sexta-feira, 13 de julho de 2012


POESIA MINEIRINHA de Jorge Ferreira
O ex-ministro José Dirceu foi ao lançamento do livro de poemas "Rio Adentro", anteontem, no restaurante Consulado Mineiro, no bairro de Pinheiros. O autor Jorge Ferreira reuniu amigos para uma noite de autógrafo regada a chope e quitutes. Entre eles, o secretário de Turismo de São Paulo, Cláudio Valverde. FOLHA SP 12.07
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ENCICLOPÉDIA ON-LINE
A Wikipédia conta com cerca de 1.500 editores ativos em português. Além deles, há os eliminadores e um conselho de arbitragem analisa conflitos entre usuários.FOLHA SP 12.07
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Pesquisa de universidade dos EUA
Cientistas criam técnica para detectar Alzheimer antes de sintomas.  Uol Notícias 12.07
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Economia
Petrobras sobe preço do diesel; alta será de 4% para consumidor.  Uol notícias 12.07
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Meio ambiente
Comissão aprova texto-base da  MP que altera o Código Florestal. Uol notícias 12.07
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SEGURANÇA PÚBLICA
Vídeos postados no YouTube por supostos policiais militares do Distrito Federal fazem apologia à violência ao exaltar os excessos praticados em operações especiais. Corregedoria da PM classifica o caso com "gravíssimo" e abre sindicância. Correio bsb 12.07
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Os tablets como quebra de paradigma pedagógico.  Correio bsb 12.07
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Uma das principais publicações mundiais sobre o uso de tecnologia em salas de aula é a NMC Horizon Report, publicada pela New Media Consortium em conjunto com a Educause Learning Initiative. Em seu relatório de 2012, perguntava-se sobre as principais tecnologias que modificarão o ensino-aprendizagem nos próximos cinco anos. O uso de tablets eletrônicos e de outros dispositivos móveis figuravam como o próximo passo a ser dado pelas instituições de ensino.

Como explicar essa tendência? É muito simples: observe a seu redor. Os tablets estão cada vez mais presentes no cotidiano das crianças. Fica cada vez mais claro que sua presença em sala de aula é inevitável. A NMC Horizon Report prevê que isso deverá acontecer em até dois anos. Para as instituições de ensino, fica o desafio: vão precisar investigar e refletir sobre como o tablet poderá ser incorporado ao ensino de forma prática e eficaz. Neste momento, são muitas as perguntas levantadas e cabe aos profissionais do mundo de ensino procurar respondê-las. O potencial para a sala de aula é imenso.

Hoje não é incomum observarmos crianças que olham para revistas e tentam passar a mão sobre a imagem na tentativa de mudar de página, da mesma forma que se passa a mão na tela de um tablet (a chamada swipe technology). A interação da criança com a tecnologia indica claramente a facilidade de uso desses aparelhos entre crianças e jovens. Só esse fato isolado (o elemento lúdico como fator motivacional) sugere que a adoção de tablets em salas de aulas será grande facilitador no processo do ensino/aprendizagem.

Todas as características reunidas num só aparelho certamente são um conjunto de recursos que podem viabilizar inúmeras atividades pedagógicas, facilitar a visualização de conteúdos cognitivos, além de estimular atividades cooperativas e o desenvolvimento de projetos. No entanto, qual seria a implicação da adoção da nova tecnologia na sala de aula para o professor e a pedagogia?

Alguns estudos comprovaram a necessidade de interação adulto-criança na aprendizagem. Aqui, vale lembrar que interativo não significa educativo. Do ponto de vista educacional, a aprendizagem é sempre mediada: tal qual na tradição socioconstrutivista, que acredita na necessidade de um “expert” guiando o “novato” para levar o processo além da chamada “zona de desenvolvimento proximal” do aluno.

