segunda-feira, 4 de março de 2013
>>>>>
CULTURA POPULAR: Do Cordão
Para A Literatura de Cordel.
Barbantes
esticados e livretes pendurados dão origem à uma literatura do Nordeste rica em
rimas e versos é o cordel, que ganhou este nome, pois, em Portugal, eram
expostos ao povo amarrados em cordões,
estendidos
em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.
http://www.blogpajeudagente.com
-
A chegada do cordel no Brasil
ocorreu no início da colonização, através dos portugueses. Na segunda
metade do século XIX começaram as
impressões de folhetos brasileiros, com características próprias do país.
Os temas incluem desde fatos do
cotidiano, episódios históricos, lendas, temas religiosos, entre outros. As
façanhas do cangaceiro Lampião (Virgulino Ferreira da Silva, 1900-1938) e o
suicídio do presidente Getúlio Vargas (1883-1954) são alguns dos assuntos de
cordéis que tiveram maior tiragem no passado. Não há limite para a criação de
temas dos folhetos. Praticamente todo e qualquer assunto pode virar cordel nas
mãos de um poeta competente.
O estudante de História da
Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Cid Carlos, é um dos admiradores da
literatura. Para ele, os cordéis multiplicam as histórias tanto na ficção
quanto na realidade.
“Existe alguns historiadores que
explicam o cordel a partir de um cenário brasileiro, como a guerra de Canudos
que propiciou a história sobre Antônio Conselheiro que dá um tom heroico para a
cultura nordestina de forma rimada e em versos nos cordéis”, afirmou Cid.
No Nordeste, a literatura de
cordel é uma produção típica, sobretudo nos estados de Pernambuco, Paraíba, Rio
Grande do Norte e Ceará. Hoje também se faz presente em outros estados, como
Minas Gerais, de Janeiro e São Paulo.
A Feira da Gente, realizada todo
domingo na praça Sérgio Pacheco em Uberlândia, é um dos locais na cidade em que
encontra-se cordéis para comprar. Cid Carlos é um dos vendedores e afirma que
muitas pessoas tem curiosidade em conhecer a obra literária.
“Públicos acadêmicos conhecem
mais os cordéis do que as outras pessoas, porém muitas pessoas se surpreendem
com a literatura rimada que pode ser encontrada na feira, na revistaria do
aeroporto de Uberlândia e na internet, sendo uma oportunidade do pessoal
conhecer um pouco da cultura nordestina através dos cordéis”, concluiu..
Um grande exemplo de cordelista é
Seu Lunga, um personagem tão folclórico que ninguém acredita sua existência
real. Mas, ele existe. Natural de Juazeiro do Norte (CE), local aonde reside
até hoje, é muito conhecido pela sua "delicadeza", dizem que ele é um
sério candidato a Homem Mais Ignorante do Mundo pelo Guiness Book. Algumas
histórias são verídicas, e outras são apenas piadas que fazem alusão a sua
ignorância. Confira abaixo, um dos cordéis produzido por ele.
As proezas de Seu Lunga
Seu Lunga é cabra de bem
Porém é muito nervoso
Em perguntas idiotas
O homem perde o gozo
Das faculdades mentais
Vira o próprio satanás
Solta um palavrão trevoso.
Um belo carro de luxo
A famosa limosine
Chegou à concessionária
Tava exposta na vitrine
Lunga disse: --eu quero aquela
Dou até minha costela
Por aquela lamborguine.
O vendedor, à socapa,
Riu do momento bizarro
--Meu senhor, está enganado
Trocou o nome do carro
Lunga, bufando de raiva
Encorporou o Saraiva
Não adimitiu o sarro.
--Olhe aqui fi da broboinca
O automóvel é meu
Vou pagar com minha verba
Se entupa, seu fariseu
Dou o nome que eu quero
Joaquim, Chico ou Homero
Também ponho o de Romeu.
Uma semana depois
Lunga, no estacionamento
Foi saindo com o carro
Até passar por tormento
O alarme disparou
A polícia o abordou
Não teve nem argumento.
Era um carro igual ao dele
Não mudava nem a cor
O modelo, a capota
Pneu e radiador
Calota, marcha e breque
Iguais ao seu calhanbeque
Principalmente o motor.
