domingo, 27 de abril de 2014

Manchetes do Edu

MANIFESTO DOS ESCRITORES E INTELECTUAIS DO DISTRITO FEDERAL

"Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. 
Todo o resto é publicidade." George Orwell


A Constituição Cidadã , em seus artigos 215/216, trata a cultura como item relevante para a consecução dos objetivos da República. 

NÓS, OS ABAIXO-ASSINADOS, ESCRITORES, INTELECTUAIS E CIDADÃOS BRASILEIROS, POR MEIO DESTE, FAZEMOS AS SEGUINTES PROPOSTAS E REIVINDICAÇÕES AO PODER PÚBLICO E ÀS AUTORIDADES CONSTITUÍDAS: 

Pela urgente valorização dos escritores do Distrito Federal.

Por uma política cultural efetiva para os escritores do DF com o fomento, a produção, a edição, a difusão e a distribuição e comercialização do livro.

Pela democratização, desburocratização e regionalização do Fundo de Apoio à Cultura do DF.

Pela inclusão cultural dos escritores de Brasília nos eventos literários oficiais promovidos pelo poder público, com a inserção nos cronogramas e programações.

Pela desburocratização dos meios de acesso ao livro e à leitura com a inclusão dos livros dos escritores do DF nas livrarias locais e de rede.

Pela criação do Instituto do Livro do Distrito Federal.

Pela regulamentação, aplicação e estudo da Literatura Brasiliense nas Escolas do Distrito Federal.

Pelo apoio efetivo ao funcionamento das instituições e entidades literárias do DF.

Pela democratização da mídia e dos meios de comunicação para que atuem de forma mais abrangente, criativa e menos excludente.

Pelo incentivo e a preservação das identidades culturais, garantindo à população contato com o fazer cultural e artístico do DF.

Pela inclusão das Regiões Administrativas do DF nos programas e eventos culturais e educacionais organizados pelo poder público.

Pelo fortalecimento das bibliotecas públicas e escolares do DF.

Pelo não ao apartheid cultural e a conspiração do silêncio. 

Os escritores e intelectuais do DF entendem que pagam muitos impostos e taxas, os quais, em parte, vão para gastos com propaganda e marketing publicitário e que estes, por sua vez, não são revertidos para a área cultural local. Não existindo, portanto, uma política efetiva de valorização, divulgação e inclusão dos escritores do DF que ficam à margem do mercado editorial e das ações e programas oficiais, sempre em desvantagem em relação aos escritores de fora que são tratados e cultuados com deferência. 

Gustavo Dourado
Presidente da Academia Taguatinguense de Letras (ATL)
Presidente da Academia Brasileira de Letras de Cordel 
Representante da União Brasileira dos Escritores 
Representante da União Mundial dos Escritores

O Manifesto foi lido no Sarau Recital Golpe Nunca Mais/Homenagem ao escritor Gabriel García Márquez, no dia 20 de abril de 2014, na II Bienal Brasil do Livro e da Leitura. Recebeu a assinatura de centenas de escritores, intelectuais, professores, leitores, bibliotecários, pesquisadores, artistas, autoridades, jornalistas, procuradores, promotores, militantes, sindicalistas, universitários e servidores públicos, entre outras importantes categorias.

Agradeço a divulgação e o compartilhamento.

Conspiração do Silêncio/Apartheid Cultural/Ditadura Midiática 

"Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. 
Todo o resto é publicidade." George Orwell

Não à Conspiração do Silêncio e ao Apartheid Cultural impostos pela grande mídia aos escritores, leitores e intelectuais de Brasília, principalmente àqueles que residem longe do Poder Central. Não temos espaço nos exíguos cadernos de cultura, diversão e entretenimento dos grandes jornais do Plano Piloto, que preferem fazer um tipo de jornalismo narcisista, com a constante divulgação dos seus próprios feitos, enquanto optam pela exclusão dos pensadores da cidade. Isso é uma vergonha e precisa ser denunciado. Há uma censura prévia. Só há apoio e valorização dos amigos e afins dos divulgadores, de quem é de fora e do que é feito pela elite. Vivemos a exclusão midiática e a ditadura do relise jornalístico, que só divulga produtos de qualidade duvidosa e o que é indicado pelo mercado editorial dominado por grandes editoras do Eixo SP/RJ. Continuaremos a nossa luta pela inclusão cultural dos artistas candangos e candangas pelas Redes Sociais e outros meios.

Gustavo Dourado

Notícias da Bienal do Livro e da Leitura: mais de 500 pessoas, entre escritores, professores, intelectuais e leitores assinaram o MANIFESTO DOS ESCRITORES DO DF, organizado pelo professor e escritor Gustavo Dourado, presidente da Academia Taguatinguense de Letras (ATL). Entre alguns pontos, o abaixo-assinado pede a efetivação de uma política cultural decente para os escritores do DF com o fomento, a produção, a edição, a difusão e a distribuição e comercialização do livro. Gustavo Dourado, muito bem aplaudido pela iniciativa, denuncia uma espécie de conspiração do silêncio e apartheid cultural no DF, onde só os artistas e intelectuais de fora têm vez e voz nas programações oficiais do governo e também na mídia, esta por vezes narcisista, já que divulga os feitos dos próprios jornalistas e dos amiguinhos. “Vivemos a exclusão midiática e a ditadura do release jornalístico que divulga produtos de qualidade duvidosa e o que é indicado pelo mercado editorial dominado por grandes editoras”, observa Dourado. A seguir, a íntegra do manifesto lido no sarau/recital em homenagem ao escritor Gabriel García Márquez, no dia 20 de abril de 2014, na Bienal. O manifesto prossegue até completar mais de 1 mil assinaturas.