É bem provável que o papel do professor fique consolidado verdadeiramente como um facilitador da aprendizagem, com toda a importância que o termo atribui à função do profissional, à medida que entendamos a importância da tecnologia como auxiliar do processo. Ser um facilitador exige grande empenho do professor. Ele deverá ser alguém que conhece bem os alunos e consegue promover a aprendizagem norteada pelo sucesso, pela realização, criatividade e inovação mediante a colaboração entre os alunos e ele próprio. Nesse modelo educacional, o aluno passa a ser o principal agente da aprendizagem.

O uso do tablet na escola exige um professor preparado, dinâmico e investigativo, pois as perguntas e novas situações que surgirão durante a implementação dessa tecnologia em sala de aula fogem do controle preestabelecido do currículo. Isso nos remete também ao papel insubstituível do professor: elaborar estratégias que deem significado à porta que se abre para o universo do conhecimento.

A adoção de tablets em sala de aula poderá promover a experiência da aprendizagem através da resolução de problemas, além de contribuir para desenvolver o pensamento criativo entre alunos. Esse é o maior desafio. Dentro dessa perspectiva, é vital que as instituições educacionais possam entender que esta é nova questão para todos — e tratá-la como tal. O processo de implementação traz este desafio: nem sempre poderemos acertar com as tentativas de implementação da nova tecnologia em questão. As escolas precisam de tempo e oportunidades para errar e aprender com os erros e, assim, seguir rumo à redefinição de escopos.
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Professor defende regras específicas
Autor(es): MARIANA LENHARO
O Estado de S. Paulo - 12/07/2012
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Para o professor da Faculdade de Direito da USP Virgílio Afonso da Silva, a autorregulação promovida pelo mercado publicitário é inadequada: seria preciso haver uma regulamentação específica. Ele é o autor de um parecer divulgado na semana passada pelo instituto Alana, organização dedicada à discussão do consumo infantil. A autorregulamentação é defendida pelo Conar.

No parecer, Silva concluiu que seria constitucional restringir a publicidade de alimentos voltada para as crianças. "Pode-se restringir os direitos da publicidade se o objetivo for beneficiar alguém que também é protegido pela Constituição, a criança. Até porque ela não é a consumidora. Quem consome é o adulto."

Hoje, dois projetos de lei que tangem o assunto estão em tramitação. O PL 5.921, de 2001, em tramitação na Câmara dos Deputados, dispõe sobre a publicidade para a venda de produtos infantis e o PL 150, de 2009, em tramitação no Senado, dispõe sobre a publicidade de alimentos.

Para a diretora de Defesa e Futuro do Instituto Alana, Isabella Henriques, toda a publicidade de alimentos voltada diretamente para o público infantil "se aproveita da deficiência de julgamento das crianças, que faz com que elas não tenham a possibilidade de fazer uma análise crítica".
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A nada secreta fórmula da boa Educação
O Globo - 12/07/2012

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A série de reportagens do GLOBO com as ilhas de ensino público de qualidade em áreas de extrema pobreza oferece argumentos irrespondíveis contra o mito de que a Educação brasileira patina em índices medíocres de avaliação por conta, principalmente, de insuficientes dotações orçamentárias. Com base neste falso pressuposto, desfraldam-se bandeiras em defesa de mais verbas para a rubrica. O movimento mais visível nesse sentido é a mobilização política que leva água para a reivindicação de se dobrar, até 2022, o percentual destinado ao sistema educacional do país, dos atuais 5,1% para 10% do PIB.

Defende-se a duplicação dos valores destinados à Educação com uma premissa enganadora - a de que, sem a alocação de mais recursos nas escolas, não se melhora a qualidade do que ali se ensina. A realidade de estabelecimentos escolares públicos em áreas carentes do país que, com orçamentos minguados, dão excelente formação a seus alunos, como relatado nas série de reportagens, derruba a lenda. Os exemplos apresentados pelo jornal comprovam que não é o montante de recursos que determina a excelência da sala de aulas. O comprometimento da comunidade escolar (direção, professores, alunos e o envolvimento direto da família) é que faz a diferença no aprendizado.

