segunda-feira, 15 de março de 2010

FSP 15/03

Relatório critica Brasil por trabalho escravo

Produção açucareira é citada em documento do Departamento de Estado americano sobre direitos humanos

A produção brasileira de cana de açúcar sofreu novas críticas dos Estados Unidos nos últimos dias por uso de trabalho escravo, em uma ação que pode dificultar negociações já delicadas sobre a tarifa de importação americana imposta ao álcool nacional-especialmente em ano de eleições legislativas.
O relatório de 2009 do Departamento de Estado dos EUA sobre direitos humanos, divulgado na última quinta, menciona, além do trabalho escravo, o uso do trabalho infantil e ameaças a trabalhadores do setor da cana-de-açúcar.
O texto cita a "lista suja" do Ministério do Trabalho, que afirma que 165 empregadores em 17 Estados usaram força de trabalho em condições análogas ao trabalho escravo. Há alusão indireta no relatório ao caso da Cosan, uma das maiores produtoras de cana de açúcar do mundo, que entrou para a lista em dezembro de 2009. A Cosan afirma que o problema já foi resolvido e conseguiu, em janeiro, ser retirada da lista por meio de uma liminar.
O Departamento de Estado menciona ainda a tentativa de assassinato contra o sindicalista Elio Neves, presidente da Feraesp (Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo), "conhecido por sua representação dos trabalhadores das plantações de cana-de-açúcar".
O relatório é anual e enviado ao Congresso, muitas vezes servindo de base a legislações específicas. Atualmente, o álcool brasileiro é alvo de uma tarifa nos EUA de pouco mais de 14 centavos de dólares por litro, e é necessária justamente ação do Congresso para derrubá-la.
A disputa a respeito já se arrasta por anos. Em 2010, além da renovação das críticas ao trabalho escravo, o cenário se complica pela campanha eleitoral ao Congresso dos EUA, que sofre forte lobby de produtores americanos de milho, do qual deriva o álcool no país.
As negociações comerciais com o Brasil também são dificultadas por disputas em outras áreas. Na semana passada, o governo Lula informou à Organização Mundial do Comércio que aumentará em 7 de abril as tarifas de importação de diversos itens dos EUA, em retaliação aos subsídios de Washington aos produtores de algodão americanos.
Por outro lado, a Agência de Proteção Ambiental americana incluiu o álcool brasileiro produzido a partir da cana-de-açúcar na lista de biocombustíveis que podem contribuir para a redução das emissões de gases do efeito estufa. Como os EUA não têm área produtiva suficiente para responder à exigência da agência, o álcool brasileiro pode acabar beneficiado.

FSP 15/03

Mensalão do PT é citado em dicionário da FGV

Termo aparece em perfis de Lula, Dilma e Dirceu; publicação pretende mostrar história política brasileira

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O mensalão ainda não virou verbete no novo "Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro" do CPDOC-FGV (Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil), mas o termo que sintetiza a maior crise do governo Lula é novidade e citado diversas vezes nas biografias de personagens políticos da atualidade, inclusive na do presidente, em sete ocasiões.
Na nova edição, lançada sexta-feira passada com acesso gratuito na internet e aberta a colaborações, o mensalão aparece, por exemplo, 13 vezes no verbete do ex-ministro José Dirceu e duas no de sua sucessora e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.
O episódio impacta e conecta a trajetória dos dois petistas: a queda de Dirceu da Casa Civil, causada pelo escândalo, resultou na entrada de Dilma no posto e na ascensão que culmina com sua pré-candidatura.
O "Escândalo do Mensalão" é ainda subtítulo de verbete, e a descrição do esquema ocupa cinco das 17 páginas destinadas ao ex-deputado Roberto Jefferson, detonador da crise.
Para o CPDOC, o mensalão não é considerado um conceito político por ausência de reflexão acadêmica sobre o tema. "Mas o termo está coberto em muitos verbetes: tanto o mensalão do PT quanto o do PSDB", explicou o diretor do centro, Celso Castro.
A terceira versão do dicionário (as duas primeiras, em papel, foram lançadas em 1983 e 2001) tem 7.553 verbetes, é digital e substitui os cinco volumes da edição anterior.
A essência é a mesma: a história política resumida de políticos, eventos e instituições. As fontes foram a imprensa, arquivos, internet e as bases de dados do CPDOC.
Entre os novatos estão, além de Dilma, a ex-senadora Heloísa Helena (PSOL), o ministro Guido Mantega (Fazenda) e o ex-responsável pela pasta Antonio Palocci (PT). O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), também estreiam na publicação.
Entre os pré-candidatos à sucessão de Lula, Ciro Gomes (PSB) tem a biografia mais extensa, com 25 páginas. José Serra (PSDB) tem 22 e Dilma, 7.
"O tamanho dos textos não quer dizer muito, embora haja bom senso: um deputado de um mandato não tem o mesmo espaço que Lula", diz Christiane Jalles, pesquisadora do centro.
O dicionário segue a tradição de grafar os nomes como recomendam as normas da língua portuguesa, o que faz, por exemplo, com que o nome do presidente Lula seja escrito como "Luís" em vez de "Luiz", como ele foi registrado.

FSP 15/03

SP terá museu popular; mostra exibe, a partir de abril, parte do acervo

Enquanto o mercado embala, para consumo, as peças produzidas pelos artistas populares, a prefeitura de São Paulo promete, finalmente, tirar do papel o plano de criação de um museu que se chamará Pavilhão das Culturas Brasileiras. A largada para o projeto será dada no dia 10 de abril, quando será aberta, no antigo prédio da Prodam, no parque Ibirapuera, a mostra "Puras Misturas".
A exposição reunirá parte do acervo do futuro museu - que inclui material colhido durante a Missão de Pesquisas Folclóricas de Mário de Andrade, em 1938 -, mas também peças de designers como os irmãos Campana, de estilistas como Ronaldo Fraga e fotos de Maureen Bisilliat. Nas artes plásticas, os "populares" Artur Pereira, Alcides Pereira dos Santos, João das Alagoas e J. Borges dividirão as paredes com Alex Flemming, Vicente do Rego Monteiro, Leda Catunda e Alberto da Veiga Guignard.
"As categorias popular e erudito não têm mais muita razão de ser", diz Adélia Borges, responsável pelo conceito do museu que terá projeto arquitetônico de Pedro Mendes da Rocha. "Não criei essas interfaces como chamariz ou tática. Essa mostra anuncia a ideia do que será o museu."

FSP 14/03

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