quinta-feira, 19 de julho de 2012
Mapa da Violência
coloca Brasil entre os quatro países com maiores taxas de homicídio de jovens. Agência Brasil 18.07
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Pesquisa aponta redução
da mortalidade infantil no DF
Entretanto, os níveis de mortalidade ainda são
crescentes, especialmente entre adolescentes e jovens do sexo masculino.
www.jornaldebrasilia.com.br
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Direitos Humanos
Artigo discute urgência do Brasil avaliar seu
passado
Instalação da Comissão da Verdade faz Brasil
avançar em relação à justiça de transição, diz Simone Pinto. www.unb.br
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O futuro das crianças não pode
mais esperar
O Estado de S. Paulo - 16/07/2012
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Como diz o povo, para baixo todo santo ajuda. A
presidente Dilma sabe muito bem disso, haja vista a força que está fazendo para
deter a sabotagem dos santos e empurrar a economia brasileira para cima. Por
via das dúvidas, e prevendo que a descida da ladeira do Produto Interno Bruto
(PIB) pode ser mais veloz do que o ministro Mantega supunha, já tenta desviar o
assunto, minimizando sua importância: "Uma grande nação deve ser medida
por aquilo que faz para suas crianças e adolescentes, não é o PIB", disse
ela. Como quase sempre, o linguajar é um pouco capenga. Mas deu para entender.
Muitos economistas já se dedicaram ao trabalho de
procurar um indicador melhor que o PIB para medir a marcha de uma economia
nacional. Tentativas de montar um indicador da Felicidade Nacional Bruta (FNB)
já consumiram muitas horas de pesquisas e calhamaços de papéis. O problema é
que, de qualquer forma, elas exigem, de saída, a apuração do PIB, pois sem que
a economia cresça de forma sustentada não se torna possível uma distribuição
mais equitativa da renda produzida e, portanto, um aumento no nível de
bem-estar geral.
De modo que, com o devido respeito, sra.
presidente, se o PIB não cresce, ou se decresce, fica mais difícil para a Nação
fazer mais e melhor por suas crianças, seus adolescentes, adultos em geral e
idosos. Não esqueçamos de que, se estes vivem mal e porcamente, como ocorre em
muitos recantos deste país, as crianças ficam sem futuro e, na verdade, como se
vê nas ruas de qualquer cidade brasileira, passam a ser úteis no trabalho de
mendicância de que muitos adultos lançam mão.
Mas, deixando de lado o despautério de achar que a
medição e o comportamento do PIB não têm importância, tentemos analisar o que é
que está acontecendo com ele, posto que dois anos atrás ia muito bem: o
crescimento em 2010 foi de 7,5% - uma taxa "chinesa", segundo se
disse então - e neste ano, pelo que tudo indica, não deverá chegar aos 2%. Isso
vai reduzir a taxa média anual dos quatro anos de mandato da presidente Dilma
para bem menos que a média anual do mandato do seu antecessor. A menos que nos
próximos dois anos o PIB brasileiro dê um bom salto para cima.
Aí é que entra, de fato, a grande pergunta: esse
recuo do PIB brasileiro é meramente episódico e poderia ser remediado a curto
prazo?
Entre os fatores que levaram a esta situação, um
deles é, sem dúvida, a retração da economia mundial, como, aliás, o governo já
vem apontando. Mas há dois outros fatores que não têm sido analisados
devidamente.
Um deles é o que poderíamos chamar de saturação. A
melhoria de renda da população, a maior oferta de crédito e a redução das taxas
de juros criaram, sem dúvida, uma bolha de demanda estimulada no final do
governo Lula, que extravasou para o primeiro ano da sua sucessora. Agora, ao
que parece, é que essa bolha começou a se esvaziar. De um lado, porque a
chamada nova classe média, então surgida, já deve ter chegado ao limite dos
seus desejos consumistas e da sua capacidade de endividamento. Além disso, o
próprio encolhimento da atividade econômica e as notícias nada otimistas sobre
o ritmo de crescimento do emprego levam as pessoas a pensar com mais atenção no
futuro próximo e, por precaução, começar a fazer reservas, reduzindo suas
despesas de consumo normais. Digamos, para resumir, que um ciclo de euforia
econômica começa a ser encerrado e a velhíssima história dos sete anos de vacas
gordas, seguidos de sete anos de vacas magras surge na cabeça de muitos
consumidores, levando a um comportamento bem mais precavido que dois anos
atrás.