Há o caso de uma escola estadual no município de Eurinepé, a 1.200 quilômetros de Manaus, no interior do Amazonas, com alunos (80% beneficiários do Bolsa Família) que moram em palafitas, cujo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) pulou de melancólicos 2,7 em 2005 para 8,7 em 2009 (a média dos países desenvolvidos é 6). No Rio, duas escolas cujo corpo discente também está na base da pirâmide social, uma na Zona Sul e outra na Zona Oeste da cidade, têm performance semelhante: alto rendimento na medição do Ideb e baixos valores no caixa. Ao todo, o país tem pelo menos 82 desses pontos de excelência educacional que desafiam a pobreza e os baixos orçamentos.

Mas há outro viés que ajuda a desfazer a utopia da melhoria do ensino pelo simples manejo da chave do cofre. Um estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), clube de países industrializados, mostra o Brasil com uma despesa de US$ 18 mil por aluno entre 6 e 15 anos. Comparativamente, é investimento alto para um retorno desproporcionalmente baixo. É uma alocação, por exemplo, que supera em quase 45% a dotação orçamentária da Turquia - mas, no exame do Programa Internacional de Avaliaçao de Alunos (Pisa), o país fica 52 pontos acima do nosso. Nações como Estados Unidos, Noruega e Suíça gastam mais de US$ 100 mil por aluno, mas com resultados abaixo dos obtidos por Coreia do Sul e Finlândia, com investimentos mais modestos.

De resto, no caso brasileiro, injetar mais recursos num sistema que gasta mal corresponde apenas a aumentar o fluxo de dinheiro pelo ralo (ou, não raro, a ampliar os buracos por onde são vazadas, para bolsos particulares, as verbas públicas destinadas à Educação). O quadro se repete em outros setores, como Saúde, também vítima de uma estrutura em que parte das deficiências se deve à maneira incorreta como eles são empregados. Uma questão de mau gerenciamento.
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A desigualdade inibe o crescimento
Valor Econômico - 12/07/2012
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Para compreender como conseguir uma recuperação sustentada da Grande Recessão, precisamos entender suas causas. E identificar as causas significa partir das evidências.

Dois fatos se destacam. Primeiro, a demanda mundial de bens e serviços está muito mais fraca, tanto na Europa como nos EUA, do que nos anos de economia aquecida anteriores à recessão. Em segundo lugar, a maior parte dos ganhos econômicos nos EUA em anos recentes beneficiou os ricos, ao passo que a classe média, em termos relativos, ficou para trás. Na Europa, as preocupações em relação à desigualdade de renda doméstica, embora mais atenuadas, são agravadas pela angústia diante da desigualdade entre países: a Alemanha progride vigorosamente, enquanto os países periféricos sulinos perdem sustentação.

Explicações persuasivas sobre a crise apontam para os vínculos entre a morna demanda atual e a crescente desigualdade de renda. Economistas progressistas argumentam que nos EUA o enfraquecimento dos sindicatos, juntamente com políticas fiscais que favorecem os ricos, retardaram crescimento da renda da classe média, ao mesmo tempo em que os programas tradicionais de transferência de renda foram cortados. Com suas rendas estagnadas, as famílias foram incentivadas a se endividar, especialmente oferecendo suas moradias como garantia, para manter o consumo.

Quando uma Europa reformada começar a crescer, regiões do continente poderão experimentar desigualdades no estilo americano. Mas o crescimento poderá proporcionar recursos para enfrentar isso. Muito pior seria evitar reformas sérias.

A chave para a recuperação, portanto, é tributar os ricos, aumentar as transferências de renda e restaurar a renda dos trabalhadores ampliando o poder de negociações sindicais e elevando os salários mínimos.

