sexta-feira, 13 de julho de 2012
POESIA MINEIRINHA de Jorge
Ferreira
O ex-ministro José Dirceu foi ao lançamento do
livro de poemas "Rio Adentro", anteontem, no restaurante Consulado
Mineiro, no bairro de Pinheiros. O autor Jorge Ferreira reuniu amigos para uma
noite de autógrafo regada a chope e quitutes. Entre eles, o secretário de
Turismo de São Paulo, Cláudio Valverde. FOLHA SP 12.07
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ENCICLOPÉDIA ON-LINE
A Wikipédia conta com cerca de 1.500 editores
ativos em português. Além deles, há os eliminadores e um conselho de arbitragem
analisa conflitos entre usuários.FOLHA SP 12.07
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Pesquisa de universidade dos EUA
Cientistas criam técnica para detectar Alzheimer
antes de sintomas. Uol Notícias 12.07
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Economia
Petrobras sobe preço do diesel; alta será de 4% para
consumidor. Uol notícias 12.07
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Meio ambiente
Comissão aprova texto-base
da MP que altera o Código Florestal. Uol notícias
12.07
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SEGURANÇA PÚBLICA
Vídeos postados no YouTube por supostos policiais
militares do Distrito Federal fazem apologia à violência ao exaltar os excessos
praticados em operações especiais. Corregedoria da PM classifica o caso com
"gravíssimo" e abre sindicância. Correio bsb 12.07
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Os tablets como quebra de
paradigma pedagógico. Correio bsb 12.07
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Uma das principais publicações mundiais sobre o uso
de tecnologia em salas de aula é a NMC Horizon Report, publicada pela New Media
Consortium em conjunto com a Educause Learning Initiative. Em seu relatório de
2012, perguntava-se sobre as principais tecnologias que modificarão o
ensino-aprendizagem nos próximos cinco anos. O uso de tablets eletrônicos e de
outros dispositivos móveis figuravam como o próximo passo a ser dado pelas
instituições de ensino.
Como explicar essa tendência? É muito simples:
observe a seu redor. Os tablets estão cada vez mais presentes no cotidiano das
crianças. Fica cada vez mais claro que sua presença em sala de aula é
inevitável. A NMC Horizon Report prevê que isso deverá acontecer em até dois
anos. Para as instituições de ensino, fica o desafio: vão precisar investigar e
refletir sobre como o tablet poderá ser incorporado ao ensino de forma prática
e eficaz. Neste momento, são muitas as perguntas levantadas e cabe aos
profissionais do mundo de ensino procurar respondê-las. O potencial para a sala
de aula é imenso.
Hoje não é incomum observarmos crianças que olham
para revistas e tentam passar a mão sobre a imagem na tentativa de mudar de
página, da mesma forma que se passa a mão na tela de um tablet (a chamada swipe
technology). A interação da criança com a tecnologia indica claramente a
facilidade de uso desses aparelhos entre crianças e jovens. Só esse fato
isolado (o elemento lúdico como fator motivacional) sugere que a adoção de
tablets em salas de aulas será grande facilitador no processo do
ensino/aprendizagem.
Todas as características reunidas num só aparelho
certamente são um conjunto de recursos que podem viabilizar inúmeras atividades
pedagógicas, facilitar a visualização de conteúdos cognitivos, além de
estimular atividades cooperativas e o desenvolvimento de projetos. No entanto,
qual seria a implicação da adoção da nova tecnologia na sala de aula para o
professor e a pedagogia?
Alguns estudos comprovaram a necessidade de
interação adulto-criança na aprendizagem. Aqui, vale lembrar que interativo não
significa educativo. Do ponto de vista educacional, a aprendizagem é sempre mediada:
tal qual na tradição socioconstrutivista, que acredita na necessidade de um
“expert” guiando o “novato” para levar o processo além da chamada “zona de
desenvolvimento proximal” do aluno.