Outro fator importante é de natureza estrutural. O
Brasil conseguiu grande sucesso nas exportações de commodities - mercadorias
primárias - nos anos recentes. Mas nas atividades manufatureiras não só não
conseguiu sucesso algum, como vem tendo retração, com os produtos importados
fazendo cada vez mais concorrência, internamente, aos produtos nacionais. A
bolha de demanda a que nos referimos acima quase não beneficiou a indústria
nacional, beneficiando, isso sim, as indústrias estrangeiras que viram no
mercado brasileiro uma boia de salvação para o encolhimento de mercados que
vieram enfrentando no resto do mundo.
O problema, portanto, da falta de produtividade e
de competitividade da economia brasileira, sempre levantado, mas nunca atacado
firmemente por nenhum governo, torna-se dramático nas atuais circunstâncias,
uma vez que a base de uma economia madura, a indústria, não pode oferecer mais
os empregos que vinha oferecendo e, ao contrário, diminui a oferta de postos de
trabalho: 7 mil foram cortados em junho no Estado de São Paulo, o principal
polo industrial, segundo a Fiesp-Ciesp.
É evidente a urgência em pôr mais gás na economia.
O governo pode fazer isso elevando os investimentos públicos em infraestrutura.
Mas está patinando. Não por falta de recursos, e, sim, por falta de capacidade
gerencial e administrativa. Por outro lado, pode ajudar a melhorar a
competitividade da indústria privada reduzindo encargos e impostos que a
sobrecarregam, mas é incapaz de propor uma reforma fiscal. O futuro da crianças
está, pois, à espera.
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O futuro das crianças não pode
mais esperar
Autor(es): Marco Antonio Rocha
O Estado de S. Paulo - 16/07/2012
Como diz o povo, para baixo todo santo ajuda. A
presidente Dilma sabe muito bem disso, haja vista a força que está fazendo para
deter a sabotagem dos santos e empurrar a economia brasileira para cima. Por
via das dúvidas, e prevendo que a descida da ladeira do Produto Interno Bruto
(PIB) pode ser mais veloz do que o ministro Mantega supunha, já tenta desviar o
assunto, minimizando sua importância: "Uma grande nação deve ser medida
por aquilo que faz para suas crianças e adolescentes, não é o PIB", disse
ela. Como quase sempre, o linguajar é um pouco capenga. Mas deu para entender.
Muitos economistas já se dedicaram ao trabalho de
procurar um indicador melhor que o PIB para medir a marcha de uma economia
nacional. Tentativas de montar um indicador da Felicidade Nacional Bruta (FNB)
já consumiram muitas horas de pesquisas e calhamaços de papéis. O problema é
que, de qualquer forma, elas exigem, de saída, a apuração do PIB, pois sem que
a economia cresça de forma sustentada não se torna possível uma distribuição
mais equitativa da renda produzida e, portanto, um aumento no nível de
bem-estar geral.
De modo que, com o devido respeito, sra.
presidente, se o PIB não cresce, ou se decresce, fica mais difícil para a Nação
fazer mais e melhor por suas crianças, seus adolescentes, adultos em geral e
idosos. Não esqueçamos de que, se estes vivem mal e porcamente, como ocorre em
muitos recantos deste país, as crianças ficam sem futuro e, na verdade, como se
vê nas ruas de qualquer cidade brasileira, passam a ser úteis no trabalho de
mendicância de que muitos adultos lançam mão.
Mas, deixando de lado o despautério de achar que a
medição e o comportamento do PIB não têm importância, tentemos analisar o que é
que está acontecendo com ele, posto que dois anos atrás ia muito bem: o
crescimento em 2010 foi de 7,5% - uma taxa "chinesa", segundo se
disse então - e neste ano, pelo que tudo indica, não deverá chegar aos 2%. Isso
vai reduzir a taxa média anual dos quatro anos de mandato da presidente Dilma
para bem menos que a média anual do mandato do seu antecessor. A menos que nos
próximos dois anos o PIB brasileiro dê um bom salto para cima.
Aí é que entra, de fato, a grande pergunta: esse
recuo do PIB brasileiro é meramente episódico e poderia ser remediado a curto
prazo?
Entre os fatores que levaram a esta situação, um
deles é, sem dúvida, a retração da economia mundial, como, aliás, o governo já
vem apontando. Mas há dois outros fatores que não têm sido analisados
devidamente.