Lunga tomou providência
Ali, no calor da hora
Pra não mais se confundir
Tirou da bota a espora
Riscou toda a pintura
Disse: --olhe que belezura
Quero ver trocar agora.
Ver Vídeo:
Os Poemas do Seu Lunga
Fonte: Cantigas e Cantos
>>>>
-
O risco das usinas sem
reservatórios
O Seminário Brasilianas “Energias
Alternativas” trouxe duas visões sobre o setor elétrico.
www.luisnassif.com.br 27.02
A visão atual foi o sucesso dos
leilões de energia e dos programas de energia alternativa. Ao longo dos últimos
anos, além do etanol sucessivos programas e os leilões viabilizaram a energia
eólica, deram o tiro de partida para a fotovoltaica.
Mas problemas ambientais
provocaram uma mudança perigosa na matriz energética, com a perda gradativa da
importância relativa da
hidroeletricidade e, mais que isso, dos reservatórios das usinas, trazendo um
aumento de risco complicado.
***
Esse alerta foi feito por Hermes
Chipp, presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico e pelo professor
Nivalde de Castro, do Instituto de Economia da UFRJ (Universidade Federal do
Rio de Janeiro).
O reservatório é como um
armazenador de energia. No período chuvoso, parte da água é armazenada e serve
para gerar eletricidade no período de seca.
Com essa segurança, a energia
alternativa era utilizada em curtos períodos, quando o nível dos reservatórios
baixava além de determinado limite.
Alguns anos atrás, o nível dos
reservatórios garantia até dois anos de seca. Foi caindo. Com as novas
hidrelétricas sendo construídas todas a fio d’água (sem reservatório), em 2013
os reservatórios garantirão 5,4 meses; em 2017, 4,3; em 2020, 3,5 meses.
***
Essa involução cria fatores
complicados de segurança. Há que se proceder a mudanças substanciais no modelo
elétrico e na compra de energia.
O primeiro fator relevante é a
questão da segurança energética – ou seja, garantir que não faltará energia.
Por exemplo, hoje em dia em nome da sustentabilidade, montou-se um modelo que
impede a formação de reservatórios. Como lembra Chipp, o modelo peca pela base.
Sem os reservatórios, quando falta energia são despachadas as térmicas, movidas
a óleo ou carvão.
***
A existência de reservatórios é
fundamental inclusive para viabilizar a alternativa. Por exemplo, prevê-se uma expansão substantiva da energia
eólica – energia limpa, sustentável. Só que a energia eólica não é perene. Há
períodos de pouco vento. Portanto, quanto maior a produção de eólica, maior a
necessidade da energia de reserva. Sem essa reserva, se terá que recorrer a
energias garantidas. E aí se cai nas termoelétricas a carvão e diesel.
***
Outro ponto relevante é mudar o
critério de análise de preço. Hoje em dia, os leilões de energia levam em conta
apenas o custo da geração – leva quem apresentar o preço mais baixo.
Ora, o custo final de uma
determinada energia é a soma do custo de geração, mais o de transmissão e o de
distribuição. Se uma usina é levantada em local distante, o custo de
transmissão acaba fazendo com que chegue mais cara no consumidor final do que o
de outra usina levantada em local mais próximo. Ou então ocorre de usinas
construídas e desligadas do sistema por problemas de transmissão – que
enfrentam problemas com diversas instâncias ambientais, com Ministério Público
etc.
***
Diz Chipp que os leilões precisam
definir previamente a quantidade de cada tipo de energia que se pretende, a região
a ser implantada, o custo final para o consumidor.
Mais que isso: é necessário
rediscutir a questão dos reservatórios.
>>>>
Os
caminhos da economia em 2013
Para entender os desafios atuais
da economia. Coluna Econômica - www.luisnassif.com.br 28.02
O ciclo do desenvolvimento
consiste nas seguintes etapas:
Formação da demanda, através do
fortalecimento do mercado interno e das exportações.
Fortalecimento da produção
interna, para atender à demanda.
O aumento da produção interna
gera mais investimentos, que geram mais empregos, que fortalecem mais o mercado
interno, completando-se o círculo virtuoso.
***
Por enquanto há dificuldades em
completar o segundo ciclo, apesar dos avanços da redução dos juros e melhoria
do câmbio.