Países como a Alemanha, que reformaram suas leis trabalhistas para criar maior flexibilidade para os empregadores e não elevaram os salários rapidamente parecem estar em melhor forma econômica do que países como a França e a Espanha, onde os trabalhadores foram mais protegidos.

Por isso, considere o leitor uma explicação alternativa: a partir do início dos anos 1970, as economias avançadas encontraram cada vez mais dificuldades para crescer. Países como os EUA e o Reino Unido acabaram reagindo positivamente à desregulamentação de suas economias.

Maior competição e a adoção de novas tecnologias fizeram crescer a demanda e a renda de trabalhadores altamente qualificados, talentosos e com ótima escolaridade engajados em tarefas não rotineiras, como de consultoria. Funções mais rotineiras, antes bem remuneradas, desempenhadas por trabalhadores não qualificados ou moderadamente escolarizados foram automatizadas ou terceirizada. Assim, a desigualdade de renda surgiu não predominantemente devido a políticas que favorecem os ricos, mas porque a economia liberalizada favoreceu as pessoas instrumentadas para tirar proveito dela. A resposta política míope às preocupações das pessoas deixadas para trás foi facilitar seu acesso ao crédito.

A Europa Continental não desregulamentou tanto e preferiu buscar o crescimento em maior integração econômica. Mas o preço por proteger os trabalhadores e empresas foi crescimento mais lento e maior desemprego. E, embora a desigualdade não tenha crescido tanto quanto nos EUA, as perspectivas de emprego foram terríveis para os jovens e desempregados, que foram deixados fora do sistema protegido.

O advento do euro foi, aparentemente, uma bênção, porque reduziu os custos de financiamento dos países e permitiu que criassem empregos mediante gastos financiados por endividamento. A crise acabou com esses gastos, seja por parte de governos nacionais (Grécia), de governos locais (Espanha), pelo setor de construção civil (Irlanda e Espanha) ou pelo setor financeiro (Irlanda). Infelizmente, os gastos passados pressionaram uma alta dos salários sem um aumento proporcional da produtividade, deixando os grandes gastadores endividados e não competitivos.

A importante exceção a esse padrão é a Alemanha, acostumada a baixos custos para tomar empréstimos mesmo antes da sua entrada na zona euro. Alemanha teve de enfrentar um desemprego historicamente elevado, decorrente da reunificação com uma "doente" Alemanha Oriental. Nos anos iniciais do euro, a Alemanha não teve outra opção senão reduzir as proteções aos trabalhadores, limitar os aumentos salariais e reduzir as pensões, ao tentar fazer subir o nível do emprego.

A visão alternativa sugere soluções diferentes. Os EUA deveriam se concentrar em ajudar a adaptar a educação e as competências das pessoas que estão sendo deixadas para trás nos empregos disponíveis. Isso não será fácil ou rápido, mas é melhor do que conviver com corrosivos níveis elevados de desigualdade de oportunidades, bem como com um grande segmento da população dependente de transferências de renda.

Para as regiões não competitivas da zona do euro, as reformas estruturais não podem mais ser adiadas. Mas, dadas as grandes necessidades de ajustes, não é politicamente viável fazer tudo, inclusive um doloroso aperto fiscal, imediatamente. Menos austeridade, embora não seja uma estratégia sustentável para o crescimento, poderá aliviar o sofrimento do ajuste. Esse, em suma, é o dilema fundamental com que se defronta a zona do euro: a periferia precisa de financiamento enquanto se ajusta, ao passo que a Alemanha diz que não pode confiar que os países farão reformas depois que receberem dinheiro.

Os alemães vêm insistindo em mudanças institucionais - um controle mais centralizado da zona do euro sobre os bancos e orçamentos de governo da periferia, em troca de maior acesso ao financiamento à periferia.