Um deles é o que poderíamos chamar de saturação. A
melhoria de renda da população, a maior oferta de crédito e a redução das taxas
de juros criaram, sem dúvida, uma bolha de demanda estimulada no final do
governo Lula, que extravasou para o primeiro ano da sua sucessora. Agora, ao
que parece, é que essa bolha começou a se esvaziar. De um lado, porque a
chamada nova classe média, então surgida, já deve ter chegado ao limite dos
seus desejos consumistas e da sua capacidade de endividamento. Além disso, o
próprio encolhimento da atividade econômica e as notícias nada otimistas sobre
o ritmo de crescimento do emprego levam as pessoas a pensar com mais atenção no
futuro próximo e, por precaução, começar a fazer reservas, reduzindo suas
despesas de consumo normais. Digamos, para resumir, que um ciclo de euforia
econômica começa a ser encerrado e a velhíssima história dos sete anos de vacas
gordas, seguidos de sete anos de vacas magras surge na cabeça de muitos
consumidores, levando a um comportamento bem mais precavido que dois anos
atrás.
Outro fator importante é de natureza estrutural. O
Brasil conseguiu grande sucesso nas exportações de commodities - mercadorias
primárias - nos anos recentes. Mas nas atividades manufatureiras não só não
conseguiu sucesso algum, como vem tendo retração, com os produtos importados
fazendo cada vez mais concorrência, internamente, aos produtos nacionais. A
bolha de demanda a que nos referimos acima quase não beneficiou a indústria
nacional, beneficiando, isso sim, as indústrias estrangeiras que viram no
mercado brasileiro uma boia de salvação para o encolhimento de mercados que
vieram enfrentando no resto do mundo.
O problema, portanto, da falta de produtividade e
de competitividade da economia brasileira, sempre levantado, mas nunca atacado
firmemente por nenhum governo, torna-se dramático nas atuais circunstâncias,
uma vez que a base de uma economia madura, a indústria, não pode oferecer mais
os empregos que vinha oferecendo e, ao contrário, diminui a oferta de postos de
trabalho: 7 mil foram cortados em junho no Estado de São Paulo, o principal
polo industrial, segundo a Fiesp-Ciesp.
É evidente a urgência em pôr mais gás na economia.
O governo pode fazer isso elevando os investimentos públicos em infraestrutura.
Mas está patinando. Não por falta de recursos, e, sim, por falta de capacidade
gerencial e administrativa. Por outro lado, pode ajudar a melhorar a
competitividade da indústria privada reduzindo encargos e impostos que a
sobrecarregam, mas é incapaz de propor uma reforma fiscal. O futuro da crianças
está, pois, à espera.
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segunda-feira, 16 de julho de 2012
Lyceu de Goiânia
Patrimônio cultural está ao léu
Prédio tem muro caído e portões sem trancas durante
a noite. Vizinhos reclamam de uso de drogas e falta de policiamento. O popular
/GO 14.07
-
Quem quiser entrar no Colégio Lyceu de Goiânia, no
Setor Central, não precisa nem se esforçar para pular o muro, de
aproximadamente 2 metros de altura e tombado em 2003 pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Basta atravessar na parte
derrubada no início do ano pela queda de uma árvore. Não precisa nem disso:
pode passar pelos portões da frente ou do fundo, destrancados enquanto a escola
fica sozinha.
Algum destes meios de acesso foi usado no final do
mês passado, quando um leitor fotografou homens fumando crack na área interna
do colégio mais tradicional do Estado. A imagem foi publicada na internet e na
edição de domingo do POPULAR. Comerciantes e moradores da região relatam que a
cena é frequente.
Em período de aula, a escola funciona nos três
turnos. Em meses de férias, há esquema de plantão de uma das coordenadoras em
um dos períodos do dia. Entre 18 horas e 6 da manhã, apenas um vigia não
especializado tenta zelar pelo patrimônio histórico.
Diretoria do Lyceu e comerciantes da região dizem
que o consumo de drogas está relacionado aos lavadores e vigias de carro que
atuam na região. O foco é na Rua 18. Um convênio firmado entre a Polícia
Militar e os lavadores criou a Rede de Apoio à Segurança (RAS). Os lavadores
ajudariam a polícia a monitorar o local e tinham autorização para usar a água
do colégio, paga pelo contribuinte, para trabalharem.