É bem provável que o papel do professor fique
consolidado verdadeiramente como um facilitador da aprendizagem, com toda a
importância que o termo atribui à função do profissional, à medida que
entendamos a importância da tecnologia como auxiliar do processo. Ser um
facilitador exige grande empenho do professor. Ele deverá ser alguém que
conhece bem os alunos e consegue promover a aprendizagem norteada pelo sucesso,
pela realização, criatividade e inovação mediante a colaboração entre os alunos
e ele próprio. Nesse modelo educacional, o aluno passa a ser o principal agente
da aprendizagem.
O uso do tablet na escola exige um professor
preparado, dinâmico e investigativo, pois as perguntas e novas situações que
surgirão durante a implementação dessa tecnologia em sala de aula fogem do
controle preestabelecido do currículo. Isso nos remete também ao papel
insubstituível do professor: elaborar estratégias que deem significado à porta
que se abre para o universo do conhecimento.
A adoção de tablets em sala de aula poderá promover
a experiência da aprendizagem através da resolução de problemas, além de
contribuir para desenvolver o pensamento criativo entre alunos. Esse é o maior
desafio. Dentro dessa perspectiva, é vital que as instituições educacionais
possam entender que esta é nova questão para todos — e tratá-la como tal. O
processo de implementação traz este desafio: nem sempre poderemos acertar com
as tentativas de implementação da nova tecnologia em questão. As escolas
precisam de tempo e oportunidades para errar e aprender com os erros e, assim,
seguir rumo à redefinição de escopos.
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Professor defende regras
específicas
Autor(es): MARIANA LENHARO
O Estado de S. Paulo - 12/07/2012
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Para o professor da Faculdade de Direito da USP
Virgílio Afonso da Silva, a autorregulação promovida pelo mercado publicitário
é inadequada: seria preciso haver uma regulamentação específica. Ele é o autor
de um parecer divulgado na semana passada pelo instituto Alana, organização
dedicada à discussão do consumo infantil. A autorregulamentação é defendida
pelo Conar.
No parecer, Silva concluiu que seria constitucional
restringir a publicidade de alimentos voltada para as crianças. "Pode-se
restringir os direitos da publicidade se o objetivo for beneficiar alguém que
também é protegido pela Constituição, a criança. Até porque ela não é a
consumidora. Quem consome é o adulto."
Hoje, dois projetos de lei que tangem o assunto
estão em tramitação. O PL 5.921, de 2001, em tramitação na Câmara dos
Deputados, dispõe sobre a publicidade para a venda de produtos infantis e o PL
150, de 2009, em tramitação no Senado, dispõe sobre a publicidade de alimentos.
Para a diretora de Defesa e Futuro do Instituto
Alana, Isabella Henriques, toda a publicidade de alimentos voltada diretamente
para o público infantil "se aproveita da deficiência de julgamento das
crianças, que faz com que elas não tenham a possibilidade de fazer uma análise
crítica".
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A nada secreta fórmula da boa
Educação
O Globo - 12/07/2012
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A série de reportagens do GLOBO com as ilhas de
ensino público de qualidade em áreas de extrema pobreza oferece argumentos
irrespondíveis contra o mito de que a Educação brasileira patina em índices
medíocres de avaliação por conta, principalmente, de insuficientes dotações
orçamentárias. Com base neste falso pressuposto, desfraldam-se bandeiras em
defesa de mais verbas para a rubrica. O movimento mais visível nesse sentido é
a mobilização política que leva água para a reivindicação de se dobrar, até
2022, o percentual destinado ao sistema educacional do país, dos atuais 5,1%
para 10% do PIB.
Defende-se a duplicação dos valores destinados à
Educação com uma premissa enganadora - a de que, sem a alocação de mais
recursos nas escolas, não se melhora a qualidade do que ali se ensina. A
realidade de estabelecimentos escolares públicos em áreas carentes do país que,
com orçamentos minguados, dão excelente formação a seus alunos, como relatado
nas série de reportagens, derruba a lenda. Os exemplos apresentados pelo jornal
comprovam que não é o montante de recursos que determina a excelência da sala
de aulas. O comprometimento da comunidade escolar (direção, professores, alunos
e o envolvimento direto da família) é que faz a diferença no aprendizado.