O fato do fator 2 não ter se
completado faz com que todo aumento de demanda de produtos comercializáveis
(aqueles negociados no mercado internacional) seja atendido pelas importações,
gerando uma pressão nas contas correntes brasileiras.
No ano passado, o consumo de
industrializados cresceu mais de 8%; a produção caiu 2,8%. No setor químico, o
consumo aparente tem crescido 7,1% ao ano desde 2007. E a produção continua no
mesmo patamar. Em cinco anos, houve estagnação interna, enquanto o aumento de
consumo foi totalmente absorvido pelas importações.
A indústria química fechou 2012
com um déficit de US$ 28,1 bilhões. Em 2013, o buraco será maior. Apenas em
janeiro o déficit em conta corrente foi de US$ 11 bilhões.
***
As reservas internacionais
permitem empurrar algum tempo com a barriga. Mas esse desequilíbrio terá que
ser desmontado em algum momento, sob pena de uma crise futura nas contas
externas.
***
Trata-se de uma equação complexa.
Os salários melhoraram, o emprego melhorou e existe mais crédito disponível
para consumo. Como a produção interna não atende a essa demanda, há um aumento
dos preços de serviço e de moradia e uma pressão nas contas externas.
Este é nó central. Para ser
desarmado, exigiria um reajuste muito mais acentuado do câmbio. Mas aí se
esbarra na outra perna da equação: os efeitos sobre a inflação e sobre a renda.
***
No ano passado, procedeu-se a uma
corajosa desvalorização cambial de cerca de 30%. Mas não se resolveu o problema
da competitividade interna.
Além disso, o discurso desconexo
do Ministro da Fazenda Guido Mantega lançou uma nuvem de imprevisibilidade
sobre os agentes econômicos. Somado ao aumento dos preços de alimentos,
provocou essa alta da inflação no final do ano passado e início deste ano.
Grandes fabricantes – como
Nestlé, Gessy Lever, Procter & Gamble, conseguiram emplacar reajustes
médios de 10% nos atacadistas. Esses reajustes concentraram-se no setor
alimentício.
Pode-se tratar o problema com
antibiótico ou antigripal. O antibiótico seriam medidas duras na área de
crédito, com impacto sobre o consumo – e sobre o PIB. Não é o caso ainda.
***
Tem-se um desafio imediato, que
consiste em desarmar as expectativas inflacionarias, trabalho que vem sendo
conduzido pelo discurso mais sólido do presidente do Banco Central Alexandre Tombini.
O recuo recente dos preços de alimentos ajudará nessa empreitada.
Para compensar o câmbio
apreciado, o governo vem procedendo a uma série de desonerações tributárias.
Mas ainda se mostram insuficientes.
De qualquer modo, a estratégia
está montada. Os próximos meses indicarão se foi bem sucedida ou exigirá
dosagens maiores.
>>>>
A
política de cotas ganhou mais uma (Elio Gaspari, jornalista)
Na essência da política de cotas
há um aspecto que exaspera seus adversários: um estudante que vai para o vestibular
sem qualquer incentivo de ações afirmativas tira uma nota maior que o cotista e
perde a vaga na universidade pública. Quem combate esse conceito em termos
absolutos é contra a existência das cotas, cuja legalidade foi atestada pela
unanimidade do Supremo Tribunal Federal e aprovada pelo Congresso Nacional (com
um só discurso contra, no Senado). É direito de cada um ficar na sua posição,
minoritária também nas pesquisas de opinião.
FOLHA SP 27.02
-
Uma coisa é defender as cotas
quando a distância é pequena, bem outra seria admitir que um estudante que faz
700 pontos na prova deve perder a vaga para outro que conseguiu apenas 400. O
que é diferença pequena? Sabe-se lá, mas 300 pontos seria um absurdo.
Os adversários das cotas previam
o fim do mundo se elas entrassem em vigor. Os cotistas não acompanhariam os
cursos, degradariam os currículos e fugiriam das universidades. Puro
catastrofismo teórico. Passaram-se dez anos, e Ícaro Luís Vidal, o primeiro
cotista negro da Faculdade de Medicina da Federal da Bahia, formou-se no ano
passado e nada disso aconteceu. Havia ainda também as almas apocalípticas: as
cotas estimulariam o ódio racial. Esse estava só na cabeça de alguns críticos,
herdeiros de um pensamento que, no século 19, temia o caos social como consequência
da Abolição.