A parceria não deu certo e a diretoria da escola
solicitou que não usassem mais a água. “Passei junto com a PM avisando para não
usarem mais a água. Vedei os canos e tirei as torneiras. Não adiantou. Eles
pulam e pegam a água”, conta a diretora do Lyceu, Terezilda Luiz da Silva. Responsável
pelo estabelecimento desde agosto do ano passado, ela diz temer pela segurança
de funcionários e alunos. “Estamos colocando grades dentro da escola porque não
podemos mexer no muro.”
PATRIMÔNIO
Por ser patrimônio histórico nacional, a estrutura
do Lyceu só pode ser alterada com autorização do Iphan. Aumentar o tamanho está
fora de cogitação. A superintendente do órgão em Goiás, Salma Saddi, questiona:
“É um problema de segurança pública; onde está a vigilância desta escola?”
Atualmente, é feita por funcionário temporário da Secretaria de Estado da
Educação (Seduc), sem qualificação específica. “Se tiver algum problema, ele
liga para nós, para a polícia”, relata Terezilda.
A Seduc, por meio de nota, informa que “nos
próximos meses terá início em toda rede pública estadual o projeto de
monitoramento eletrônico”. Cita ainda programas educativos em parceria com o
Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO), para prevenção ao uso de drogas.
Além de “iniciativas por parte da Gerência de Programas Transversais da Seduc”.
A realidade atual, relatada por comerciantes e
moradores da região que, por questões de segurança, preferem não se
identificara, é outra: “Um dos que saiu no jornal estava contando e rindo. Ele
vive por aqui. São cerca de vinte que ficam na região”, diz um dos
comerciantes. “Ontem a noite vi um enrolando um cigarro de maconha e outro
perguntando para ele o que tinha para vender”, relata um morador, sobre fato
presenciado na Rua 21.
O comerciante diz que há policiamento na região,
mas apenas rondas. Não é ostensivo. A polícia passa e os usuários voltam a suas
atividades de negociação e consumo de drogas, dentro e fora do Colégio Lyceu de
Goiânia.
1.176657
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Ditadura
Lei da Anistia impede o
julgamento de crimes
Brasil terá de justificar à ONU motivos pelos quais
não pune os criminosos do período do regime militar
Agência Estado 14/07
-
Ministro Gilson Dipp é coordenador da Comissão da
Verdade, que investiga os crimes
Brasília – Quando for chamado a se manifestar sobre
os novos casos de desaparecidos políticos sob investigação, o governo
brasileiro deverá dar à ONU a mesma resposta que tem dado aos organismos
multilaterais de direitos humanos: A Lei de Anistia impede a Justiça do País de
julgar crimes cometidos durante a ditadura militar. Portanto seus autores,
sejam agentes da repressão ou militantes dos movimentos da esquerda armada, são
inimputáveis.
Essa justificativa foi dada recentemente à Corte
Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA)
em relação à morte sob tortura do jornalista Wladimir Herzog, nas dependências
do DOI-Codi de São Paulo, em 1975. Foi usada também em relação às mortes na
Guerrilha do Araguaia (1972-74). Todos os casos, porém serão enviados à análise
da Comissão da Verdade, que funciona no âmbito da Casa Civil da Presidência da
República.
Instituída em maio passado pela presidente Dilma
Rousseff, com mandato de dois anos, a comissão não tem autoridade para abrir
processos criminais, mas tem amplos poderes para esclarecer fatos históricos e
investigar as violações aos direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988,
período que inclui a ditadura militar. Sobre os 13 casos específicos analisados
pelo GT da ONU sobre desaparecidos forçados, a comissão informou que só vai se
manifestar quando for notificada.
Em abril de 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF)
decidiu que a lei de anistia, editada em 1979 - resultado de um acordo de
conciliação nacional entre os diversos partidos, foi ampla, geral e irrestrita
e perdoou os crimes dos dois lados. Significa que quem matou, torturou e
cometeu crimes de lesa-humanidade não pode mais pagar por seus atos.
A decisão foi tomada por 7 votos contra 2 em cima
de uma ação movida pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que alegou que
crimes como o de sequestro e ocultação de cadáver são continuados e portanto
não sujeitos a prescrição e passíveis de punição a qualquer tempo.
