terça-feira, 29 de março de 2016
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FOOT HARDMAN: LAVA JATO SERVIU À SUBVERSÃO E À
TOMADA DO PODER (FONTE: BRASIL 247 29.03)
‘Na Operação Lava Jato, a perícia é instalar uma
máquina inquisitória interminável, a serviço dos mesmos poderes que já
comemoram a próxima derrubada do governo e a destruição de seu oponente mais
difícil. Aqui não se ouve, prende-se. Aqui não se solta, extrai-se delação.
Aqui não se ajuíza, panfleta-se. Que o timing concatenado de seu vazamento
fabricará a "verdade" do dia’, diz Francisco Foot Hardman, responsável
pela cátedra em história da cultura brasileira na Universidade de Bolonha, na
Itália
29 DE MARÇO DE 2016 ÀS 06:11
247 – Para Francisco Foot Hardman, a Lava Jato
serviu à subversão e à tomada do poder. ‘Na Operação Lava Jato, a perícia é
instalar uma máquina inquisitória interminável, a serviço dos mesmos poderes
que já comemoram a próxima derrubada do governo e a destruição de seu oponente
mais difícil. Aqui não se ouve, prende-se. Aqui não se solta, extrai-se
delação. Aqui não se ajuíza, panfleta-se. Que o timing concatenado de seu
vazamento fabricará a "verdade" do dia’, disse o responsável pela
cátedra em história da cultura brasileira na Universidade de Bolonha, na
Itália.
Leia abaixo seu artigo sobre o assunto:
Mãos polidas ou polutas?
Agora tudo ficou claro. Sergio Moro, o juiz-mor da
Lava Jato, queria só fazer jus ao título de grande agitador das massas.
Subversivo, para ninguém duvidar: o novo campeão da "agitprop".
Na Operação Lava Jato, a perícia é instalar uma
máquina inquisitória interminável, a serviço dos mesmos poderes que já
comemoram a próxima derrubada do governo e a destruição de seu oponente mais
difícil. Aqui não se ouve, prende-se. Aqui não se solta, extrai-se delação.
Aqui não se ajuíza, panfleta-se. Que o timing concatenado de seu vazamento
fabricará a "verdade" do dia.
Eduardo Cunha, presidente da Câmara, inventou as
pautas-bombas para livrar a própria cara e permanecer onde está. O juiz-mor faz
da agitação processual sua bomba de efeito moral, mesmo que às custas do
atropelamento de qualquer legalidade. Contra os agentes do poder estatal que se
protegem na sombra, a sombra de um grampo transparente em sua obscuridade.
Quando representantes oficiais da Justiça assumem a
ideologia da transparência total, que qualquer aluno de primeiro ano de
linguística sabe ser falsa, é certo que haverá tantos outros interesses
escusos, tantos outros partidarismos em trama.
Dos mitos redivivos da "Mani Pulite" (mãos
polidas, limpas) e de Watergate, mal se disfarça a obsessão em fazer do inquérito
um desfile de fases intermináveis em sua nomeação/enumeração, que parecem ser
pilar de uma instância autônoma do poder policial-judiciário condenada a se
propagar sem meta final, requisito de qualquer investigação de interesse
público.
A Lava Jato é o "Processo" de Kafka feito
para se eternizar, meta que agentes de uma Justiça e uma polícia
autorreferentes cobiçam como sonho autocrático. E que é afinal populista,
porque ancorada na publicidade extremada, na sensação dos segredos palacianos
expostos, na humilhação do ex-presidente Lula, que deve voltar às origens de
onde nunca deveria ter saído, para a sanha dos que não o vencem nas urnas.
E Brasília? O país deve assistir agora ao inusitado
processo dirigido por um Congresso de réus, encabeçado por duas figuras de
forte matiz delinquencial –os presidentes da Câmara e do Senado.
Isso não importa? Para a bazófia oportunista do
grão-tucanato, certamente não. Mais vale um poder central na mão, nesse atalho
cômodo, no cálculo das poucas dezenas de deputados venais que faltam para o
butim, do que ter que correr atrás, daqui a dois anos, de mais de 50 milhões de
votos.
Aécio Neves, o inconformado, o neto que faria
Tancredo, o legalista, corar, trocou o programa eleitoral que nunca teve pela
sala de espera do impeachment. Já o vice-presidente, Michel Temer, agora
incensado pelos sonhos igualmente golpistas de José Serra, parece não ter o que
temer.
A Fiesp o resguarda; Cunha, réu unânime no STF
(Supremo Tribunal Federal), idem. Orquestrados, todos.
E a Justiça populista subversiva vai iludindo as
massas ignaras com o mito do justiceiro contra o dragão da corrupção: um
caçador de marajás de capa preta. Já vimos esse filme antes.
Michel Temer poderá assim vestir a faixa que lhe
cabe, não a de chacal, por favor, mas a de pacificador popularíssimo como um
bolero bolorento.
Se a política degenera, pré-condição da emergência
do fascismo de cada dia, de cada rua, isso já não é com os técnicos da toga ou
da pura propaganda. E as "Mani Pulite", nessa lenda urbana do juiz-mor
e de sua operação sem fim, vão se mostrando, irremediavelmente, mãos polutas,
calcadas naquilo que nenhum conceito de justiça contempla: manipulação.
O resto se chama tragédia brasileira. Quem responde
por ela assim, convertida numa Grécia impensada, sem ruína e sem misericórdia?
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