Jornalista Maria Félix Fontele


sexta-feira, 25 de abril de 2014

Manchetes do Edu

O saneamento básico nas eleições  (O POPULAR GO  25/04)
Por Washington Novaes é jornalista

À medida em que se aproxima o início das campanhas para as eleições deste ano, cabe perguntar: e quem vai tratar de um dos mais graves problemas nacionais, calamitoso mesmo, e do qual a maior parte da administração pública e dos candidatos costuma fugir como o diabo da cruz – a extrema precariedade do saneamento básico no País? E fugir porque se disseminou a convicção de que obras debaixo da terra (redes de esgotos, redes de água) ninguém vê, não rendem votos; e das estações de tratamento de esgotos ninguém chega perto, nem quer vê-las nas proximidades, por causa dos odores e das aparências.

Essa resistência de administradores e candidatos está registrada num texto do próprio presidente da Associação Brasileira de Empresas Estaduais de Saneamento, Roberto C. Tavares (22/3), a propósito do Dia Mundial da Água. Diz ele que, além disso, notícias sobre o tema só surgem quando se rompe alguma adutora, quando falta água ou algum repórter se depara com esgotos a céu aberto. E para completar os dramas da carência de saneamento, afirma, sobram-nos problemas nas áreas de planejamento urbano, na favelização de áreas nas cidades, no crescimento desordenado, na burocracia que impede financiamentos. Por isso, diz ele, a responsabilidade acaba ficando apenas nas mãos das operadoras do sistema – empresas estaduais, municipais ou privadas.

O Instituto Trata Brasil, que informa sobre o setor, dá-lhe razão (O Estado de S. Paulo, 23/3), acrescentando que “o ritmo das soluções vem diminuindo” – tanto que “o país é um dos que menos expandiram as redes nos últimos 12 anos”, cerca de 4,1% ao ano nesta década, contra 4,6% na anterior. E entre 200 países no mundo, “o Brasil é um dos que menos expandiram redes de esgotos no período. Tuvalu e Samoa tiveram índices equivalentes ao brasileiro; Egito e Síria, convulsionados por conflitos civis, estão à frente”.

Na verdade, o governo federal garantira que até 2024 todas as pessoas no Brasil contariam em suas residências com redes de água e de esgotos; mas já no ano passado, segundo aquele jornal, estendera o prazo para 2033. E o Instituto Trata Brasil garante que no passo atual, só chegaremos a essa universalização em 2050; para cumprir o prazo prometido precisaríamos dobrar a atual taxa de investimentos anuais no setor, que está entre R$ 8 bilhões e R$ 9 bilhões. A própria ONU chega a comentar em relatório as discrepâncias nacionais, uma vez que a cidade de Sorocaba (SP), por exemplo, tem 93,6% da população atendidos, enquanto Macapá, capital do Amapá, tem 8%; 52% dos nossos municípios não contam com coleta regular de esgotos e dos que são coletados apenas 38% são tratados (o resto é despejado sem tratamento em cursos de água). Não é acaso, assim, que a Agência Nacional de Água diga que todas as bacias hidrográficas, da Bahia ao extremo Sul, estão em “situação crítica” – e os esgotos são a principal causa da poluição.

Como se fará? Estudo do Banco Mundial lembra que o investimento total em serviços naturais precisará chegar a 260 bilhões de dólares. Outros estudos apontam que, se não o fizermos, as doenças veiculadas pela água continuarão respondendo por altas taxas de internação de crianças em hospitais e de mortes por doenças gastrointestinais; pela perda de dias de trabalho por quase 16 milhões de pessoas a cada ano.

Mas a situação varia de região para região. A média no saneamento básico é de 21,6% da população beneficiados na Região Norte e 89,3% no Sudeste; 48,8% no Centro-Oeste, 49,9% no Nordeste e 66,8% no Sul. O panorama, entretanto, é muito mais complicado quando se analisa separadamente a área da coleta de esgotos, pois 37% dos domicílios não são beneficiados, da mesma forma que 8% deles (8 milhões de pessoas) não recebem água tratada, levada pelos 519 mil quilômetros de redes.

Em Goiás, diz a empresa de saneamento (18/8/13), as perdas de água nas redes são as menores do País, 31,6% do total, contra uma média brasileira de 38,8%. Goiânia é apontada para o primeiro lugar em redução de perdas, que chegam a 23,5%. Para o Instituto já mencionado, a capital goiana tem 99,6% da água tratada, 76,4% dos esgotos coletados.


Mas há uma polêmica ainda em andamento: o Estado tem anunciado sua intenção de delegar o saneamento em várias cidades – Aparecida, Trindade e áreas do Sudoeste – a empresas privadas. E parte do pessoal do setor entende que não é o melhor caminho, poderia encarecer o custo dos serviços. É preciso que se discuta mais o tema, que a população se informe, opine. E que nas campanhas eleitorais saneamento seja uma questão central.