A Europa poderá ficar em melhor situação com medidas paliativas. Se a confiança na Itália ou na Espanha voltar a se deteriorar, a zona do euro poderá ter que recorrer à tradicional ponte entre credibilidade fraca e baixo custo de financiamento: um programa monitorado de reformas no estilo defendido pelo Fundo Monetário Internacional.

Tais programas não podem dispensar a necessidade de determinação governamental, como demonstram as dificuldades da Grécia. E os governos odeiam a perda implícita de soberania e a humilhação. Mas governos determinados, como os do Brasil e da Índia, negociaram programas, no passado, que os colocaram no caminho de um crescimento sustentado.

Quando uma Europa reformada começar a crescer, regiões do continente poderão experimentar desigualdades no estilo americano. Mas o crescimento poderá proporcionar os recursos para enfrentar isso. Muito pior, para a Europa, seria evitar reformas sérias e entrar em declínio igualitário e bem comportado. O Japão, e não os EUA, é o exemplo a evitar. (Tradução de Sergio Blum)

Raghuram Rajan foi economista chefe do FMI, é professor de Finanças na Booth School of Business, da University of Chicago e autor de Fault Lines: How Hidden Fractures Still Threaten the World Economy (linhas de fraturas: como falhas ocultas ainda ameaçam a economia mundial. Copyright: Project Syndicate, 2012.
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LIVROS
Compra do governo impede retração do mercado editorial. FOLHA SP 12.07

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DE SÃO PAULO - Pelo segundo ano consecutivo, a compra de livros pelo governo foi o que evitou uma queda nos números totais de faturamento do mercado editorial brasileiro.

Pesquisa encomendada por entidades do setor e realizada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostra que esse mercado cresceu 0,81% em 2011, já descontada a inflação (6,5% do IPCA).

Mas, desconsideradas as vendas feitas para o governo, houve queda real de 3,27% no faturamento das editoras.

Dos R$ 4,84 bilhões que o setor faturou em 2011, R$ 3,45 bilhões resultaram de vendas para o mercado, e R$ 1,39 bilhão, para o governo.

O levantamento da Fipe englobou 178 das cerca de 500 editoras do país. A amostra responde por quase 60% do faturamento total do setor.

O preço médio do livro vendido para o mercado caiu 6,11% no ano passado. Desde 2004, a queda de preço foi de 21,8%, sem considerar a inflação.

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TEATRO
Grupos do Nordeste e do Norte tomam palcos de São Paulo. FOLHA SP 12.07

Neste mês, a cidade recebe 11 produções importadas de outros Estados, introduzidas à cena por artistas locais

Grupos são unânimes quanto à dificuldade para trazer montagens; trupe de Recife tentava vir havia quase 8 anos

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Neste mês, 11 produções de de fora do eixo Rio-São Paulo invadem a cidade.

O grupo Magiluth, de Recife, apresenta uma mostra de seu repertório, assim como o Coletivo Alfenim, da Paraíba, que aproveita para estrear "Deus da Fortuna".

O autor e diretor amazonense Francisco Carlos retoma sua tetralogia "Jaguar Cibernético". Já o pernambucano Cláudio Lira encena pela primeira vez em São Paulo "Um Rito de Mães, Rosas e Sangue", releitura da obra de García Lorca (1898-1936).

É unânime o relato da dificuldade de chegar até aqui.

"Percebemos o mercado como algo fechado, de difícil acesso para circulações e trocas com outros Estados", diz Lira, que contou com a ajuda de Cibele Forjaz para encontrar uma teatro na cidade.

O modo mais eficaz para grupos entrarem (e se destacarem) em São Paulo se dá com ajuda de artistas locais.

Francisco Carlos obteve visibilidade fora da cena alternativa após ser apadrinhado pelos Satyros no Festival de Curitiba do ano passado.

O destaque no evento rendeu ao artista o apoio do Sesc para sua primeira montagem com amplos recursos, a tetralogia "Jaguar Cibernético".