REGIMENTO
O Diário Oficial da União publicou ontem a
Resolução nº 1 da Comissão da Verdade que estabelece o seu regimento interno. A
norma, que está em vigor desde 2 de julho, detalha regras de organização e
funcionamento de acordo com a Lei nº 12.528/2011 que criou a comissão.
Conforme o regimento, o relatório a ser apresentado
à Presidência da República após os dois anos de funcionamento da comissão
deverá ser aprovado por unanimidade pelos sete integrantes que a compõe. Outras
decisões serão adotadas por maioria absoluta (quatro votos no mínimo). Apesar
de haver um coordenador (o ministro Gilson Dipp), “os membros da comissão não
estarão sujeitos à hierarquia funcional”.
Segundo o texto, os membros da comissão perderão o
mandato quando não comparecerem às reuniões da comissão por 30 dias
consecutivos ou por dois meses intercalados.
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As perspectivas da safra
agrícola
Coluna Econômica LUIS NASSIF - 13/07/2012
-
Se este ano a agricultura jogou o PIB para baixo,
para o próximo ano as perspectivas são bastante promissoras, segundo Álvaro
Schwerz Tosetto, gerente-executivo da Diretoria de Agronegócios do BB..
Na safra passada, a seca atingiu fortemente estados
do sul, especialmente Rio Grande do Sul e oeste de Santa Catarina e Paraná.
Houve quebra da safra, em um momento de franco crescimento do crédito rural.
***
Só o Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio
Produtor) liberou R$ 4,06 para a safra 2010/2011 e R$ 5,9 bi (47% a mais) para
a safra 2011/2012.
O crescimento do custeio (semente, adubo, defensivo
etc.) cresceu 40%; o investimento (o que qualifica e garante ganhos de
eficiência) 62%. Na nova safra, houve novo incremento de 20% em média,
elevando os desembolsos a R$ 7,2 bi.
Mais que isso, há um conjunto de fatores
prenunciando um ano de vacas gordas.
***
O primeiro é o fator câmbio, com o dólar a R$ 2,00.
Encarece parte dos insumos, especialmente nitrogênio, fosforo e potássio - mais
da metade é importado mas os preços são dolarizados. Por outro lado, impacta
positivamente o preço final.
Além disso, as condições internacionais são
favoráveis.
Há problemas pontuais na suinocultura - devido ao
aumento dos preços da soja e milho -, no arroz e na citricultura. E
perspectivas bastante positivas para as demais culturas, especialmente a soja.
***
No caso da soja, há baixa disponibilidade no
mercado internacional, estoques baixos, safra americana com problemas
climáticos e pressão altistas nas bolsas. E o consumo chinês promete
crescimento chinês nos próximos anos, em parte graças ao que está ocorrendo com
a suinocultura local.
Parte relevante ainda obedece a processos
produtivos anacrônicos, com porcos soltos no pasto comendo restos de comida.
Mas parte cada vez maior está se modernizando, seguindo os passos do modelo
brasileiro. Nele, colocam-se milhares de matrizes confinadas, comendo ração à
base de milho e de soja.
***
Outro ponto relevante á o fato da frustração da última
safra não ter deixado um estoque pesado de endividamento, graças ao seguro
agrícola. No caso do Banco do Brasil, nos últimos anos houve grande incentivo
para conjugar operações de crédito com seguro agrícola.
Na região sul, sobe a mais de 70% o percentual de
operações com algum tipo de seguro, ou privado ou do Proagro.
O que sobra é o endividamento adicional, referente
à renda do agricultor - já que o seguro cobre apenas os custos de produção. No
momento, trabalha-se para estender o seguro para algum tipo de renda cessante.
Há um piloto em andamento para a soja.
***
Além do financiamento robusto, as tendências
climáticas são favoráveis. Para este ano, no sudeste a perspectiva de clima
indica tendência de El Niño, em que ocorrem chuvas acima da normalidade.
Portanto, é baixíssimo o risco de repetir a seca deste ano.
***
Com o front agrícola caminhando bem, tira-se das
costas do PIB um dos fatores que jogou o crescimento para baixo este ano. E
permite-se entrar em 2013 com o fortalecimento da renda agrícola e seus
desdobramentos sobre a indústria como um todo.
Há outras frentes a serem atacadas, especialmente o
investimento em infraestrutura. Mas é possível que o trem de ferro comece a
desenferrujar as rodas a partir dos próximos meses, permitindo andar em um
ritmo melhor no próximo ano.