Há o caso de uma escola estadual no município de
Eurinepé, a 1.200 quilômetros de Manaus, no interior do Amazonas, com alunos
(80% beneficiários do Bolsa Família) que moram em palafitas, cujo Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) pulou de melancólicos 2,7 em 2005
para 8,7 em 2009 (a média dos países desenvolvidos é 6). No Rio, duas escolas
cujo corpo discente também está na base da pirâmide social, uma na Zona Sul e
outra na Zona Oeste da cidade, têm performance semelhante: alto rendimento na
medição do Ideb e baixos valores no caixa. Ao todo, o país tem pelo menos 82
desses pontos de excelência educacional que desafiam a pobreza e os baixos
orçamentos.
Mas há outro viés que ajuda a desfazer a utopia da
melhoria do ensino pelo simples manejo da chave do cofre. Um estudo da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), clube de países
industrializados, mostra o Brasil com uma despesa de US$ 18 mil por aluno entre
6 e 15 anos. Comparativamente, é investimento alto para um retorno
desproporcionalmente baixo. É uma alocação, por exemplo, que supera em quase
45% a dotação orçamentária da Turquia - mas, no exame do Programa Internacional
de Avaliaçao de Alunos (Pisa), o país fica 52 pontos acima do nosso. Nações
como Estados Unidos, Noruega e Suíça gastam mais de US$ 100 mil por aluno, mas
com resultados abaixo dos obtidos por Coreia do Sul e Finlândia, com
investimentos mais modestos.
De resto, no caso brasileiro, injetar mais recursos
num sistema que gasta mal corresponde apenas a aumentar o fluxo de dinheiro
pelo ralo (ou, não raro, a ampliar os buracos por onde são vazadas, para bolsos
particulares, as verbas públicas destinadas à Educação). O quadro se repete em
outros setores, como Saúde, também vítima de uma estrutura em que parte das
deficiências se deve à maneira incorreta como eles são empregados. Uma questão
de mau gerenciamento.
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A desigualdade inibe o
crescimento
Valor Econômico - 12/07/2012
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Para compreender como conseguir uma recuperação
sustentada da Grande Recessão, precisamos entender suas causas. E identificar
as causas significa partir das evidências.
Dois fatos se destacam. Primeiro, a demanda mundial
de bens e serviços está muito mais fraca, tanto na Europa como nos EUA, do que
nos anos de economia aquecida anteriores à recessão. Em segundo lugar, a maior
parte dos ganhos econômicos nos EUA em anos recentes beneficiou os ricos, ao
passo que a classe média, em termos relativos, ficou para trás. Na Europa, as
preocupações em relação à desigualdade de renda doméstica, embora mais
atenuadas, são agravadas pela angústia diante da desigualdade entre países: a
Alemanha progride vigorosamente, enquanto os países periféricos sulinos perdem
sustentação.
Explicações persuasivas sobre a crise apontam para
os vínculos entre a morna demanda atual e a crescente desigualdade de renda.
Economistas progressistas argumentam que nos EUA o enfraquecimento dos
sindicatos, juntamente com políticas fiscais que favorecem os ricos, retardaram
crescimento da renda da classe média, ao mesmo tempo em que os programas
tradicionais de transferência de renda foram cortados. Com suas rendas estagnadas,
as famílias foram incentivadas a se endividar, especialmente oferecendo suas
moradias como garantia, para manter o consumo.
Quando uma Europa reformada começar a crescer,
regiões do continente poderão experimentar desigualdades no estilo americano.
Mas o crescimento poderá proporcionar recursos para enfrentar isso. Muito pior
seria evitar reformas sérias.
A chave para a recuperação, portanto, é tributar os
ricos, aumentar as transferências de renda e restaurar a renda dos
trabalhadores ampliando o poder de negociações sindicais e elevando os salários
mínimos.
