que o ministro Mantega supunha, já tenta desviar o assunto, minimizando sua importância: "Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para suas crianças e adolescentes, não é o PIB", disse ela. Como quase sempre, o linguajar é um pouco capenga. Mas deu para entender.

Muitos economistas já se dedicaram ao trabalho de procurar um indicador melhor que o PIB para medir a marcha de uma economia nacional. Tentativas de montar um indicador da Felicidade Nacional Bruta (FNB) já consumiram muitas horas de pesquisas e calhamaços de papéis. O problema é que, de qualquer forma, elas exigem, de saída, a apuração do PIB, pois sem que a economia cresça de forma sustentada não se torna possível uma distribuição mais equitativa da renda produzida e, portanto, um aumento no nível de bem-estar geral.

De modo que, com o devido respeito, sra. presidente, se o PIB não cresce, ou se decresce, fica mais difícil para a Nação fazer mais e melhor por suas crianças, seus adolescentes, adultos em geral e idosos. Não esqueçamos de que, se estes vivem mal e porcamente, como ocorre em muitos recantos deste país, as crianças ficam sem futuro e, na verdade, como se vê nas ruas de qualquer cidade brasileira, passam a ser úteis no trabalho de mendicância de que muitos adultos lançam mão.

Mas, deixando de lado o despautério de achar que a medição e o comportamento do PIB não têm importância, tentemos analisar o que é que está acontecendo com ele, posto que dois anos atrás ia muito bem: o crescimento em 2010 foi de 7,5% - uma taxa "chinesa", segundo se disse então - e neste ano, pelo que tudo indica, não deverá chegar aos 2%. Isso vai reduzir a taxa média anual dos quatro anos de mandato da presidente Dilma para bem menos que a média anual do mandato do seu antecessor. A menos que nos próximos dois anos o PIB brasileiro dê um bom salto para cima.

Aí é que entra, de fato, a grande pergunta: esse recuo do PIB brasileiro é meramente episódico e poderia ser remediado a curto prazo?

Entre os fatores que levaram a esta situação, um deles é, sem dúvida, a retração da economia mundial, como, aliás, o governo já vem apontando. Mas há dois outros fatores que não têm sido analisados devidamente.

Um deles é o que poderíamos chamar de saturação. A melhoria de renda da população, a maior oferta de crédito e a redução das taxas de juros criaram, sem dúvida, uma bolha de demanda estimulada no final do governo Lula, que extravasou para o primeiro ano da sua sucessora. Agora, ao que parece, é que essa bolha começou a se esvaziar. De um lado, porque a chamada nova classe média, então surgida, já deve ter chegado ao limite dos seus desejos consumistas e da sua capacidade de endividamento. Além disso, o próprio encolhimento da atividade econômica e as notícias nada otimistas sobre o ritmo de crescimento do emprego levam as pessoas a pensar com mais atenção no futuro próximo e, por precaução, começar a fazer reservas, reduzindo suas despesas de consumo normais. Digamos, para resumir, que um ciclo de euforia econômica começa a ser encerrado e a velhíssima história dos sete anos de vacas gordas, seguidos de sete anos de vacas magras surge na cabeça de muitos consumidores, levando a um comportamento bem mais precavido que dois anos atrás.

Outro fator importante é de natureza estrutural. O Brasil conseguiu grande sucesso nas exportações de commodities - mercadorias primárias - nos anos recentes. Mas nas atividades manufatureiras não só não conseguiu sucesso algum, como vem tendo retração, com os produtos importados fazendo cada vez mais concorrência, internamente, aos produtos nacionais. A bolha de demanda a que nos referimos acima quase não beneficiou a indústria nacional, beneficiando, isso sim, as indústrias estrangeiras que viram no mercado brasileiro uma boia de salvação para o encolhimento de mercados que vieram enfrentando no resto do mundo.

O problema, portanto, da falta de produtividade e de competitividade da economia brasileira, sempre levantado, mas nunca atacado firmemente por nenhum governo, torna-se dramático nas atuais circunstâncias, uma vez que a base de uma economia madura, a indústria, não pode oferecer mais os empregos que vinha oferecendo e, ao contrário, diminui a oferta de postos de trabalho: 7 mil foram cortados em junho no Estado de São Paulo, o principal polo industrial, segundo a Fiesp-Ciesp.

É evidente a urgência em pôr mais gás na economia. O governo pode fazer isso elevando os investimentos públicos em infraestrutura. Mas está patinando. Não por falta de recursos, e, sim, por falta de capacidade gerencial e administrativa. Por outro lado, pode ajudar a melhorar a competitividade da indústria privada reduzindo encargos e impostos que a sobrecarregam, mas é incapaz de propor uma reforma fiscal. O futuro da crianças está, pois, à espera.


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