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LIVROS
Encontros gestam festa literária
das UPPs, no Rio
Programação reúne 60 escritores amadores a autores
consagrados. FOLHA SP 14.07
-
Jovens passaram por seleção que incluiu escrever
texto sobre a cidade; Flupp deve ocorrer em novembro
"Que paralelo que você faz entre a literatura
marginal e o cânone?", perguntou Luana Vasconcellos, estudante de letras
de 24 anos, a Reginaldo Ferreira da Silva, o Ferréz, escritor do Capão Redondo
(zona sul de São Paulo).
"Lima Barreto, pai da literatura marginal,
morreu no manicômio, mas a Academia não aceitou ele. Quem sabe a academia
periférica de letras, para não ter que andar com aquela roupa pesada, cheia de
medalhas...", respondeu.
Luana mora em São Gonçalo, região metropolitana do
Rio, e é "poeta auxiliar" do grupo Uma Noite na Taverna, que organiza
recitais.
"A gente acredita que poesia não precisa ser
diluída. Se você não tem capacidade de absorver na hora, serve como alavanca de
busca", diz ela.
Ao lado de outros 59 jovens autores de bairros
populares, ela segue o projeto Flupp Pensa -preparação para a Festa Literária
das UPPs (alusão às favelas com Unidades de Polícia Pacificadora), prevista
para novembro.
Desde abril, os escritores amadores participam de
oficinas e debates com autores consagrados. Para isso, passaram por uma seleção
que incluiu um texto sobre o Rio -30 trabalhos do grupo serão publicados em
livro.
"É gente da geração do ProUni [programa
federal de bolsas em universidades privadas] ou herdeira de movimentos sociais
como o Afro Reggae e a Cufa (Central Única de Favelas). A gente identifica e dá
rede", diz o jornalista Julio Ludemir, autor de "No Coração do
Comando".
Ele idealizou a Flupp ao lado de Ecio Salles,
coordenador da Escola Popular de Comunicação Crítica, da professora da UFRJ
Heloisa Buarque de Hollanda e do antropólogo Luiz Eduardo Soares, coautor de
"Elite da Tropa".
SANIDADE
Em junho, o Centro Cultural Cartola, na favela da
Mangueira, recebeu a gaúcha Eliane Brum, autora do romance "Uma Duas"
(Leya) e de livros de reportagem como "O Olho da Rua" (Globo).
Ela falou de sua opção por reportar a singularidade
de pessoas comuns, "invisíveis".
Contou, entre outros casos, como acompanhou os
últimos 115 dias da merendeira Ailce de Oliveira Souza, que tinha um câncer
incurável.
"Fiquei emocionado. Vi que para você
literatura é importante para manter a sanidade. Se não tivesse a palavra
escrita, como faria?", perguntou Enrique Coimbra, 19, filho da cozinheira
de um quiosque em Guaratiba (zona oeste do Rio). "Eu teria morrido",
disse Eliane.
Como muitos dos integrantes do Flupp Pensa, Enrique
tem um blog em que posta seus escritos.
Está na "terceira temporada" de uma série
de "ficção jovem adulto", que pode ser impressa ou baixada para outras
plataformas digitais.
A série conta atribulações de adolescentes que
poderiam ser de qualquer classe. Caso também dos versos de Ana Paula Lisboa,
24, professora de arte e estudante de letras. No Batan, ela quis saber de
Ferréz se esperariam que falasse só de favela.
"O sistema é uma máquina. Vira e mexe pega um
cara da periferia e faz dele parte da engrenagem. Vocês podem escrever sobre
Marte, mas, se a menina é da Cidade de Deus, o cara vai falar que Marte é uma
metáfora para onde ela mora", disse ele.
DOSTOIÉVSKI
Filho de mãe doméstica e pai vendedor de cuscuz de
tapioca, Jessé Dantas, 30, o Jessé Andarilho, aproveita a
Flupp para reescrever seu primeiro livro,
"Fiel", sobre um garoto de família evangélica.
Ele perguntou a Ferréz como deu o pulo para
conseguiu viver de literatura.
O paulistano, que desdenhara dos ritos acadêmicos,
receitou "malditos", como Bukowski, mas também clássicos, como os
russos Dostoiévski e Tchékhov-por estarem em domínio público, as obras desses
escritores eram mais baratas.