Países como a Alemanha, que reformaram suas leis
trabalhistas para criar maior flexibilidade para os empregadores e não elevaram
os salários rapidamente parecem estar em melhor forma econômica do que países
como a França e a Espanha, onde os trabalhadores foram mais protegidos.
Por isso, considere o leitor uma explicação
alternativa: a partir do início dos anos 1970, as economias avançadas
encontraram cada vez mais dificuldades para crescer. Países como os EUA e o
Reino Unido acabaram reagindo positivamente à desregulamentação de suas
economias.
Maior competição e a adoção de novas tecnologias
fizeram crescer a demanda e a renda de trabalhadores altamente qualificados,
talentosos e com ótima escolaridade engajados em tarefas não rotineiras, como
de consultoria. Funções mais rotineiras, antes bem remuneradas, desempenhadas
por trabalhadores não qualificados ou moderadamente escolarizados foram
automatizadas ou terceirizada. Assim, a desigualdade de renda surgiu não
predominantemente devido a políticas que favorecem os ricos, mas porque a
economia liberalizada favoreceu as pessoas instrumentadas para tirar proveito
dela. A resposta política míope às preocupações das pessoas deixadas para trás
foi facilitar seu acesso ao crédito.
A Europa Continental não desregulamentou tanto e
preferiu buscar o crescimento em maior integração econômica. Mas o preço por
proteger os trabalhadores e empresas foi crescimento mais lento e maior
desemprego. E, embora a desigualdade não tenha crescido tanto quanto nos EUA,
as perspectivas de emprego foram terríveis para os jovens e desempregados, que
foram deixados fora do sistema protegido.
O advento do euro foi, aparentemente, uma bênção,
porque reduziu os custos de financiamento dos países e permitiu que criassem
empregos mediante gastos financiados por endividamento. A crise acabou com
esses gastos, seja por parte de governos nacionais (Grécia), de governos locais
(Espanha), pelo setor de construção civil (Irlanda e Espanha) ou pelo setor
financeiro (Irlanda). Infelizmente, os gastos passados pressionaram uma alta
dos salários sem um aumento proporcional da produtividade, deixando os grandes
gastadores endividados e não competitivos.
A importante exceção a esse padrão é a Alemanha,
acostumada a baixos custos para tomar empréstimos mesmo antes da sua entrada na
zona euro. Alemanha teve de enfrentar um desemprego historicamente elevado,
decorrente da reunificação com uma "doente" Alemanha Oriental. Nos
anos iniciais do euro, a Alemanha não teve outra opção senão reduzir as
proteções aos trabalhadores, limitar os aumentos salariais e reduzir as
pensões, ao tentar fazer subir o nível do emprego.
A visão alternativa sugere soluções diferentes. Os
EUA deveriam se concentrar em ajudar a adaptar a educação e as competências das
pessoas que estão sendo deixadas para trás nos empregos disponíveis. Isso não
será fácil ou rápido, mas é melhor do que conviver com corrosivos níveis
elevados de desigualdade de oportunidades, bem como com um grande segmento da
população dependente de transferências de renda.
Para as regiões não competitivas da zona do euro,
as reformas estruturais não podem mais ser adiadas. Mas, dadas as grandes
necessidades de ajustes, não é politicamente viável fazer tudo, inclusive um
doloroso aperto fiscal, imediatamente. Menos austeridade, embora não seja uma
estratégia sustentável para o crescimento, poderá aliviar o sofrimento do
ajuste. Esse, em suma, é o dilema fundamental com que se defronta a zona do
euro: a periferia precisa de financiamento enquanto se ajusta, ao passo que a
Alemanha diz que não pode confiar que os países farão reformas depois que
receberem dinheiro.
Os alemães vêm insistindo em mudanças
institucionais - um controle mais centralizado da zona do euro sobre os bancos
e orçamentos de governo da periferia, em troca de maior acesso ao financiamento
à periferia.
