sábado, 25 de abril de 2015
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Açaí tem potencial para prevenir aterosclerose,
aponta estudo
Pesquisa brasileira mostra que o fruto é capaz de
evitar a formação de placas nas artérias e combater processos que aceleram o
envelhecimento
CORREIO 20.04.15
Belo Horizonte — Saboroso, refrescante e
energético, mas também um aliado e tanto no controle de doenças e até do
envelhecimento. O açaí, fruto que se popularizou nas últimas décadas, deixa a
esfera nutricional para se tornar objeto de estudo científico em razão dos
efeitos que provoca na saúde humana. Pesquisa da Universidade Federal de Ouro
Preto (Ufop) concluiu que o produto pode prevenir a formação de placas
ateromatosas — característica da aterosclerose, doença responsável por grande
parte dos acidentes cardiovasculares e de morte — e apresentar efeito
antioxidante, agindo na proteção contra as consequências danosas dos radicais
livres sobre as células do corpo.
Em um primeiro momento, o estudo avaliou, em ratos,
marcadores (parâmetros que indicam alterações) bioquímicos, clínicos e físicos
relacionados a fatores de risco ou a processos metabólicos e fisiológicos
ligados a enfermidades como aterosclerose, diabetes e doenças inflamatórias,
entre elas a artrite reumatoide. As análises mostraram que a inclusão do açaí
na dieta diminuiu nos animais marcadores de danos oxidativos e melhora o perfil
de lipídios no sangue.
A oxidação é uma reação química na qual uma molécula
ganha oxigênio ou perde hidrogênio ou elétrons. Quando isso ocorre com uma
molécula do organismo (proteínas e lipídios, por exemplo) ou com o DNA, pode
haver dano com perda de função. O processo está relacionado ao mecanismo de
várias doenças, como câncer, e do envelhecimento.
A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em
Ciências Biológicas e do Laboratório de Epidemiologia Molecular da
universidade, professora Renata Nascimento de Freitas, explica que as reações
de oxidação estão sempre ocorrendo no organismo, mas a ação de mecanismos
antioxidantes — enzimas produzidas pelo corpo e substâncias derivadas da dieta,
como as vitaminas C e E, o selênio e substâncias conhecidas como polifenóis —
impede maiores danos. No entanto, quando a produção desses radicais livres
aumenta muito, os mecanismos de defesa podem não ser suficientes para
contrabalançar a elevação e danos podem ocorrer, acelerando o envelhecimento e
facilitando o aparecimento de doenças. “Além de ser um processo normal do nosso
metabolismo, as reações de oxidação podem aumentar quando a pessoa se expõe a
poluição, fumaça do cigarro, inflamação e até mesmo exercício físico
exagerado”, diz.
Em mulheres
Estimulados pela existência de poucos estudos na
literatura científica sobre o tema, o grupo de pesquisas Nutrigen, da Escola de
Nutrição da Ufop, decidiu avaliar também os efeitos do consumo da polpa de açaí
disponível comercialmente sobre os marcadores de processos associados a doenças
em mulheres. Quarenta e duas voluntárias consumiram 200g do produto por dia
pelo período de um mês. No início do experimento, elas apresentavam
concentrações de colesterol total, LDL e HDL, dentro da faixa de normalidade.
“Os marcadores que avaliamos são de eventos metabólicos mais precoces, que
podem estar envolvidos nas fases iniciais da aterosclerose, antes mesmo de
ocorrer aumento do colesterol no sangue, e que podem indicar a oxidação do
colesterol LDL”, afirma Renata Freitas.
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