Neste ano foi a vez de o grupo Magiluth se revelar no festival, convidado pela Cia. Brasileira de Teatro a integrar uma mostra em Curitiba.

O Coletivo Alfenim vem para as atividades comemorativas dos 15 anos da Companhia do Latão. Márcio Marciano, autor e diretor do Alfenim, foi fundador do Latão e o integrou por dez anos.

As temporadas desses grupos ocorrem muitas vezes após anos de empenho.

"Apesar de percebemos São Paulo como principal centro da produção cultural do país, apenas após quase oito anos conseguimos acessá-lo", conta o ator e diretor Pedro Vilela, do Magiluth.

Para ele, São Paulo possibilita criar redes de pensamento e de troca com os principais profissionais do país.

"A cidade é a capital do teatro brasileiro. Toda forma de teatro cabe aqui", define Francisco Carlos, rejeitando a tese de que a dificuldade de chegar se deva a especificidades regionais.

"A grande questão não é técnica, e sim política", ecoa Marciano. (GABRIELA MELLÃO)


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LITERATURA »  Livro da vida
José Luís Peixoto, um dos melhores escritores portugueses da atualidade, conversa com o público, no domingo. Correio bsb 13.07
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No romance Livro, José Luís Peixoto mergulha na memória de Portugal

Lá pela metade de Livro, o narrador arrisca uma graça e comenta o fato de certos autores escreverem sobre coisas que desconhecem. É uma alfinetada em José Luís Peixoto, o autor do romance. Uma alfinetada e uma maneira de o escritor português advertir os leitores: ele pode não ter vivido fisicamente alguns dos momentos caros à história de Portugal descritos no romance, mas alguma vivência ele teve, ainda que pela memória dos outros. Livro, que Peixoto autografa domingo após conversa com o público na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, trata de memória e vasculha parte da história recente de Portugal.

Ilídio e Adelaide vivem em Galveias, vilarejo rural do interio com menos de mil habitantes. Ele, um garoto abandonado pela mãe, mulher de reputação suspeita. Ela, menina resgatada do ambiente familiar precário e superlotado por uma tia solteirona. O cotidiano em Galveias tem igreja, baile, cabras e uma vida morosa muito bem aproveitada pela meninada, que de inocente não tem nada. Ilídio sente o abandono da mãe,  mas resolve a dor no silêncio, cresce e se apaixona por Adelaide. O rapaz quer casar mas, inexplicavelmente, a tia embarca a garota em um comboio em direção à França. Adelaide atravessa a fronteira graças a “passadeiros” clandestinos. Seu destino: trabalhar em condições precárias em um país desconhecido. Aí começa a temática central de Peixoto.

Nos anos 1960 e 1970, 1,5 milhão de portugueses emigraram em direção à França para trabalhar, principalmente, na indústria da construção civil e em serviços domésticos. O total correspondeu a 15% da população de 10 milhões de habitantes. Os pais de Peixoto fizeram parte dessa leva, mas retornaram ao país pouco antes do nascimento do escritor. “Isso fez com que eu  tivesse muita curiosidade sobre esse tema que me excluía.”

Peixoto também se sentia excluído da história recente do país porque nasceu em setembro de 1974, cinco meses após a Revolução dos Cravos e do  fim dos 48 anos de ditadura militar. “É uma data com a qual temos, nós da minha geração, uma relação um pouco ambígua. Nos é relatado  que não vivemos uma grande quantidade de aspectos importantes desse período. No entanto, acredito que vivemos alguma coisa”, diz o escritor de 37 anos. “Eu tinha uma curiosidade muito grande e um desconhecimento também em relação a todos esses anos da ditadura portuguesa. A partir daí, fui desfiando esse novelo e chegando ao romance.”