A Europa poderá ficar em melhor situação com
medidas paliativas. Se a confiança na Itália ou na Espanha voltar a se
deteriorar, a zona do euro poderá ter que recorrer à tradicional ponte entre
credibilidade fraca e baixo custo de financiamento: um programa monitorado de
reformas no estilo defendido pelo Fundo Monetário Internacional.
Tais programas não podem dispensar a necessidade de
determinação governamental, como demonstram as dificuldades da Grécia. E os
governos odeiam a perda implícita de soberania e a humilhação. Mas governos
determinados, como os do Brasil e da Índia, negociaram programas, no passado,
que os colocaram no caminho de um crescimento sustentado.
Quando uma Europa reformada começar a crescer,
regiões do continente poderão experimentar desigualdades no estilo americano.
Mas o crescimento poderá proporcionar os recursos para enfrentar isso. Muito
pior, para a Europa, seria evitar reformas sérias e entrar em declínio
igualitário e bem comportado. O Japão, e não os EUA, é o exemplo a evitar.
(Tradução de Sergio Blum)
Raghuram Rajan foi economista chefe do FMI, é
professor de Finanças na Booth School of Business, da University of Chicago e
autor de Fault Lines: How Hidden Fractures Still Threaten the World Economy
(linhas de fraturas: como falhas ocultas ainda ameaçam a economia mundial.
Copyright: Project Syndicate, 2012.
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LIVROS
Compra do governo impede
retração do mercado editorial. FOLHA SP 12.07
-
DE SÃO PAULO - Pelo segundo ano consecutivo, a
compra de livros pelo governo foi o que evitou uma queda nos números totais de
faturamento do mercado editorial brasileiro.
Pesquisa encomendada por entidades do setor e realizada
pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostra que esse mercado
cresceu 0,81% em 2011, já descontada a inflação (6,5% do IPCA).
Mas, desconsideradas as vendas feitas para o
governo, houve queda real de 3,27% no faturamento das editoras.
Dos R$ 4,84 bilhões que o setor
faturou em 2011, R$ 3,45 bilhões resultaram de vendas para o mercado, e R$ 1,39
bilhão, para o governo.
O levantamento da Fipe englobou 178 das cerca de
500 editoras do país. A amostra responde por quase 60% do faturamento total do
setor.
O preço médio do livro vendido para o mercado caiu
6,11% no ano passado. Desde 2004, a queda de preço foi de 21,8%, sem considerar
a inflação.
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TEATRO
Grupos do Nordeste e do Norte
tomam palcos de São Paulo. FOLHA SP 12.07
Neste mês, a cidade recebe 11 produções importadas
de outros Estados, introduzidas à cena por artistas locais
Grupos são unânimes quanto à dificuldade para
trazer montagens; trupe de Recife tentava vir havia quase 8 anos
-
Neste mês, 11 produções de de fora do eixo Rio-São
Paulo invadem a cidade.
O grupo Magiluth, de Recife, apresenta uma mostra
de seu repertório, assim como o Coletivo Alfenim, da Paraíba, que aproveita
para estrear "Deus da Fortuna".
O autor e diretor amazonense Francisco Carlos
retoma sua tetralogia "Jaguar Cibernético". Já o pernambucano Cláudio
Lira encena pela primeira vez em São Paulo "Um Rito de Mães, Rosas e
Sangue", releitura da obra de García Lorca (1898-1936).
É unânime o relato da dificuldade de chegar até
aqui.
"Percebemos o mercado como algo fechado, de
difícil acesso para circulações e trocas com outros Estados", diz Lira,
que contou com a ajuda de Cibele Forjaz para encontrar uma teatro na cidade.
O modo mais eficaz para grupos entrarem (e se
destacarem) em São Paulo se dá com ajuda de artistas locais.
Francisco Carlos obteve visibilidade fora da cena
alternativa após ser apadrinhado pelos Satyros no Festival de Curitiba do ano
passado.
O destaque no evento rendeu ao artista o apoio do
Sesc para sua primeira montagem com amplos recursos, a tetralogia "Jaguar
Cibernético".