"É importante ler. Quando você tem espaço,
precisa falar com propriedade. Gente que mora em comunidade tem que saber no
mínimo duas vezes mais que o boy."
Ferréz discorreu sobre o "século do
parecer". "Os moleques só estão se pegando para o tráfico por causa
do consumo". Não era por aí que passava a cabeça da plateia.
"Estou lendo, 'Quarto de Despejo', da Carolina
de Jesus, que fez sucesso e depois os críticos caíram de pau. Como escapar
desse discurso do que é ou não literatura?", questionou Diego Santos, 23,
colaborador de um jornal do morro da Providência.
Recém-formado em psicologia pela PUC, Diego fez
fila para pegar um autógrafo de Eliane Brum: "Gosto de gente
melancólica". Yasmin Thainá ficou curiosa para saber como a autora gaúcha
"consegue ser tão doce e ao mesmo tempo tão forte".
Nascida em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense),
Yasmin, 19, queria ser engenheira e fez curso técnico de eletrônica. Trocou
pelo jornalismo, que está cursando, e pelo cinema.
"Estamos intensificando o diálogo com outros
grupos, outras comunidades. Esta experiência está sendo um salto
quântico", disse Mônica Márcia de Camargo, 48, uma das organizadoras dos
saraus Poesia de Esquina, na Cidade de Deus.
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DESPACHO INUSITADO DE UM JUIZ EM
UMA SENTENÇA JUDICIAL ENVOLVENDO 2 POBRES COITADOS QUE FURTARAM 2 MELANCIAS.
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DESPACHO POUCO COMUM
A Escola Nacional de Magistratura incluiu em seu
banco de sentenças, o despacho pouco comum do juiz Rafael Gonçalves de Paula,
da 3ª Vara Criminal da Comarca de Palmas, em Tocantins. A entidade considerou
de bom senso a decisão de seu associado, mandando soltar Saul Rodrigues Rocha e
Hagamenon Rodrigues Rocha, detidos sob acusação de furtarem duas melancias:
DESPACHO JUDICIAL.
DECISÃO PROFERIDA PELO JUIZ RAFAEL GONÇALVES DE
PAULA
NOS AUTOS DO PROC Nº. 124/03 - 3ª Vara Criminal da
Comarca de Palmas/TO:
DECISÃO
Trata-se de auto de prisão em flagrante de Saul
Rodrigues Rocha e Hagamenon Rodrigues Rocha, que foram detidos em virtude do
suposto furto de duas (2) melancias. Instado a se manifestar, o Sr. Promotor de
Justiça opinou pela manutenção dos indiciados na prisão.
Para conceder a liberdade aos indiciados, eu
poderia invocar inúmeros fundamentos: os ensinamentos de Jesus Cristo, Buda e
Ghandi, o Direito Natural, o princípio da insignificância ou bagatela, o
princípio da intervenção mínima, os princípios do chamado Direito alternativo,
o furto famélico, a injustiça da prisão de um lavrador e de um auxiliar de
serviços gerais em contraposição à liberdade dos engravatados e dos políticos
do mensalão deste governo, que sonegam milhões dos cofres públicos, o risco de
se colocar os indiciados na Universidade do Crime (o sistema penitenciário
nacional)...
Poderia sustentar que duas melancias não enriquecem
nem empobrecem ninguém. Poderia aproveitar para fazer um discurso contra a
situação econômica brasileira, que mantém 95% da população sobrevivendo com o
mínimo necessário apesar da promessa deste ou desta presidente que muito fala,
nada sabe e pouco faz.
Poderia brandir minha ira contra os neo-liberais, o
consenso de Washington, a cartilha demagógica da esquerda, a utopia do
socialismo, a colonização européia....
Poderia dizer que os governantes
das grandes potências mundiais jogam bilhões de dólares em bombas na cabeça dos
iraquianos, enquanto bilhões de seres humanos passam fome pela Terra - e aí,
cadê a Justiça nesse mundo?
Poderia mesmo admitir minha mediocridade por não
saber argumentar diante de tamanha obviedade.
Tantas são as possibilidades que ousarei agir em
total desprezo às normas técnicas: não vou apontar nenhum desses fundamentos
como razão de decidir.
Simplesmente mandarei soltar os indiciados. Quem quiser
que escolha o motivo.
Expeçam-se os alvarás.
Intimem-se.
Rafael Gonçalves de Paula
Juiz de Direito
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