Mesmo assim, restava a distância
entre o beneficiado e o barrado. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais divulgou uma pesquisa que foi buscar esses números no banco de
dados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Neste ano, as cotas beneficiaram
36 mil estudantes. Pode-se estimar que em 95% dos casos a distância entre a
pior nota do cotista admitido e a maior nota do barrado está em torno de 100
pontos. Em 32 cursos de medicina (repetindo, medicina) a distância foi de 25,9
pontos (787,56 contra 761,67 dos cotistas).
O Inep listou as vinte faculdades
onde ocorreram as maiores distancias. Num caso extremo deu-se uma variação de
272 pontos e beneficiou uns poucos cotistas indígenas no curso de história da
Federal do Maranhão. O segundo colocado foi o curso de engenharia elétrica da
Federal do Paraná, com 181 pontos de diferença. A distância diminui, até que,
no 20º caso, do curso de ciências agrícolas de Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia da Federal do Rio Grande do Sul, ela ficou em 128 pontos.
Pesquisas futuras explicarão como
funcionava esse gargalo, pois se a distância girava em torno de 100 pontos, os
candidatos negros e pobres chegavam à pequena área, mas não conseguiam marcar o
gol. É possível que a simples discussão das ações afirmativas tenha elevado a
autoestima de jovens que não entravam no jogo porque achavam que universidade
pública não era coisa para eles. Neste ano, 864.830 candidatos (44,35%)
buscaram o amparo das cotas.
A política de cotas ocupou 12,5%
das vagas. Num chute, pode-se supor que estejam em torno de mil os cotistas que
conseguiram entrar para a universidade com mais de cem pontos abaixo do
barrado, o que vem a ser um resultado surpreendente e razoável. O fim do mundo
era coisa para inglês ver.
????
AFFONSO
ROMANO DE SANT'ANNA »
Cortiço
ontem e hoje
affonsors@uol.com.br
.
Em meio a tantos centenários de
nascimento (Graciliano Ramos, Rubem Braga, Vinicius de Moraes, etc.), é bom
lembrar que, neste ano, é o centenário de morte de Aluísio Azevedo. CORREIO BSB 04.02
>>>
Maranhense, irmão de Arthur
Azevedo, ele morreu em Buenos Aires em 1913.
Ainda hoje qualquer pessoa lê O
cortiço com certa volúpia. Nas escolas, quando o professor pensa num texto
capaz de suscitar interesse dos adolescentes tão ligados em iPods e
computadores, surge logo aquele livro, que já virou filme, novela, teatro,
história em quadrinhos, etc.
Encantado com sua vida e obra,
pensei em fazer a tese de doutoramento sobre ele, antes de decidir pela obra de
Drummond. Li tudo o que podia sobre ele, como aquela boa biografia escrita por
Raimundo de Menezes publicada em 1957, centenário de nascimento de Aluísio. E
fiz posteriormente uma análise de O cortiço, que causou polêmica e foi
reeditada agora em Análise estrutural de romances brasileiros (Ed.Unesp).
As universidades e as academias
deveriam aproveitar a data e reestudar sua obra. Está ali a sociedade
brasileira de ontem e de hoje. Está ali germe do que seriam as “comunidades”
atuais, que passaram ser (no Rio) Unidades de Política Pacificadora. Por que
não fazem seminários comparando os cortiços daquele tempo, as favelas de ontem
e as comunidades de hoje? Chamassem urbanistas, sociólogos, políticos,
escritores, historiadores para rediscutir o Brasil a partir do que Aluísio
espetacularmente flagrou em sua época.
Moro do lado de uma ex-favela
e/ou comunidade no Rio. Quantas vezes, passando ali em frente, me ocorreu estar
lendo/vendo cenas descritas por Aluísio há 150 anos. Agora, as coisas estão
mais calmas. Não tem mais tiroteio. Mas a realidade da periferia das grandes
cidades brasileiras (e latino-americanas) continua inscrita nas observações
daquele romancista. Pensando continentalmente, já que ele morou em La Plata
(Argentina), quem viu o filme argentino Elefante branco teve a sensação de
estar revendo o Brasil de Cidade de Deus ou de Tropa de elite.