Neste ano foi a vez de o grupo Magiluth se revelar
no festival, convidado pela Cia. Brasileira de Teatro a integrar uma mostra em
Curitiba.
O Coletivo Alfenim vem para as atividades
comemorativas dos 15 anos da Companhia do Latão. Márcio Marciano, autor e
diretor do Alfenim, foi fundador do Latão e o integrou por dez anos.
As temporadas desses grupos ocorrem muitas vezes
após anos de empenho.
"Apesar de percebemos São Paulo como principal
centro da produção cultural do país, apenas após quase oito anos conseguimos
acessá-lo", conta o ator e diretor Pedro Vilela, do Magiluth.
Para ele, São Paulo possibilita criar redes de
pensamento e de troca com os principais profissionais do país.
"A cidade é a capital do teatro brasileiro.
Toda forma de teatro cabe aqui", define Francisco Carlos, rejeitando a
tese de que a dificuldade de chegar se deva a especificidades regionais.
"A grande questão não é técnica, e sim
política", ecoa Marciano. (GABRIELA MELLÃO)
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LITERATURA » Livro da vida
José Luís Peixoto, um dos melhores escritores
portugueses da atualidade, conversa com o público, no domingo. Correio bsb
13.07
-
No romance Livro, José Luís Peixoto mergulha na
memória de Portugal
Lá pela metade de Livro, o narrador arrisca uma
graça e comenta o fato de certos autores escreverem sobre coisas que
desconhecem. É uma alfinetada em José Luís Peixoto, o autor do romance. Uma
alfinetada e uma maneira de o escritor português advertir os leitores: ele pode
não ter vivido fisicamente alguns dos momentos caros à história de Portugal
descritos no romance, mas alguma vivência ele teve, ainda que pela memória dos
outros. Livro, que Peixoto autografa domingo após conversa com o público na
Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, trata de memória e vasculha parte da
história recente de Portugal.
Ilídio e Adelaide vivem em Galveias, vilarejo rural
do interio com menos de mil habitantes. Ele, um garoto abandonado pela mãe,
mulher de reputação suspeita. Ela, menina resgatada do ambiente familiar
precário e superlotado por uma tia solteirona. O cotidiano em Galveias tem
igreja, baile, cabras e uma vida morosa muito bem aproveitada pela meninada,
que de inocente não tem nada. Ilídio sente o abandono da mãe, mas resolve a dor no silêncio, cresce e se
apaixona por Adelaide. O rapaz quer casar mas, inexplicavelmente, a tia embarca
a garota em um comboio em direção à França. Adelaide atravessa a fronteira
graças a “passadeiros” clandestinos. Seu destino: trabalhar em condições precárias
em um país desconhecido. Aí começa a temática central de Peixoto.
Nos anos 1960 e 1970, 1,5 milhão de portugueses
emigraram em direção à França para trabalhar, principalmente, na indústria da
construção civil e em serviços domésticos. O total correspondeu a 15% da
população de 10 milhões de habitantes. Os pais de Peixoto fizeram parte dessa
leva, mas retornaram ao país pouco antes do nascimento do escritor. “Isso fez
com que eu tivesse muita curiosidade
sobre esse tema que me excluía.”
Peixoto também se sentia excluído da história
recente do país porque nasceu em setembro de 1974, cinco meses após a Revolução
dos Cravos e do fim dos 48 anos de
ditadura militar. “É uma data com a qual temos, nós da minha geração, uma
relação um pouco ambígua. Nos é relatado
que não vivemos uma grande quantidade de aspectos importantes desse
período. No entanto, acredito que vivemos alguma coisa”, diz o escritor de 37
anos. “Eu tinha uma curiosidade muito grande e um desconhecimento também em
relação a todos esses anos da ditadura portuguesa. A partir daí, fui desfiando
esse novelo e chegando ao romance.”
