sexta-feira, 28 de junho de 2013


BADERNA versus EXCLUSÃO ( JORNALISTA E POETA  José Roberto da Silva - BRASÍLIA  28.06  )


            O mordomo, nos clássicos contos policiais ingleses, é sempre o culpado pelo assassinato do lorde. Fiel por toda vida, mas vingativo ao ser excluído na partilha da herança amealhada pelo exuberante novo mundo capitalista global. Quem são os “baderneiros”? Qual o limite de qual calçada delimita o cidadão protestante do “vândalo”?
            A crítica política se esquece que a violência é a expressão de ruptura política e social de parcelas urbanas excluídas, tal como se tem visto nos movimentos dos sem-teto ou nos confrontos pela desocupação de terrenos. É um novo lumpensinato ainda diluído na massa de classe média. Não se confunde com os radicais “anarquistas”, skin heads ou black blokers. Vide a passeata dos favelados (“comunidade”) da Rocinha.
            Esses órfãos do lulismo não foram devidamente cooptados pelo bolsa-família. Não se trata, absolutamente, de apoiar o quebra-quebra que, aliás, é recorrente na história social brasileira. As secas nordestina registram cenas de saques da massa rural ao comércio urbano (“fazer o saco”).
            Ainda é cedo para se falar no esvaziamento da revolta social contra o stablisment político. Esse descolamento aparenta ser mais profundo do que podem cerzir providências tomadas pelos atarantados políticos. Está em jogo o custo de reprodução da força de trabalho no mercado, onde o transporte/educação/saúde são variáveis básicas da mobilização das periferias aos centros onde residem os empregos e rendas, enfim, onde existe o “poder social” (morar, comer, produzir saúde, cultura e família).
            Pendurada em gastos de 28/33 bilhões para erguer os coliseus da bola, sem falar em despesas futuras com os “arroubos cívicos” de última hora do Congresso de mais de 100 bilhões, Dilma está mais perdida que a seleção do Tahiti. O contra-ataque da classe média vai continuar e Mantega pode ir para o chuveiro por fadiga de idas e vindas. Mercadante está no banco.


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