Há na vida de Aluísio coisas
intrigantes. Não só o escândalo do romance O mulato. Sabe-se que era
caricaturista, havia estudado artes plásticas e fazia desenho de seus
personagens antes de descrevê-los. Mudou-se para a frente de uma favela para
desenhar realisticamente seus tipos. Mas vivendo de escrever romances durante
16 anos, o que era uma proeza já no século 19 no Brasil, quando conseguiu um
posto diplomático, perdeu em parte a motivação para escrever. Viveu na Espanha,
Inglaterra, Uruguai, Paraguai, Argentina e Japão.
Me lembro de ter examinado na
França, em 1982, uma tese em que havia trechos do livro que escreveu sobre o
Japão e, posteriormente no Rio, de ter visitado, em Botafogo, um de seus
sobrinhos de nome Aluísio que tinha alguns documentos do escritor.
Quando morava no exterior, o
editor Garnier lhe pagou uma bolada por sua obra; pensava receber o dinheiro,
mas seu amigo Graça Aranha, que era seu procurador, comprou um terreno para ele
em Copacabana. Aluísio ficou decepcionado. É uma história meio confusa. Mas
Valentin Magalhães, ressaltando que Aluísio ganhava o pão com literatura,
assinalava ironicamente que “as letras brasileiras ainda não dão para a
manteiga”.
Há exceções, claro.
...>>>>>>
INCENTIVO FISCAL
Lei Rouanet é
ferramenta relevante para cultura
Por Cristiane Olivieri, advogada da
empresa Oliveiri & Signorelli.
Revista Consultor Jurídico 28/02
As notícias, quase sempre bombásticas,
sobre o uso e a ideia de uso indevido dos recursos da Lei Rouanet geram,
normalmente, indignação da sociedade. Revista
Consultor Jurídico, 28/02
.
Notícias como a do blog da cantora
Maria Bethânia vendem a necessidade de mudanças urgentes. Mas, com certeza, não
será com uma decisão imperativa do governo, parcial porque essencialmente
política, que alcançaremos essa melhora. Revista Consultor Jurídico, 28 de
fevereiro de 2013
http://www.conjur.com.br/2013-fev-28/cristiane-olivieri-lei-rouanet-ferramenta-relevante-cultura
-
Hoje, cada projeto é analisado por um
parecerista técnico, e aprovado por um conselho formado por representantes da
sociedade civil e do governo. A análise não é de mérito, mas sobre a adequação
à lei e a viabilidade financeira. Em qualquer processo de seleção é inevitável
que sejam contemplados projetos não unânimes, toscos, ou até mesmo discutíveis.
Mas a excelência, não só da arte, não
se faz com a aplicação de fundos em projetos perfeitos (quem os definiria,
afinal!?). É um investimento de risco. A
cultura é a medida e o espelho de uma sociedade, e se constroi pela
contribuição de todos, da inclusão dos unânimes e dos estranhos, da aceitação
do oposto. Não podemos mediar as escolhas pelo ponto de vista de uma classe, de
um segmento, ou de um governante de plantão.
O governo é feito de pessoas, com visão
de mundo, apoiadores, parceiros e oponentes. É parcial porque tem objetivos
políticos. Não pode ser colocado acima do bem e do mal. Na verdade, a história
mostra que os governantes, geralmente, criam balcões para os amigos do rei. O
processo de seleção existente é muito mais eficiente que decisões
governamentais, com viés político partidário.
A mesma lei que aprovou o blog de Maria
Bethânia aprovou também diversos projetos de formação de artistas, de inclusão
de crianças e jovens pela arte, de institutos e programas culturais gratuitos,
de preservação de patrimônio etc. Cada um de nós terá razões para apoiar ou
contestar essas decisões, mas não cabe ao processo de seleção excluir uma
proposta de vídeos de poesias, disponibilizados online, gratuitamente, apenas
porque envolve profissionais reconhecidos. Seria preconceito. Cabe, sim, uma
análise orçamentária, e a garantia da distribuição democrática de seu
resultado.