Ausência de narrativas
Tocar no capítulo da imigração portuguesa para a
França exigiu coragem. Intrigado com a ausência de narrativas sobre o tema,
Peixoto pesquisou como os fatos pairavam na memória coletiva do país. “Isso
demonstra também o trauma que essa circunstância trouxe a todo o país”,
constata o escritor. “Se tratou de imigração feita em condições muito difíceis,
mas foi um sacrifício muito importante
porque, de certa forma, foi uma contribuição grande para que o país abandonasse
o grande isolamento a que estava sujeito por parte do regime de Salazar.”
Mas Livro está bem distante de ser um romance
histórico. Não é no enredo melancólico do enlace de Ilídio e Adelaide que o
leitor vai descobrir os meandros da imigração para a França. E, embora a
palavra livro esteja no título, não há grandes leitores entre os camponeses de
Peixoto. Há, isso sim, um livro cuja existência perpassa toda a narrativa como
um personagem que, ao final, faz revelações pertinentes.
Do meio rural representado pela aldeia, o autor
retirou a forma da narrativa. As sutilezas de vocabulário vêm da terra que
abriga o vilarejo. Peixoto conta à moda do campo, mas muda o tom ao longo da
história. Mais perto Adelaide e Ilídio estão de Paris, mais convencional se
torna a narrativa, como se os personagens perdessem, aos poucos, o horizonte
limitado e precioso de suas origens para se tornarem duas cabeças na massa
disforme do movimento migratório.
Como resposta à crítica do narrador no meio do
livro, Peixoto cita William Faulkner: “Ele diz que o passado não está morto e
que ele não é nem sequer passado. Vivi esse passado enquanto escrevia sobre
ele.”
Quatro perguntas/José Luís Peixoto
Por que o título Livro se os personagens não são
grandes leitores?
Existe uma
personagem, já quase no fim, que tem uma ligação muito forte com os livros. E
também por outra coisa: o fato de colocar essa história em um livro faz dele,
de certa maneira, um livro cujas páginas são sobretudo feitas de vida e
experiência. Lembro-me sempre de uma entrevista do Raduan Nassar, que hoje nem
dá mais entrevistas, na qual lhe perguntavam sobre as influências literárias e
ele dizia que a grande influência era o livrão, e o livrão era a vida. E então
este Livro, na sua essência, também é a vida porque em muitos aspectos livro é
sinônimo de vida.
Galveias é sua cidade, é a cidade de Ilídio e de
Adelaide. É uma cidade de ficção ou de memória?
Ter nascido numa cidade com mil pessoas tem hoje
uma repercussão grande naquilo que escrevo. Essas cidades pequenas são um outro
lado do Portugal contemporâneo que ainda existe e que, muitas vezes, é
esquecido, mas que sem ele não se pode fazer um retrato completo do que é o
país hoje: um país com cidades muito desenvolvidas, mas também um país com
pequenas vilas em que as distâncias parecem bem maiores do que realmente são
porque existe uma distância mental maior do que aquela que separa Lisboa dessas
cidades. Nesse romance, muito do vocabulário que dá densidade à forma da
história vem justamente desse interior, desses regionalismos que ainda são
utilizados por lá.
Por que o mundo rural, do interior, é tão presente
na literatura contemporânea portuguesa?
Esse mundo está presente na literatura porque está
presente na própria realidade do país. Acho que nem sempre é fácil mostrá-lo
quando se faz uma imagem promocional, mas ele existe e por isso a literatura
não pode ignorá-lo. Em muitos aspectos, é nessa Portugal rural que estão
firmadas as raízes culturais daquilo que é a realidade mais genuína do país e
que faz com que seja diferente de qualquer outro país da Europa.
A imigração para a França não costuma ser tema de
romances contemporâneos portugueses. Por que?
Esse tema não é nada tratado e acho que é mais
fácil falar dele agora, sobretudo para alguém que não viveu. Aqueles que o
viveram não têm o distanciamento emocional suficiente. Foi um momento que
deixou grandes cicatrizes. E tem o aspecto geracional. A história daqueles que
partiram de Portugal é diferente da
história dos filhos que nasceram na França e que têm uma relação bastante
teórica com Portugal.
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