Ausência de narrativas
Tocar no capítulo da imigração portuguesa para a França exigiu coragem. Intrigado com a ausência de narrativas sobre o tema, Peixoto pesquisou como os fatos pairavam na memória coletiva do país. “Isso demonstra também o trauma que essa circunstância trouxe a todo o país”, constata o escritor. “Se tratou de imigração feita em condições muito difíceis, mas foi um sacrifício  muito importante porque, de certa forma, foi uma contribuição grande para que o país abandonasse o grande isolamento a que estava sujeito por parte do regime de Salazar.”

Mas Livro está bem distante de ser um romance histórico. Não é no enredo melancólico do enlace de Ilídio e Adelaide que o leitor vai descobrir os meandros da imigração para a França. E, embora a palavra livro esteja no título, não há grandes leitores entre os camponeses de Peixoto. Há, isso sim, um livro cuja existência perpassa toda a narrativa como um personagem que, ao final, faz revelações pertinentes.

Do meio rural representado pela aldeia, o autor retirou a forma da narrativa. As sutilezas de vocabulário vêm da terra que abriga o vilarejo. Peixoto conta à moda do campo, mas muda o tom ao longo da história. Mais perto Adelaide e Ilídio estão de Paris, mais convencional se torna a narrativa, como se os personagens perdessem, aos poucos, o horizonte limitado e precioso de suas origens para se tornarem duas cabeças na massa disforme do movimento migratório.

Como resposta à crítica do narrador no meio do livro, Peixoto cita William Faulkner: “Ele diz que o passado não está morto e que ele não é nem sequer passado. Vivi esse passado enquanto escrevia sobre ele.”


Quatro perguntas/José Luís Peixoto

Por que o título Livro se os personagens não são grandes leitores?
 Existe uma personagem, já quase no fim, que tem uma ligação muito forte com os livros. E também por outra coisa: o fato de colocar essa história em um livro faz dele, de certa maneira, um livro cujas páginas são sobretudo feitas de vida e experiência. Lembro-me sempre de uma entrevista do Raduan Nassar, que hoje nem dá mais entrevistas, na qual lhe perguntavam sobre as influências literárias e ele dizia que a grande influência era o livrão, e o livrão era a vida. E então este Livro, na sua essência, também é a vida porque em muitos aspectos livro é sinônimo de vida.

Galveias é sua cidade, é a cidade de Ilídio e de Adelaide. É uma cidade de ficção ou de memória?
Ter nascido numa cidade com mil pessoas tem hoje uma repercussão grande naquilo que escrevo. Essas cidades pequenas são um outro lado do Portugal contemporâneo que ainda existe e que, muitas vezes, é esquecido, mas que sem ele não se pode fazer um retrato completo do que é o país hoje: um país com cidades muito desenvolvidas, mas também um país com pequenas vilas em que as distâncias parecem bem maiores do que realmente são porque existe uma distância mental maior do que aquela que separa Lisboa dessas cidades. Nesse romance, muito do vocabulário que dá densidade à forma da história vem justamente desse interior, desses regionalismos que ainda são utilizados por lá.

Por que o mundo rural, do interior, é tão presente na literatura contemporânea portuguesa?
Esse mundo está presente na literatura porque está presente na própria realidade do país. Acho que nem sempre é fácil mostrá-lo quando se faz uma imagem promocional, mas ele existe e por isso a literatura não pode ignorá-lo. Em muitos aspectos, é nessa Portugal rural que estão firmadas as raízes culturais daquilo que é a realidade mais genuína do país e que faz com que seja diferente de qualquer outro país da Europa.

A imigração para a França não costuma ser tema de romances contemporâneos portugueses. Por que?
Esse tema não é nada tratado e acho que é mais fácil falar dele agora, sobretudo para alguém que não viveu. Aqueles que o viveram não têm o distanciamento emocional suficiente. Foi um momento que deixou grandes cicatrizes. E tem o aspecto geracional. A história daqueles que partiram de Portugal é  diferente da história dos filhos que nasceram na França e que têm uma relação bastante teórica com Portugal.


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