É importante também acrescentar que a
discussão sobre projetos beneficiados é praticamente exclusiva da cultura. A
maioria dos benefícios fiscais praticados pelo governo federal sequer tem
processo de análise. São todos concedidos em atacado, como a redução dos
impostos sobre venda de veículos, ou de eletrodomésticos da linha branca. Mas, para esporte e cultura implantou-se a
análise do varejo. E é bom frisar que, em 2009, a renúncia fiscal total para
cultura representou 1,26% de todas as renúncias, enquanto que os setores de
comércio e serviços ficaram com 30,7%, e a indústria, 19,89% (ou seja, 50,68%
do total). E ninguém discute a pertinência ou a aplicação individual desses
recursos pelo governo, os quais são muito mais robustos e suscetíveis a lobby.
A Lei Rouanet é ferramenta relevante
para a produção cultural e para o público, que pode ter acesso às mais diversas
produções, gratuitamente ou com preços populares, conforme as novas regras
implantadas. E tem selecionado projetos relevantes. O governo já fiscaliza o processo
geral. Não haveria nenhum ganho para a sociedade em conferir-lhe também o poder
de escolha.
Cristiane Olivieri advogada da empresa
Oliveiri & Signorelli
>>>>
CULTURA POPULAR: Do Cordão
Para A Literatura de Cordel.
Barbantes
esticados e livretes pendurados dão origem à uma literatura do Nordeste rica em
rimas e versos é o cordel, que ganhou este nome, pois, em Portugal, eram
expostos ao povo amarrados em cordões,
estendidos
em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.
http://www.blogpajeudagente.com
-
-
O risco das usinas sem
reservatórios
O Seminário Brasilianas “Energias
Alternativas” trouxe duas visões sobre o setor elétrico.
www.luisnassif.com.br 27.02
A
política de cotas ganhou mais uma (Elio Gaspari, jornalista)
AFFONSO
ROMANO DE SANT'ANNA »
Cortiço
ontem e hoje
affonsors@uol.com.br
.
Em meio a tantos centenários de
nascimento (Graciliano Ramos, Rubem Braga, Vinicius de Moraes, etc.), é bom
lembrar que, neste ano, é o centenário de morte de Aluísio Azevedo. CORREIO BSB 04.02
INCENTIVO FISCAL
Lei Rouanet é
ferramenta relevante para cultura
Por Cristiane Olivieri, advogada da
empresa Oliveiri & Signorelli.
Revista Consultor Jurídico 28/02
>>>>>>
Produção literária
LUIZ AUGUSTO SAMPAIO, da Academia Goiana de Letras
Conheço vários cidadãos que
possuem “veleidades literárias”, mas que, ainda, não resolveram publicar seus
textos. Muitos esperam pela chamada “maturidade intelectual”. DIÁRIO DA MANHÃ
02.03
>
Não se arriscam a debutar no
universo literário. A literatura brasileira, exemplificando, está cheia de
autores precoces e de maduros, que não ficam a esperar o
"enferrujamento" de boas ideias. Tenho dado conselhos a muitos deles
para que publiquem o que se acha armazenado no cérebro. Dou, agora, apenas
exemplos de pessoas que publicaram livros precocemente. Álvares de Azevedo,
poeta romântico, morreu aos 21 anos, vítima de um tumor na região da bacia.
Antes, porém, produziu centenas de páginas de poesias e prosas, que se acham
entre as mais importantes do romantismo brasileiro. Poderia citar muitos outros
autores precoces. Outro, Castro Alves, que encontrou o caminho literário e
faleceu aos 24 anos, e, também, Rachel de Queirós, que escreveu O Quinze, com
19 anos; Clarice Lispector, nos deu Perto do Coração Selvagem, obra de uma
maturidade extraordinária, escrita antes dos 20 anos; Ferreira Gullar, que até
hoje brilha no cenário pátrio, disse certa vez: “se eu tivesse começado mais
tarde, minha poesia seria muito mais pobre”. Há, entretanto, escritores que
escreveram já mais idosos. Um exemplo é Pedro Nava, conceituado médico, que só
começou a publicar para valer depois dos 40. Entre os estrangeiros, posso citar
o português José Saramago, prêmio Nobel de Literatura em 1998, que teve seu
livro Ensaio sobre a Cegueira adaptado para o cinema e lançado em 2008,
produzido no Japão, Brasil, Uruguai e Canadá. Este é um caso típico, pois
sobredito romance importante saiu quando ele já possuía 54 anos. E você leitor,
o que está esperando? Escreva e procure os meios necessários para dar à luz seu
primeiro livro. Assim, o espero. Navegar é preciso enquanto é tempo.
