Brasília está entre as cidades com pior desigualdade social do mundo
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As cidades de Goiânia, Fortaleza e Belo Horizonte figuram entre aquelas com maior desigualdade de renda do mundo. Segundo dados divulgados ontem pela ONU-Habitat, a Agência das Nações Unidas para Habitação, esses municípios brasileiros só ficam atrás das cidades sul-africanas, e de Lagos, na Nigéria.
Segundo a ONU, as três cidades brasileiras apresentaram um índice de Gini (que mede a desigualdade) igual ou superior a 0,61, em uma escala de zero a 1,00, em que os números mais altos mostram maior desigualdade. As nove cidades sul-africanas pesquisadas apresentaram índices entre de 0,67 e 0,75. Já Lagos tem índice de 0,64.
Os dados constam no estudo Estado das Cidades do Mundo, da ONU. De acordo com o coordenador da pesquisa, Eduardo López Moreno, a desigualdade entre ricos e pobres pode provocar uma série de problemas sociais, como a criminalidade. “Existe um vínculo muito direto entre as cidades mais desiguais do mundo e um certo nível de criminalidade. Ou seja, a cidade mais desigual vai gerar, mais facilmente, certos distúrbios sociais. E o problema é que as autoridades locais, provinciais e federais vão usar recursos que deveriam ser utilizados para investimentos, para conter esses fenômenos sociais”, disse Moreno.
O estudo também cita as diferenças de oportunidades entre moradores de favelas e aqueles que residem em outras áreas dentro das cidades brasileiras. De acordo com a ONU, a chance de uma pessoa ter desnutrição em uma favela brasileira é 2,5 vezes maior do que no resto da cidade, enquanto que a diferença média no mundo é de duas vezes.
queda poderia ser maior
O estudo da ONU Habitat também mostrou que cerca de 10,4 milhões de pessoas deixaram de morar em favelas no Brasil nos últimos dez anos. A população residente em favelas no País foi reduzida em 16% desde 2000, mas o coordenador da pesquisa, Eduardo López Moreno, avalia que a queda poderia ter sido maior.
Segundo Moreno, as autoridades brasileiras poderiam ter trabalhado mais para obter ao menos um índice superior ao progresso médio da América Latina, cuja média de queda na favelização chegou a 19,5%. Colômbia e Argentina, por exemplo, conseguiram reduções superiores a 40%. "Seria muito melhor se o Brasil tivesse conseguido melhorar de 20% a 30% e que estivéssemos falando de 20 milhões de pessoas em vez de 10 milhões. Sem dúvida, os esforços deveriam ter sido maiores, principalmente entre 2000 e 2005, já que grande parte desses 10 milhões saíram da pobreza depois de 2005.''
O oficial da ONU atribui o avanço acelerado na segunda metade da década de 2005 à expansão de programas sociais, como o Bolsa Família. Atualmente o País continua com 26% da população vivendo em habitações precárias.
"O caso brasileiro vai mostrar que essas políticas [de inclusão] vão ter um alto sucesso por causa da magnitude dos recursos envolvidos, do número de cidades que as estão implementando, do número de pessoas que estão sendo beneficiadas por elas. Haverá uma evolução nos próximos anos'', afirmou Moreno.Fonte: jornaldebrasilia.com.br
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