(Luiz Augusto Sampaio,
da Academia Goiana de Letras
>>>>
CORREIO BSB 28.02
LITERATURA »
Poesias na porteira
O premiado escritor Wilson
Pereira se une ao fotógrafo Antonio Nepomuceno para uma viagem lírica no livro
Reflexos do tempo, que junta imagens e palavras de um tempo de delicadeza
Reflexos do tempo
De Wilson Pereira e Antonio
Nepomuceno. Edição de autor, 84 páginas. R$ 40.
-
A infância está guardada em um
local seguro e confortável na memória do poeta Wilson Pereira. Nesse lugar mora
um menino crescido em fazenda, soltinho e travesso, feliz da vida, um garoto
que o poeta resolveu moldar em forma de versos. Reflexos do tempo, que tem
lançamento marcado para hoje no restaurante Vila Madá (Deck Norte), nasceu de
uma parceria com o fotógrafo Antonio Nepomuceno e propõe uma visita cheia de
ternura a um passado de contornos familiares aos dois autores. Napoleão também
é menino de fazenda, de porteira larga e horizontes a perder de vista. “Escrevo
muito sobre a infância”, avisa Pereira, mineiro de Coromandel ,e autor de uma
vasta bibliografia de literatura infantojuvenil. “Até os 12 anos vivi na
fazenda e esse período ficou muito marcado na lembrança.”
As perdas do pai e de um irmão
ainda em tenra idade fizeram Pereira constatar muito cedo a efemeridade da vida
e a presença incontornável da morte. Mais tarde, o poeta entenderia por que o
francês Paul Valéry insistia na ideia de que a “infância é a pátria da poesia”.
“A infância é uma recorrência entre os poetas e tenho isso muito forte em mim:
um menino que, de certa forma, não cresceu, mas não é um Michael Jackson ou um
Peter Pan. É um menino que sobrevive no homem, um menino que luta contra o
tempo para permanecer na memória do homem.”
Colagens
A edição cuidadosa traz os poemas
impressos em papel-vegetal e as imagens sobre fundo amarelado, uma maneira de
remeter ao tempo passado e ao material desgastado de fotografias antigas. O tom
direto e simples dos versos carrega o leitor para as colagens de Napoleão. Em
Rebrincando, o poeta conta: “Eu brinco hoje/com o menino/que aos poucos/já me
foge./O meu menino/brincava de ser/grande em mim./Hoje eu brinco/de mim
pequeno/comigo,/brinco de ter sido”. Há uma postura melancólica, mas nunca
triste, na maneira como Pereira revisita suas memórias. E, claro, a imagética
da infância aparece em praticamente todos os versos.
Também mineiro, Napoleão começou
a construir as imagens de Reflexos do tempo como um projeto individual durante
oficinas do fotoclube f/508. “Falei para Wilson e ele me sugeriu de fazer as
fotos sobre uns poemas”, conta o fotógrafo. “Peguei principalmente a infância,
o desenvolvimento humano em cima dos poemas, a maturidade. Queria que as fotos
fossem ligadas aos poemas, mas que tivessem vida própria.” Muitos dos versos
falam em espelhos, por isso Nepoleão utilizou reflexos para construir as
fotomontagens. Em algumas imagens, incorporou, inclusive, fotos antigas, de
família, e desenhos infantis feitos pela própria neta. O diálogo entre os
poemas e as imagens ajuda a transportar o leitor para um universo lírico e
lúdico.
Os versos
Além
Por esta terra
não voltas a passar
acabou-se a estrada,
há uma estrela sobre o mar:
nada
ou tens de voar.
Tantos
Eu fui tantos
que a vida esqueceu
muitos de mim
em mins
que ainda sou eu
Pelas ruas do passado
O meu menino
vai-me fugindo
com seu passinho
apressado
pelas ruas antigas
do passado.
Filho da mãe!
Um dia
Eu sempre acordava cedo
para brincar.
Um dia meus brinquedos
se esqueceram
e não foram me acordar.
Levantei um pouco mais tarde
e fui trabalhar.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário